10-11-2020, por O Globo
Prédio da Caixa, em Niterói, dará lugar a moradias populares
Este edifício está situado na Avenida Amaral Peixoto, aberta em 1940-50, contemporânea e simbolicamente similar à Avenida Presidente Vargas (1940-44), no Centro do Rio de Janeiro, ambas formalmente inspiradas no modelo de rua-corredor volumetricamente definida com edificações sobre passeios em galerias, estabelecido pelo Plano Agache para a Esplanada no Castelo, Rio de Janeiro, na segunda metade década de 1920.
Diferentemente, porém, da Presidente Vargas, cujo cruzamento com a Avenida Rio Branco continua sendo o foco irradiador da valorização comercial no Centro do Rio, a Amaral Peixoto parece ter sido mortalmente ferida em seu protagonismo como “avenida central” de Niterói com as mudanças econômicas, sociais e político-administrativas decorrentes da abertura da Ponte Rio-Niterói em 1974 e da perda da condição de capital do Estado do Rio de Janeiro em 1975. Não tenho uma teoria e não sei se alguém já produziu um trabalho conclusivo a respeito.
Fato é que suas salas comerciais sofreram uma enorme perda de valor de localização, em parte, talvez, pela transferência de escritórios de advocacia e contabilidade para o Rio de Janeiro, em parte pela saída de consultórios e serviços médicos para o núcleo comercial de alta renda de Icaraí, em parte pela concorrência comercial dos novos shoppings centrais, ambos contíguos à Estação da Barcas Rio-Niterói.
Desconheço a exata situação do conjunto das edificações, mas é visível a deterioração de boa parte delas em face dessas mudanças. O edifício em questão parece ser um caso limite. Sua transformação em edifício residencial de habitação subsidiada pode ser o início de um novo ciclo urbanístico na história da Avenida Amaral Peixoto e do Centro de Niterói, que espero ser bem planejado, bem administrado e bem sucedido. Não é coisa simples.
2020-11-12