quarta-feira, 18 de maio de 2022

MEC, marco cívico no.1 do Rio de Janeiro


Extra online 17-05-2022
https://extra.globo.com/noticias/rio/tombamento-do-palacio-capanema-impede-venda-25511580.html

Elegante e plebeu, combinação perfeita de edificação e praça pública em meio às sóbrias ruas-corredor da Esplanada do Castelo - expansão republicana do Centro do Rio de Janeiro planejada por Alfred Agache na década de 1920 -, o MEC (originalmente MES)*, oficialmente denominado Palácio Gustavo Capanema, é com certeza uma das mais belas e relevantes criações da arquitetura modernista em todo o planeta.

E considerando o papel de proa da arquitetura - como do futebol e da música - na construção da nacionalidade brasileira na cena global de meados do século XX, ouso dizer que o MEC, criação coletiva de Lúcio Costa, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Ernani Vasconcelos, Jorge Machado Moreira e Oscar Niemeyer, é o mais importante marco cívico edificado do Rio de Janeiro, à altura das Bachianas de Villa-Lobos e dos dribles de Mané Garrincha.

Em tempos de emergência climática e democrática, não importa o mérito jurídico da decisão: com ou sem razão, sua excelência está mais do que certa em tirar o MEC do alcance da metralhadora giratória de Bolsonaro-Guedes, ídolos de uma burguesia tão ignorante e mesquinha que é incapaz de reconhecer, que dirá compreender, valorizar e proteger, as autênticas façanhas históricas de seu regime social. 

Só não entendo o motivo pelo qual o Instituto dos Arquitetos do Brasil, e muito especialmente a sua seção carioca, não estejam movendo uma ruidosa campanha internacional não simplesmente em defesa do MEC, mas por sua transformação em sede de alguma instituição à altura do seu valor: Museu Internacional da Arquitetura Modernista, Sub-sede da ONU na América Latina, Paço das ONGs do Brasil ou algo que o valha.

E ainda que o Programa Reviver Centro, da prefeitura do Rio de Janeiro, esteja compreensivelmente concentrado em atrair empreendimentos imobiliários residenciais para esta parte da cidade, não é admissível que a correta destinação e o pleno aproveitamento do MEC para uso e desfrute da cidadania não seja, a essa altura, o símbolo maior de sua revivescência como centro urbano.   

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* Ministério da Educação e Cultura / Saúde (1943). 

2022-05-18