quinta-feira, 3 de junho de 2021

Primórdios da urbanização de mercado no Brasil: Porto Alegre

Scripta Nova - Revista Electrónica de Geografía Y Ciencias Sociales / Universidade de Barcelona, Vol. IX, núm. 194 (13), 1 de agosto de 2005, por STROHAECKER Tania M., Professora no Departamento de Geografia - UFRGS, Brasil.
http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-194-13.htm

Atuação do Público e do Privado na Estruturação do Mercado de Terras de Porto Alegre (1890-1950)

Resumo 

Porto Alegre 1888
A estruturação atual das cidades brasileiras é produto de um longo processo de idealização, construção, destruição e reprodução dos espaços frente à atuação de diferentes agentes sociais. Entre os agentes modeladores do espaço urbano destacam-se os proprietários dos meios de produção, os proprietários fundiários, os promotores imobiliários e o Estado. O trabalho procura analisar o processo de estruturação urbana de Porto Alegre (RS/Brasil), no período de 1890 a 1950, enfocando as estratégias do Estado, na esfera municipal, e dos promotores fundiários frente à nova ordem mundial que preconizava a modernização da cidade como fator preponderante para a sua inserção na economia capitalista.

A pesquisa baseou-se principalmente em fontes primárias como: os relatórios anuais das companhias publicados na imprensa durante os anos de 1895 a 1950; os relatórios anuais da Intendência Municipal de 1895 a 1950; os documentos originais disponibilizados pelas companhias Predial e Agrícola e Condor Emprendimentos Imobiliários; os documentos originais arquivados na Junta Comercial de Porto Alegre; em entrevistas com funcionários e dirigentes das companhias extintas; em planta cadastral com o nome dos proprietários dos imóveis dos loteamentos implantados pela extinta Companhia Territorial Porto Alegrense. Para complementar o trabalho analisou-se fontes secundárias sobre a história urbana e regional, a biografia dos principais acionistas das companhias de loteamento, a legislação urbanística, códigos de posturas, mapas e plantas antigas da cidade. 

O texto está estruturado em três partes: na primeira, analisa-se a formação do capital imobiliário e o surgimento das companhias de loteamento, destacando-se a atuação da Companhia Territorial Porto Alegrense na última década do século XIX. Após, destaca-se o ideário da modernização encabeçado pelo Estado frente às pressões do capital emergente e a atuação da Companhia Predial e Agrícola, a principal detentora de terras da cidade nas primeiras décadas do século XX. Na terceira parte, analisa-se a reforma urbana empreendida por três governos sucessivos, concomitantemente à atuação da Schilling & Kuss Cia. Ltda., principal empresa loteadora em Porto Alegre nas décadas de 1930 a 1950. 

Portanto, o trabalho analisa conjuntamente as estratégias de dois agentes urbanos (Estado e promotor fundiário), pois entende-se que suas ações espacializadas, respectivamente, na área central e na periferia urbana, foram responsáveis, entre outros fatores, pelas contradições sócio-espaciais da cidade atual. 

A formação do capital imobiliário e as companhias de loteamento


A partir de 1860, Porto Alegre começa a sair da letargia de quarenta anos com a decadência do ciclo do charque no sul da Província devido à concorrência platina e à gradativa organização comercial das colônias alemãs. A capital se impõe como pólo comercial passando a ser alvo de maciços investimentos. (continua)

 

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http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-194-13.htm

2021-06-03