terça-feira, 19 de junho de 2018

Legado olímpico

Deu n’O Dia online
19-06-2018, por Cassio Bruno

Estádio Célio de Barros vira parque de diversões
Foto: Severino Silva / O Dia

Nada contra os parques de diversões, que hão de ter o seu lugar em nossa aldeia urbana; só não posso deixar de registrar, uma vez mais, a convicção de que o legado olímpico alardeado pelas autoridades federais, estaduais e municipais organizadoras do evento e prazerosamente repercutido pelos potentados empresariais beneficiários era de fato, no fim das contas, pura e simples empulhação da cidadania.

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Atenas, Pretoria, Pequim e Rio de Janeiro: “Legado olímpico” é a alegre empulhação das sociedades emergentes (10-04-2012)

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sexta-feira, 15 de junho de 2018

Holocausto carioca

Poluição visual ameaça Paisagem Cultural Mundial do Rio no Morro/Mirante do Pasmado
É possível fazer, hoje em dia, uma construção de 22 metros de altura em cima de um morro carioca, à beira da Baía da Guanabara, e que compõe a Paisagem Cultural Mundial do Rio? Claro que não!

Mas, a polêmica da construção de um monumento em memória ao holocausto dos judeus, na Europa, na 2ª Guerra Mundial, no Morro do Pasmado, chegou finalmente à grande mídia. Ainda bem que chegou, porque, até o momento, o assunto vinha sendo empurrado nos gabinetes da Prefeitura e nos corredores da Câmara Municipal sem que a sociedade civil tivesse sido consultada ou ouvida.

A sociedade civil, que tomou conhecimento do assunto por notícias esparsas, vem se manifestando, no mínimo, estarrecida. Vê-se isto nas páginas do Facebook do movimento SOS Patrimônio, na página da Associação de Moradores de Botafogo (AMAB), e nos comentários de sítios como a UrbeCArioca. Porém, nada oficial. 
(Continua)

2018-06-15


terça-feira, 12 de junho de 2018

La economía del siglo XXI: rentadicción

Deu no DN Opinião
11-06-2018, por Anselmo Crespo
A bolha
(..) O dinheiro, na altura, chegava para tudo. Para comprar casa, mobilá-la e ainda para umas férias no Algarve. "O banco empresta e isto são só mais 50 euros por mês, não custa nada." Claro que correu mal. Muito mal. Com a crise veio o desemprego, com o desemprego começaram a chegar aos bancos molhos de chaves de casas que as pessoas já não conseguiam pagar e para as quais os bancos não tinham destino. São os tais NPL (non performing loans), ou créditos incobráveis, para os quais o Banco de Portugal vem, ainda agora, alertar: "O stock de NPL ainda é significativo e a elevada exposição à dívida pública e ao imobiliário tornam o setor particularmente sensível a evoluções desfavoráveis nos preços destes ativos". Ou seja, os bancos ainda não se curaram da loucura anterior e já estão a meter-se noutra.
Senão vejamos: contava-me um amigo no outro dia que lhe ligaram do banco. "Para me dizerem que eu tinha um crédito pré-aprovado de 300 mil euros para comprar casa e se não queria aproveitar." O espanto na cara do meu amigo, que ainda está a pagar um empréstimo, foi equivalente ao meu quando li no Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal que "os bancos portugueses não são os principais dinamizadores do mercado imobiliário". Se isto não é dinamizar o mercado, não sei o que seja.
Ainda assim, o Banco de Portugal avisa que podemos estar à beira de uma bolha imobiliária. Carlos Costa não tem bem a certeza, mas suspeita que isso possa vir a acontecer. Talvez porque ainda não lhe pediram dez mil euros por metro quadrado, ou 150 mil euros por um apartamento do tamanho de um quarto. Talvez nunca ninguém tenha pedido a Carlos Costa 1200 euros por um T1 nas Laranjeiras, ou 600 euros por um quarto de estudante. Mas, se o governador do Banco de Portugal lesse as notícias, ficava a saber que não estamos apenas à beira de uma bolha. Já estamos dentro dela. (Continua)


2018-06-12


sábado, 2 de junho de 2018

PIU / São Paulo: gestão privada da cidade?

Deu no Labcidade
25-05-2018 por Paula Freire Santoro e Flávia Nunes
Projetos de Intervenção Urbana (PIUs) em São Paulo: transferência de terras para exploração comercial por terceiros

Imagem: Prefeitura de São Paulo
Um novo instrumento está sendo largamente utilizado na política urbana de São Paulo: o Projeto de Intervenção Urbana (PIU). Em uma de suas versões, a do PIU dos terminais, concessionários privados podem definir áreas e imóveis no entorno dos terminais de ônibus que desejam desapropriar para explorar comercialmente. Além de alargar para a exploração privada um instrumento (desapropriação) que era de uso exclusivo do Estado, e com fins estritamente de promover obras e equipamentos públicos, a atuação através de PIUs se dá de forma fragmentada e muito pouco transparente. Com processos decisórios cada vez mais enxutos, os projetos de intervenção urbana (PIUs) buscam afastar o debate público na elaboração e implantação de projetos que provocam transformações significativas nas áreas onde são implantados.

Nos últimos dois anos, a Prefeitura de São Paulo colocou 35 Projetos de Intervenção Urbana (PIUs) em debate, sendo que alguns deles foram oriundos de propostas dos proprietários de glebas, através de Manifestações de Interesse Privado. Se aprovados, podem afetar cerca de 102 km² ou quase 10% de toda área urbanizada da cidade. São muito fragmentados, de distintos tamanhos e tipos, que podem ser organizados em alguns grupos: (Continua)

2018-06-02