sábado, 25 de novembro de 2023

Apontamentos: Passos 2016 e a formação de Belo Horizonte


PASSOS D, “A formação do espaço urbano da cidade de Belo Horizonte: um estudo de caso à luz de comparações com as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro”. Mediações - Revista de Ciências Sociais, UEL, v. 21, n. 2, p. 332–358, 2016.
https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/22406/pdf

RESUMO (da autora)

O presente trabalho procura analisar como se constituiu o espaço urbano e social da cidade de Belo Horizonte, no final do século XIX e início do século XX, à luz de comparações com as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro no mesmo período. Inaugurada em 1897, a nova capital mineira se tornou a primeira cidade planejada do país. O objetivo deste ensaio é o de explicitar como as ideias republicanas inspiraram a experiência urbanística da cidade, seu aspecto modernizante e ao mesmo tempo sua estratificação social, que classificava e hierarquizava o território belorizontino no intuito de assegurar as condições de vida para uma população em rápido crescimento, adequando a cidade aos negócios, e criando mecanismos de controle social para a população carente e trabalhadora de Belo Horizonte.



Ótima proposta - comparar a formação do espaço urbano de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.

Inteiramente focado, porém, como muitos textos no campo da História Urbana brasileira, na ideologia subjacente aos projetos modernizadores de inícios do século XX - como se fosse minimamente provável haver diferenças substanciais, sob este aspecto, em três das principais unidades territoriais da conservadoríssima República recém-criada -, o artigo perde a chance de abordar um aspecto pouquíssimo tratado e, a meu juízo, da maior relevância, que tento resumir numa pergunta:

Como podem as três maiores metrópoles brasileiras dos anos 1950-1975 apresentarem, como diz Villaça em Espaço Intra-Urbano no Brasil (1998), “importantes traços comuns de organização intra-urbana” se um século antes eram, respectivamente, (1) uma cidade inexistente, (2) um "arraial de sertanistas"* e (3) a capital de um império de 8 milhões de km2?

2023-11-29

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* “Nos primeiros anos dos Oitocentos, a cidade possuía ainda feições claras de um arraial de sertanistas, que funcionara como entreposto comercial.” ASSUNÇÃO P, “As condições urbanas da cidade de São Paulo no século XIX”. Histórica (São Paulo. Online) , v. 37 , p. 3 - , 2009.
http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao37/materia03/texto03.pdf

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Oil folly


La Vanguardia 10-11-2023
https://www.lavanguardia.com/dinero/20231110/9353511/neom-arabia-saudi-ciudades-futuro-proyecto-the-line.html

"(..) ‘Este es el manicomio mejor pagado del mundo’, resume un empleado de Neom, cuyo nombre debe permanecer oculto. ‘La locura toma forma a medida que se hace camino’, defienden desde OMA, uno de los grandes despachos de arquitectura contratados para imaginar The Line. (..)"

2023-11-22

sábado, 18 de novembro de 2023

Agora vai?


Carta Capital 04-11-2023
https://www.cartacapital.com.br/politica/ministro-das-cidades-assume-entidade-internacional-de-habitacao/

Montagem: Àbeiradourbanismo
Se faltava um empurrão, ele acaba de ser dado.

A indicação de Jáder Filho, Ministro das Cidades 'da cota do PMDB', para presidir o Fórum de Ministros e Máximas Autoridades de Habitação e Planejamento Urbano da América Latina e do Caribe, que traz a sigla orwelliana MINURVI, é a senha para que todos os latinoamericanos e caribenhos direta e indiretamente interessados na luta pela moradia social, a começar pelos próprios movimentos cidadãos, cuidem de organizar a sua própria entidade internacional, autossustentada e independente de Estados, governos e agências multilaterais.

2023-11-19

domingo, 12 de novembro de 2023

Os dois lados da moeda


The Guardian 01-11-2023
https://www.theguardian.com/uk-news/2023/nov/01/london-financial-district-to-receive-11-extra-towers-by-2030


Cara
"(..) A concentração do crescimento urbano nas grandes metrópoles nacionais não é uma opção cultural, mas uma imposição da competição econômica global - que continuará tão ou mais encarniçada do que antes. (..) Os grandes proprietários de escritórios e terrenos em localizações centrais hipervalorizadas (CBDs) não se renderão, portanto, tão facilmente. E eles podem esperar. Se a recuperação econômica acontecer, ainda que lentamente, os escritórios acabarão sendo ocupados mesmo que parte dos trabalhadores permaneçam em home-office – que, aliás, tende a ser apenas parcial. Pode haver um período relativamente longo de altas taxas de vacância e alguma baixa de preços e alugueis. Mas a conversão desses edifícios para habitação pela via do mercado é muito cara para tornar-se lucrativa e a opção de produzir moradia nova nessas localizações só atende a uma parcela bastante específica e relativamente restrita da demanda. (..) O que me parece provável (..) é que toda essa crise, que traz consigo o aumento da pobreza e da insegurança laboral, esteja acelerando processos de deterioração e abandono progressivo de edifícios comerciais situados em localizações "sub-prime" dos grandes centros. E nesse caso, como sabemos, ou as prefeituras intervêm a tempo para transformá-los em habitação decente necessariamente subsidiada ou eles acabarão sendo ocupados como habitação precária." *


Coroa
Pelo andar da carruagem**, são 11 torres comerciais adicionais a serem retrofitadas, digamos em 2040, para o uso residencial ou misto a preços de mercado, com generosos subsídios públicos.

2023-11-05

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* “15 minutos de prudência”, À beira do urbanismo 18-05-2021

** “Biden administration pushing cities to convert empty offices into housing”, Business Report (Associated Press) 27-10-2023
https://www.businessreport.com/realestate/biden-administration-pushing-cities-to-convert-empty-offices-into-housing

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Paula 1955: A segunda fundação de São Paulo


PAULA E S de, “A segunda fundação de São Paulo”. Revista de História v. 10, n. 21-22, p. 53-53, 1955
https://www.revistas.usp.br/revh.../article/view/36096/38817

Ferrovia Santos-Jundiaí
(..) Além de certas cidades industriais inglêsas, só o caso de Chicago ou de Nova York pode ser comparado ao de São Paulo, que pertence à mesma família histórica americana da qual Vidal de la Blache na sua obra póstuma (Principes de Geographie Humaine) não teve tempo de nos dar uma imagem de conjunto. (..)

Não é da segunda fundação da vila de São Paulo de Piratininga que vamos tratar, bem entendido, mas sim do momento em que São Paulo passou de um conglomerado urbano a uma grande cidade. (..) Não se deu atenção a um fenômeno tão interessante como o nascimento de São Paulo, aglomeração urbana. Lastimamos não ter uma palavra exata para distinguir a cidade das aglomerações enormes de hoje em dia. (..)

Meu especial interesse por este artigo de 1955 provém da admissão, explícita na ideia da “segunda fundação de S Paulo”, de que a evolução das cidades admite “saltos” produzidos por mudanças bruscas em suas condições de existência - algo que muitas vezes não é levado em conta nos textos de urbanismo.

São Paulo, ao contrário de Salvador, Recife e, principalmente, Rio de Janeiro, não teve tempo de se desenvolver como capital comercial-escravista: em pouco mais de 50 anos, digamos entre 1860 e 1920, praticamente saltou da condição de entreposto comercial com aspecto de arraial de sertanistas* para a de mais importante metrópole capitalista do nosso país.

Não por acaso a cidade é comparada, em vários testemunhos históricos e sob distintos aspectos, com Chicago, que 
de town de 350 almas reconhecida em 1833 e city de 4.170 residentes instituída em 1837, passou, em 1900, à condição de centro metropolitano - comercial, industrial e financeiro - de 1,7 milhões de habitantes!**

2023-11-08

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* “Nos primeiros anos dos Oitocentos, a cidade possuía ainda feições claras de um arraial de sertanistas, que funcionara como entreposto comercial.” ASSUNÇÃO P, “As condições urbanas da cidade de São Paulo no século XIX”. Histórica (São Paulo. Online) , v. 37 , p. 3 - , 2009.
http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao37/materia03/texto03.pdf

** Para mais informações sobre a origem de Chicago, leia neste blog: “Chicago, século XIX: em busca do Grid (1)”
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2019/08/chicago-seculo-xix-em-busca-do-grid-1.html

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Tecnofeudalismo imobiliário?


Financial Times 23-10-2023
https://www.ft.com/content/ad4f17a9-9418-457a-9fa3-9f0ec582fde6

Montagem: Àbeiradourbanismo
Ou seja, o livre mercado imobiliário é aquele em que os preços, em vez de caírem por força da concorrência, estão sempre subindo por efeito da meticulosa administração privada da escassez constitutiva do mercado de solo urbano.

Associações do mercado imobiliário global com o “tecnofeudalismo” de Varoufakis, ou, como me parece mais correto, com o “capitalismo tecnofeudal” do século XXI, são 100% procedentes.

A propósito, ofereço ao leitor a nota publicada neste blog em 06-08-2021 sob o título "Desmercantilização planetária". Acesse pelo link:

https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2021/08/desmercantilizacao-planetaria.html

2023-11-01