quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Outorga didática


ArchDaily 25-10-2022
https://www.archdaily.com.br/br/990965/o-que-e-a-outorga-onerosa-do-direito-de-construir-e-como-ela-ajuda-a-tornar-as-cidades-mais-justas-e-sustentaveis

Artigo simples, claro e didático, sem a costumeira bobagem de que “a outorga onerosa permite edificar acima dos índices construtivos estabelecidos em lei”.

A escorregada vem no fim, com a afirmação "o planejamento urbano é a força vital que determina o ritmo, as dinâmicas, o funcionamento de uma cidade” e seu corolário “com Planos Diretores mais robustos e inovadores, as cidades têm nas mãos o poder de traçar seu próprio caminho rumo a um futuro mais humano e sustentável."

O planejamento urbano em geral é indispensável e os Planos Diretores instrumentos necessários de ordenamento urbano. Mas serão tanto mais eficazes quanto menos poderes mágicos lhes atribuamos.

2022-10-26

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Miragem linear


ArchDaily 21-10-2022, por André Sette
https://www.archdaily.com.br/br/990910/the-line-cidades-lineares-nao-fazem-o-menor-sentido

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A discussão proposta por esse artigo é deveras interessante e devo dizer que estou de acordo com o juízo do título, embora sob uma ótica distinta. Pena que, como tanta coisa que se publica em Caos Planejado, seja mero gancho para os autores criticarem os esforços de planejamento de Belo Horizonte, São Paulo e outras capitais como prejudiciais à “eficiência de mercado”.

Os protótipos surgidos na primeira metade do século XX - Cité Industrial, Ciudad Lineal, Garden-City, Ville Radieuse, Broadacre City - são meros construtos, modelos ideais baseados na eliminação arbitrária e seletiva de fenômenos e processos constituintes da urbanização contemporânea e, por isso mesmo, irrealizáveis salvo em circunstâncias estritamente controladas pelos Estados nacionais, por um período limitado de tempo e, em qualquer caso, com vantagens muito discutíveis.

No caso da “cidade linear”, todos teriam rápido acesso ao meio de transporte, mas, como é fácil deduzir, estariam muito mais distantes do conjunto dos demais “lugares urbanos” – porque é precisamente para reduzir o custo direto e indireto do deslocamento e consequentemente maximizar seu poder de consumo que as populações se aglomeram, na medida das suas possibilidades, ao redor dos comércios, serviços e empregadores em geral, e para beneficiar-se dessa economia coletiva que comércios, serviços e empregadores se aglomeram, tanto quanto possível, à menor distância agregada da clientela e dos potenciais trabalhadores em lugares que não por acaso chamamos ‘centros’ e 'subcentros'.

Diz o autor que “hoje, quase 90% da população de Brasília mora em regiões que cresceram em volta do Plano Piloto (..) destino comum [às] cidades planejadas com a forma linear”. Na verdade, esse é o destino comum a todas as cidades, lineares ou não, nascidas de uma urbanização-piloto: vale para Brasília como para Belo Horizonte, Erechim, Maringá, Goiânia, Volta Redonda e tantas quantas queiramos estudar no Brasil e no mundo.

Levada à prática, a própria cidade linear de Soria y Mata não foi mais do que um “subúrbio-jardim” alongado, com seus correspondentes atributos arquitetônicos, que acabou integrado à expansão suburbana de Madri.

Reitero algo que já disse em outro lugar: 

“Una ciudad en la que no hay ninguna especie de centro solo puede existir en el plan ideal, como en una sociedad desarrollada fictícia donde no hay mercado, o en el plan teórico de una sociedad sobredesarollada igualitaria más allá del mercado. La centralidad es una norma reguladora constitutiva del mercado de suelo, es decir, que no ha sido creada por ningún gobierno; una forma de escasez que yace en el corazón de la economía del espacio socialmente construído, es decir histórico, y es su propio modo de ser.” [*]

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[*] “Centralidad, espacio urbano y renta del suelo – apuntes”, À beira do urbanismo 30-10-2010
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2010/10/centralidad-espacio-urbano-y-renta-del.html

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Desenvolvimentismo mais-que-tardio


The New York Times 08-10-2022
https://www.nytimes.com/2022/10/08/world/middleeast/egypt-new-administrative-capital.html
Sprawled across a patch of desert four times the size of Washington, D.C., a showy new capital is rising in Egypt, imperial in scale and style, embodying the grandiose ambitions of President Abdel Fattah el-Sisi and his mantle as the country’s unchallenged ruler.
The ministries area of Egypt’s new capital last month. Credit...Khaled Elfiqi/EPA/NYT via Shutterstock
Montagem: Àbeiradourbanismo
The new administrative capital just outside Cairo encompasses Africa’s tallest building, a crystal pyramid and a vast, disc-shaped palace for Mr. el-Sisi inspired by the symbols for an ancient Egyptian sun god. Six years in the making at an estimated cost of $59 billion, it is the grandest in a slew of megaprojects being built by a president determined to reshape Egypt.

Eight-lane highways swoop across the crumbling streets of Cairo, skirting ancient tombs and the pyramids of Giza. Giant bridges, freshly built, span the Nile. A new summer capital gleams on the Mediterranean coast, just outside the city of Alexandria. (..)


2022-10-12

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Redenção vai gerar renda


G1 11-10-2022
https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2022/10/11/porto-alegre-anuncia-propostas-e-consulta-publica-para-concessao-da-redencao-e-outras-areas.ghtml


Montagem: Àbeiradourbanismo

Concessão não é, tecnicamente, privatização, mas é como se fosse. As eventuais obras de infraestrutura – estacionamentos, tipicamente – com que se justifica o regime de concessão de um parque urbano são uma conveniente cobertura para a exploração a longo prazo, por um capitalista ad hoc, da renda da terra urbana de uso público excepcionalmente localizada. 

2022-10-12

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Carter 1983: Formação e estrutura da área central das cidades britânicas


CARTER Harold, An Introduction to Urban Historical Geography – cap 8 The Internal Structure of the City: the central area. Londres: Edward Arnold (Publishers), 1983, pp. 150-170.
https://archive.org/det.../introductiontour0000cart/mode/1up

Uso do solo, Londres século XVIII 
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Many urban geographers would probably consider that the emergence of a distinctive and specialized shopping center is the key process in the patterning of the central area of the city. This is so because the development of the wide range of other specialized areas was functionally related to it, for it was the prime generating influence monopolizing the most valued land at least insofar as its core coincided with peak land values. The priority of the shopping centre is derived from the presumed ability of retailers to pay the highest prices for city-centre locations. Historically, however, that priority lacks conviction for, to use Sjoberg’s categories, it is a feature of the industrial rather than of the pre-industrial city (Sjoberg, 1960). In the latter political and religious elements were predominant in shaping the centre, arrogating the most prestigious locations. It follows that it is impossible historically to retain a constant significance for the role of the retail area and the shopping function. To a degree this echoes Vance’s argument for a pre-capitalist rather than a pre-industrial city (Vance, 1971). Vance contends that before the growth of modern capitalism land was not owned and regarded as a property investment, but rather it was held  and evaluated in terms which were primarily social. In the town in particular it gave access to the guilds which initially had mainly a social and convivial basis and only later became trade associations. In this way participation in city life was a consequence of land-holding. Moreover, given their origins, the location of the guilds within the city was fortuitous and specialized trade areas developed bearing no relationship to any economic order based on a central point or peak land-value intersection which are products of the later capitalist order. If pre-industrial or pre-capitalist cities present a different suite of forces controlling their central area land-uses from those of later cities then it is sensible to divide examination of those uses into two sections. The break point is a matter of some debate for pre-industrial and pre-capitalist refer to different points of inflexion, but in most general terms it is possible to contrast the evolution of retailing with the later evolution of shopping and use it as a preliminary basis.
(Continua)

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2022-10-05