![]() |
Àbeiradourbanismo, cf. Abramo p. 81 (ver Nota 9) |
![]() |
Aplicações do modelo de Alonso à análise do mercado de solo. Clique na imagem para ampliar |
A questão inescapável é: de onde vem e em que consiste a vantagem de localização? Como ela teria se manifestado para os distintos ocupantes do solo nas etapas formativas das cidades capitalistas, quando rendimentos significativamente excedentes às necessidades básicas de consumo das famílias eram - ao contrário dos Estados Unidos da década de 1960 - privilégio de uma ínfima minoria da sociedade, ao passo que os da imensa maioria eram disputados centavo a centavo com o tempo de trabalho perdido em deslocamentos e a renda de aluguel?
Com apurado senso crítico, o hoje professor Correia da Silva, da Universidade do Porto, apontou, num trabalho de doutoramento do ano de 2004, o calcanhar de aquiles do modelo de Alonso: assumir como dado aquilo que, do ponto de vista da estrutura da cidade moderna, era preciso explicar: a existência mesma do centro comercial urbano. [7]
A expansão radioconcêntrica desigual, com a superposição mais ou menos generalizada do centro / subcentros de negócios e suas respectivas periferias residenciais, é a característica estrutural que define a grande cidade capitalista.
Registre-se aqui que a localização da grande indústria não é um fator determinante da estrutura espacial da cidade capitalista. [13] Ao passo que a relação fundamental entre o centro de negócios e a periferia residencial é essencialmente inalterável, a localização da grande indústria, e com ela, naturalmente, a do proletariado fabril que lhe corresponde, tem uma movimentada história de ciclos temporais determinados, principalmente, pelas fontes de energia aplicadas aos instrumentos de trabalho [14] e pelas tecnologias e redes de transportes de insumos, produtos e passageiros. [15] Do ponto de vista da grande indústria em geral, coração pulsante do modo de produção capitalista, a relação locacional fundamental é, também, aquela entre as famílias e o comércio / serviços de varejo, determinante para a quantidade e velocidade das vendas que lhe asseguram a realização dos lucros.
https://archive.org/.../principlesofcity.../page/n4/mode/1up
https://doi.org/10.1002/9781118568446.eurs0176
[3] ALONSO W, Location and land use; toward a general theory of land rent. Cambridge: Harvard University Press, 1964.
[4] ALONSO W, “The Historic and the Structural Theories of Urban Form: Their Implications for Urban Renewal”. Land Economics Vol. 40, No.2 (May, 1964), pp. 227-231. University of Wisconsin Press.https://docs.google.com/document/d/1-bHp274ABR8iKw3TvP4Et2Z6YOpjQbOq1ppaSC4mczk/edit?usp=sharing
https://docs.google.com/document/d/1hY5wr5SMbC34ni3Cs9jlKGrpKEiFyfUd/edit?usp=sharing&ouid=115443038285423072431&rtpof=true&sd=true
[7] "A relevância contemporânea do modelo de Von Thunen reside na sua adaptação à economia urbana, que permitiu o estudo da renda urbana e suburbana e da localização das famílias e atividades econômicas nas cidades. (..) A característica fundamental da economia urbana refletida no modelo é a necessidade que têm as famílias de ir ao centro para trabalhar usando um sistema radial de transportes. (..) Uma falha [fault] dessa abordagem é pressupor [it assumes] algo que está por ser explicado [we want to explain]: a existência do centro comercial urbano [urban central market]." CORREIA da SILVA J (2004), "Space in Economics — A Historical Perspective". [Tradução PJ]
https://www.fep.up.pt/docentes/joao/material/space.pdf
https://www2.ufjf.br/nugea//files/2014/09/Bradford-e-Kent_Teoria-dos-lugares-centrais-1.pdf
https://oglobo.globo.com/opiniao/essa-coisa-de-sociedade-nao-existe-8080595
[13] “Exploitation of the advantages of urban concentration does not necessarily require a downtown location. For many types of business it is sufficient to be somewhere near the city— say within the ‘labor-supply area” or the local telephone rate zone— and the suburbs may be most suitable.” [HOOVER E M, The Location of Economic Activity. New York: McGraw-Hill, 1948, p. 121.]
[14] "La manufactura del metal y de la pequeña siderurgia estaban muy ligadas a sus emplazamientos, ya que precisaban la energía hidráulica para el funcionamiento de las fraguas y las forjas; por ello no podían prescindir, sin más, del campo como emplazamiento de la producción de mercancías manufacturadas." [KRIEDTE P, “La ciudad en el proceso de protoindustrialización europea". Manuscrits: Revista d’història moderna No. 4-5, 1987, p. 176]