domingo, 30 de junho de 2019

E como se não bastasse, fraudulento


Deu no G1Rio
29-06-2019, por Felipe Grandin e Gabriel Barreira
Empresa que fará autódromo no Rio tem 0,14% do capital exigido; presidente é sócio de consultoria que ajudou a fazer licitação
Divulgação / consórcio rio motorsports
Fonte: Metrópoles online
Criada 11 dias antes do lançamento da concorrência, Rio Motorpark tem capital social de R$ 100 mil; edital exigia mínimo de R$ 69,7 milhões. Presidente da empresa, José Antonio Soares Pereira Júnior, é sócio da Crown Assessoria, que ajudou a prefeitura a montar o edital da licitação. Empresa e prefeitura negam irregularidades; MPF vê indícios de irregularidade.
(..) A única concorrente da licitação foi a Rio Motorpark Holding S.A. O capital social da empresa é de R$ 100 mil, conforme registro na Junta Comercial do RJ. Esse montante equivale a 0,14% dos R$ 69 milhões (item 26.10 do edital) de capital social mínimo exigido pelo edital – 10% do valor total do contrato, estimado em R$ 697 milhões. A empresa vencedora tinha cinco dias úteis após a licitação para abrir uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) com esse capital, o que não foi feito. (Continua)

2019-06-30


domingo, 23 de junho de 2019

Google Realty

Deu na Exame
21-06-2019, por Gerrit De Vynck e Noah Buhayar / Bloomberg
https://exame.abril.com.br/negocios/google-promete-us1-bi-para-construcao-de-casas-em-sao-francisco
Google promete US$1 bi para construção de casas em São Francisco
O Google vai ajudar a aliviar a crise de moradias na baía de São Francisco.

Como? Investindo no setor. Nos próximos 10 anos, 750 milhões de dólares de seus próprios terrenos serão redirecionados para a construção de pelo menos 15 mil moradias a valor de mercado. 

Explica a matéria:
O sucesso do Google e de outras empresas de tecnologia do Vale do Silício contribuiu para a disparada dos preços de moradias na Baía de São Francisco. O setor emprega dezenas de milhares de pessoas de alta renda que compraram ou alugaram imóveis (...) Ao mesmo tempo, a oferta de novas casas e apartamentos não acompanhou a demanda.
O mundo mudou muito, mas nem tanto. Há 150 anos, as novas empresas de transporte urbano multiplicavam seus capitais associando-se a quem vendia as terras a que seus trens, bondes e ônibus davam acesso. No Rio de Janeiro, o Barão de Drummond, gênio dos negócios que inventou o Jogo do Bicho para custear o antigo Jardim Zoológico, de sua propriedade, tornou-se concessionário da Companhia de Ferro-Carril de Vila Isabel em 1872 e criou o bairro do mesmo nome loteando o remanescente de suas terras.

Ah, sim. O Google anuncia que destinará outros 250 milhões de dólares a "incentivos para que incorporadoras construam pelo menos 5 mil casas de preço acessível". Um pontinho para o inclusionary housing.

2019-06-23

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Logement, climat, même combat

Deu no Le Monde / Logement 
07-06-2018, por Isabelle Rey-Lefebvre
https://www.lemonde.fr/societe/article/2019/06/07/quand-la-finance-fait-main-basse-sur-le-logement-social_5473003_3224.html 
Quand la finance fait main basse sur le logement social
Foto: Laurent Paillier / Le Pictorium /Francinter
La plupart des métropoles occidentales, de Paris à Berlin, de New York à Stockholm en passant par Londres, sont confrontées à la flambée des prix des logements, qui chasse les classes moyennes vers les périphéries. Pire, dans la plupart des grandes villes européennes, le nombre de sans-abri explose et sature les centres d’hébergement. « Il y a une crise du logement à l’échelle mondiale. C’est la crise sociale la plus importante du moment, aussi urgente que la crise climatique », a alerté Leilani Farha, rapporteuse de l’ONU pour le logement abordable, dès l’ouverture du Festival international du logement social que Lyon accueille, du 4 au 8 juin. (Continua)

2019-06-20

terça-feira, 18 de junho de 2019

Espiral de ouro

Deu no Ara.cat
17-06-2019, por Laia Forès
El Banc d'Espanya avisa que una baixada del preu de l'habitatge afectaria la solvència dels bancs


Ou seja, a estabilidade do sistema financeiro do século XXI está atada à elevação contínua do preço da moradia, que, nas condições de estagnação crônica da economia global, depende da concentração incessante dos rendimentos e da riqueza nos níveis mais elevados da pirâmide social e da invenção cada vez mais frenética de novas modalidades de extração desse excedente como renda da terra - de forma extensiva, pela via da hiperconcentração do capital investido na propriedade imobiliária urbana e na indústria de meios de hospedagem, ou intensiva, como são as novas mecas do investimento imobiliário.

2019-06-18


quinta-feira, 13 de junho de 2019

Paris é pra quem pode

Deu no Le Monde / Cities
11-06-2019, por Soazig Le Nevé
https://www.lemonde.fr/s0mart-cities/article/2019/06/11/a-paris-des-classes-moyennes-en-voie-de-disparition_5474562_4811534.html
A Paris, des classes moyennes en voie de disparition
Gustave Eiffel by Edward L Sambourne 1889
Fonte: Internet
(..) Avec ses 105 km², Paris intra-muros attire des populations aux profils de plus en plus contrastés, les très riches s’établissant dans « l’ancien » et les très pauvres dans des logements sociaux. L’Institut d’aménagement et d’urbanisme (IAU) de la région Ile-de-France note un accroissement significatif des ménages les plus aisés dans les 7e et 8e arrondissements.

L’enrichissement touche également des quartiers proches, « par un effet de diffusion et de consolidation des territoires de la richesse », observe-t-il dans une étude 
[*] parue début juin consacrée à la gentrification et à la paupérisation en Ile-de-France.

(..)« Paris est en train de devenir un repaire pour super-riches, corrobore Emmanuel Trouillard, géographe chargé d’études sur le logement à l’IAU. Des familles s’en vont, des écoles ferment dans les arrondissements du centre de la capitale… Le problème de Paris, c’est de maintenir l’accès des classes moyennes au logement intermédiaire et au logement social. »

(..)Une nouvelle catégorie de population tire son épingle de ce jeu immobilier : les touristes. A la faveur du succès des plates-formes comme Airbnb ou Abritel, un marché parallèle s’est créé, venant assécher un peu plus l’offre locative privée. « Airbnb tue beaucoup de quartiers. En quatre ans, le marché locatif traditionnel a perdu 20 000 logements », dénonce Ian Brossat, adjoint à la maire de Paris chargé du logement. (Continua)

[*]O estudo Gentrification et paupérisation au cœur de l’Île-de-France - évolutions 2001-2015 (pdf 84 pp) pode ser acessado pelo link

2019-11-15


segunda-feira, 10 de junho de 2019

Outorga Onerosa: chegando a BH?

Publicado no Observatório das Metrópoles
30-05-2019, por João Tonucci¹ e Thiago Canettieri²
A Outorga Onerosa no Novo Plano Diretor de Belo Horizonte: entrave ao setor imobiliário ou oportunidade para o desenvolvimento da cidade?
Vista aérea do bairro Belvedere (primeiro plano),
um dos mais Valorizados de Belo Horizonte e
possivelmente o de maior rentabilidade para a
indústria da incorporação. Vila da Serra
(segundo plano), é a extensão da urbanização do
Belvedere no município limítrofe de Nova Lima.
Seria útil aos estudiosos da Outorga Onerosa
apurar os efeitos de uma eventual discrepância
normativa (ausência ou diferentes preços de
Outorga Onerosa) sobre o comportamento
do mercado nessa região.
A aprovação do novo Plano Diretor de Belo Horizonte se arrasta há quase quatro anos, com idas e vindas do Projeto de Lei 1749/2015 entre o Executivo e o Legislativo. Sua origem remonta à realização da  IV Conferência Municipal de Política Urbana, ocorrida ao longo de mais de oito meses do ano de 2014, envolvendo mais de seis mil pessoas dos mais diferentes setores da sociedade. A pauta principal daquela Conferência foi exatamente a revisão do Plano Diretor e do zoneamento da capital, e mais especificamente a regulamentação e previsão de aplicação dos instrumentos de política urbana do Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.257/2001) no território.
O Plano Diretor, exigência do Estatuto da Cidade, é um importante instrumento para que, de maneira coletiva e democrática, se possa definir os rumos da cidade. Com esta revisão realizada na Conferência, depois de muita discussão em outras instâncias, além da participação cidadã e de técnicos, foi sugerida uma transformação para Belo Horizonte, visando reverter as históricas desigualdades sócio-espaciais da capital, que reverberam para a sua Região Metropolitana. O município de Belo Horizonte é marcadamente macrocéfalo, com uma concentração muito grande na sua região central de oportunidades de trabalho, serviços, infraestruturas e lazer, deixando as periferias rarefeitas e precárias (UFMG, 2011). Mais ainda, Belo Horizonte carrega uma história marcada por um imenso déficit habitacional: milhares de pessoas sem onde morar ou vivendo com suas famílias em condições precárias. 
Foi a partir deste diagnóstico, tão evidente na vida cotidiana dos grandes centros urbanos brasileiros, que coletivamente foi discutido e encaminhado uma proposta de uma cidade mais igualitária, com acesso e oportunidades para todos. Por isso, o novo Plano propõe uma estrutura urbana mais policêntrica via o reforço de outras centralidades além do hipercentro, visando aproximar residência, trabalho, lazer e serviços. Isso significa desafogar o centro da capital, diminuir os tempos de deslocamento das pessoas, além de promover um acesso mais igualitário à serviços, infraestruturas e oportunidades. Para promover esse desenvolvimento, o novo Plano se vale de vários instrumentos de planejamento, dentre eles a Outorga Onerosa do Direito de Construir (OODC), previsto no Estatuto da Cidade desde 2001. 
A aplicação da OODC tem se mostrado como o maior entrave político à aprovação do Plano Diretor. Desde o primeiro envio do projeto de lei da Prefeitura para a casa legislativa, o setor imobiliário organizado tem realizado uma pesada campanha – por meio de artigos em jornais e blogs, divulgação de vídeos na internet, lobby junto a vereadores – contra a adoção do instrumento, alegando que o mesmo trará encarecimento dos imóveis, desaquecimento da construção civil e desemprego. Alegam ainda que se trata de um novo imposto criado pela PBH. Queremos aqui rebater essa visão enviesada e desinformada sobre o instrumento. (Continua)
__
¹ Economista; Professor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/FACE/UFMG). Pesquisador do Observatório das Metrópoles.
² Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (IGC/UFMG);  Pesquisador do Observatório das Metrópoles.

2019-06-10


quinta-feira, 6 de junho de 2019

Big deal!

Deu no Diário do Rio
31-05-2019, por Redação
Porto Maravilha já tem 52% dos seus imóveis ocupados
Foto: Edifício Vista Guanabara, Diário do Rio / divulgação 

Metade de quase nada é próximo de nada mesmo, um rotundo fracasso se considerarmos que estamos falando de meia dúzia de edifícios comerciais dispersos numa área de projeto de 500 hectares.

A causa primeira desse fracasso, penso, foi a oportunidade. Ao contrário de congêneres ilustres como Puerto Madero (Buenos Aires) e Canary Wharf (Londres), cujos processos de gestação, desenvolvimento, crise e maturação seguiram a cadência do boom financeiro global da virada do século, o Porto Maravilha foi lançado, ao som de fanfarras olímpicas, já em pleno declínio dos mercados de imóveis em geral, e de enclaves turístico-empresariais em particular, que se seguiu à implosão da pirâmide creditícia norte-americana em 2008. 

Mas há o agravante de duas notáveis ausências: um plano urbanístico digno desse nome, com zonas residenciais nutridas pela mescla de usos e grupos sociais e ao menos uma estação de metrô; e uma estratégia de implantação por etapas que assegure a sustentabilidade urbanística e econômica da Operação, a começar pela valorização dos CEPACs destinados a empreendimentos de mercado. 

Ainda que se possa alegar, com justa razão, que a CEF de Bolsonaro e a CEDURP de Crivella são a cruz a a caldeirinha do futuro do Porto, eu defendo que, em qualquer caso, os CEPACs sejam devolvidos ao município e a Operação Urbana recomece do zero, sob condições de total transparência e o comando de uma comissão de urbanistas de notório saber e comprovada experiência na matéria.

2019-06-06




terça-feira, 4 de junho de 2019

A desigualdade espacial na Região Parisiense

Deu no Le Monde / Logement
03-06-2019, por Denis Cosnard
 https://www.lemonde.fr/societe/article/2019/06/03/ghettos-de-riches-ghettos-de-pauvres-les-inegalites-se-creusent-en-region-parisienne_5470646_3224.html
Ghettos de riches, ghettos de pauvres : les inégalités se creusent en Ile-de-France
Região Parisiense (Île-de-France)
Tipologia das comunidades segundo
a renda das famílias 2015
Clique na imagem para ampliar
Tandis que les quartiers bourgeois s’enrichissent encore, une « paupérisation absolue » frappe des « secteurs urbains entiers », selon une étude.
(..) C’est ce que montre une édifiante étude publiée lundi 3 juin par l’Institut d’aménagement et d’urbanisme (IAU), un organisme qui dépend de la région Ile-de-France. En partant de statistiques sur les revenus, les logements, les types de ménages, etc., elle souligne combien les inégalités se sont creusées depuis une quinzaine d’années dans la région parisienne. 
Inégalités entre individus, mais aussi entre départements, communes et quartiers : malgré tous les efforts, toutes les « politiques de la ville », la mixité sociale recule. Avec des « ghettos de riches » de plus en plus clos sur eux-mêmes, et des « ghettos de pauvres » qui s’enfoncent dans les difficultés. D’un côté, les beaux quartiers de l’Ouest parisien comme le 8e arrondissement, Neuilly-sur-Seine (Hauts-de-Seine) ou Le Vésinet (Yvelines). De l’autre, les cités des Misérables.
L’Ile-de-France est de longue date « la région où les inégalités sont les plus marquées, du fait de la concentration de populations très aisées », rappelle l’étude. (Continua)

2019-06-04