01-11-2019, por Filipe Andretta
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/11/01/minha-casa-minha-vida-mcmv-projeto-senado-imposto-parcela.htm
Senado corta imposto de casa popular, mas preço de imóvel pode não cair
Se estivéssemos falando de imóveis de mercado, aconteceria exatamente o que afirma o doutor Almeida: a redução do imposto ficaria como lucro para a empresa. Vale para o IPTU (a redução iria para o bolso do senhorio), para o instituto do foro (a redução iria para os bolsos de vendedores e cartórios) e para a Outorga Onerosa do Direito de Construir (a redução seria repartida entre o incoporador e o proprietário do terreno).
Isto decorre da escassez constitutiva do estoque de bens imobiliários disponíveis nas distintas áreas da cidade, relativamente à capacidade de arrendamento ou aquisição, conforme o caso, dos segmentos sociais que os demandam.
São as máximas ofertas de renda dos demandantes que formam o que chamamos de gradientes de preços e aluguéis dos imóveis-localização, razão pela qual aumentos de IPTU e ônus incidentes não lhes podem ser repassados. (Reduções serão embolsadas pelos proprietários-vendedores porque os inquilinos-compradores continuarão disputando as localizações pelo máximo que estão aptos e dispostos a ofertar). Todo proprietário sabe perfeitamente que aumentos de IPTU e taxas condominiais acarretam redução no valor dos novos aluguéis.
Sendo, porém, o Minha Casa Minha Vida um programa de subsídios governamentais à aquisição financiada de imóveis, caberia a quem subsidia (o governo/Caixa Econômica) estabelecer a quem beneficiará a redução do ônus fiscal. Se não o faz em favor dos adquirentes - cuja capacidade de pagamento é essencialmente inelástica - impondo a redução do preço final dos bens, é porque deliberou fazê-lo em favor dos construtores/incorporadores. Em suma, mais um caso de transferência líquida de recursos estatais para o setor privado.
Faz de conta que é um "efeito de mercado".