Estes apontamentos são parte de um processo de estudo compartilhado. À beira do urbanismo está à disposição dos autores cujo trabalho aqui se comenta para suas considerações.
O anúncio do início das obras do novo Eixo Monumental de Maringá, nos termos da proposta vencedora do Concurso Nacional para Requalificação do Espaço Público [*], é ocasião propícia para o resgate da contribuição "A Cidade de Maringá, PR. O Plano Inicial e as 'Requalificações Urbanas'", de Carlos Roberto Monteiro de Andrade (USP) e Fabíola Castelo de Souza Cordovil (UEM), apresentada ao X Colóquio Internacional de Geocrítica - Barcelona, maio de 2008.
Construída ex novo na década de 1940 pela Companhia de Terras Norte do Paraná, a cidade de Maringá foi projetada pelo engenheiro paulistano Jorge de Macedo Vieira sob influência das ideias urbanísticas sintetizadas pelo engenheiro-arquiteto inglês Raymond Unwin em sua obra Town planning in practice: an introduction of the art of designing cities and suburbs, de 1909.
Habilmente sobreposta à arte dos traçados geométricos, a cuidadosa adaptação ao ambiente natural expressa no plano geral de implantação e na organicidade dos arruamentos residenciais é aqui mesclada ao rigor formal do conjunto cívico central axiforme, tendendo ao monumental.
É este "conjunto cívico central" do projeto de Macedo Vieira, que se estende da Praça da Catedral à Vila Olímpica, o objeto do concurso recém realizado.
O trabalho de Andrade e Cordovil discute as vicissitudes do plano urbano original em face da voracidade da indústria da incorporação e das idas e vindas do Projeto Ágora, contratado pela municipalidade na década de 1980 ao escritório Oscar Niemeyer para redefinir o uso e o desenho da Praça da Estação liberada pelo enterramento da linha férrea - uma iniciativa não apenas ambiciosa para o tamanho da cidade como extremamente desafiadora do ponto de vista do valor técnico e cultural da criação de Macedo Vieira, autêntico núcleo histórico da Maringá metropolitana.
Deixo a pergunta: estará a cidade de Maringá sendo bem sucedida na tarefa de proteger e valorizar o seu mais precioso ativo urbanístico?
2019-03-08
E são as escolhas urbanísticas resultantes do conflito entre a expansão da cidade para o Norte e o traçado da estrada de ferro, elemento chave do plano original que secciona o eixo cívico central marcando-o com a estação ferroviária e sua generosa retro-área em cruz, o objeto principal do texto aqui apresentado.
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Maringá em fins da década de 1960 |
Deixo a pergunta: estará a cidade de Maringá sendo bem sucedida na tarefa de proteger e valorizar o seu mais precioso ativo urbanístico?
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Imagem do Projeto Ágora lançado em 1985, alterado em 1991 e
1993,
quando passou a denominar-se Novo Centro
Fonte: Revista Tradição, ano XI, número 118, agosto de
1991 / Andrade e Cordovil
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Av Advogado Horácio Raccanello Filho (Novo Centro), construída sobre o rebaixamento da linha férrea Fonte: Google Maps |
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*(Natureza Urbana, São Paulo – SP, Arqs. Pedro Paes Lira / Manoela Muniz Machado e colaboradores)