Quem, com mais de 40, não conhece um ex-bancário que, nos anos 90, investiu o seu FGTS na compra de um carro e uma licença de táxi, ou um utilitário para fazer transporte escolar?
Quem, com mais de 30, não se deparou - nas ruas, nos jornais ou na internet - com algum lance da briga de foice entre permissionários de linhas de ônibus e operadores de vans ilegais pelo controle e partilha das rotas de transporte urbano?
A mobilidade urbana é, sem dúvida, um imenso mercado potencial e a informalidade uma solução que permite aos desempregados novos sair do sufoco na hora da crise e aos crônicos viver a vida inteira, eventualmente até acumular algum capital, com produtos e serviços “livres” dos custos acarretados pelos direitos sociais - dos trabalhadores e dos consumidores. Conclusão: transporte e informalidade fazem um casamento perfeito.
E quem há de negar que tal liberdade é também vantajosa para os formais - notadamente os bancos, que só se envolvem com mercadorias e serviços que já não têm nenhuma qualidade outra que não o seu valor em dinheiro?
Aonde quero chegar? Não estaríamos, na esteira do surto mundial de desemprego e informalidade parido pela catástrofe de 2007-8, testemunhando a emergência do primeiro monopólio mundial de serviços informais, chamado Uber?
Como diz um amigo, informalidade não é exclusão: é inclusão no trem da barbárie.
2015-11-11