04-04-2012, por Alice Balbino
http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/cidades/complexo-esportivo-do-caio-martins-passa-ser-administrado-pela-uff
Complexo Caio Martins passa a ser administrado pela UFF
(..) O Complexo Esportivo Caio Martins, em Icaraí, será administrado pela Universidade Federal Fluminense (UFF). De acordo com o reitor da universidade, Roberto Salles, o espaço será referência em esportes em Niterói e no Brasil. Ele explicou que recebeu um e-mail do governador Sérgio Cabral, no domingo, informando que a universidade será responsável pelo estádio. (..) “Queremos estar preparados para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O estádio precisa ser multiuso”.
Se
a notícia acima se confirma, sem subterfúgios, eu diria que se trata de uma
imensa vitória da população de Niterói - para a qual este blog terá dado uma
modestíssima, mas gratificante, contribuição; e também que é uma bela
oportunidade para que a UFF se converta na mais importante e respeitada
instituição pública da cidade - o que, convenhamos, não seria nada mau.
Curiosamente, porém, o assunto não reverberou como merecia na imprensa, nas redes sociais, na cidade... e no site da Universidade!
Convém estarmos atentos porque, a julgar (1) pelo caráter ainda nebuloso da transação que levou à incorporação, também pela UFF, do antigo Cinema Icaraí e (2) pela falta de uma convocação clara, transparente e inequívoca das autoridades responsáveis à construção coletiva de um projeto consistente para a completa reestruturação física e gerencial do complexo, com foco na educação desportiva cidadã, não é possível ter certeza de que o governo do estado não está empurrando com a barriga "o problema" Caio Martins à espera da oportunidade para liquidá-lo pela melhor oferta. Cautela e caldo de galinha, dizia a vovó, não fazem mal a ninguém.
Causam-me espécie dois detalhes.
Primeiro, a UFF, uma Universidade Federal, recebe o encargo do Caio Martins... por um e-mail do governador, alguns meses depois desse mesmo encargo ter sido recusado pelo prefeito de Niterói! A inevitável pergunta é: por que o governo do Estado gasta mais de R$ 1 bilhão no Maracanã, para em seguida concedê-l0 de graça a Eike, o Belo, mas entrega à UFF um complexo esportivo semi-arruinado sem investir um mísero centavo na sua recuperação? Estamos falando de um projeto desportivo digno de se chamar "legado olímpico" (coisa que o Maracanã não é!) ou de uma bomba-relógio largada em colo federal?
Segundo, dois meses depois da notícia sair nos jornais, não se encontra uma escassa referência a este relevante projeto no site da Universidade, cuja ferramenta de busca nos responde, com olímpica indiferença, quando consultada a palavra-chave "Caio Martins": A BUSCA NÃO RETORNOU RESULTADOS. Honestamente, leitor: não é um pouco esquisito?
Além disso, inúmeras questões relevantes encontram-se em aberto.
Como será feita a transferência do bem público estadual à Universidade? Como ficará a sua situação patrimonial? Estará garantida a sua afetação permanente ao uso público desportivo? Ou será que não haverá nada disso, é apenas um "empréstimo"? Se é assim, quais são as condições do contrato?
Por que o Caio Martins não foi incluído, desde o começo, na estrutura de apoio à Olimpíada de 2016? Como serão aproveitadas as instalações do CDCM e de onde virão os recursos?
O que será feito do campo de futebol e suas arquibancadas - equipamento definitivamente obsoleto e incompatível com o melhor aproveitamento do CM como complexo desportivo em uma região urbana de alta densidade? Como fica a concessão do estádio de futebol ao Botafogo de Futebol e Regatas?
Serão abertos concursos de idéias e projetos para o aproveitamento desportivo, recuperação arquitetônica e adaptação urbanística do complexo?
Como se dará a gestão da UFF de modo a propiciar, ao CDCM, flexibilidade administrativa e autossuficiência econômica sem prejuízo da sua função social?
Resumindo: é o blogueiro que está atrasado com a notícia ou é a decisão que foi tomada nas coxas e nem a UFF sabe ainda se está recebendo um "legado olímpico" ou... um presente de grego?
Aguardemos os próximos capítulos.
Curiosamente, porém, o assunto não reverberou como merecia na imprensa, nas redes sociais, na cidade... e no site da Universidade!
Convém estarmos atentos porque, a julgar (1) pelo caráter ainda nebuloso da transação que levou à incorporação, também pela UFF, do antigo Cinema Icaraí e (2) pela falta de uma convocação clara, transparente e inequívoca das autoridades responsáveis à construção coletiva de um projeto consistente para a completa reestruturação física e gerencial do complexo, com foco na educação desportiva cidadã, não é possível ter certeza de que o governo do estado não está empurrando com a barriga "o problema" Caio Martins à espera da oportunidade para liquidá-lo pela melhor oferta. Cautela e caldo de galinha, dizia a vovó, não fazem mal a ninguém.
Causam-me espécie dois detalhes.
Primeiro, a UFF, uma Universidade Federal, recebe o encargo do Caio Martins... por um e-mail do governador, alguns meses depois desse mesmo encargo ter sido recusado pelo prefeito de Niterói! A inevitável pergunta é: por que o governo do Estado gasta mais de R$ 1 bilhão no Maracanã, para em seguida concedê-l0 de graça a Eike, o Belo, mas entrega à UFF um complexo esportivo semi-arruinado sem investir um mísero centavo na sua recuperação? Estamos falando de um projeto desportivo digno de se chamar "legado olímpico" (coisa que o Maracanã não é!) ou de uma bomba-relógio largada em colo federal?
Segundo, dois meses depois da notícia sair nos jornais, não se encontra uma escassa referência a este relevante projeto no site da Universidade, cuja ferramenta de busca nos responde, com olímpica indiferença, quando consultada a palavra-chave "Caio Martins": A BUSCA NÃO RETORNOU RESULTADOS. Honestamente, leitor: não é um pouco esquisito?
Além disso, inúmeras questões relevantes encontram-se em aberto.
Como será feita a transferência do bem público estadual à Universidade? Como ficará a sua situação patrimonial? Estará garantida a sua afetação permanente ao uso público desportivo? Ou será que não haverá nada disso, é apenas um "empréstimo"? Se é assim, quais são as condições do contrato?
Por que o Caio Martins não foi incluído, desde o começo, na estrutura de apoio à Olimpíada de 2016? Como serão aproveitadas as instalações do CDCM e de onde virão os recursos?
O que será feito do campo de futebol e suas arquibancadas - equipamento definitivamente obsoleto e incompatível com o melhor aproveitamento do CM como complexo desportivo em uma região urbana de alta densidade? Como fica a concessão do estádio de futebol ao Botafogo de Futebol e Regatas?
Serão abertos concursos de idéias e projetos para o aproveitamento desportivo, recuperação arquitetônica e adaptação urbanística do complexo?
Como se dará a gestão da UFF de modo a propiciar, ao CDCM, flexibilidade administrativa e autossuficiência econômica sem prejuízo da sua função social?
Resumindo: é o blogueiro que está atrasado com a notícia ou é a decisão que foi tomada nas coxas e nem a UFF sabe ainda se está recebendo um "legado olímpico" ou... um presente de grego?
Aguardemos os próximos capítulos.
2012-07-08