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Avenida Afonso Pena em Belo Horizonte MG. Em primeiro plano, a Rodoviária da capital. Foto Gustavo Simões/Aboutripics Fonte: Conheça Minas https://www.facebook.com/conhecaminascm |
Considerando que as direções principais de um plano de urbanização são dadas pela orientação geral das quadras, temos que em Belo Horizonte quase todas as grandes avenidas são diagonais, a começar pela principal, a Afonso Pena, que aqui temos em perspectiva.
Faz todo sentido associar o plano de Belo Horizonte, Brasil (Aarão Reis 1897) ao de La Plata, Argentina (Pierre Benoit 1882), até porque são produtos da mesma época, de um mesmo tipo de demanda - a criação de uma capital provincial - e da mesma cultura urbanística.
Contudo, embora não conheça a cidade arrisco dizer que o grid de La Plata é mais claro para o transeunte porque mais monumental, isto é, inequivocamente comandado pelo duplo eixo SW-NE para cujo ponto médio, que é também o centro do tabuleiro, convergem as duas grandes diagonais; as demais, nitidamente secundárias, convergem por sua vez para outros tantos pontos de destaque do eixo principal, definindo, ou pretendendo definir, a centralidade urbana. Princípio parecido foi adotado por Torres Gonçalves em Erechim, na primeira década do século XX.
Ao passo que o de La Plata tem um substrato cientificista a serviço de um ideal barroco, comandado, como um grande jardim francês, por um eixo monumental que é também de simetria, e arrematado por uma perimetral que define o recinto, o de Belo Horizonte segue um princípio modular precocemente modernista em que, a despeito da monumentalidade da diagonal principal (Av. Afonso Pena) com direção determinada pela perspectiva da Serra do Curral, a acessibilidade urbana é homogeneamente distribuída em todo recinto, os focos de centralidade multiplicados pelos cruzamentos da malha diagonal e a Avenida do Contorno um limite irregular e circunstancial da urbanização que não integra a arquitetura do traçado.