Preço do aluguel de imóveis comerciais avança no primeiro semestre de 2021
Complexo da Maré - Nova Holanda Rio de Janeiro Foto: Rodrigo Maré Souza |
O setor imobiliário teria, pois, para o capital, o papel estratégico de compensar a
tendência estagnante das taxas de lucro na indústria com o aporte dia
a dia mais significativo das rendas urbanas de solo-localização, cujas espirais
de valorização são hoje claramente impelidas pela própria concentração incessante da
riqueza.
Depreende-se daí que essas tendências antagônicas da economia concorrencial tornam a humanidade inapelavelmente prisioneira das megalópoles, apesar do tamanho e gravidade de deseconomias como o preço exorbitante da moradia, o custo exponencialmente crescente dos transportes, a degradação continuada do meio ambiente, a expansão irrefreável das periferias sub-urbanizadas, favelas e informalidade em geral, a obsolescência e deterioração precoce de grandes estoques de edificações centrais etc.
A bandeira da “desmercantilização da moradia", que tem o meu apreço, supõe, por essa razão, uma profunda transformação dos fundamentos econômicos da sociedade, que se poderia resumir no conceito, tão caro aos urbanistas, de função social da propriedade – não apenas imobiliária, bem entendido, e em nenhuma hipótese restrita ao âmbito nacional, mas de todas as grandes cadeias de financiamento, produção e distribuição de bens em serviços em escala planetária.