segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Maria Martins: Desejo Imaginante

MASP
agosto de 2021 a fevereiro de 2022

Casa Roberto Marinho
março de 2022 a junho de 2022
Maria Martins, O Impossível
Paço Imperial, Rio de Janeiro

Maria Martins (Campanha, Minas Gerais, 1894 – Rio de Janeiro, 1973) é uma artista fundamental na história do modernismo brasileiro e no panorama do surrealismo internacional. Ela é conhecida por suas esculturas em bronze, seus desenhos e suas gravuras que representam figuras femininas híbridas, bem como mitologias indígenas amazônicas, afro-brasileiras e da antiguidade clássica. Esta é a mais ampla exposição dedicada à artista e no MASP é contextualizada num biênio da programação dedicado às Histórias brasileiras, em 2021-22.

Foi nos anos 1940, após mudar-se para os Estados Unidos, que Maria Martins se tornou mais conhecida como artista e intermediadora cultural, obtendo rápida inserção no circuito internacional. O fato de ter desenvolvido grande parte de seu trabalho no exterior a impediu de participar ativamente dos movimentos modernistas brasileiros. Porém, Martins não deixou de realizar suas leituras e contribuições únicas a respeito de certa visualidade nacional, o que acabou lhe rendendo a alcunha de “escultora dos trópicos”. A artista buscou nas mitologias amazônicas e na cultura afro-brasileira referências para suas primeiras obras, dialogando com as tendências modernistas brasileiras da primeira metade do século 20. No entanto, a partir de meados dos anos 1940, ela deixou de lado uma visualidade comumente associada ao Brasil e passou a criar suas próprias mitologias em peças de bronze de médias e grandes dimensões.

Questões relacionadas ao desejo, ao erotismo e a uma ideia de feminino sempre estiveram presentes na prática artística de Martins e ganham ares “monstruosos” e inquietantes, desafiando a moralidade da época e as expectativas do público internacional a respeito do trabalho de uma artista brasileira.

O título desta exposição deriva de uma obra de Martins chamada Désir imaginant [Desejo que imagina, ou imaginante], cujo paradeiro atual é desconhecido e sobre a qual a artista escreveu a epígrafe acima, que abre este texto. Ao colocar o desejo como sujeito da ação de imaginar, Martins enfatizou seu potencial criativo, transformador e subversivo. Assim, o desejo pode ser entendido como uma força motriz que atravessa toda sua produção, atribuindo agência a um sentimento muitas vezes silenciado, sobretudo quando quem deseja e o expressa é uma mulher.

Maria Martins: desejo imaginante inclui 45 trabalhos, entre esculturas e gravuras, produzidos nas décadas de 1940 e 1950, além de 41 publicações e fotografias que narram a história da artista. A mostra é dividida em 5 núcleos que abordam como Martins articulou os diversos imaginários acerca do Brasil e dos trópicos ao longo de sua produção – um lugar reivindicado, reafirmado e reinventado por ela.

A mostra de Maria Martins integra o biênio da programação do MASP dedicado às Histórias brasileiras, em 2021-22, coincidindo com o bicentenário da independência em 2022. Neste primeiro ano, todas as mostras são dedicadas a mulheres, com individuais de Conceição dos Bugres, Erika Verzutti, Gertrudes Altschul, Maria Martins, Ione Saldanha, e, na Sala de Vídeo, Ana Pi, o coletivo Teto Preto, Regina Vater, Zahy Guajajara e Dominique Gonzalez-Foerster.

Isabella Rjeille, curadora, MASP

2021-11-29

 

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Arquitetura finlandesa

Postado no Facebook 
17-11-2021, por Jaakko Kilpiäinen


Muukalaiskatu 3, Helsinki Finland
Architect Max Frelander 1936.
My pic 2014, camera Sinar Norma, film 9x12 Ilford FP4
Não sou entendido, nem muito menos, em história da arquitetura, mas arrisco um comentário. Este edifício me parece uma bem-sucedida mescla de ecletismo decimonônico - rés-do-chão de paredes sólidas decoradas e arrematadas com frisos nos dois primeiros pavimentos - e despojamento modernista nos demais. A estética art-deco opera a transição com a ostensiva esquina em dobradiça de janelões panorâmicos, sacadas de alvenaria com parapeitos em ferro tubular e um imponente “chapéu” estilo cabine de comando. Elegância finlandesa. Arquitetura do cacete!

Imagem Google

2021-11-25

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Addicted to land rent

Publicado por McKinsey & Company
15-11-2021,  por Jonathan Woetzel et al
The rise and rise of the global balance sheet: How productively are we using our wealth?

Montagem: Àbeiradourbanismo
Net worth has tripled since 2000, but the increase mainly reflects valuation gains in real assets, especially real estate, rather than investment in productive assets that drive our economies.

(..) Across ten countries that account for about 60 percent of global GDP—Australia, Canada, China, France, Germany, Japan, Mexico, Sweden, the United Kingdom, and the United States—the historic link between the growth of net worth and the growth of GDP no longer holds. While economic growth has been tepid over the past two decades in advanced economies, balance sheets and net worth that have long tracked it have tripled in size. This divergence emerged as asset prices rose—but not as a result of 21st-century trends like the growing digitization of the economy.

Rather, in an economy increasingly propelled by intangible assets like software and other intellectual property, a glut of savings has struggled to find investments offering sufficient economic returns and lasting value to investors. These savings have found their way instead into real estate, which in 2020 accounted for two-thirds of net worth. Other fixed assets that can drive economic growth made up only about 20 percent the total. Moreover, asset values are now nearly 50 percent higher than the long-run average relative to income. And for every $1 in net new investment over the past 20 years, overall liabilities have grown by almost $4, of which about $2 is debt. (Continua)

2021-11-22




quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Ora pois!

Deu no Risco / Portugal 17-11-2021, por Fábio C Silva

Covid-19: BCE alerta para sobrevalorização do mercado imobiliário em países como Portugal

Montagem: Àbeiradourbanismo
Imagem original: Internet
O aumento da inflação no mercados imobiliário está a preocupar o Banco Central Europeu (BCE). A instituição financeira alerta assim para o risco de empréstimos com montantes elevados e a assunção de riscos por entidades não bancárias. (..)

Para a instituição liderada por Christine Lagarde, o mercado está “ sujeito a uma correção”, ao mesmo tempo em que alerta que os fundos de investimento, seguradoras e fundos de pensões podem enfrentar “perdas de crédito substanciais” se a sua exposição a dívidas empresariais com baixa classificação diminuir. (..)

Desde 2013, e até ao segundo trimestre deste ano, a habitação “está cerca de 38% mais cara no conjunto da União Europeia. Significa isto que, por ano, houve um aumento médio de 4% neste período”, escreve o Jornal de Negócios. (Continua)

2021-11-19

domingo, 14 de novembro de 2021

A disputa pelas localizações

Deu no ArchDaily
09-11-2021, por Andreea Cutieru (Tradução: Vinicius Libardoni)
https://www.archdaily.com.br/br/971292/desenvolvimento-urbano-gera-gentrificacao


Desenvolvimento urbano gera gentrificação?

Nesta edição do Editor's Talk, nossos editores da Argentina, Líbano, Brasil, Chile e Tanzânia compartilham suas opiniões sobre o papel do desenvolvimento urbano no agravamento dos processos de gentrificação das cidades."


Raquel Rolnik deu o título “Guerra dos Lugares” ao seu excelente livro de 2017 sobre a financeirização da moradia à escala mundial. Mas eu me pergunto se este título não seria mais adequado a um volume que ela mesma escrevesse - conhecimento e talento não lhe faltam - sobre o tema da gentrificação. 

Do meu ponto de vista, gentrificação é um processo social inerente ao modo como o mercado imobiliário “aloca” a terra-localização urbana: ocupam-na aqueles que, individualmente ou por intermédio de uma incorporadora, estão aptos e dispostos a fazer por ela as maiores ofertas de renda. Pode acontecer com a ajuda da força armada do Estado, como no caso de remoções de favelas em zonas altamente valorizadas, mas o mais das vezes basta a força bruta do dinheiro, como no caso da redescoberta do centro urbano pelos bisnetos daqueles que o deixaram em busca do que então era subúrbio: só depende de que os incorporadores convençam os proprietários dos imóveis antigos, geralmente bastante deteriorados, de que certa cota de apartamentos novos, ou o seu equivalente em dinheiro, será mais rendosa do que a soma dos aluguéis que lhes podem pagar seus empobrecidos inquilinos.

A maneira típica de deter a gentrificação é reduzir drasticamente, por meio da legislação urbanística, a edificabilidade do solo, consequentemente a rentabilidade dos empreendimentos imobiliários nas áreas sujeitas a renovação. No entanto, processos de gentrificação podem ainda acontecer pela via da reforma e adaptação dos imóveis antigos aos gostos e hábitos culturais dos novos ocupantes. Alternativamente, para minimizar os seus efeitos, a municipalidade pode buscar uma renovação urbana limitada e supervisionada, combinando algum aumento de edificabilidade com mudanças de uso das edificações existentes que gerem oportunidades de negócios e empregos aos residentes. Não é simples, nem barato - bairros gentrificados dão mais prestígio ao governante e receita fiscal ao município -, mas vale a pena tentar.

2021-11-14

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Urban masterpieces

Deu no New York Times
01-11-2021, por Frank Herfort
https://www.nytimes.com/2021/11/01/travel/soviet-era-metros.html

The Stunning Grandeur of Soviet-Era Metros

Between 2014 and 2020, Frank Herfort visited more than 770 metro stations in 19 cities, creating a remarkable archive of architectural and artistic splendor.


Mayakovskaya, in Moscow, Russia
Photo: Frank Herfort/INSTITUTE



Kyivska, in Kharkiv, Ukraine.
Photo: Frank Herfort/INSTITUTE


Novza, in Tashkent, Uzbekistan.
Photo: Frank Herfort/INSTITUTE


Metrobudivnykiv, in Dnipro, Ukraine.
Photo: Frank Herfort/INSTITUTE


2021-11-10


sábado, 6 de novembro de 2021

Dá-lhe Greta!

Deu na BBC News
06-11-2021
COP26: Greta Thunberg tells protest that COP26 has been a 'failure'
Indigenous activists from Brazil speak at the
Fridays for Future demo in George Square
Foto (detalhe): PA Media / BBC News

Greta Thunberg branded the COP26 climate summit a "global north greenwash festival"

Ms Thunberg said: "It is not a secret that COP26 is a failure. It should be obvious that we cannot solve a crisis with the same methods that got us into it in the first place." (..) "We need immediate drastic annual emission cuts unlike anything the world has ever seen.

"The people in power can continue to live in their bubble filled with their fantasies, like eternal growth on a finite planet and technological solutions that will suddenly appear seemingly out of nowhere and will erase all of these crises just like that. All this while the world is literally burning, on fire, and while the people living on the front lines are still bearing the brunt of the climate crisis."

She described the UN climate change summit as a "two-week long celebration of business as usual and blah, blah, blah" to "maintain business as usual" and "create loopholes to benefit themselves". (..) "We know that our emperors are naked."

2021-11-06

terça-feira, 2 de novembro de 2021