https://cafedelasciudades.com.ar/sitio/contenidos/ver/459/las-infraestructuras-en-la-construccion-de-la-ciudad-capitalista.html
"(..) Es innegable que la ciudad moderna, producto de la revolución industrial, es distinta de cualquier tipo de ciudad anterior. Lo es porque es el espacio de concentración de los factores de producción, sobre todo del capital y la mano de obra y, por tanto, es el espacio de la reproducción de la fuerza de trabajo, por lo que favorece el incremento de productividad del trabajo y la rentabilidad del capital.
Pero lo es también porque ha concentrado en ella los factores de producción sobre la base de un nuevo sistema económico basado en el capital. Y en ese sentido, la ciudad es también un producto en sí misma, una sumatoria de mercancías inmobiliarias que añaden valor a la propiedad. Si la propia construcción de ciudad se convierte en negocio, en motor de desarrollo económico a través de la multiplicación del capital, es obvio que se ha tendido progresivamente a ampliar el campo de la producción inmobiliaria, del territorio de generación de plusvalía por su proximidad a los factores de producción. (..)" [destaque meu]
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Para se ter uma ideia da relevância teórica e metodológica da formulação de Herce Vallejo acima citada, basta lembrar que Thomas Piketty, um dos mais notáveis intelectuais da social-democracia mundial e guru de boa parte da crítica contemporânea à desigualdade social e urbana, escreveu há não mais de 10 anos em O Capital no Século XXI:
“Em todas as civilizações, o capital desempenha duas grandes funções econômicas: permite que as pessoas tenham onde se abrigar (..) e serve como fator de produção para confeccionar bens e serviços (..). Historicamente, as primeiras formas de acumulação capitalista parecem envolver tanto ferramentas (sílex etc.) como o aperfeiçoamento da terra (..), além de formas rudimentares de habitação (..), antes de evoluir para outras acumulações mais sofisticadas de capital industrial e profissional, assim como para locais de moradia cada vez mais elaborados.” [destaque meu] (p. 209 ed Intrínseca, Rio de Janeiro 2014).
Em minha opinião, a concepção de 'capital' de Herce é não apenas incompatível com a de Piketty como muito mais acertada e intelectualmente profícua do que ela - ainda que mais frustrante, talvez, por deixar em suspenso uma imensa gama de cenários urbanísticos que nossa imaginação é capaz de criar (ocorre-me de imediato o fracasso do urbanismo modernista em contraste com o relativo sucesso de sua arquitetura), sendo esta uma das razões pelas quais precisamos descobrir, com a urgência imposta pela crise climática e pelo retorno da ameaça nuclear, como passar à próxima fase.
30-08-2022