quinta-feira, 22 de outubro de 2020

As novas repúblicas e as centralidades

Deu no Estadão economia
22-10-2020, por Circe Bonatelli 

https://incorporacaoimobiliaria.com/2020/10/23/startup-paulistana-yuca-dobra-numero-de-quartos-para-locacao/

Montagem: Àbeiradourbanismo
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A construção, para locação, de unidades residenciais ultra-compactas na periferia imediata dos subcentros urbanos não é uma novidade. No Rio de Janeiro, essa tendência foi marcante nas décadas de 1960 e 1970 em Copacabana, Tijuca, Botafogo e Catete/Flamengo. 

Seu exemplo mais notório é o Edifício Richard, mais conhecido como Barata Ribeiro 200, em Copacabana, construído em 1959, com 12 pavimentos e 507 unidades, sendo 300 conjugados de 24m2 e 207 apartamentos de quarto e sala.*

A saturação do bairro que já foi novo traz consigo a redução da demanda residencial de alto padrão, compensada por sua vez, do ponto de vista da extração da renda do solo, pelo aumento da demanda de salas comerciais e de apartamentos compactos destinados aos trabalhadores do comércio e serviços. O bairro cristaliza-se como sub-centro. 

Talvez estejamos presenciando um processo análogo, em um novo ciclo de desvalorização relativa de bairros pericêntricos, acentuada pelo contraste entre a quantidade de capital envolvido e a gravidade da recessão econômica. 

Muitas dessas unidades anunciadas no mercado paulistano se localizam na região da Av. Paulista, centro financeiro de 2ª geração já em acelerado processo de substituição pela Faria Lima. 

A glamorização (“coliving”) faz parte da estratégia de negócios.