terça-feira, 28 de maio de 2019

Ressaca olímpica


Deu n’O Globo / Rio
27-05-2019, por Rafael Galdo
Despesas com obras de infraestrutura do estado do Rio recuam a níveis da década passada
Em tempos de um Rio que não consegue conservar estradas, túneis e nem hospitais, o que dirá realizar novas obras.
A desaceleração nos investimentos públicos — que atinge todas as esferas de governo — está refletida nas contas do estado, com um recuo a patamares da década passada. Em 2018, as despesas liquidadas com atividades e projetos relacionados à infraestrutura (como construções, reformas e ampliações) fecharam perto de R$ 1,8 bilhão, pouco abaixo dos R$ 2 bilhões de dez anos antes, em valores corrigidos pela inflação.
Há sinais da asfixia vindos também da prefeitura da capital. Ano passado, os investimentos em geral (em todos os setores) representaram apenas 2,63% (ou R$ 760 milhões) das despesas totais do município, frente aos 18,98% (R$ 5,1 bilhões) de 2015. Nessa marcha lenta, sua principal intervenção em andamento, o BRT Transbrasil, se arrasta desde 2015. (Continua)
2019-05-28


quarta-feira, 22 de maio de 2019

Apps: otimização ou desperdício?


Deu no Gaúchazh / Mundo
20-05-2019, por Rafael Balago / Folhapress
Transporte público perde usuários em metrópoles ao redor do mundo
(..) Nos EUA, o total de usuários transportados nas cidades caiu 2% em 2018, na comparação com 2017, segundo dados da APTA (Associação do Transporte Público Americano). Em Los Angeles, houve 37 mil viagens diárias a menos, em média. Chicago (31 mil) e Washington (29 mil) também tiveram baixas. 
Entre os diferentes modais, o ônibus é o mais afetado. "Nos últimos anos, muitas cidades tiveram aumento nos congestionamentos, o que atrasa as viagens e torna o ônibus menos atrativo", disse à reportagem Matthew Dickens, analista sênior da APTA. (..) Outras razões apontadas por Dickens para a queda nos EUA são a prática de home office, que reduz a necessidade de deslocamento, e a disputa com aplicativos de transporte, como Uber. "Esses novos meios são subsidiados pelas empresas para que tenham um preço competitivo em relação ao transporte público."
Um estudo da Universidade de Kentucky publicado em agosto aponta que a chegada dos apps levou a uma queda de 1,3% no uso de trens e metrô e de 1,8% no de ônibus, a cada ano. A pesquisa levou em conta dados de 25 cidades. "Esse efeito aumenta com o tempo, conforme cresce o uso desses aplicativos", conclui o estudo. "Após oito anos, isso pode ser associado à queda de 12,7% no uso dos ônibus." 
(..) A falta de público coloca as empresas de transporte em uma espiral de queda. Com menos usuários, há menos dinheiro em caixa. Para cortar gastos, a saída costuma ser eliminar linhas, diminuir a frequência dos coletivos e investir menos em renovação da frota. Isso torna o serviço ruim e afasta ainda mais passageiros, realimentando o problema. (Continua)


2019-05-22


domingo, 19 de maio de 2019

Cidade inteligente, enclave privado (2)

Deu na BBC News 
18-05-2019, por Jane Wakefield 
https://www.bbc.com/news/technology-47815344
The Google city that has angered Toronto
That would include autonomous cars, innovative ways to collect rubbish and shared spaces for communities to come together in new ways.

Sidewalk Toronto’s vision for urban development (Sidewalk Toronto)
Fonte: Yahoo FinanceClique na imagem para ampliar

Sidewalk Labs, a sister company to Google, had earmarked disused land in Toronto, Canada for this bold urban experiment, which it hoped would become a model for other cities around the world.
The fact that it would be collecting a lot of data from sensors placed all around the harbourside development unsettled some.Now many are asking whether a private firm should take charge of urban improvement at all.
(..)
This group [Block Sidewalk] was formed because leaked documents in the Toronto Star suggested Sidewalk Labs had a far grander vision than the 12-acre (48,500-sq m) site it had talked about. We were concerned that we were not getting transparency," Ms Wylie told the BBC.
The article she refers to alleged that the Google-affiliate wanted to build a much bigger neighbourhood at Quayside and provide new transport for it.
In return for its investment it wanted a share of property taxes, development fees and increased value of city land that would normally go to the city.
This has not been disputed by Sidewalk Labs. (Continua)

2019-05-19

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Bens públicos, negócios privados

Deu no UOL Economia
07-03-2019, por Juliana Elias
Reestatização cresce porque empresa privada tem serviço ruim, diz instituto
"A nossa base de dados mostra que as reestatizações são uma tendência e estão crescendo", disse a geógrafa Lavinia Steinfort, coordenadora de projetos do TNI (Transnational Institute), centro de estudos em democracia e sustentabilidade baseado na Holanda. O TNI mapeou serviços privatizados que foram devolvidos ao controle público em todo o mundo entre os anos de 2000 e 2017. São casos de concessões não renovadas, contratos rompidos ou empresas compradas de volta, em sua grande maioria de serviços essenciais como distribuição de água, energia, transporte público e coleta de lixo. 
Nas contas da entidade, foram ao menos 835 remunicipalizações (quando os serviços são originalmente da prefeitura) e 49 nacionalizações (ligadas ao governo central), em um total de 884 processos, movidas geralmente por reclamações de preços altos e serviços ruins. E a tendência é acelerada: mais de 80% dos casos aconteceram de 2009 em diante. O movimento é especialmente forte na Europa, onde só Alemanha e França já desfizeram 500 concessões e privatizações do gênero. Os episódios, porém, se repetem por todo o mundo e estão espalhados por países tão diversos quanto Canadá, Índia, Estados Unidos, Argentina, Moçambique e Japão.
(..) 
P: Quais são as principais reclamações e problemas que surgiram nessas privatizações que acabaram desfeitas?
R: Quando um serviço público é vendido ou concedido para o setor privado, a empresa prioriza o lucro de curto prazo. O resultado são aumentos expressivos, que tornam os serviços inacessíveis para as famílias mais pobres, além de falta de investimentos em infraestrutura, deterioração das condições de trabalho e custos mais altos para as autoridades locais, que, muitas vezes, têm que complementar os gastos quando a companhia privada falha na entrega. 
(..)
P: Reestatizar não é um processo que pode gerar conflitos, já que em muitos casos mexe, por exemplo, com quebra de contrato?
R: Muitos casos acabam em processos e em custos pesados para as cidades. Ao menos 20 das remunicipalizações que rastreamos acabaram em um processo de arbitragem internacional. (Continua)

Leia também

“Enquanto Rio privatiza, por que Paris, Berlim e outras 265 cidades reestatizaram saneamento?” BBC Brasil 23-06-2017, por Júlia Dias Carneiro


“Privatizar é ideal? 884 serviços caros e ruins foram reestatizados no mundo”. UOL Economia 07-03-2019, por Juliana Elias
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/03/07/tni-884-reestatizacoes-mundo.htm 

2019-05-02