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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Porto Maravilha: Sem plano nem projeto - como não fazer uma Operação Urbana


O Globo 16-12-2024
https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2024/12/16/novo-porto-do-rio-comeca-a-ter-moradores-mas-ainda-espera-por-comercio-e-servicos-como-e-viver-num-bairro-que-nasce.ghtml

Região já tem 14 empreendimentos residenciais, que somam 22 prédios e quase dez mil apartamentos; pelo menos mais quatro serão lançados em 2025
(..) Um dos primeiros a passar a morar com a esposa Bárbara no [condomínio residencial] Praia Formosa, há três meses, Grijó tem pressa.

— A gente está aguardando chegar shopping, banco, um grande supermercado, mais farmácias, lanchonetes e restaurantes melhores, uma padaria adequada, mais escolas e um novo posto de saúde, porque o que tem não vai dar conta — enumera o ex-gari e hoje operador de máquinas da Comlurb, que já varreu a Rua Geógrafo Milton Santos, onde vive hoje. (..)

(..) na sua rotina diária os recém-chegados contam, na Rua Santo Cristo, apenas com estabelecimentos modestos para atender quem vive nos velhos casarões do lugar: um supermercado, uma farmácia, bares e restaurantes pequenos, papelaria e oficina, entre outros. Encontram pelo menos uma igreja evangélica. Na praça que corta a via, há uma paróquia católica. E, no número 242, funciona há cerca de três anos a filial do Centro Educacional Santo Cristo, de Madureira, com 150 crianças, do berçário ao terceiro ano do ensino fundamental (..)

Para os meninos maiores, a única opção na redondeza é uma unidade pública municipal. O Ginásio Educacional Tecnológico Benjamin Constant atende 413 alunos do ensino fundamental I e II e de turmas de correção de fluxo. (..)

A educação dos gêmeos João Pedro e Maria Luz, de 9 meses, é uma preocupação, mas está longe de ser a única do casal Pedro Henrique Brandão e Kelly Cozini, que se mudou em setembro do Estácio para o Praia Formosa:

— Deveria ter um sinal de pedestres em frente ao condomínio, onde passam ônibus — reivindica a contadora Isabel. 

Pedro, que é empregado da Transpetro, acrescenta:

— Aqui está parecendo com a Cidade Nova, onde morei na adolescência. Não temos para onde ir, principalmente à noite e com criança pequena. Não tem uma pizzaria, um shopping. Mas estou na expectativa da chegada do Flamengo. (..)


Leia neste blog: No Porto Maravilha, a moradia é à bangu
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2021/07/no-porto-maravilha-moradia-e-bangu.html

2024-12-18

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

TCM-SP breca xepa de CEPACs!


O Estado de S Paulo 13-01-2022, por Circe Bonatelli
https://economia.estadao.com.br/blogs/coluna-do-broad/leilao-de-titulos-da-construcao-na-zona-sul-de-sp-pode-movimentar-r-348-mi/

clique na imagem para ampliar
Imagem e texto: O Estado de S Paulo
Leilão de títulos da construção na Zona Sul de SP pode movimentar R$ 348 mi

Observação #1. “Cepacs são títulos que permitem às construtoras erguerem prédios acima dos limites estabelecidos por lei em cada bairro” é uma definição recorrente, mas totalmente equivocada. Os Cepacs não permitem construir “acima dos limites estabelecidos por lei”, mas acima dos coeficientes básicos de aproveitamento dos terrenos, até os limites máximos permitidos pela lei.

Observação #2. Ofertar hoje a R$ 1.450,00 Cepacs que foram vendidos 10 anos atrás por R$ 1.282,00 é no mínimo estranho, para não dizer altamente suspeito. Uma rápida pesquisa de preços imobiliários na área urbana dessa OUC revela uma ordem de grandeza de R$ 10.000,00 / m2 privativo. Se estimarmos o componente terra em 40-45% nessa faixa de preço, temos R$ 4.250,00/m2, 50% do qual, proporção adequada para Cepacs, atinge um valor de R$ 2.150,00, quase igual aos R$ 2.175,00 exigidos pelo Tribunal de Contas do Município. Ponto para o TCM!

Observaçao #3. “Os leilões também atraem investidores, que depois podem vender os Cepacs no mercado secundário, em Bolsa” é uma verdade, cuja relevância costuma ser, no entanto, bastante exagerada. Os CEPACs circulam muito menos do que se imagina no mercado financeiro. Cito a mim mesmo:

“O fato de os CEPACs poderem ser transacionados na bolsa de valores lhes confere certa flexibilidade como ativos, mas não os transforma em ações, ou títulos de dívida pública de longo prazo, que podem valorizar-se e circular indefinidamente no mercado financeiro; não modifica a sua natureza essencial de certificados de direito sobre a renda da terra a ser extraída de empreendimentos imobiliários apenas possíveis no espaço e no tempo da Operação Urbana Consorciada que os emitiu para financiar-se. Nem o ímpeto da economia em geral nem a saúde de tal ou qual empresa: o preço dos CEPACs no mercado de títulos reflete, pura e simplesmente, a expectativa de valorização dos produtos imobiliários que poderão ser construídos no perímetro da OUC. Em outras palavras, o CEPAC é servo da terra, condenado a transformar-se em empreendimento imobiliário nos termos e prazos estipulados pela OUC. Além deles, perde todo o seu valor.” [*]

____
"CEPACs, ainda  uma vez". À beira do urbanismo 05-12-2020 

2022-01-24

terça-feira, 7 de setembro de 2021

No Porto Maravilha, o planejamento é à bangu

Deu no Diário do Porto
06-07-2021, por Redação

Residencial é o futuro do Porto Maravilha
Gustavo Guerrante, presidente da Cdurp, fala sobre a grande novidade do Porto em 2021: os condomínios residenciais
 

(..)
DiPo: (..) Caso todos esses empreendimentos se confirmem quantos novos moradores a Região Portuária deve receber nos próximos anos?

Guerrante: Se tudo se confirmar falamos aí de quatro mil novas unidades nos empreendimentos em negociação. Com as duas mil vendidas do Rio Wonder da Cury, serão seis mil apartamentos. Hoje as famílias são menores. Se forem três pessoas por residência, teremos aí 18 mil novos moradores em média vivendo e consumindo na região.

DiPo: Se isso se confirmar a população da região irá subir para quase 60 mil pessoas. Hoje o Porto tem carência de estabelecimentos comerciais como supermercados, açougue e padaria. Como atender essa nova demanda?

Guerrante: Isso é ovo e a galinha. Um vem atrás do outro. A Cury fechou as duas torres e o mercado imobiliário se mexeu. É um efeito manada. Os novos projetos vêm com proposta de lojas e comércio no térreo. E aí vem junto o cara da padaria, supermercado, café, bar, casa de mate. O AQWA mesmo é prova disso. Quando o pessoal todo voltar a trabalhar lá serão 5,5 mil pessoas naquele prédio. Pensando nisso Tishman está criando estrutura para atender esse público. Recentemente fechou dois restaurantes, café, Quiosque do Pepe. (..)"


2021-09-07


terça-feira, 13 de julho de 2021

No Porto Maravilha, a moradia é à bangu

Deu n'O Dia online
07-07-2021, por Redação
Porto Maravilha ganha segundo empreendimento residencial

A "planta de gabaritos" é o que de mais
assemelhado tem a OUC Porto Maravilha
com um plano de urbanismo.
Os pequenos círculos vermelhos indicam
a localização dos novos empreendimentos
residenciais. O círculo azul indica a
 Estação Rodoviária Novo Rio. 

Editado em 16-12-2024
 
Não é de hoje que critico a OUC Porto Maravilha por não ter planejado seriamente a formação de novos bairros residenciais na região portuária do Rio de Janeiro, com subsídios e regramentos especiais que incentivassem a mescla de usos e de famílias de distintas faixas de rendimento - além, é claro, da expansão do próprio centro de negócios em escala compatível com o fato de que a sua principal força motora, a Petrobrás, já fizera uma clara opção pelo corredor Castelo - Cidade Nova.   

Para tanto seriam necessários não apenas uma estratégia condizente com o tamanho da área e as incertezas da economia - a onda de choque da debacle global de 2008 não era, como se viu, uma simples marolinha -, mas também um plano urbanístico digno desse nome e, o que é decisivo, uma gerência de projeto com reconhecido saber e larga experiência em desenvolvimento urbano, capaz de lidar com as imensas dificuldades que aqueles objetivos supõem.

Em nenhum caso seria admissível a alienação da totalidade dos direitos de edificabilidade, principal ativo da Operação, a uma entidade financeira, no caso o Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha (FIIPM) administrado pela Caixa Econômica Federal, para revenda a incorporadoras. Houve aqui um duplo prejuízo para a municipalidade. O primeiro, de ordem financeira, inclui o deságio no preço do CEPAC resultante da ‘venda para revenda’ [1] e a perda da valorização do solo resultante da conclusão de um setor, ou etapa, da Operação no financiamento da seguinte - o beabá das Grandes Operações Urbanas. O segundo, tão grave quanto ou ainda mais, a renúncia voluntária ao principal instrumento de comando e controle da Operação.

Não bastasse, inexiste perspectiva de o Metrô ter uma estação sequer no Porto Maravilha e o sistema de VLT não é dele uma extensão: tem a sua própria tarifa e não é simbólica. Para deslocar-se do Instituto Nacional do Câncer, no Santo Cristo, ao bairro do Catete, a menos de 5 km de distância, um trabalhador tem de pagar R$ 3,80 no VLT + R$ 5,80 no Metrô. São R$ 500,00 mensais com uma semana de 6 dias, o equivalente a 45% do Salário Mínimo. 

Não vejo, portanto, com nenhum otimismo as recentes matérias da imprensa popular - o que não deixa de ser significativo - sobre os emprendimentos habitacionais que uma construtora está lançando na OUC, o primeiro deles com unidades compactas de 1 e 2 quartos com 32-51 m2 privativos e preços de R$ 191 mil a R$ 342 mil (até R$ 240 mil com juros subsidiados pelo Minha Casa Verde e Amarela). [2]  

Na sua última gestão, o prefeito Paes divisava, no Porto Maravilha, um portentoso (500 hectares!) centro de negócios e turismo de padrão global, com a pseudo-moradia gentrificada e altamente rotativa que lhe corresponde. Agora, sem que tenha vindo a público qualquer balanço das notórias dificuldades financeiras, gerenciais e urbanísticas da OUC, que renderam, aliás, não pouca lavação de roupa suja no jornalismo de negócios, o mesmo Paes aparece como animador da venda em massa de CEPACs para habitação de faixa de rendimento C-D nas imediações da Estação Rodoviária Novo Rio.

Parece confirmar-se o vaticínio por mim proferido neste blog em agosto de 2018, quando o nefando ex-prefeito Crivella trompeteou a construção, na área do Porto, de 5 mil unidades do recém-expurgado programa Minha Casa Minha Vida:

Salvo uma mudança radical, o mais provável é que os subsidiados, que estão sendo chamados de urgência para salvar a PPP, venham a ocupar algum lugar do Porto que não atrapalhe a Maravilha. [3]

É a vantagem de se ter uma OUC sem projeto nem comando urbanístico. No fim das contas, o plano urbanístico do Porto Maravilha se resume a uma "planta de gabaritos" para um campo de pelada onde os prefeitos de plantão possam praticar o seu esporte favorito - bajular os incorporadores e iludir os desavisados:  

"Sempre focamos para que se tenham lançamentos residenciais aqui nessa região, queremos gente morando no Centro do Rio de Janeiro. Esse é um projeto que sempre dissemos que era viável e possível. Nós vamos priorizar essa região da cidade. Quem topar investir, fazer lançamento e comprar imóvel no Centro da cidade vai ter uma região valorizada pela prefeitura", afirmou o prefeito [Eduardo Paes]. [4


_____
NOTAS

[1] A propósito vale lembrar a tese do então diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro - CDURP, num artigo de julho de 2015 intitulado "De onde vem o dinheiro do Porto Maravilha?", de que a revenda pelo FIIPM ao setor imobiliário em 2012, por R$ 1.150,00, de CEPACs arrematados à prefeitura do Rio no leilão de 2011 por R$ 545,00 foi uma "clara demonstração de seu potencial de valorização" e não do fato de terem sido leiloados em lote único pela metade de seu valor de mercado. Acesse o artigo “De onde vem o dinheiro do porto maravilha?”, Porto Maravilha 28-07-2015, por Alberto Silva, diretor-presidente da Cdurp, pelo link
http://portomaravilha.com.br/noticiasdetalhe/3663-de-onde-vem-o-dinheiro-do-porto-maravilha?
 
[2] “Rio Wonder Residences Porto Maravilha”
https://lancamentos-rj.com/lancamento/wonder-rio-centro-rj/

[3] "De volta ao Porto Maravilha". À beira do urbanismo 03-09-2018

[4] "Porto Maravilha ganha segundo empreendimento residencial". O Dia online 07-07-2021

Leia também
“Estande do primeiro empreendimento residencial do Porto Maravilha é inaugurado nesta sexta-feira”. Extra online 04-06-2021, por Pedro Madeira
https://extra.globo.com/noticias/rio/estande-do-primeiro-empreendimento-residencial-do-porto-maravilha-inaugurado-nesta-sexta-feira-25047661.html

2021-07-13

sábado, 5 de dezembro de 2020

CEPACs, ainda uma vez

Imagem: à beiradourbanismo
CEPACs são títulos de direito de construir m2s de edificação, logo de produto imobiliário, adicionais ao Coeficiente de Aproveitamento Básico (CAB) em quaisquer terrenos privados localizados dentro do perímetro de uma Operação Urbana Consorciada (OUC), no prazo estabelecido pela OUC. 

Sua finalidade é financiar as obras de infraestrutura e urbanização que elevarão o perímetro da Operação a um novo patamar de demanda, consequentemente de preços imobiliários.

Essa definição, formalmente correta, é no entanto insuficiente para explicá-los, pois omite o essencial. 

Além de acrescentar m2s de produto imobiliário (m2s privativos) aos seus empreendimentos, com o respectivo ganho industrial de escala, os CEPACs permitem aos incorporadores criar e vender as frações de terreno que lhes correspondem, ganhando em pura renda da terra. 

O CEPAC certifica, pois, 
no âmbito espacial e temporal de uma OUC, o direito de construir e vender 1m2 de produto imobiliário adicional ao coeficiente básico de aproveitamento do terreno e de criar e vender a fração de terreno que lhe corresponde, subsumida à fração ideal da unidade. Seu preço é, muito simplesmente, uma dada porção do preço estimado de venda dessa fração de terreno (solo-localização) ao adquirente do imóvel - razão pela qual figura, ao lado da Outorga Onerosa do Direito de Construir, no rol dos instrumentos urbanísticos de recuperação da renda da terra*

O fato de os CEPACs poderem ser transacionados na bolsa de valores lhes confere certa flexibilidade como ativos, mas não os transforma em ações, ou títulos de dívida pública de longo prazo, que podem valorizar-se e circular indefinidamente no mercado financeiro; não modifica a sua natureza essencial de certificados de direito sobre a renda da terra a ser extraída de empreendimentos imobiliários apenas possíveis no espaço e no tempo da Operação Urbana Consorciada que os emitiu para financiar-se. Nem o ímpeto da economia em geral nem a saúde de tal ou qual empresa: o preço dos CEPACs no mercado de títulos reflete, pura e simplesmente, a expectativa de valorização dos produtos imobiliários que poderão ser construídos no perímetro da OUC.

Em outras palavras, o CEPAC é servo da terra, condenado a transformar-se em empreendimento imobiliário nos termos e prazos estipulados pela OUC. Além deles, perde todo o seu valor. 

Por essa razão, investidores não compram direitos de edificabilidade (CEPACs) sem ter previamente adquirido terrenos onde eles poderão ser utilizados, por preços que levem em conta que parte da renda fundiária total a ser gerada nas incorporações deverá ser adiantada à municipalidade, pelo incorporador ou por seu financista, na compra de tais direitos.

Conclusão (1): o valor adiantado na compra de CEPACs é parte do preço da terra onde ele será utilizado.

Conclusão (2): adquirir CEPACs sem dispor de terrenos equivale a decolar em um avião sem ter contratado o pouso em nenhum dos aeroportos ao alcance de seus tanques de combustível.

Imagem: àbeiradourbanismo


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CEPACs são uma modalidade de Outorga Onerosa do Direito de Construir apropriada à consecução dos objetivos de uma Operação Urbana Consorciada (OUC). O fato de o m2 adicional nas OUCs (CEPAC) ser muito mais caro que o m2 de Outorga Onerosa nos bairros mais valorizados da cidade não é difícil de entender.

Nas OUCs, a municipalidade precisa maximizar a receita para cobrir os custos das obras, sem as quais não existirá a nova fronteira imobiliária. O CEPAC aparece, pois, aos incorporadores, como investimento, pelo qual estão dispostos a pagar o mesmo que pagariam a um proprietário pelo terreno a incorporar: até 50% do resíduo. Ou seja, tendem a oferecer por 1 CEPAC até a metade do preço pelo qual estimam vender ao adquirente do imóvel a fração de terreno que ancora o m2 de produto imobiliário adicional. 

A Outorga Onerosa, aplicada pela municipalidade em áreas de renovação edilícia já providas de infraestrutura, serviços e amenidades e tradicionalmente exploradas sem nenhum ônus - uma espécie de território livre disponível à extração da máxima renda da terra por "direito natural" -, aparece ao incorporador como um imposto. Daí provém a sua tenaz resistência contra esse instituto, de que resulta a redução do preço do m2 adicional de construção, logo de produto imobiliário, a uma proporção muitas vezes irrisória do preço de venda da fração de terreno que o ancora.

2020-12-05


terça-feira, 12 de maio de 2020

Titanic Maravilha

Portos e Navios 11-05-2020
https://www.portosenavios.com.br/noticias/portos-e-logistica/maior-ppp-do-pais-fica-perto-de-um-colapso

Maior PPP do país perto do colapso
A concessão do Porto Maravilha, maior parceria público-privada (PPP) já firmada no Brasil e aposta bilionária para revitalizar a zona portuária do Rio de Janeiro, está ruindo.
Para financiar o projeto de recuperação urbana, a prefeitura emitiu 6,43 milhões de títulos de potencial construtivo (..) adquiridos por um fundo de investimento constituído e administrado pela Caixa, que fez desembolsos de R$ 5 bilhões em recursos do FGTS para remunerar a concessionária. (..)

Sem demanda, como consequência do tombo no mercado imobiliário do Rio, não há liquidez para pagar a concessionária - uma sociedade entre Carioca Engenharia, Odebrecht e OAS. Na sexta-feira, a concessionária Porto Novo informou que deixará de operar os túneis Marcello Alencar e Rio 450 no dia 5 de junho, se não houver solução para sua falta de pagamento. (..) 

2020-05-12 


Leia também neste blog

“De volta ao Porto Maravilha”, 30-07-2018

“De volta ao Porto Maravilha (2)”, 03-09-2018 

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

De volta ao Porto Maravilha (2)

Presença constante nos cadernos e jornais de negócios, mais recentemente até nos editoriais de O Globo, o Porto Maravilha acaba de fazer uma rara aparição num periódico popular.  

O mapa de potencial construtivo adicional 
por Subsetores é o que há de mais 
parecido com um plano urbanístico 
em todo o saite do Porto Maravilha 

Clique na imagem para ampliar
Refiro-me à matéria “Após retomada de parceria para manutenção do Porto, moradores contam como é morar na região”[1], publicada pelo Extra online no mesmíssimo dia (24-08) da assinatura de um acordo entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Caixa Econômica Federal para a “retomada da parceria público-privada (..) suspensa desde junho” por falta de recursos no caixa do FIIPM - Fundo de Investimento Imobiliário do Porto Maravilha.

A reportagem, com timing de press release e convenientemente focada em entrevistas com moradores dos bairros populares da Portuária, revela o evidente interesse dos editores em promover as virtudes da região para potenciais adquirentes de moradias subsidiadas. Não por acaso: no ato da assinatura do acordo de “retomada da parceria”, foi anunciada pelo prefeito Crivella a construção de 5 mil unidades do Minha Casa Minha Vida.

Aleluia! A moradia subsidiada deveria ter sido, desde o começo, o prato principal da reurbanização da Portuária. Aliás, com um mínimo de visão estratégica e senso de oportunidade, a própria bolha especulativa do ciclo olímpico, que empurrou a curva de preços dos imóveis da Zona Sul na direção do Centro [2], teria tornado viável a construção de residências de mercado na região - desde que existisse, para elas, um projeto de urbanização credível.[3]

Representação esquemática do efeito da demanda extraordinária
por imóveis na Orla Oceânica durante o ciclo olímpico sobre 

os preços dos bairros do corredor Centro-Sul do Rio de Janeiro

Falou mais alto, no entanto, a arrogância dos fazedores de milagres imobiliários, como o ex-prefeito Eduardo Paes, que “não determinou um percentual de títulos reservados à habitação para não desvalorizar os CEPACs”[4] - concebidos e lançados para o mercado de torres comerciais, na teoria um m2 substancialmente mais valioso.

De todo modo, não há que ter ilusões. Com Paes ou sem Paes, o Porto Maravilha não tem até hoje um plano urbanístico propriamente dito e seu comando ainda é essencialmente o mesmo que presidiu à transferência do controle do maior projeto urbano da cidade do Rio de Janeiro à burocracia da Caixa Econômica Federal.

Segundo a imprensa, a própria Caixa defende a reestruturação do projeto, a ser “negociada no próximo governo”[5]. Sendo assim, ninguém sabe hoje que papel terá, afinal, a moradia no empreendimento, se os gestores pretendem projetar um setor residencial digno desse nome ou mesmo em que parte da Portuária serão construídas as 5 mil unidades do MCMV.

Salvo uma mudança radical, o mais provável é que os subsidiados, que estão sendo chamados de urgência para salvar a PPP, venham a ocupar algum lugar do Porto que não atrapalhe a Maravilha.

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[1] “Caixa Econômica tenta solução financeira para salvar Porto Maravilha”. O Estado de S Paulo 22-08-2018, por Murilo Rodrigues Alves e Vinicius Neder
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,caixa-economica-tenta-solucao-financeira-para-salvar-porto-maravilha,70002467473

[2] “Rio: maior alta de preços residenciais nos últimos 6 anos foi... no Centro da cidade!” À beira do urbanismo 18-08-2014, por Pedro Jorgensen Jr
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2014/08/no-rio-de-janeiro-alta-dos-precos.html

[3] Na dúvida, veja a apresentação “PORTO MARAVILHA - Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp)”, com 63 lâminas.

[4] Porto do Rio sem habitação: encenação governamental”, Blog da Sonia Rabello 15-07-2013, por Sonia Rabello http://www.rede18rj.provisorio.ws/habitacao-para-o-porto-do-rio-tico-e-teco-no-planejamento-governamental/

[5] “Caixa Econômica tenta solução financeira para salvar Porto Maravilha”. O Estado de S Paulo 22-08-2018, por Murilo Rodrigues Alves e Vinicius Neder


2018-09-03


quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Reestruturar o projeto ou criar um afinal?

Deu no Boletim ADEMI
30-08-2018, por Murilo Rodrigues Alves e Vinícius Neder / Estadão 22-08
Caixa anuncia plano para salvar Porto Maravilha
A Caixa, a prefeitura do Rio e a concessionária Porto Novo anunciam hoje uma solução financeira para o Porto Maravilha, maior parceria público-privada (PPP) do País, com investimentos de R$ 10 bilhões. Segundo fontes que acompanham as negociações, a Caixa venderá ativos do fundo imobiliário criado para bancar o projeto, gerando recursos para fazer o sétimo pagamento anual da PPP, atrasado desde junho.
Grupo residencial Porto Vida, paralisado desde 2014 
Foto: Antonio Scorza / Agência O Globo 
Fonte: Extra online
(..) Para não haver novos problemas, a Caixa defende a reestruturação do projeto, a ser negociada no próximo governo. Isso pode levar ao atraso das obras, pois a parcela de 2018 ficará abaixo do previsto. Pelo contrato, todas as obras deveriam estar prontas até 2020. Em nota, a Caixa diz que vem "proativamente" tentando construir uma solução conjunta para a continuidade da prestação dos serviços e reestruturação da operação.
As principais obras de infraestrutura do Porto Maravilha saíram do papel, mas a construção de um novo bairro carioca, com pontos turísticos, transporte por Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), edifícios comerciais de alto padrão, condomínios residenciais e shoppings, ainda está longe de se tornar realidade.
Como a recessão que afundou o mercado imobiliário, o desenvolvimento do novo bairro vai demorar mais que o previsto inicialmente, disseram agentes do setor. Lançamentos foram adiados e há investimentos malsucedidos, especialmente de empreendimentos anunciados nos anos de euforia com a economia do Rio de Janeiro - hoje afetado pela mais grave das crises fiscais estaduais.
Com o desenvolvimento mais lento, o Porto Maravilha tem hoje duas áreas distintas. Na metade mais distante do centro do Rio, limitada pela Avenida Francisco Bicalho, por onde passa o Canal do Mangue, ainda faltam obras de revitalização e há construções inacabadas, como o esqueleto do Porto Vida, projeto residencial cujas obras estão paradas. Ao lado, fica o edifício onde funcionaria um hotel Holliday Inn, que também não foi adiante.
Os dois empreendimentos são da Odebrecht Realizações, assim como o Porto Atlântico, considerado um "pepino", segundo uma fonte do mercado. O Estado apurou que a Odebrecht não conseguiu vender todos os andares do complexo de escritórios, lojas e hotel, instalado perto do Morro da Providência. O hotel, com as marcas Novotel e Ibis, está funcionando, parte dos escritórios está alugada, mas, na sexta-feira passada, o local parecia um edifício fantasma. A Odebrecht não quis comentar os investimentos. (Continua)

Leia, neste blog

“Do PL da vereadora Rabello ao monopólio da CEF: notas sobre a OUC do Porto do Rio” (23-10-2011)
“Fica-se a perguntar como foi que se colocou à venda todo o lote de CEPACs com base num plano tão precário. Será que basta o "mapa de potencial construtivo"? Dado que a CEF não botaria, eu imagino, essa montanha de dinheiro num plano esquemático, eu creio que um plano urbanístico completo deva existir em algum lugar. Mas onde está?”
2018-08-30

segunda-feira, 30 de julho de 2018

De volta ao Porto Maravilha

A recente decisão da Caixa Econômica Federal de instalar sua nova sede no Rio de Janeiro numa torre corporativa da Rua do Passeio, Cinelândia, e não em algum edifício já disponível no Porto Maravilha - sua criatura adotiva desde a aquisição, em nome do Fundo de Investimento Imobiliário do Porto Maravilha (FIIPM/FGTS), da totalidade dos direitos de construção no perímetro da Operação Urbana Consorciada - é a insólita culminação de uma longa série de desacertos no planejamento e gestão dessa intervenção urbana municipal, lançada pelas autoridades, como tantas outras em nossa época, sob o signo altissonante da “parceria público-privada”, aqui incluída a interveniência generosa e decisiva do governo federal.

Foto Jerri Cardoso (28/06/18) / Diário do Porto
Matéria publicada na Folha de São Paulo e reproduzida no Bem Paraná em 23 de julho assegura que a Caixa atendeu, desse modo, a uma reivindicação de seus próprios funcionários, que “se queixavam da falta de serviços no Porto, [da] dificuldade de acesso e [d]a possível insegurança na área.” [1]

Sou levado a concluir que, dois anos depois de inaugurado, com pompas olímpicas e romarias cidadãs, como novo pólo turístico e cultural internacional e futuro centro empresarial da metrópole, o Porto Maravilha é reconhecido por seu investidor monopolista como uma região urbana que não tem serviços, não tem transporte, não tem segurança; vale dizer, não é cidade. E continuará não sendo pelos próximos 15 anos, a julgar pelo prazo do contrato de aluguel da CEF-Rio com o novo senhorio!

Qual poderia ser um indício mais claro da metástase galopante, quem sabe do iminente desmanche dessa intervenção urbana na forma como a conhecemos?

Já nas últimas semanas, a ansiedade dos paladinos do Porto Maravilha com o encalhe dos certificados de potencial construtivo (CEPACs) que deveriam financiá-lo - expressa por O Globo em 28 de maio e 4 de julho, clamando pela continuidade do projeto [2] - dera lugar a uma constrangedora lavagem pública de roupa suja entre a Caixa Econômica, a prefeitura do Rio, a Companhia de Desenvolvimento do Porto e a concessionária Porto Novo (sociedade de empreiteiras responsável para execução das obras de infraestrutura e dos serviços urbanos na região) decorrente da suspensão dos repasses do FIIPM-CEF por falta de recursos.

De repente, toda a formidável engrenagem institucional criada para a revitalização do Porto se revela tão frágil quanto um castelo de areia e tão inútil quanto um avião sem asas: com a imundície já tomando conta das ruas, a prefeitura foi simplesmente obrigada a reassumir suas tradicionais obrigações com a manutenção daquela parte da cidade [3], mobilizando a Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente, a Secretaria Municipal de Transportes, a Companhia de Engenharia de Tráfego, a Rioluz, a Fundação Parques e Jardins e a Comlurb - que, aliás, já vinha executando o serviço de coleta de lixo e limpeza urbana como contratada da concessionária; a intermediação era paga, como tudo mais, com dinheiro do FIIPM-CEF à conta da venda futura dos CEPACs.

Contudo, os problemas do Porto Maravilha não são de ontem - nem de anteontem. Os mesmos jornais que situam a suspensão dos repasses em janeiro de 2017 garantem que o FIIPM já está insolvente há pelo menos dois anos, o que nos faz recuar a junho de 2016. Não espanta. Em dezembro de 2015, o jornal Extra trazia um relatório publicado no DO da União dando conta da revenda aos investidores-incorporadores privados, até aquela data, de ridículos 8,79% do total de CEPACs adquiridos pelo FIIPM-CEF à prefeitura do Rio de Janeiro, como resultado do “declínio do mercado imobiliário”. [4] A essa altura, a marolinha já virara um tsunami.

Com a situação praticamente inalterada, é de se supor que, passados sete anos, o FGTS continua credor dos R$ 3,5 bilhões investidos em 2011 na compra da totalidade dos direitos de construção válidos para os 500 hectares do Porto Maravilha, acrescidos de outros R$ 4,5 bilhões em obrigações de infraestrutura e 15 anos de serviços urbanos previstos no leilão, sem contar a indispensável aquisição de terrenos (por preços que eu suponho descontados do custo dos próprios CEPACS) sem os quais possuir CEPACS é como voar num Boeing cujo pouso depende de negociar com os aeroportos disponíveis a taxa de serviço. Abordaremos essas questões numa próxima postagem.

Pergunto: como aceitar, em tais circunstâncias - sobre as quais pairam ainda graves acusações de manipulação política e pagamento de propinas em benefício das empreiteiras envolvidas -, que os poderes constituídos (ainda de pé!!!) não se sintam na obrigação de vir a público prestar contas desse imbróglio? De assumir a responsabilidade pela aplicação de recursos do FGTS, às vésperas de uma recessão econômica anunciada, em um pacotaço de direitos de edificabilidade que hoje ninguém quer comprar? De abrir um debate amplo e transparente, para variar, sobre as opções escolhidas, a situação atual e o futuro do projeto?

*
Esta postagem não me saiu como planejada. Era para ser mero preâmbulo, curto e sóbrio, de uma série de comentários que pretendo aqui publicar nas próximas semanas sobre aspectos dessa Operação Consorciada relacionados não à política em geral (que hoje envolve obrigatoriamente a esfera policial), mas à política urbana e ao urbanismo subjacentes - e bota subjacentes nisso!

Ainda que os fatos sigam conspirando em sentido contrário, tentarei me ater a esse plano.

Antes, porém, faço questão de recordar os termos, que considero absolutamente atuais e pertinentes, de uma postagem publicada neste blog há cinco anos, por ocasião do anúncio da Operação Urbana Consorciada Centro de Niterói, empreendimento natimorto que, já em plena crise recessiva, flertou com a possibilidade de reproduzir o milagre, aqui esboçado, da mobilização das empreiteiras com pródigos adiantamentos da Caixa Econômica Federal lastreados em CEPACs de retorno duvidoso:
Em todas as grandes cidades do mundo paira, acima dos governos, uma compacta e intrincada rede mundial de concessionárias, empreiteiras, imobiliárias e proprietários de grandes eventos, além, é claro, de financeiras e bancos privados.
Como deixa claro a crise turca, é cada vez mais frágil e precária a barreira que hoje separa as reivindicações elementares das populações urbanas dos grandes cataclismos políticos. A culpa não é, decerto, do blogueiro furibundo. Mais provavelmente, é do papel crítico que tem, na economia contemporânea, a exploração privada cada vez mais predatória dos bens públicos, dos serviços essenciais e não essenciais e da renda da terra urbana; e, consequentemente, da influência que costumam adquirir seus principais beneficiários diretos e indiretos no governo das grandes cidades.
É por isso que, em se tratando das grandes operações urbanas contemporâneas, cada caso está longe de ser um caso. Ao contrário, cada caso é, em princípio, o mesmo caso. E cabe ao réu provar que é inocente.
___
https://oglobo.globo.com/opiniao/o-porto-maravilha-tem-que-continuar-22719405

2018-07-30


terça-feira, 24 de julho de 2018

Mico Maravilha

Bem Paraná 23-07-2018, por Folhapress

Caixa escolhe nova sede no RJ na Cinelândia e ignora revitalização do porto

Foto: Marcelo Sayão/ EFE
Fonte: Internet*
A Caixa Econômica Federal escolheu a sua nova sede no Rio de Janeiro atendendo a pedido de funcionários, mas ignorando o projeto de revitalização da zona portuária, na qual já investiu mais de R$ 5 bilhões do FGTS.
A decisão contrariou membros da Prefeitura do Rio de Janeiro. Eles esperavam que a Caixa escolhesse o Aqwa Corporate, da Tishman Speyer, que fica na região portuária. A ida dos cerca de 2.000 funcionários para o local ajudaria a movimentar a região, que sofre com a falta de projetos imobiliários.

A decisão da Caixa vai ao encontro, contudo, do pleito de funcionários do banco. Eles se queixavam da falta de serviços no porto, dificuldade de acesso e a possível insegurança na área.

Os valores do negócio não foram anunciados. No mercado especulava-se que a oferta de ambos os imóveis eram semelhantes, de cerca de R$ 2 milhões mensais. A Caixa vai deixar sua sede na avenida Almirante Barroso onde atualmente paga R$ 4,2 milhões mensais a um fundo gerido pelo BTG Pactual.

O contrato firmado com a BR Propetiers é de 15 anos (..)

2018-07-24


[*] https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/album/2014/09/22/mico-leao-dourado-resiste-a-extincao.htm#fotoNav=8

Veja mais sobre o Porto Maravilha no "Dossiê Porto do Rio", coluna à esquerda, e nos marcadores "Porto do Rio" e "Porto Maravilha", coluna à direita.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Com os burros n'água

Ademi na imprensa / O Globo 05-07-2018, por Luiz Ernesto Magalhães 

Porto sem fundo 
Montagem à beira do urbanismo
Imagens originais Internet
Idealizado como uma Parceria Público-Privada (PPP) que viabilizaria uma revolução urbana sem o uso de recursos públicos, o projeto Porto Maravilha já custou R$ 280,5 milhões à prefeitura desde junho de 2016. E os gastos vão aumentar. Com a saída, na semana passada, da concessionária que cuidava da área de um milhão de metros quadrados - o equivalente aos bairros de Copacabana e Leme -, o município teve que assumir os serviços de limpeza, operação de trânsito, iluminação pública e manutenção de vias, uma despesa que pode chegar a R$ 140 milhões por ano, de acordo com o previsto no contrato de concessão.

O projeto está à deriva porque o Fundo Imobiliário administrado pela Caixa Econômica Federal, que deveria financiar as obras de infraestrutura e a manutenção, encontra-se insolvente há dois anos. Por isso, deixou de repassar recursos à Concessionária Porto Novo. A prefeitura já teve que injetar dinheiro na PPP em dois momentos. No início de 2017, o município pagou R$ 62,5 milhões, a fundo perdido, para ressarcir despesas com conservação. Depois, a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Porto (Cdurp), ligada à prefeitura, comprou R$ 218 milhões em cotas do fundo, tornando-se "sócia" do negócio. Agora, o sistema de financiamento voltou a naufragar, e a concessionária deixou o projeto. (..).

2018-07-05

Veja mais sobre o Porto Maravilha no "Dossiê Porto do Rio", coluna à esquerda, e nos marcadores "Porto do Rio" e "Porto Maravilha", coluna à direita.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Devagar quase parando


Deu na Exame 27-02-2018, por Adriana Belisário, da Agência Pública

Porto Maravilha corre o risco de parar em 2018
Prefeitura diz que serviços na região podem ser suspensos por falta de dinheiro
A crise econômica atracou nos últimos anos no cais do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro (RJ). Às vésperas de completar nove de seus 30 anos de vida, a operação ficou refém do seu gigantismo e enfrenta dificuldades para pagar o consórcio formado pela Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia, que faz obras e serviços como limpeza de ruas e coleta de lixo na região.
Projetos licenciados no Porto Maravilha
Clique na imagem para ampliar
Bruno Fonseca/Agência Pública
Em entrevista exclusiva, Antônio Carlos Mendes Barbosa, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (CDURP), admite a possibilidade do projeto ficar sem caixa este ano.
(..) Para Mendes Barbosa, tudo vai depender do Fundo de Investimento Imobiliário do Porto Maravilha, controlado pela Caixa Econômica Federal (CEF). “Quem comprou os terrenos e/ou Cepacs têm o compromisso de dar liquidez”, diz ele, referindo-se à obrigação de a CEF garantir recursos. “Tenho conversado tanto com gestores quanto com cotistas do fundo sobre isso”, completa.
O combustível para mover as engrenagens do Porto Maravilha é a venda dos Certificados do Potencial Adicional de Construção (Cepacs) pelo fundo da CEF, que comprou todos os títulos da prefeitura, em lote único, em 2011 por R$ 3,5 bilhões. A compra usou recursos dos trabalhadores (FGTS), com a expectativa de revendê-los mais caros no mercado para empreendedores interessados em aumentar a quantidade de andares de seus imóveis na região.
Segundo o fluxo planejado, os Cepacs pagariam as empreiteiras, que se tornaram responsáveis não só por obras como também por serviços que no resto da cidade são realizados pela prefeitura, como a coleta de lixo. O problema é que foram poucos os compradores, e os Cepacs estão encalhados.
Não há novos projetos licenciados com consumo de Cepacs no Porto Maravilha desde meados de 2015. (Continua)


Acesse a materia completa clicando


quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Deu no Diário de Nordeste
08-01-2018, por Vanessa Madeira 
Capital é cidade com mais Operações Urbanas Consorciadas no Brasil

Por meio da parceria entre o poder público e a iniciativa privada, Fortaleza tem passado por transformações urbanas com impactos diretos e indiretos no cotidiano dos moradores das mais diversas regiões da cidade. Com a realização de Operações Urbanas Consorciadas (OUC), instrumento urbanístico previsto no Estatuto da Cidade, áreas degradadas ou com grandes demandas sociais e físicas recebem investimento e vivenciam mudanças que vão desde a construção de vias e implantação de árvores à geração de empregos.

Mecanismos do tipo começaram a ser adotados em Fortaleza nos anos 1990. Hoje, com sete operações consolidadas - abrangendo os bairros Papicu, Jóquei Clube, Praia do Futuro, Canindenzinho, Siqueira, Luciano Cavalcante, Mucuripe e Sapiranga - a Capital cearense supera São Paulo e Rio de Janeiro e é considerada a cidade com o maior número de parcerias nesse modelo no Brasil, conforme aponta a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma). Para o próximo ano, outras 14 novas áreas com potencial para a criação de OUCs devem ser anunciadas. (Continua) 

Consulte o Relatório de Desenvolvimento Ouc Maceió Papicu, Prefeitura de Fortaleza / Quanta
 
2018-01-10


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Vêm aí os PETROCEPACs

Deu n’O Globo online Rio
11-10-2017, por Gustavo Schmitt
  
Crivella diz que vai a Dubai buscar investidores para revitalizar Vargem Grande e Vargem Pequena
Montagem:abeiradourbanismo.blogspot.com.bt
Imagens originais: Internet
(..) O prefeito disse que a ideia é lançar uma parceria público-privada (PPP) para dar andamento aos estudos da região, nos mesmos moldes do Porto Maravilha, no Centro do Rio, e da Avenida Água Espraiada (hoje intitulada Avenida Roberto Marinho) na capital paulista.
Crivella estima que os Cepacs teriam potencial de gerar até R$ 40 bilhões de Valor Geral de Venda (VGV) para os empreendimentos.
O prefeito disse que o potencial construtivo das Vargens dobraria, mas não soube informar como isso poderia acontecer na prática, nem mesmo se o aumento seria de gabarito, na verticalização das construções e nem se precisaria de autorização do legislativo.  (Continua)

2017-10-12