à beira do urbanismo
quarta-feira, 24 de julho de 2024
quarta-feira, 17 de julho de 2024
Preços em alta, como [quase] sempre
The Economist 16-06-2024
https://www.economist.com/finance-and-economics/2024/06/16/why-house-prices-are-surging-once-again
In America, Australia and parts of Europe, property markets have shrugged off higher interest rates
Num valioso texto produzido para os cursos do Lincoln Institute of Land Policy, já divulgado neste grupo, o economista e avaliador colombiano Oscar Borrero assim resume o que chama de comportamento “estrutural” dos preços da terra urbana, por oposição ao “cíclico”:
“(..) la tierra urbana siempre se valoriza, es decir crece por encima de la inflación. Es la resultante de las leyes de oferta y demanda. (..) ante una demanda creciente [(a) crecimiento económico de la ciudad: industria, comercio, servicios, etc. y (b) El aumento poblacional vegetativo y migratorio] y una oferta escasa [la única manera de aumentar la oferta es incrementar los perímetros de las ciudades], los precios suben en términos reales, es decir por encima de la inflación. Lo cual da como resultado la valorización continua de los terrenos urbanos.” [1]
Considerando que a população e a economia urbanas continuam a crescer concentradas em uma quantidade limitada de megalópoles planetárias, parece-me razoável supor que o preço relativo das localizações centrais e pericentrais - tanto mais escassas quanto mais se expande “o perímetro das cidades”, vale dizer a área de influência dos centros urbanos principais - continue também crescendo, como ensina Borrero, a despeito da descentralização relativa e desigual imposta pelo trabalho a distância.
Chama também a atenção que a matéria traga o subtítulo “nos EUA, Austrália e partes da Europa, o mercado imobiliário ignorou a elevação das taxas de juros” - uma característica típica do mercado chamado ‘de alto padrão’. Mesmo não sendo economista nem avaliador, eu me aventuro a sugerir um fator estrutural não considerado por Borrero e, aliás, nunca mencionado em publicações da imprensa especializada - a persistente concentração dos rendimentos e do patrimônio, que faz do mercado imobiliário de alto padrão uma espécie de ‘círculo virtuoso’:
“(..) a irrefreável concentração de riqueza que marca a economia do século XXI tem o dom de retroalimentar a espiral de valorização dos imóveis mais luxuosos e bem localizados mesmo em um cenário global de baixo crescimento, estagnação dos salários e precarização do trabalho. (..) quanto mais renda concentram os ricos do mundo inteiro, mais se dispõem a pagar por imóveis de alto padrão em Nova York, Los Angeles, Miami, Londres, Paris, Hong Kong, Dubai, Vancouver, Sydney, Lisboa, São Paulo e Rio de Janeiro, na expectativa razoável de que não faltará quem lhes cubra a parada a qualquer momento em que queiram vendê-los” [2]
“(..) La tierra es un recurso escaso y su mercado está interrelacionado directamente con el mercado de la construcción, por tanto su comportamiento no escapa los ciclos económicos y de la edificación; de hecho sigue muy de cerca los ciclos de la construcción y estos a su vez los de la economía. (..)”
A combinação dos comportamentos estrutural e cíclico dos preços imobiliários pode ser observada nos gráficos abaixo, do S&P / Case-Shiller Home Price Index, para dois intervalos temporais diferentes. Nos EUA, o índice de preços tem forte queda com a Grande Recessão de 2008, mas as linhas de tendência 1991-2017 e 200o-2023 são inequivocamente ascendentes (clique nas imagens para ampliar).
https://drive.google.com/file/d/12719bJhO6ztK8uQ2cj6MhJzEwVuiH6Vv/view?usp=sharing
[2] “Círculo Virtuoso II". À beira do urbanismo 10-12-2017, por Pedro Jorgensen https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2017/12/circulo-virtuoso-ii.html.
quarta-feira, 10 de julho de 2024
Faroeste caboclo
A primeira cidade-satélite de Brasília começou com a tomada de posse de um terreno perto da entrada da Cidade Livre. Já descrevi as causas de tais ocupações. Chegaram a um auge nas primeiras semanas de junho de 1958, quando, em poucos dias, entre 4 mil e 5 mil flagelados da seca do Nordeste chegaram à Cidade Livre em busca de trabalho. A Novacap ordenou às forças de segurança (o GEB) que levantassem barreiras na estrada para impedi-los de entrar. Em vez de irem embora - como se tivessem algum lugar para onde ir -, esses migrantes desesperados iniciaram uma ocupação de terra, montando um acampamento improvisado do outro lado da barreira. (HOLSTON, James. A Cidade Modernista: uma crítica de Brasília e sua utopia. Tradução Marcelo Coelho, São Paulo: Companhia das Letras, 1993.)
https://cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=77&
Taguatinga desenvolveu-se especialmente em função do comércio e dos empregos que sua população obtinha. Tornou-se um importante centro comercial dentro do Distrito Federal e polo de atração para a população das cidades próximas, abrigando shopping centers de grande porte. Taguatinga, atualmente, é uma das regiões mais ricas do Distrito Federal, sendo considerada a capital econômica do Distrito Federal. (WIKIPEDIA, “Taguatinga (Distrito Federal)”, 29-03-2024.)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Taguatinga_(Distrito_Federal
Focado no nascimento das metrópoles capitalistas no Brasil (1870-1930), deixei Brasília para estudar depois. Mas a celeuma em torno do novo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília – PPCUB não está nem aí para a minha agenda: ela coloca na ordem do dia do urbanismo brasiliense e brasileiro a relação entre o plano de urbanismo e a urbanização de mercado.
“Brasília precisa superar o planejamento urbano do século 20, pensado para automóveis, com a criação de bolsões de estacionamento, viadutos e segregação de usos, e começar a se adequar ao planejamento urbano do presente, pensado nas pessoas, com a criação de praças de qualidade, ciclovias, setores de uso misto e ruas caminháveis. Esse é o modelo de cidades inovadoras e de sucesso que atraem investimentos, prosperam e promovem a qualidade de vida de toda a população, não de apenas uma parte dela.” “Preservar o urbanismo de Brasília: as escolhas e seus preços”. Caos Planejado 27-06-2024, por Thiago Caldeira.
https://caosplanejado.com/preservar-o-urbanismo-de-brasilia-as-escolhas-e-seus-precos/
quarta-feira, 3 de julho de 2024
Moradia x alojamento turístico
O Globo 29-06-2024
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/06/29/espanhois-protestam-contra-o-turismo-de-massa-e-o-aumento-dos-precos-da-moradia-no-pais.ghtml
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Àbeiradourbanismo |
Sob o lema “Málaga para viver, não para sobreviver”, o protesto nesta cidade de 570 mil habitantes foi convocado por cinquenta associações locais.
Com faixas que diziam “Proibição de habitação turística”, ou “Salário 1.300, aluguel 1.100, como viver?”, os manifestantes percorreram o centro histórico desta cidade andaluza à beira-mar, onde Picasso nasceu em 1881 em uma casa que constitui uma das suas principais atrações turísticas. (..)
quarta-feira, 26 de junho de 2024
Apontamentos: Derntl 2024 e o planejamento de Brasília nos anos 1970
DERNTL M F, “Brasília, capital ou metrópole? - O planejamento do Distrito Federal e de sua região na década de 19701”. RISCO - revista de pesquisa em arquitetura e urbanismo, iau-usp V22 - 2024.
https://revistas.usp.br/risco/article/view/218379
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Clique na imagem para ampliar |
O relato dos debates institucionais dos anos 70 sobre a questão "capital vs. metrópole" tem um valor inestimável. Ao passo que o Programa Especial da Região Geoeconômica de Brasília (Pergeb, 1975) vê a capital como "uma cidade administrativa por excelência", assoberbada pelo afluxo de migrantes e o crescimento periférico, o ponto de vista contrário, defendido de uma ou outra forma por vários planejadores da época, é bem resumido por um coordenador de sessão, não identificado, do Seminário de Planejamento Governamental SEPLAG 1976, para o qual "a acentuada urbanização de áreas periféricas a um núcleo principal era fenômeno clássico de áreas metropolitanas" (p.12).
Ainda assim, para Lúcio Costa, o principal interesse era mesmo o Plano Piloto, pois, nas suas palavras, "o resto é grande demais para mim" (COSTA, 1974, p. 78).
O urbanismo modernista teria, assim, obrigado as instituições de planejamento urbano e regional de Brasília e do Distrito Federal a se debruçarem sobre o embaraçoso problema de como organizar a inexorável metropolização de uma capital nacional ex novo que não foi concebida para, e resistia a, expandir-se.
PS: Um estudo comparado Brasília / Belo Horizonte, focado na dualidade plano x mercado, poderá ser bastante instrutivo. Ofereço a ideia para quem queira nela se aventurar.
domingo, 23 de junho de 2024
Política urbana ou pirataria rentista?
Supervasco 19-06-2024
https://www.supervasco.com/noticias/imagens-do-projeto-de-reforma-de-sao-januario-aprovado-na-camara-394221.html
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Montagem: Àbeiradourbanismo |
“Julio Delamare e Célio de Barros: NÃO à destruição dos bens do patrimônio desportivo e educacional brasileiro”. À beira do urbanismo 01–04-2013.
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2013/03/julio-delamare-e-celio-de-barros-nao.html
quarta-feira, 19 de junho de 2024
PEC das Praias: O capital no século XXI
ICL Notícias 18-06-2024
https://iclnoticias.com.br/pec-das-praias-recorde-uniao-taxas-bolsonaro/
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Montagem: àbeiradourbanismo |
Ou seja, o foro e a taxa de ocupação funcionam como um IPTU federal e o laudêmio como um ITBI federal, ambos incidentes sobre os terrenos de marinha (33m da linha de preamar médio de 1831), que são propriedade da União.
Pode-se discutir se esses institutos são ou não resquícios de instituições monárquicas: em Petrópolis - RJ, muitas operações de compra-venda de imóveis estão até hoje sujeitas ao pagamento de laudêmio aos descendentes da Coroa portuguesa, por isso conhecido como "taxa do príncipe".
No caso dos terrenos de marinha, contudo, a cobrança de foro e taxa de ocupação, além do laudêmio sobre as transferências de domínio, é o mínimo que se pode exigir da ocupação de áreas de propriedade da União, herdadas da Colônia e do Império, mas conservadas pela República e consagradas pela Constituição de 1988 como bens públicos. À parte aspectos centrais como o controle estatal da costa e garantia do acesso público às praias, os ônus incidentes sobre a ocupação privada de terrenos de marinha constituem, na prática, uma forma peculiar de recuperação de mais-valias fundiárias urbanas no plano federal.
Um dos objetivos da PEC das Praias é acabar com esse ônus sobre a propriedade costeira. O outro é acabar com a jurisdição federal sobre o uso dessas áreas, facilitando a privatização em massa do litoral brasileiro. Com a agravante da devolução, aos foreiros das áreas de marinha, os valores pagos a título de foro e taxa de ocupação nos últimos 5 anos (PEC 3 / 2022 Art. 3).
Nos dois casos, trata-se de pura e simples pirataria rentista, típica dos tempos que estamos vivendo.
quarta-feira, 5 de junho de 2024
domingo, 2 de junho de 2024
Estava demorando!
BBC Brasil 25-05-2024
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cn00wykl901o
Gigante de consultoria em gestão e negócios com atuação em quatro continentes, a Alvarez & Marsal (A&M) é a primeira empresa de porte global na área de capital de investimentos a incorporar-se à reconstrução de Porto Alegre após a enchente.
A Prefeitura da capital, responsável pela contratação da A&M, enfatiza a experiência da empresa na resposta aos efeitos do furação Katrina, em 2005, nos Estados Unidos. Foi justamente esse episódio, porém, que suscitou mais críticas à companhia, associando-a a políticas de desregulação e privatização de serviços públicos. Esse receituário foi batizado pela escritora canadense de esquerda Naomi Klein de “capitalismo de desastre”.
No Brasil, onde está presente desde 2004, a empresa é alvo de considerações semelhantes, mesmo antes de apresentar qualquer proposta como ocorre em Porto Alegre. A A&M diz que seu objetivo é fazer um diagnóstico da situação da infraestrutura local e propor formas de financiar a reconstrução. A companhia garante que segue rigorosamente termos de contratos com clientes e práticas de mercado. (..)
2024-06-02
quarta-feira, 29 de maio de 2024
A propósito da enchente em Porto Alegre
Poder 360 19-05-2024
https://www.poder360.com.br/infraestrutura/especialistas-listam-medidas-para-evitar-enchentes-em-porto-alegre/
Especialistas listam medidas para evitar enchentes em Porto Alegre
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quarta-feira, 22 de maio de 2024
Mumford 1961: A urbanização medieval (2)
Capítulo X, seções 4 e 5, extraídas de MUMFORD L (1961), La Ciudad en la Historia, Logroño (Esp): Pepitas de calabaza Ed., 2012, pp. 503-24
https://docs.google.com/document/d/1QmZp8z1vQXf9NtCfRx-mSH2MmsUhUBIf65UobgkgUv8/edit?usp=sharing
(..) Los elementos determinantes del plan medieval son válidos por igual para una vieja ciudad de base romana, como Colonia, o para una ciudad nueva como Salisbury. La muralla, las puertas y el núcleo cívico determinan las principales líneas de circulación.
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Fonte: https://early-medieval-worlds.hist.sites.carleton.edu/wiki/koln-landscape-and-urban-environment/ |
No es posible dejar de considerar la muralla sin señalar la función especial de la puerta de la ciudad; que, mucho más que una mera abertura, era un «lugar de encuentro de dos mundos» el urbano y el rural, el conocido y el extraño. La puerta principal ofrecía el primer saludo al mercader, al peregrino o al caminante común; era a la vez aduana, oficina de pasaportes y punto de control de la inmigración, así como arco del triunfo, cuyos torreones y torres rivalizaban a menudo, por ejemplo en Lubeca, con los de la catedral o el ayuntamiento. (..) era por lo común cerca de las puertas donde se edificaban los almacenes y donde se congregaban las posadas y las tabernas, mientras que los artesanos y mercaderes instalaban sus tiendas en las calles contiguas. Así, la puerta produjo, sin normas especiales de distribución en zonas, los barrios económicos de la ciudad; y como no había solamente una puerta, la naturaleza misma del tráfico procedente de diferentes regiones tendió a descentralizar y diferenciar las zonas comerciales. Como consecuencia de esta disposición orgánica de las funciones, la zona interior de la ciudad no estaba recargada por tráfico alguno, pues solo circulaba el generado por sus propias necesidades. (..)
En general, la gran iglesia es el elemento central de la ciudad, en todo sentido, excepto el geométrico; y como congregaba las mayores muchedumbres, requería un atrio con suficiente capacidad para la entrada y salida de los fieles. (..) Cuando se descubre que la plaza del mercado se extiende frente a la catedral, o que se abre una cuña o un cuadrado en las cercanías, no se les debe asignar a estos datos el mismo valor que tienen hoy: el mercado era ocasional, en tanto que los servicios de la iglesia eran constantes y regulares. Al igual que en el caso del crecimiento inicial de la ciudad, el mercado se asienta cerca de la iglesia porque es allí donde los habitantes se reúnen más a menudo. (..).
domingo, 19 de maio de 2024
quarta-feira, 15 de maio de 2024
domingo, 12 de maio de 2024
Metrô privatizado é prejuízo para a sociedade!
TAB Uol 09-05-2024
https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2024/05/09/metro-e-cptm-perderam-86-de-repasses-do-bilhete-unico-apos-privatizacoes.htm
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2022/01/transmilenio-quem-vai-pagar-conta.html
quarta-feira, 8 de maio de 2024
Mumford 1961: A urbanização medieval (1)
Capítulo X, seções 4 e 5, extraídas de MUMFORD L (1961), La Ciudad en la Historia, Logroño (Esp): Pepitas de calabaza Ed., 2012, pp. 503-24
https://docs.google.com/document/d/1QmZp8z1vQXf9NtCfRx-mSH2MmsUhUBIf65UobgkgUv8/edit?usp=sharing
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Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Carcassonne |
domingo, 5 de maio de 2024
quarta-feira, 1 de maio de 2024
Harvey 1982: A teoria da renda
"A Teoria da Renda" (extraído de HARVEY D (1982), Os Limites do Capital. São Paulo: Boitempo, 2013).
https://docs.google.com/document/d/1l7E4r2KnREkd-RlrAmeOe4l5VsaI6_t_lnx9X0cRCVY/edit?usp=sharing
A teoria da renda, é justo dizer, perturbou profundamente Marx. Ele procurou realizar “uma análise científica da renda fundiária e da forma econômica específica da propriedade da terra tendo por base o modo de produção capitalista” em sua “forma pura, isenta de todas as irrelevâncias distorcidas e confusas”[1]. Mas seus escritos sobre o assunto, todos publicados postumamente, são em sua maioria pensamentos incipientes escritos no processo da descoberta. Como tais, eles frequentemente parecem contraditórios. As formulações nas Teorias do mais-valor diferem substancialmente das poucas passagens aprimoradas n’O capital, ao passo que sua análise nesta última obra, embora extensiva e com frequência penetrante, é prejudicada por algumas dificuldades que não cedem facilmente à mágica do seu toque. O resultado é uma boa quantidade de confusão e uma controvérsia imensa e continuada entre aquelas poucas almas audazes que tentaram abrir caminho pelo campo minado de seus escritos sobre o assunto[2].
A renda, na análise final, é simplesmente um pagamento feito aos proprietários pelo direito de usar a terra e seus pertences (os recursos nela incorporados, os prédios nela construídos etc.). A terra, concebida nesse sentido muito amplo, evidentemente tem tanto valor de uso quanto valor de troca. Então, será que ela tem também um valor? Se tem, como a existência desse valor pode ser conciliado com as teorias do valor que se baseiam no tempo de trabalho incorporado (como a de Ricardo) ou, no caso de Marx, no tempo de trabalho socialmente necessário?
As melhoras incorporadas na terra são, certamente, resultado do trabalho humano. Casas, lojas, fábricas, estradas e assim por diante podem ser produzidas como mercadorias e, por isso, tratadas como valores no curso da circulação mediante o ambiente construído (ver capítulo 8). Um componente da renda pode então ser tratado como um caso especial de juros sobre o capital fixo ou sobre o fundo de consumo. A parte da renda que gera o problema é o simples pagamento da terra bruta, independente das melhorias a ela incorporadas. Marx se refere a esse componente como renda fundiária. A seguir, a menos que de outro modo especificado, trataremos a renda fundiária como renda e assumiremos que o juro sobre as melhorias é explicado de outra forma.
Evidentemente, Marx insiste que os pagamentos de aluguel não são feitos à terra e que as rendas não crescem do solo. Pagamentos desse tipo são feitos aos proprietários e seriam impossíveis sem a troca geral de mercadorias, a plena monetização da economia e todas as armadilhas legais e jurídicas da propriedade privada na terra. Mas ele também está consciente de que essa base legal nada decide e que toda a explicação da renda tem de tornar compatível um pagamento feito ostensivamente à terra com uma teoria do valor que se concentra no trabalho. (..)
Acesse a íntegra deste capítulo pelo link
https://docs.google.com/document/d/1l7E4r2KnREkd-RlrAmeOe4l5VsaI6_t_lnx9X0cRCVY/edit?usp=sharing
quarta-feira, 24 de abril de 2024
Andrade 1998: Barry Parker, a Cia City e a metropolização de São Paulo
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16131/tde-31102022-164103/publico/Andrade_Carlos_Roberto_Monteiro_de_1998_DO.pdf
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Clique na imagem para ampliar |
Nesse rápido processo de transformação da paisagem urbana paulistana, uma companhia imobiliária inglesa - a City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited - teve um papel decisivo. Por sua vez, também será de grande importância - como pretendemos demonstrar -, a atuação junto a essa empresa imobiliária e de melhoramentos urbanos do Arq. Barry Parker, que nela trabalhará, junto à sua sede paulistana, de fevereiro de 1917 a janeiro de 1919. Portanto, se pretendemos, em um primeiro momento, reconstituir - ainda que parcial e fragmentariamente - a fisionomia urbana da Capital de São Paulo quando da estadia de Parker, por outro lado procuraremos mostrar como sua atuação - e aqui incluímos tanto o que construiu, quanto o que deixou apenas projetado - foi fundamental na reforma dessa paisagem, bem como na concepção de São Paulo como uma metrópole.
Concorreram para o fenômeno de rápida metropolização de São Paulo diversos fatores sócio-econômicos que já vinham se estabelecendo desde o último quartel do século XIX, dentre eles, o fato de ser um centro ferroviário que articulava, através de suas redes, as principais regiões econômicas do país. É dessa caraterística determinante para efetivar a vocação metropolitana da capital que partiu o conjunto de ações que confluíram no sentido da transformação do velho burgo estudantil em uma grande cidade. As estradas de ferro no Estado tinham em São Paulo o principal nó articulador de uma vasta rede e, em Santos, o único porto escoador da produção de todo o Estado e mesmo de outras regiões do país, como nos mostram os dados da tabela abaixo, retirados de Barbosa (1987:31). (..)
quarta-feira, 17 de abril de 2024
Predestinado (com licença de J Simão)
Diário do Rio 16-04-2024
https://diariodorio.com/terreno-em-guaratiba-que-seria-sede-da-jmj-deve-ser-novo-autodromo-do-rio/
domingo, 7 de abril de 2024
O Marco Zero e o Zepelim
FNA - Federação Nacional dos Arquitetos 28-03-2024
https://fna.org.br/entidades-recorrem-ao-iphan-para-barrar-construcao-no-marco-zero/
Também assinaram: Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/PE), Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (PPGMDU-UFPE), Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP), Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE, Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Sociedade Olindense de Defesa da Cidade Alta (Sodeca) e Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro*. (..)
2024-04-07