25-04-2021, por Mariana Fonseca
“República do século XXI”: por que a Yuca aumentou sua aposta na moradia compartilhada
Imagem: Internet / Web Quarto |
Matéria emblemática da corrida pela renda da terra e seu corolário, a financeirização imobiliária na metrópole contemporânea.
Chamam a atenção a franqueza com que o editor qualifica a “moradia compartilhada” de “República do século XXI” e a clareza com que o empreendedor entrevistado exibe o seu próprio negócio como simbiose de capital de empréstimo de curto prazo para a produção de unidades com capital de investimento em rendas de localização:
“(..) Temos de gerar yield, então não podemos entrar em projetos de longo prazo. Optamos pelo financiamento de construção e já recebemos juros durante esse prazo. Depois, recebemos por unidades locadas a um preço anteriormente acordado. Vai de recebimento de juros para recebimento de aluguel. (..)”
A Yuca, que tem por objetivo se tornar “a maior gestora residencial da capital paulista”, está “firmando parcerias com incorporadoras e fundos para gerir as unidades que funcionam como flats”.
Não é por acaso que os urbanistas paulistanos estão preocupados com o vertiginoso crescimento, de “quase 500% na comparação do período 2014-2018 com os quatro anos anteriores”, de unidades habitacionais de até 35 m² nos eixos de transporte preconizados pelo Plano Diretor.*
E a cereja do bolo, como de praxe, é a profissão de fé num mítico "equilíbrio entre oferta e demanda":
“Temos visto que esse é um produto que realmente atende os anseios de jovens profissionais em grandes cidades, onde existe uma assimetria entre oferta e demanda por apartamentos nas melhores regiões”, explica Steinbruch. “A oferta é de imóveis com três ou quatro dormitórios em bairros como Jardins, mas a procura costuma ser por um imóvel de um ou dois dormitórios. Buscamos reequilibrar essa equação.”
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