domingo, 27 de junho de 2021

Diamantina, por Damas

Passadiço da Casa da Glória, Diamantina, nas Minas Gerais
Foto (detalhe): Nuno Damas, Junho 2021
Fonte: Facebook

2021-07-01

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Filme que não sai de cartaz

Deu no Notícias ao Minuto
11-06-2021, por Notícias ao Minuto

Proprietários de casas dos EUA ficaram mais ricos durante o 1.º trimestre

"(..) Isto representa um ganho de cerca de 2 mil milhões de dólares americanos. Por mutuário, o ganho médio foi de cerca de 33.400 dólares. A notícia é adiantada pela CNBC.

O ganho deve-se ao aumento dos preços das casas, que a CoreLogic revelou ter subido mais de 11% em março, em relação ao ano anterior, sendo o mais acentuado desde 2006, note-se. Salienta a CNBC que os preços aumentaram ainda mais 13% em abril.

(..) “O património do proprietário mais do que dobrou na última década e tornou-se um amortecedor crucial para muitos que estão a enfrentar os desafios da pandemia”, revelou Frank Martell, presidente e CEO da CoreLogic, em declarações à CNBC”. (Continua)

*

"Casas", no jargão jornalístico português, significa moradia em geral.

Chama a atenção o fato de, mais de uma década depois da debacle de 2008, a valorização da propriedade imobiliária continuar sendo o único alento do “sonho americano” no século XXI. 

Não é irrelevante, aliás, para adeptos, como eu, da recuperação da renda da terra para fins de investimento público em urbanização e moradia social, que a mais-valia imobiliária, mais exatamente a expectativa de valorização, venha sendo há muito utilizada, principalmente nos EUA e UK, como alavanca para o consumo e consequente sustentação da atividade econômica em lugar da elevação dos salários - apreciação feita por ninguém menos que Joseph Stiglitz, Economista Chefe do Banco mundial 1997-2000, em seu livro O Mundo em Queda Livre, de 2010.

Donde se poderia concluir, quem diria, que a apropriação de uma parte não desprezível da renda da terra urbana por uma legião de pequenos proprietários imobiliários de futuro incerto, assalariados muitos deles, é hoje uma questão de sobrevivência do sistema econômico e estabilidade das instituições democráticas - não necessariamente nessa ordem.

Convém não esquecer, por outro lado, que as matérias do “jornalismo imobiliário” só tratam das espirais de valorização, alimentadas pela concentração dos rendimentos e patrimônios, incluindo poupanças, dos segmentos que não perderam empregos qualificados e negócios na pandemia. Como já dito em outro lugar deste blog, "imóveis de alto padrão são [hoje] o melhor veículo de investimento na concentração mundial da riqueza". [*]

Não me surpreenderá se, daqui a algum tempo, venhamos a registrar um acréscimo substancial de imóveis deteriorados nas periferias dos centros e subcentros e a consequente multiplicação de cortiços e moradias precárias.
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[*] “Círculo virtuoso II”, 10-12-2017
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2017/12/circulo-virtuoso-ii.html

2021-06-23

sábado, 19 de junho de 2021

Interiorização à francesa

Deu no Le Monde online
10-05-2021, por Laetitia Van Eeckout
https://www.lemonde.fr/societe/article/2021/05/10/le-retour-en-grace-des-villes-moyennes-a-confirmer_6079739_3224.html

Le retour en grâce des villes moyennes à confirmer

La crise sanitaire a renforcé l’attrait des métropolitains pour les zones moins denses. Mais le rééquilibrage du territoire est encore loin d’être gagné 

Este título é enganoso para os nossos padrões de “cidade média”.

A matéria fala da migração de famílias, provocada pelo êxodo sanitário, entre anéis sucessivos da Paris metropolitana e das áreas centrais para setores periféricos de grandes cidades como Lyon, Bordeaux e Montpellier.

Como produto do aumento da distância, o artigo menciona a adoção de um “modo de vida birresidencial: a família vai morar em um lugar do qual um membro sai durante uma parte da semana para trabalhar na grande metrópole”. E nesse caso, "a escolha há de recair sobre uma cidade que ofereça não só boa qualidade de vida, mas também a proximidade de uma metrópole e uma boa ligação ferroviária para lá chegar em uma ou duas horas."

Noves fora as diferenças de escala e situação das "cidades médias" francesas e brasileiras e dos sistemas de transportes de passageiros que as comunica com as respectivas metrópoles, quero crer que o efeito do trabalho remoto sobre a estrutura das cidades francesas aqui relatado não destoa em conteúdo do juízo emitido neste blog a respeito do que a nossa imprensa especializada informa estar em curso no Brasil
[1]:

“a maioria dos home-officers que fugiram da pandemia não foram para o campo, nem para cidades médias, mas para a periferia de suas próprias metrópoles, ao alcance do seu 'CBD', que assim estaria ampliando, não diminuindo, o âmbito territorial da sua atratividade”. [2]

O que os artigos citados não comentam, sequer especulativamente, é o tamanho do contingente de home-officers relativamente ao trabalhadorado urbano em geral, a vasta maioria do qual não tem a opção do trabalho remoto e é, consequentemente, tanto beneficiária quanto prisioneira da metrópole, e o que essa migração pode representar para a estrutura e a economia das cidades para além da vacância mais ou menos intensa e prolongada dos escritórios centrais.

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NOTAS

[1] “Revoada seletiva”, de 01-05, e “Interiorização metropolitana”, de 12-05. https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2021/03/interiorizacao-metropolitana.html
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2021/02/revoada-seletiva.html

[2] “15 minutos de prudência”, À beira do urbanismo 18-05-2021.
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2021/05/15-minutos-de-circunspeccao.html

2021-06-19

terça-feira, 15 de junho de 2021

Avesso do avesso

Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) (1968)
Av. Paulista, 1578 - Bela Vista, São Paulo
Projeto Arq Lina Bo Bardi
Foto @soudroneiro #acervolinabobardi

 

2021-06-15

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Pode isso, Arnaldo?

Deu no R7
25-05-2021, por R7
https://noticias.r7.com/economia/alugueis-com-vencimento-em-junho-terao-reajuste-de-37-28052021


Aluguéis com vencimento em junho terão reajuste de 37%

Fonte: http://memoriasdoesporte.com.br/2020/09/11/arbitro-de-futebol-uma-profissao-nada-facil/

O IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), responsável pelo reajuste da maioria dos contratos de aluguel vigentes no Brasil, subiu 4,10% em maio, de acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira (28) pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). A alta mensal corresponde a uma forte aceleração em relação ao avanço de 1,51% registrado em abril. Nos acumulado dos últimos 12 meses, o indicador teve crescimento de 37,04%, percentual que será usado para reajustar as locações com vencimento em junho.  (Continua)





Sobre o reajuste dos alugueis com base no IGP-M, ver também neste blog: "Aluguel cambial"
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2021/01/cambio-desligo.html

2021-06-11

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Primórdios da urbanização de mercado no Brasil: Campinas

Vitruvius / Arquitextos, Jan 2021, por Vanessa FIGUEIREDO
Urbanização em Campinas - Como se construiu uma anticidade dispersa, fragmentada, extensiva e segregada

(..) O estudo aqui apresentado considera os períodos da urbanização brasileira, a chamada Pré-industrialização, as primeiras e segundas industrializações e a Reestruturação Produtiva, como estrutura basilar de análise. A essa estrutura foram identificadas as principais características da territorialização do processo de urbanização, da morfologia urbana, do urbanismo e da arquitetura, da mobilidade, dos equipamentos públicos, da política habitacional e ambiental, da legislação, dos planos, entre outros aspectos, com base em diversas fontes e autores.

Campinas Colonial-Imperial – Açúcar, café e a pré-industrialização
 
(..) O ano de 1850 marca o início da virada econômica, impulsionada pela impactante Lei de Terras, que imputaria à terra um valor imobiliário que até e então não havia, e pela supressão do tráfico negreiro e a paulatina transição ao trabalho assalariado. Como destaca Semeghini, em Campinas o número de escravos continuou crescendo até 1874, atingindo cerca de 13.685 para 31.397 habitantes livres. Em 1886, pouco antes da promulgação da Lei Aurea, este número havia caído para 9.986 escravos.

Neste momento, o declínio do ciclo do açúcar e o aumento da produção de café fez o número de engenhos reduzir a 44 em 1854. A partir de 1872, a implantação das ferrovias das companhias Paulista – Fepasa e Mogiana induzem a implantação de indústrias manufatureiras em suas margens e a expansão urbana direciona-se para dois lados opostos. Um em direção ao Centro constituindo o bairro do Cambuí, onde se instalariam, até os anos 1930, as elites agrárias e industriais em seus casarios ecléticos ou neocoloniais assobradados e ajardinados. O outro para lá da ferrovia, onde vilas e casas para operários constituíram a Vila Industrial. Este movimento traduz o primeiro fenômeno de segregação socioespacial na urbanização campineira.

Em 1880, a Resolução 20 instituiu o primeiro Código de Posturas com propósitos sanitaristas, jogando para os arrabaldes, “do lado de lá da ferrovia”, os curtumes, matadouros, fábricas de fumo, sabão, óleo, fundições, fogos de artifício, pólvora, asilos, sanatórios e os cemitérios. A lei obriga também o dessecamento de áreas alagadiças, cuidados com os resíduos sólidos e estabelece o mínimo de 15 metros para o tamanho das vias e implantação das edificações no alinhamento frontal do lote.

A riqueza do café fez com que Campinas se projetasse como importante polo da modernidade, com indústrias, comércio, serviços e cultura. Segundo Semeghini, em 1887, a cidade contava com uma população de 41.253 habitantes (quase a população da capital), 41 fábricas de manufaturas, 17 hotéis e restaurantes, 29 escolas, 1 orquestra, 2 teatros, 2 hospitais, 2 bancos, 3 jornais, luz elétrica, bondes com tração animal e companhia de água e esgoto.

Campinas padeceu, entre 1889 e 1897, com o surto de febre amarela, fazendo sua população chegar a cerca de 5.000 habitantes nos piores momentos da epidemia (6). Em 1896 seria elaborado, por Saturnino de Brito, um plano de saneamento, priorizando a canalização de córregos e dessecamentos de áreas úmidas, levando a urbanização de praças em áreas com nascentes, como a praça Carlos Gomes e o Largo do Pará (7). Logo em seguida a população voltaria a crescer chegando a 67.694 habitantes em 1900, com cerca de 20 mil imigrantes, momento em que Campinas registra 78 indústrias, sendo o segmento metal/mecânico o mais expressivo em função da ferrovia e da agricultura.

A Primeira Industrialização – a ferrovia, manufaturas e a cidade compacta

Na década de 1920, em razão da primeira guerra mundial, o café começa a perder espaço para a indústria. Semeghini destaca que as terras cultivadas com café diminuíram 26,6% entre 1905 e 1920 (de 217,8 para 159,7 ha) e as indústrias saltam para 91 estabelecimentos. Mesmo assim, Campinas se mantém como o principal produtor de café do Estado. A grande depressão de 1929 arrebata a economia cafeeira e faz o Brasil entrar definitivamente na primeira fase da industrialização, com produção de bens de consumo não duráveis. Proliferam as indústrias manufatureiras, economia que atrai mais população em busca de trabalho (112.038 mil habitantes), fazendo crescer a demanda habitacional e, com ela, a importância dos negócios imobiliários e a urbanização. Nas décadas de 1920, 1930 e 1940 são aprovados 24, 42 e 81 loteamentos, respectivamente, e a população atinge 129.940 habitantes em 1940. Esta crescente urbanização ocorre contígua à área central já consolidada, com exceção da longínqua área de pouso de Viracopos (usado apenas para operações militares) e de dois bairros mais distantes: o São Bernardo e o Parque Industrial, devido à topografia acidentada. Segundo Badaró, estes bairros apresentavam infraestrutura precária e lotes baratos, acessíveis às populações de menor renda. (Continua)

Acesse o artigo completo pelo link
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/21.248/7983

2021-06-07


quinta-feira, 3 de junho de 2021

Primórdios da urbanização de mercado no Brasil: Porto Alegre

Scripta Nova - Revista Electrónica de Geografía Y Ciencias Sociales / Universidade de Barcelona, Vol. IX, núm. 194 (13), 1 de agosto de 2005, por STROHAECKER Tania M., Professora no Departamento de Geografia - UFRGS, Brasil.
http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-194-13.htm

Atuação do Público e do Privado na Estruturação do Mercado de Terras de Porto Alegre (1890-1950)

Resumo 

Porto Alegre 1888
A estruturação atual das cidades brasileiras é produto de um longo processo de idealização, construção, destruição e reprodução dos espaços frente à atuação de diferentes agentes sociais. Entre os agentes modeladores do espaço urbano destacam-se os proprietários dos meios de produção, os proprietários fundiários, os promotores imobiliários e o Estado. O trabalho procura analisar o processo de estruturação urbana de Porto Alegre (RS/Brasil), no período de 1890 a 1950, enfocando as estratégias do Estado, na esfera municipal, e dos promotores fundiários frente à nova ordem mundial que preconizava a modernização da cidade como fator preponderante para a sua inserção na economia capitalista.

A pesquisa baseou-se principalmente em fontes primárias como: os relatórios anuais das companhias publicados na imprensa durante os anos de 1895 a 1950; os relatórios anuais da Intendência Municipal de 1895 a 1950; os documentos originais disponibilizados pelas companhias Predial e Agrícola e Condor Emprendimentos Imobiliários; os documentos originais arquivados na Junta Comercial de Porto Alegre; em entrevistas com funcionários e dirigentes das companhias extintas; em planta cadastral com o nome dos proprietários dos imóveis dos loteamentos implantados pela extinta Companhia Territorial Porto Alegrense. Para complementar o trabalho analisou-se fontes secundárias sobre a história urbana e regional, a biografia dos principais acionistas das companhias de loteamento, a legislação urbanística, códigos de posturas, mapas e plantas antigas da cidade. 

O texto está estruturado em três partes: na primeira, analisa-se a formação do capital imobiliário e o surgimento das companhias de loteamento, destacando-se a atuação da Companhia Territorial Porto Alegrense na última década do século XIX. Após, destaca-se o ideário da modernização encabeçado pelo Estado frente às pressões do capital emergente e a atuação da Companhia Predial e Agrícola, a principal detentora de terras da cidade nas primeiras décadas do século XX. Na terceira parte, analisa-se a reforma urbana empreendida por três governos sucessivos, concomitantemente à atuação da Schilling & Kuss Cia. Ltda., principal empresa loteadora em Porto Alegre nas décadas de 1930 a 1950. 

Portanto, o trabalho analisa conjuntamente as estratégias de dois agentes urbanos (Estado e promotor fundiário), pois entende-se que suas ações espacializadas, respectivamente, na área central e na periferia urbana, foram responsáveis, entre outros fatores, pelas contradições sócio-espaciais da cidade atual. 

A formação do capital imobiliário e as companhias de loteamento


A partir de 1860, Porto Alegre começa a sair da letargia de quarenta anos com a decadência do ciclo do charque no sul da Província devido à concorrência platina e à gradativa organização comercial das colônias alemãs. A capital se impõe como pólo comercial passando a ser alvo de maciços investimentos. (continua)

 

Acesse o artigo completo pelo link
http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-194-13.htm

2021-06-03