quarta-feira, 17 de julho de 2024

Preços em alta, como [quase] sempre


The Economist 16-06-2024
https://www.economist.com/finance-and-economics/2024/06/16/why-house-prices-are-surging-once-again

In America, Australia and parts of Europe, property markets have shrugged off higher interest rates
O artigo acima projeta um novo ciclo de aumentos de preços imobiliários em países do mundo dito ‘desenvolvido’, com base em causas que eu diria essencialmente conjunturais. Mas que dizer das causas ‘estruturais”?

Num valioso texto produzido para os cursos do Lincoln Institute of Land Policy, já divulgado neste grupo, o economista e avaliador colombiano Oscar Borrero assim resume o que chama de comportamento “estrutural” dos preços da terra urbana, por oposição ao “cíclico”: 

“(..) la tierra urbana siempre se valoriza, es decir crece por encima de la inflación. Es la resultante de las leyes de oferta y demanda. (..) ante una demanda creciente [(a) crecimiento económico de la ciudad: industria, comercio, servicios, etc. y (b) El aumento poblacional vegetativo y migratorio] y una oferta escasa [la única manera de aumentar la oferta es incrementar los perímetros de las ciudades], los precios suben en términos reales, es decir por encima de la inflación. Lo cual da como resultado la valorización continua de los terrenos urbanos.” [1] 

Considerando que a população e a economia urbanas continuam a crescer concentradas em uma quantidade limitada de megalópoles planetárias, parece-me razoável supor que o preço relativo das localizações centrais e pericentrais - tanto mais escassas quanto mais se expande “o perímetro das cidades”, vale dizer a área de influência dos centros urbanos principais - continue também crescendo, como ensina Borrero, a despeito da descentralização relativa e desigual imposta pelo trabalho a distância.

Chama também a atenção que a matéria traga o subtítulo “nos EUA, Austrália e partes da Europa, o mercado imobiliário ignorou a elevação das taxas de juros” - uma característica típica do mercado chamado ‘de alto padrão’. Mesmo não sendo economista nem avaliador, eu me aventuro a sugerir um fator estrutural não considerado por Borrero e, aliás, nunca mencionado em publicações da imprensa especializada - a persistente concentração dos rendimentos e do patrimônio, que faz do mercado imobiliário de alto padrão uma espécie de ‘círculo virtuoso’:

“(..) a irrefreável concentração de riqueza que marca a economia do século XXI tem o dom de retroalimentar a espiral de valorização dos imóveis mais luxuosos e bem localizados mesmo em um cenário global de baixo crescimento, estagnação dos salários e precarização do trabalho. (..) quanto mais renda concentram os ricos do mundo inteiro, mais se dispõem a pagar por imóveis de alto padrão em Nova York, Los Angeles, Miami, Londres, Paris, Hong Kong, Dubai, Vancouver, Sydney, Lisboa, São Paulo e Rio de Janeiro, na expectativa razoável de que não faltará quem lhes cubra a parada a qualquer momento em que queiram vendê-los” [2]

E para além do comportamento estrutural dos preços, teríamos aqui também um forte componente do que Borrero chama de ‘comportamento cíclico’:

“(..) La tierra es un recurso escaso y su mercado está interrelacionado directamente con el mercado de la construcción, por tanto su comportamiento no escapa los ciclos económicos y de la edificación; de hecho sigue muy de cerca los ciclos de la construcción y estos a su vez los de la economía. (..)”

A combinação dos comportamentos estrutural e cíclico dos preços imobiliários pode ser observada nos gráficos abaixo, do S&P / Case-Shiller Home Price Index, para dois intervalos temporais diferentes. Nos EUA, o índice de preços tem forte queda com a Grande Recessão de 2008, mas as linhas de tendência 1991-2017 e 200o-2023 são inequivocamente ascendentes (clique nas imagens para ampliar).



2024-07-17

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[1] BORRERO Oscar, “Formación de los precios del suelo urbano”. Lincoln Institute of Land Policy, EAD, s/ data.
https://drive.google.com/file/d/12719bJhO6ztK8uQ2cj6MhJzEwVuiH6Vv/view?usp=sharing

[2] “Círculo Virtuoso II". À beira do urbanismo 10-12-2017, por Pedro Jorgensen  https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2017/12/circulo-virtuoso-ii.html.

quarta-feira, 10 de julho de 2024

Faroeste caboclo

 


A primeira cidade-satélite de Brasília começou com a tomada de posse de um terreno perto da entrada da Cidade Livre. Já descrevi as causas de tais ocupações. Chegaram a um auge nas primeiras semanas de junho de 1958, quando, em poucos dias, entre 4 mil e 5 mil flagelados da seca do Nordeste chegaram à Cidade Livre em busca de trabalho. A Novacap ordenou às forças de segurança (o GEB) que levantassem barreiras na estrada para impedi-los de entrar. Em vez de irem embora - como se tivessem algum lugar para onde ir -, esses migrantes desesperados iniciaram uma ocupação de terra, montando um acampamento improvisado do outro lado da barreira. (HOLSTON, James. A Cidade Modernista: uma crítica de Brasília e sua utopia. Tradução Marcelo Coelho, São Paulo: Companhia das Letras, 1993.)
https://cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=77&

Taguatinga desenvolveu-se especialmente em função do comércio e dos empregos que sua população obtinha. Tornou-se um importante centro comercial dentro do Distrito Federal e polo de atração para a população das cidades próximas, abrigando shopping centers de grande porte. Taguatinga, atualmente, é uma das regiões mais ricas do Distrito Federal, sendo considerada a capital econômica do Distrito Federal. (WIKIPEDIA, “Taguatinga (Distrito Federal)”, 29-03-2024.) 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Taguatinga_(Distrito_Federal

A apuração dos motivos de Taguatinga, dentre todas  as cidades-satélites, ter se tornado "a capital econômica do Distrito Federal" demanda algum tempo de leituras e outro tanto de reflexão. Talvez por ter sido a primeira, talvez não. 

As imagens do Google Map parecem confirmar o verbete da Wikipedia: Taguatinga, criada como loteamento imposto 'na marra' pelos retirantes alojados na periferia da novíssima capital da República, hoje concentra boa parte do mercado não subsidiado de apartamentos novos do DF, de classe média e média-alta por definição.

Focado no nascimento das metrópoles capitalistas no Brasil (1870-1930), deixei Brasília para estudar depois. Mas a celeuma em torno do novo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília – PPCUB não está nem aí para a minha agenda: ela coloca na ordem do dia do urbanismo brasiliense e brasileiro a relação entre o plano de urbanismo e a urbanização de mercado.

Não posso nem pretendo opinar sobre o PPCUB, mas temo que a indulgência histórica da nossa profissão com a alienação constitutiva do urbanismo modernista em face da urbanização de mercado nos deixa de calça curta para enfrentar a questão - o que dá certa vantagem aos  especuladores imobiliários, cada vez mais bem servidos de advogados treinados na defesa da liberdade de mercado em nome das “cidades sustentáveis e inclusivas". O melhor exemplo, como de hábito, vem da Caos Planejado:

“Brasília precisa superar o planejamento urbano do século 20, pensado para automóveis, com a criação de bolsões de estacionamento, viadutos e segregação de usos, e começar a se adequar ao planejamento urbano do presente, pensado nas pessoas, com a criação de praças de qualidade, ciclovias, setores de uso misto e ruas caminháveis. Esse é o modelo de cidades inovadoras e de sucesso que atraem investimentos, prosperam e promovem a qualidade de vida de toda a população, não de apenas uma parte dela.” “Preservar o urbanismo de Brasília: as escolhas e seus preços”. Caos Planejado 27-06-2024, por Thiago Caldeira.  
https://caosplanejado.com/preservar-o-urbanismo-de-brasilia-as-escolhas-e-seus-precos/

Alega o articulista que a área metropolitana de Brasília recebe cerca de 45 mil novos habitantes por ano e se pergunta: onde essa nova população vai morar se "não há oferta de moradia crescendo nessa velocidade no Plano Piloto, que é limitado pelo tombamento"? Em defesa do adensamento central reiteradamente patrocinado pela Caos Planejado e adotado pelo PPCUB, ele mesmo responde, consternado: "nas áreas mais distantes, onde são maiores os desafios da mobilidade urbana!"

Contudo, digo eu, se nos lotes do Trecho 4 do Setor de Clubes Esportivos Sul (SCES) liberados pelo PPCUB para a construção de 9 mil apartamentos caberão 27 mil pessoas - suficientes para fazer saltar o valor dos terrenos de R$150 milhões para R$1,4 bilhão em benefício, dentre outros, do presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (ADEMI-DF) [*] -, a pergunta continua sendo onde vão morar os demais 423 mil novos habitantes da área metropolitana de Brasília nos próximos 10 anos, senão "nas áreas mais distantes, onde são maiores os desafios da mobilidade urbana"? 

Como farão os nossos paladinos do "planejamento urbano do presente, pensado nas pessoas, com a criação de praças de qualidade, ciclovias, setores de uso misto e ruas caminháveis" para "promover a qualidade de vida de toda a população [450 mil novos habitantes], não de apenas uma parte dela [27 mil habitantes]"? 

Eu respondo: considerando a realidade da pirâmide social brasileira e a maneira como o mercado aloca os demandantes de terra-localização nas metrópoles de todo o mundo - lição sintetizada pelo insuspeito William Alonso em 1964 [**] -, a imensa maior parte dessa nova população, com ou sem o PPCUB, não terá escolha e pagará o preço que sua antecessora já paga há muito tempo: residir na periferia mais ou menos distante e enfrentar diariamente "o desafio da mobilidade". 

E ainda que o PPCUB privatizasse boa parte da área pública do Plano Piloto, a imensa maior parte da terra só seria liberada a conta-gotas, para pagadores de rendas compatíveis com as expectativas dos especuladores.

Em suma, o "modelo de cidades inovadoras e de sucesso que atraem investimentos, prosperam e promovem a qualidade de vida de toda a população, não de apenas uma parte dela” de que fala nosso articulista é, no Brasil, no melhor dos casos miragem, no pior charlatanismo. Oportunismo, com certeza.

Dado o estatuto histórico-cultural do Plano Piloto, parece-me evidente que especular com o seu adensamento não é um ponto de partida sério para o planejamento da expansão de Brasília. As cidades-satélites, seus subcentros, periferias e redes de conexões recíprocas e com o Plano Piloto é o objeto a ser trabalhado, inclusive do ponto de vista da urbanização de mercado.
 
2024-07-10


PS: Esta matéria do Metrópoles de 10-07-2024 mostra que o plano de adensamento do Plano Piloto aprovado pelo PPCUB é muito mais ambicioso do que eu supunha. Caso ele seja mantido, eu sugiro um experimento: observar, ao longo da próxima década, que proporção dessas terras serão destinadas pelos empreendedores ao atendimento da demanda estimada dos 45 mil / ano novos habitantes da metrópole.      
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[*] “PPCub: Lago será cercado por 9 mil apartamentos com até 27 mil moradores - O novo bairro às margens do Lago Paranoá e a poucos metros do Palácio da Alvorada equivalerá a 12 superquadras”. Metrópoles 26-06-2024, por Isadora Teixeira 

[**] ALONSO W (1964), Location and land use. Cambrigde, MA: Harvard University Press


quarta-feira, 3 de julho de 2024

Moradia x alojamento turístico


O Globo 29-06-2024
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/06/29/espanhois-protestam-contra-o-turismo-de-massa-e-o-aumento-dos-precos-da-moradia-no-pais.ghtml

Àbeiradourbanismo
Milhares de pessoas protestaram neste sábado (29) nas cidades andaluzas de Málaga e Cádiz, no protesto mais recente na Espanha contra o turismo de massas, que os manifestantes culpam pela falta de moradia acessível.

Sob o lema “Málaga para viver, não para sobreviver”, o protesto nesta cidade de 570 mil habitantes foi convocado por cinquenta associações locais.

Com faixas que diziam “Proibição de habitação turística”, ou “Salário 1.300, aluguel 1.100, como viver?”, os manifestantes percorreram o centro histórico desta cidade andaluza à beira-mar, onde Picasso nasceu em 1881 em uma casa que constitui uma das suas principais atrações turísticas. (..)


2024-07-03


quarta-feira, 26 de junho de 2024

Apontamentos: Derntl 2024 e o planejamento de Brasília nos anos 1970


DERNTL M F, “Brasília, capital ou metrópole? - O planejamento do Distrito Federal e de sua região na década de 19701”. RISCO - revista de pesquisa em arquitetura e urbanismo, iau-usp V22 - 2024.
https://revistas.usp.br/risco/article/view/218379


Clique na imagem para ampliar
Magnífico trabalho de pesquisa sobre a história do planejamento urbano em uma situação excepcional: a metropolização, já na segunda metade do século XX, da capital nacional ex novo de um país de dimensões continentais com mais de 70 milhões de habitantes.

O relato dos debates institucionais dos anos 70 sobre a questão "capital vs. metrópole" tem um valor inestimável. Ao passo que o Programa Especial da Região Geoeconômica de Brasília (Pergeb, 1975) vê a capital como "uma cidade administrativa por excelência", assoberbada pelo afluxo de migrantes e o crescimento periférico, o ponto de vista contrário, defendido de uma ou outra forma por vários planejadores da época, é bem resumido por um coordenador de sessão, 
não identificado, do Seminário de Planejamento Governamental SEPLAG 1976, para o qual "a acentuada urbanização de áreas periféricas a um núcleo principal era fenômeno clássico de áreas metropolitanas" (p.12).

Chama a atenção, como forte indício da alienação constitutiva do urbanismo modernista face às leis do processo urbanizador capitalista, a posição expressa por Lucio Costa no I Seminário de Estudos dos Problemas Urbanos de Brasília, em agosto de 1974 (p. 11):

Ainda assim, para Lúcio Costa, o principal interesse era mesmo o Plano Piloto, pois, nas suas palavras, "o resto é grande demais para mim" (COSTA, 1974, p. 78).

Saltando à conclusão do trabalho, destaco a afirmação de que "o caráter ímpar de capital nacional planejada segundo um ideário modernista moldou sua expansão e impôs peculiares desafios a seu planejamento". 

Tal afirmação aponta, ao meu ver, para um aspecto crucial do problema, que transcende o escopo da contribuição mas é decisivo para a compreensão da trajetória e vicissitudes do planejamento urbano, na capital da República como em qualquer grande cidade: a interação permanente, mais ou menos conflituosa, entre os esforços de planejamento urbano e os fatos da urbanização de mercado, incluída a sua total ausência no âmbito da moradia popular, que o mercado habitacional brasileiro só muito mais tarde alcançaria, em alguma medida, com a criação do Minha Casa Minha Vida em março de 2009. 

Minha hipótese é que o planejamento modernista de Brasília de fato "moldou a sua expansão", mas pela negativa, isto é, relegando a priori para a periferia do Plano Piloto não apenas a população trabalhadora empregada na construção da capital e os migrantes pobres que a ela afluíram, objeto da expressa preocupação dos planejadores adeptos da "capital essencialmente administrativa", mas também a urbanização de mercado a ser presumivelmente gerada, com toda a sua cadeia de negócios derivados, pelo considerável potencial econômico constituído por uma burocracia estatal numerosa e excepcionalmente bem remunerada para os padrões nacionais, em todos os níveis de qualificação.

O urbanismo modernista teria, assim, obrigado as instituições de planejamento urbano e regional de Brasília e do Distrito Federal a se debruçarem sobre o embaraçoso problema de como organizar a inexorável metropolização de uma capital nacional ex novo que não foi concebida para, e resistia a, expandir-se.
 
Diria, pois, para melhor apreciação num estudo futuro, que "o caráter ímpar de capital nacional planejada segundo um ideário modernista" impôs à metrópole uma forma peculiar de expansão e os desafios de planejamento que lhe correspondem.  

2024-06-26

PS: Um estudo comparado Brasília / Belo Horizonte, focado na dualidade plano x mercado, poderá ser bastante instrutivo. Ofereço a ideia para quem queira nela se aventurar.

domingo, 23 de junho de 2024

Política urbana ou pirataria rentista?


Metrópoles 15-06-2024
https://www.metropoles.com/colunas/guilherme-amado/estadio-do-flamengo-percalcos-de-transferir-o-potencial-construtivo
Supervasco 19-06-2024
https://www.supervasco.com/noticias/imagens-do-projeto-de-reforma-de-sao-januario-aprovado-na-camara-394221.html
Montagem: Àbeiradourbanismo
É assim que a transferência do potencial construtivo, um instrumento de manejo de mais-valias fundiárias de grande utilidade em projetos de desenho urbano com acréscimo de espaço público - aplicado com sucesso, por exemplo, na implantação da 3a Perimetral de Porto Alegre -, está em vias de se tornar, no Rio de Janeiro, um maná especulativo de interesse dos grandes clubes de futebol e da incorporação imobiliária, com a bênção do prefeito Eduardo Paes e o Aprovo da Câmara dos Vereadores. 

Adivinhem para onde vai o potencial construtivo dito "não utilizado" a ser transferido dos terrenos dos novos estádios localizados no bairro - que já foi aristocrático e industrial e agora poderá se tornar "futebolístico" - de São Cristóvão: para a Barra da Tijuca, a Meca imobiliária do Rio de Janeiro, ora bolas!

E como se não bastasse, os novos estádios de Flamengo e Vasco da Gama, que são as maiores torcidas do Rio de Janeiro (a do Flamengo é, de longe, a maior do Brasil), ficam a cerca de 1km um do outro e a menos de 2km… do Maracanã - que, ao custo de bilhões jamais amortizados, e sob o patrocínio do mesmíssimo prefeito Eduardo Paes, foi reconstruído duas vezes neste século: para os Jogos Pan Americanos de 2007 e para os Jogos Olímpicos de 2016! 

Montagem: Àbeiradourbanismo
2024-06-23

Sobre os percalços do complexo desportivo do Maracanã no século XXI, leia:
“Julio Delamare e Célio de Barros: NÃO à destruição dos bens do patrimônio desportivo e educacional brasileiro”. À beira do urbanismo 01–04-2013.
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2013/03/julio-delamare-e-celio-de-barros-nao.html

quarta-feira, 19 de junho de 2024

PEC das Praias: O capital no século XXI


ICL Notícias 18-06-2024
https://iclnoticias.com.br/pec-das-praias-recorde-uniao-taxas-bolsonaro/

Montagem: àbeiradourbanismo

Ou seja, o foro e a taxa de ocupação funcionam como um IPTU federal e o laudêmio como um ITBI federal, ambos incidentes sobre os terrenos de marinha (33m da linha de preamar médio de 1831), que são propriedade da União.


Pode-se discutir se esses institutos são ou não resquícios de instituições monárquicas: em Petrópolis - RJ, muitas operações de compra-venda de imóveis estão até hoje sujeitas ao pagamento de laudêmio aos descendentes da Coroa portuguesa, por isso conhecido como "taxa do príncipe".


No caso dos terrenos de marinha, contudo, a cobrança de foro e taxa de ocupação, além do laudêmio sobre as transferências de domínio, é o mínimo que se pode exigir da ocupação de áreas de propriedade da União, herdadas da Colônia e do Império, mas conservadas pela República e consagradas pela Constituição de 1988 como bens públicos. À parte aspectos centrais como o controle estatal da costa e garantia do acesso público às praias, os ônus incidentes sobre a ocupação privada de terrenos de marinha constituem, na prática, uma forma peculiar de recuperação de mais-valias fundiárias urbanas no plano federal.  


Um dos objetivos da PEC das Praias é acabar com esse ônus sobre a propriedade costeira. O outro é acabar com a jurisdição federal sobre o uso dessas áreas, facilitando a privatização em massa do litoral brasileiro. Com a agravante da devolução, aos foreiros das áreas de marinha, os valores pagos a título de foro e taxa de ocupação nos últimos 5 anos (PEC 3 / 2022 Art. 3).


Nos dois casos, trata-se de pura e simples pirataria rentista, típica dos tempos que estamos vivendo.


2024-06-19

Acesse o texto integral da PEC das praias pelo link
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/151923

domingo, 2 de junho de 2024

Estava demorando!


BBC Brasil 25-05-2024
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cn00wykl901o

Gigante de consultoria em gestão e negócios com atuação em quatro continentes, a Alvarez & Marsal (A&M) é a primeira empresa de porte global na área de capital de investimentos a incorporar-se à reconstrução de Porto Alegre após a enchente.

A Prefeitura da capital, responsável pela contratação da A&M, enfatiza a experiência da empresa na resposta aos efeitos do furação Katrina, em 2005, nos Estados Unidos. Foi justamente esse episódio, porém, que suscitou mais críticas à companhia, associando-a a políticas de desregulação e privatização de serviços públicos. Esse receituário foi batizado pela escritora canadense de esquerda Naomi Klein de “capitalismo de desastre”.


No Brasil, onde está presente desde 2004, a empresa é alvo de considerações semelhantes, mesmo antes de apresentar qualquer proposta como ocorre em Porto Alegre. A A&M diz que seu objetivo é fazer um diagnóstico da situação da infraestrutura local e propor formas de financiar a reconstrução. A companhia garante que segue rigorosamente termos de contratos com clientes e práticas de mercado. (..)


2024-06-02

quarta-feira, 29 de maio de 2024

A propósito da enchente em Porto Alegre


Poder 360 19-05-2024
https://www.poder360.com.br/infraestrutura/especialistas-listam-medidas-para-evitar-enchentes-em-porto-alegre/


Especialistas listam medidas para evitar enchentes em Porto Alegre 
Manifesto diz que atual sistema é eficiente e robusto, mas falhou porque não teve “a necessária manutenção permanente, especialmente em relação às comportas”

Clique na imagem para ampliar
Com certo constrangimento, devo confessar minha total ignorância da relação da cidade de Porto Alegre, e de toda a região do Guaíba-Lagoa dos Patos, com o nível de seus corpos d'água. E acho que não estou só. De repente o Brasil inteiro se dá conta de que um pedaço do país, habitado por milhões, é uma espécie de Holanda: se os diques e comportas não funcionarem, ele submerge.

A responsabilidade dos atuais governantes, muito especialmente o prefeito, mas também o governador, pela catástrofe atual é evidente. O que não necessariamente exime anteriores ocupantes do cargo, dado que o sistema de proteção data dos anos 1970 e o Brasil nunca ouviu falar da necessidade de sua rigorosa manutenção e atualização tecnológica permanente para que a cidade de Porto Alegre, palco de eventos de importância planetária como o Fórum Social Mundial possa, simplesmente, continuar existindo.

Não quero insistir, neste momento, no tema Crise Climática.

Esta postagem é para convidar o leitor à leitura do manifesto dos especialistas locais em Recursos Hídricos e ciências afins, oportunamente publicado no jornal Poder 360 (link no início da página), com sua visão sobre as causas do problema e o que fazer para remediá-lo.

Faço questão, porém, de lembrar que é por essas e outras que advogo, há algum tempo, a drástica ampliação do escopo da formação em Urbanismo, se necessário - e me parece que é - constituindo uma carreira universitária e acadêmica distinta da Arquitetura. A crescente complexidade dos problemas relativos à construção - e futura desconstrução, quem sabe - da cidade, e sua gestão, envolvendo problemas de desenho urbano, com certeza, mas também de moradia, meio ambiente, recursos hídricos, saneamento, gestão de resíduos, economia urbana, mercado imobiliário, circulação, transportes de carga e passageiros, direito urbanístico, ambiental e administrativo, administração pública e outros mais assim o exige. 

Talvez tenha sido esta a principal lição que extraí de quase dez anos de trabalho na Secretaria de Urbanismo da Cidade do Rio de Janeiro.
2024-05-29         

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Mumford 1961: A urbanização medieval (2)


Capítulo X, seções 4 e 5, extraídas de MUMFORD L (1961), La Ciudad en la Historia, Logroño (Esp): Pepitas de calabaza Ed., 2012, pp. 503-24
https://docs.google.com/document/d/1QmZp8z1vQXf9NtCfRx-mSH2MmsUhUBIf65UobgkgUv8/edit?usp=sharing

(..) Los elementos determinantes del plan medieval son válidos por igual para una vieja ciudad de base romana, como Colonia, o para una ciudad nueva como Salisbury. La muralla, las puertas y el núcleo cívico determinan las principales líneas de circulación.

Fonte: https://early-medieval-worlds.hist.sites.carleton.edu/wiki/koln-landscape-and-urban-environment/ 


En cuanto a la muralla, con su foso, canal o río exterior, convirtió a la ciudad en una isla. Como símbolo, la muralla era tan apreciada como las agujas de las iglesias; no se trataba, pues, tan solo de su utilidad militar. (..) Al espíritu medieval le daba sosiego un universo de definiciones cortantes, murallas sólidas y vistas limitadas; hasta el cielo y el infierno tenían sus límites circulares. (..)

No es posible dejar de considerar la muralla sin señalar la función especial de la puerta de la ciudad; que, mucho más que una mera abertura, era un «lugar de encuentro de dos mundos» el urbano y el rural, el conocido y el extraño. La puerta principal ofrecía el primer saludo al mercader, al peregrino o al caminante común; era a la vez aduana, oficina de pasaportes y punto de control de la inmigración, así como arco del triunfo, cuyos torreones y torres rivalizaban a menudo, por ejemplo en Lubeca, con los de la catedral o el ayuntamiento. (..) era por lo común cerca de las puertas donde se edificaban los almacenes y donde se congregaban las posadas y las tabernas, mientras que los artesanos y mercaderes instalaban sus tiendas en las calles contiguas. Así, la puerta produjo, sin normas especiales de distribución en zonas, los barrios económicos de la ciudad; y como no había solamente una puerta, la naturaleza misma del tráfico procedente de diferentes regiones tendió a descentralizar y diferenciar las zonas comerciales. Como consecuencia de esta disposición orgánica de las funciones, la zona interior de la ciudad no estaba recargada por tráfico alguno, pues solo circulaba el generado por sus propias necesidades. (..)

En general, la gran iglesia es el elemento central de la ciudad, en todo sentido, excepto el geométrico; y como congregaba las mayores muchedumbres, requería un atrio con suficiente capacidad para la entrada y salida de los fieles. (..) Cuando se descubre que la plaza del mercado se extiende frente a la catedral, o que se abre una cuña o un cuadrado en las cercanías, no se les debe asignar a estos datos el mismo valor que tienen hoy: el mercado era ocasional, en tanto que los servicios de la iglesia eran constantes y regulares. Al igual que en el caso del crecimiento inicial de la ciudad, el mercado se asienta cerca de la iglesia porque es allí donde los habitantes se reúnen más a menudo. (..).

2024-05-15

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Anais da crise climática: Rio Grande do Sul


Outras Palavras 06-05-2024, por Daniel Lemos Jeziorny
https://outraspalavras.net/crise-brasileira/tragedia-gaucha-e-a-arte-de-cegar/

Quanto mais se publica sobre este novo desastre, mais se esconde o essencial: o colapso do clima pode ser evitado; basta nos livrarmos do sistema que o produz. Para que isso permaneça ofuscado, os noticiários nos inundam de banalidades

2024-05-15

domingo, 12 de maio de 2024

Metrô privatizado é prejuízo para a sociedade!


TAB Uol 09-05-2024
https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2024/05/09/metro-e-cptm-perderam-86-de-repasses-do-bilhete-unico-apos-privatizacoes.htm

Após privatizações, repasse do Bilhete Único para Metrô e CPTM caiu 86%. As concessionárias têm prioridade na hora de sacar os R$ 7 bilhões arrecadados com o Bilhete Único. Metrô e CPTM vêm por último e ficam, literalmente, com as sobras. Em 2022, conforme o uol revelou, ViaQuatro e ViaMobilidade, empresas do grupo CCR receberam juntas R$ 2 bilhões para transportar cerca de 500 milhões de passageiros. Metrô e CPTM carregaram mais que o dobro (1,23 bilhão de passageiros), mas ficaram só com R$ 460 milhões no período. (Resumo Blog do Noblat)
2024-05-12

Leia, neste blog: "Transmilenio, quem vai pagar a conta?"
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2022/01/transmilenio-quem-vai-pagar-conta.html


quarta-feira, 8 de maio de 2024

Mumford 1961: A urbanização medieval (1)


Capítulo X, seções 4 e 5, extraídas de MUMFORD L (1961), La Ciudad en la Historia, Logroño (Esp): Pepitas de calabaza Ed., 2012, pp. 503-24
https://docs.google.com/document/d/1QmZp8z1vQXf9NtCfRx-mSH2MmsUhUBIf65UobgkgUv8/edit?usp=sharing

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Carcassonne 


(..) En general, las ciudades medievales pueden clasificarse en tres grandes tipos que corresponden a sus orígenes históricos, sus peculiaridades geográficas y su modo de desarrollo. (..)

Las ciudades que perduraron desde el tiempo de los romanos conservaron, por lo general, su sistema rectangular de diseño de manzanas, en el centro inicial, modificado por la construcción de una ciudadela o de un monasterio, el cual podría alterar la división uniforme en parcelas.
Las ciudades que crecieron lentamente a partir de una aldea o de un grupo de aldeas, al pie de un monasterio o un castillo, se ajustaban más estrictamente a la topografía, cambiando lentamente de generación en generación y conservando a menudo ciertos rasgos de su trazado que eran productos de los accidentes históricos y no de la elección consciente. Con frecuencia se considera que este segundo tipo de ciudad es el único auténticamente medieval: (..).
Por último, muchas ciudades medievales se proyectaron por adelantado para la colonización; frecuentemente, pero no siempre, estas serían trazadas con un estricto plano en damero, con una plaza central que se dejaba abierta para el mercado y la reunión pública.

Los tres tipos son igualmente medievales. Separándose o combinándose produjeron una variedad infinita de formas. (..)

2024-05-08

domingo, 5 de maio de 2024

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Harvey 1982: A teoria da renda


"A Teoria da Renda" (extraído de HARVEY D (1982), Os Limites do Capital. São Paulo: Boitempo, 2013).
https://docs.google.com/document/d/1l7E4r2KnREkd-RlrAmeOe4l5VsaI6_t_lnx9X0cRCVY/edit?usp=sharing

A teoria da renda, é justo dizer, perturbou profundamente Marx. Ele procurou realizar “uma análise científica da renda fundiária e da forma econômica específica da propriedade da terra tendo por base o modo de produção capitalista” em sua “forma pura, isenta de todas as irrelevâncias distorcidas e confusas”[1]. Mas seus escritos sobre o assunto, todos publicados postumamente, são em sua maioria pensamentos incipientes escritos no processo da descoberta. Como tais, eles frequentemente parecem contraditórios. As formulações nas Teorias do mais-valor diferem substancialmente das poucas passagens aprimoradas n’O capital, ao passo que sua análise nesta última obra, embora extensiva e com frequência penetrante, é prejudicada por algumas dificuldades que não cedem facilmente à mágica do seu toque. O resultado é uma boa quantidade de confusão e uma controvérsia imensa e continuada entre aquelas poucas almas audazes que tentaram abrir caminho pelo campo minado de seus escritos sobre o assunto[2].

A renda, na análise final, é simplesmente um pagamento feito aos proprietários pelo direito de usar a terra e seus pertences (os recursos nela incorporados, os prédios nela construídos etc.). A terra, concebida nesse sentido muito amplo, evidentemente tem tanto valor de uso quanto valor de troca. Então, será que ela tem também um valor? Se tem, como a existência desse valor pode ser conciliado com as teorias do valor que se baseiam no tempo de trabalho incorporado (como a de Ricardo) ou, no caso de Marx, no tempo de trabalho socialmente necessário?

As melhoras incorporadas na terra são, certamente, resultado do trabalho humano. Casas, lojas, fábricas, estradas e assim por diante podem ser produzidas como mercadorias e, por isso, tratadas como valores no curso da circulação mediante o ambiente construído (ver capítulo 8). Um componente da renda pode então ser tratado como um caso especial de juros sobre o capital fixo ou sobre o fundo de consumo. A parte da renda que gera o problema é o simples pagamento da terra bruta, independente das melhorias a ela incorporadas. Marx se refere a esse componente como renda fundiária. A seguir, a menos que de outro modo especificado, trataremos a renda fundiária como renda e assumiremos que o juro sobre as melhorias é explicado de outra forma.

Evidentemente, Marx insiste que os pagamentos de aluguel não são feitos à terra e que as rendas não crescem do solo. Pagamentos desse tipo são feitos aos proprietários e seriam impossíveis sem a troca geral de mercadorias, a plena monetização da economia e todas as armadilhas legais e jurídicas da propriedade privada na terra. Mas ele também está consciente de que essa base legal nada decide e que toda a explicação da renda tem de tornar compatível um pagamento feito ostensivamente à terra com uma teoria do valor que se concentra no trabalho. (..)


Acesse a íntegra deste capítulo pelo link
https://docs.google.com/document/d/1l7E4r2KnREkd-RlrAmeOe4l5VsaI6_t_lnx9X0cRCVY/edit?usp=sharing

2024-05-01

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Andrade 1998: Barry Parker, a Cia City e a metropolização de São Paulo


ANDRADE, C. R. M. de (1998), "2.2. Grandes negócios urbanísticos”. Em Barry Parker: um arquiteto inglês na cidade de São Paulo, Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, pp. 179-98.
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16131/tde-31102022-164103/publico/Andrade_Carlos_Roberto_Monteiro_de_1998_DO.pdf


2.2 Grandes negócios urbanísticos
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Nesse rápido processo de transformação da paisagem urbana paulistana, uma companhia imobiliária inglesa - a City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited - teve um papel decisivo. Por sua vez, também será de grande importância - como pretendemos demonstrar -, a atuação junto a essa empresa imobiliária e de melhoramentos urbanos do Arq. Barry Parker, que nela trabalhará, junto à sua sede paulistana, de fevereiro de 1917 a janeiro de 1919. Portanto, se pretendemos, em um primeiro momento, reconstituir - ainda que parcial e fragmentariamente - a fisionomia urbana da Capital de São Paulo quando da estadia de Parker, por outro lado procuraremos mostrar como sua atuação - e aqui incluímos tanto o que construiu, quanto o que deixou apenas projetado - foi fundamental na reforma dessa paisagem, bem como na concepção de São Paulo como uma metrópole.

Concorreram para o fenômeno de rápida metropolização de São Paulo diversos fatores sócio-econômicos que já vinham se estabelecendo desde o último quartel do século XIX, dentre eles, o fato de ser um centro ferroviário que articulava, através de suas redes, as principais regiões econômicas do país. É dessa caraterística determinante para efetivar a vocação metropolitana da capital que partiu o conjunto de ações que confluíram no sentido da transformação do velho burgo estudantil em uma grande cidade. As estradas de ferro no Estado tinham em São Paulo o principal nó articulador de uma vasta rede e, em Santos, o único porto escoador da produção de todo o Estado e mesmo de outras regiões do país, como nos mostram os dados da tabela abaixo, retirados de Barbosa (1987:31). 
(..)

2024-04-24

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Predestinado (com licença de J Simão)


Diário do Rio 16-04-2024
https://diariodorio.com/terreno-em-guaratiba-que-seria-sede-da-jmj-deve-ser-novo-autodromo-do-rio/
O Rio de Janeiro pode voltar a ter um autódromo para receber corridas de carros e motos. Isso porque um projeto de lei publicado no dia 22 de março no Diário Oficial da Câmara do Rio, prevê a construção de um “autódromo parque” em Guaratiba, na Zona Oeste. O projeto estabelece o trecho do Rio Piraquê, situado entre a Avenida Dom João VI e a Estrada da Matriz, como local de construção. Trata-se do terreno onde seria a sede da JMJ, local que tem o empresário Jacob Barata como um dos sócios. A área, que é imensa, tem dois milhões de metros quadrados. (..)
O melhor lugar para as corridas de baratinhas...
é o terreno do Barata!

2024-04-17

domingo, 7 de abril de 2024

O Marco Zero e o Zepelim


FNA - Federação Nacional dos Arquitetos 28-03-2024
https://fna.org.br/entidades-recorrem-ao-iphan-para-barrar-construcao-no-marco-zero/

A Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) assinou, no dia 13 de março, solicitação para que o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) impeça a construção de restaurante em formato de zepelim na cobertura de prédios tombados da Praça do Marco Zero, localizados na Av. Rio Branco n° 23 e Av. Marquês de Olinda n°58, na cidade de Recife, em Pernambuco. O documento é contrário que a instalação tenha cunho reversível e/ou temporário.


O requerimento, igualmente assinado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), pelo Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos Brasil), Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP) e pela Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (Fenea), entre outras entidades pede pela reforma da decisão do atual superintendência do Iphan-PE, que deferiu a concessão da construção em 4 de março, que seguiu adiante após a autarquia desaprovar o projeto.

Também assinaram: Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/PE), Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (PPGMDU-UFPE), Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP), Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE, Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Sociedade Olindense de Defesa da Cidade Alta (Sodeca) e Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro*. (..)


2024-04-07