sábado, 23 de março de 2019

SOS Holiday (2)

Deu no G1 Pernambuco 
21-03-2019, por Pedro Alves

Da inovação à degradação: Holiday representa marco arquitetônico e social para o Recife
Construído em 1956, o Edifício Holiday (..) foi um marco arquitetônico e social para a formação e ocupação da Zona Sul do Recife. Localizado no bairro de Boa Viagem, o prédio contribuiu para a mudança da paisagem da cidade, de formas que vão muito além de sua estética, então, inovadora. (..) foi projetado por Joaquim Rodrigues e segue uma tradição artística ligada ao modernismo. Com 17 andares e 476 apartamentos, o prédio, junto com o Edifício Califórnia, seu contemporâneo também localizado em Boa Viagem, é um dos primeiros arranha-céus do Recife (..).
A importância do Holiday e de sua arquitetura, nos anos 1950 e 1960, se mistura com a própria história de Boa Viagem, bairro que, atualmente, tem um dos metros quadrados mais caros da capital pernambucana.
Segundo o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU-PE), Rafael Amaral Tenório, a ocupação do bairro, tendo em vista sua distância em relação ao Centro da cidade num tempo em que vias asfaltadas ainda eram raras, tem relação direta com a instalação de seus primeiros arranha-céus. O nome de Boa Viagem se deve, inclusive, ao fato de que o bairro era utilizado principalmente para veraneio.
(..) De acordo com o arquiteto e professor do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Fernando Diniz, os edifícios Holiday e Califórnia trouxeram ao Recife uma proposta de habitação à classe média: edificações verticais, apartamentos pequenos e, principalmente, a mistura entre comércio e habitação no mesmo local. Os dois edifícios foram pensados para servir como segunda residência, pela proximidade da praia.
(..) Nos últimos anos, os 476 apartamentos do Holiday serviram de casa para mais de 3 mil pessoas, segundo o condomínio. Na quarta (20), último dia do prazo judicial, restavam 45 famílias que resistiam em deixar suas casas. (..) Os problemas apontados para a interdição vão desde a inundação do subsolo até a falta de componentes básicos de prevenção ao fogo, além de falhas e da sobrecarga das instalações elétricas. Outro problema é a quantidade de botijões no prédio, que tinha quase oito mil quilos de gás na edificação, sendo usados para vários fins, como comércio e produção de alimentos.
(..) De acordo com o presidente do CAU-PE, falhas na gestão do edifício fizeram com que ele chegasse à situação atual, que, segundo a Defesa Civil do Recife, apresenta um grau de risco nível 3, numa escala de 1 a 4. Rafael defende que a interdição é importante para preservar as vidas dos moradores. (..) uma alternativa aos moradores do Holiday seria utilizar o Serviço de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social, um direito garantido por lei, para promover orientação de arquitetos e urbanistas em obras de forma gratuita. O entrave de ser um prédio privado impede a realização dessa ajuda. 
"O problema é que o Holiday precisa ser qualificado como Habitação de Interesse Social para receber auxílio público. É possível encarar o Holiday como um Minha Casa Minha Vida. Temos a oportunidade de requalificar e dar condições dignas de moradia a mais de 2 mil pessoas. É preciso encontrar um meio-termo entre deixá-los lá, em risco, e tirá-los sem pensar no impacto social", diz.
Ainda segundo Rafael, a restauração do edifício Copan, em São Paulo, é um exemplo a ser seguido pelo Holiday. (..)

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2019-03-23