Avenida Afonso Pena em Belo Horizonte MG. Em primeiro plano, a Rodoviária da capital. Foto Gustavo Simões/Aboutripics Fonte: Conheça Minas https://www.facebook.com/conhecaminascm |
Considerando que as direções principais de um plano de urbanização são dadas pela orientação geral das quadras, temos que em Belo Horizonte quase todas as grandes avenidas são diagonais, a começar pela principal, a Afonso Pena, que aqui temos em perspectiva.
Faz todo sentido associar o plano de Belo Horizonte ao de La Plata, Argentina, até porque são da mesma época e tradição conceitual. Contudo, embora não conheça a cidade arrisco dizer que o grid de La Plata é mais claro para o transeunte porque mais monumental, isto é, inequivocamente comandado pelo duplo eixo SW-NE para cujo ponto médio, que é também o centro do tabuleiro, convergem as duas grandes diagonais; as demais, nitidamente secundárias, convergem por sua vez para outros tantos pontos de destaque do eixo principal, definindo, ou pretendendo definir, a centralidade urbana. Princípio parecido foi adotado por Torres Gonçalves em Erechim, na primeira década do século XX.
Embora primos-irmãos da família urbanística que alguns chamam “dos traçados” e outros tantos de “positivista”, vistos de perto os planos de Belo Horizonte e La Plata me parecem apresentar uma importante distinção: ao passo que o segundo tem um substrato cientificista a serviço de um ideal barroco, comandado, como um grande jardim francês, por um eixo monumental que é também de simetria e arrematado por uma perimetral que define o conjunto, o primeiro tem um aspecto modular precocemente modernista - seu eixo de simetria, quase imperceptível, é uma diagonal secundária desprovida de atributos de centralidade urbana e a Avenida do Contorno um limite irregular e circunstancial da urbanização que não integra a arquitetura do traçado.