10-05-2021, por Laetitia Van Eeckout
https://www.lemonde.fr/societe/article/2021/05/10/le-retour-en-grace-des-villes-moyennes-a-confirmer_6079739_3224.html
Le retour en grâce des villes moyennes à confirmer
La crise sanitaire a renforcé l’attrait des métropolitains pour les zones moins denses. Mais le rééquilibrage du territoire est encore loin d’être gagné
Este título é enganoso para os nossos padrões de “cidade média”.
A matéria fala da migração de famílias, provocada pelo êxodo sanitário, entre anéis sucessivos da Paris metropolitana e das áreas centrais para setores periféricos de grandes cidades como Lyon, Bordeaux e Montpellier.
Como produto do aumento da distância, o artigo menciona a adoção de um “modo de vida birresidencial: a família vai morar em um lugar do qual um membro sai durante uma parte da semana para trabalhar na grande metrópole”. E nesse caso, "a escolha há de recair sobre uma cidade que ofereça não só boa qualidade de vida, mas também a proximidade de uma metrópole e uma boa ligação ferroviária para lá chegar em uma ou duas horas."
Noves fora as diferenças de escala e situação das "cidades médias" francesas e brasileiras e dos sistemas de transportes de passageiros que as comunica com as respectivas metrópoles, quero crer que o efeito do trabalho remoto sobre a estrutura das cidades francesas aqui relatado não destoa em conteúdo do juízo emitido neste blog a respeito do que a nossa imprensa especializada informa estar em curso no Brasil [1]:
“a maioria dos home-officers que fugiram da pandemia não foram para o campo, nem para cidades médias, mas para a periferia de suas próprias metrópoles, ao alcance do seu 'CBD', que assim estaria ampliando, não diminuindo, o âmbito territorial da sua atratividade”. [2]
O que os artigos citados não comentam, sequer especulativamente, é o tamanho do contingente de home-officers relativamente ao trabalhadorado urbano em geral, a vasta maioria do qual não tem a opção do trabalho remoto e é, consequentemente, tanto beneficiária quanto prisioneira da metrópole, e o que essa migração pode representar para a estrutura e a economia das cidades para além da vacância mais ou menos intensa e prolongada dos escritórios centrais.
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NOTAS
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2021/02/revoada-seletiva.html
[2] “15 minutos de prudência”, À beira do urbanismo 18-05-2021.
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2021/05/15-minutos-de-circunspeccao.html
2021-06-19