31-05-2019, por Redação
Porto Maravilha já tem 52% dos seus imóveis ocupados
Foto: Edifício Vista Guanabara, Diário do Rio / divulgação |
Metade de quase nada é próximo de nada mesmo, um rotundo fracasso se considerarmos que estamos falando de meia dúzia de edifícios comerciais dispersos numa área de projeto de 500 hectares.
A causa primeira desse fracasso, penso, foi a oportunidade. Ao contrário de congêneres ilustres como Puerto Madero (Buenos Aires) e Canary Wharf (Londres), cujos processos de gestação, desenvolvimento, crise e maturação seguiram a cadência do boom financeiro global da virada do século, o Porto Maravilha foi lançado, ao som de fanfarras olímpicas, já em pleno declínio dos mercados de imóveis em geral, e de enclaves turístico-empresariais em particular, que se seguiu à implosão da pirâmide creditícia norte-americana em 2008.
Mas há o agravante de duas notáveis ausências: um plano urbanístico digno desse nome, com zonas residenciais nutridas pela mescla de usos e grupos sociais e ao menos uma estação de metrô; e uma estratégia de implantação por etapas que assegure a sustentabilidade urbanística e econômica da Operação, a começar pela valorização dos CEPACs destinados a empreendimentos de mercado.
Ainda que se possa alegar, com justa razão, que a CEF de Bolsonaro e a CEDURP de Crivella são a cruz a a caldeirinha do futuro do Porto, eu defendo que, em qualquer caso, os CEPACs sejam devolvidos ao município e a Operação Urbana recomece do zero, sob condições de total transparência e o comando de uma comissão de urbanistas de notório saber e comprovada experiência na matéria.
2019-06-06