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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Porto dos milagres

Deu na Folha de S Paulo
14-08-2021, por Júlia Barbon
Rio tenta ressuscitar zona portuária 5 anos após Olimpíadas

Montagem: Àbeiradourbanismo
Imagem original: Internet
(..) Mas há uma pedra no meio do caminho. O contrato de parceria público-privada que previa toda a manutenção e as reformas na região pela concessionária Porto Novo foi cancelado por falta de repasses da prefeitura, que agora tenta negociar a volta da empresa.

O modelo da concessão é baseado nos chamados Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção), papéis que as construtoras têm que comprar quando querem construir na zona portuária. Era esse dinheiro que custearia as obras e a zeladoria ali. (..)

2021-08-18


terça-feira, 13 de julho de 2021

No Porto Maravilha, a moradia é à bangu

Deu n'O Dia online
07-07-2021, por Redação
Porto Maravilha ganha segundo empreendimento residencial

A "planta de gabaritos" é o que de mais
assemelhado tem a OUC Porto Maravilha
com um plano de urbanismo.
Os pequenos círculos vermelhos indicam
a localização dos novos empreendimentos
residenciais. O círculo azul indica a
 Estação Rodoviária Novo Rio. 

Editado em 16-12-2024
 
Não é de hoje que critico a OUC Porto Maravilha por não ter planejado seriamente a formação de novos bairros residenciais na região portuária do Rio de Janeiro, com subsídios e regramentos especiais que incentivassem a mescla de usos e de famílias de distintas faixas de rendimento - além, é claro, da expansão do próprio centro de negócios em escala compatível com o fato de que a sua principal força motora, a Petrobrás, já fizera uma clara opção pelo corredor Castelo - Cidade Nova.   

Para tanto seriam necessários não apenas uma estratégia condizente com o tamanho da área e as incertezas da economia - a onda de choque da debacle global de 2008 não era, como se viu, uma simples marolinha -, mas também um plano urbanístico digno desse nome e, o que é decisivo, uma gerência de projeto com reconhecido saber e larga experiência em desenvolvimento urbano, capaz de lidar com as imensas dificuldades que aqueles objetivos supõem.

Em nenhum caso seria admissível a alienação da totalidade dos direitos de edificabilidade, principal ativo da Operação, a uma entidade financeira, no caso o Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha (FIIPM) administrado pela Caixa Econômica Federal, para revenda a incorporadoras. Houve aqui um duplo prejuízo para a municipalidade. O primeiro, de ordem financeira, inclui o deságio no preço do CEPAC resultante da ‘venda para revenda’ [1] e a perda da valorização do solo resultante da conclusão de um setor, ou etapa, da Operação no financiamento da seguinte - o beabá das Grandes Operações Urbanas. O segundo, tão grave quanto ou ainda mais, a renúncia voluntária ao principal instrumento de comando e controle da Operação.

Não bastasse, inexiste perspectiva de o Metrô ter uma estação sequer no Porto Maravilha e o sistema de VLT não é dele uma extensão: tem a sua própria tarifa e não é simbólica. Para deslocar-se do Instituto Nacional do Câncer, no Santo Cristo, ao bairro do Catete, a menos de 5 km de distância, um trabalhador tem de pagar R$ 3,80 no VLT + R$ 5,80 no Metrô. São R$ 500,00 mensais com uma semana de 6 dias, o equivalente a 45% do Salário Mínimo. 

Não vejo, portanto, com nenhum otimismo as recentes matérias da imprensa popular - o que não deixa de ser significativo - sobre os emprendimentos habitacionais que uma construtora está lançando na OUC, o primeiro deles com unidades compactas de 1 e 2 quartos com 32-51 m2 privativos e preços de R$ 191 mil a R$ 342 mil (até R$ 240 mil com juros subsidiados pelo Minha Casa Verde e Amarela). [2]  

Na sua última gestão, o prefeito Paes divisava, no Porto Maravilha, um portentoso (500 hectares!) centro de negócios e turismo de padrão global, com a pseudo-moradia gentrificada e altamente rotativa que lhe corresponde. Agora, sem que tenha vindo a público qualquer balanço das notórias dificuldades financeiras, gerenciais e urbanísticas da OUC, que renderam, aliás, não pouca lavação de roupa suja no jornalismo de negócios, o mesmo Paes aparece como animador da venda em massa de CEPACs para habitação de faixa de rendimento C-D nas imediações da Estação Rodoviária Novo Rio.

Parece confirmar-se o vaticínio por mim proferido neste blog em agosto de 2018, quando o nefando ex-prefeito Crivella trompeteou a construção, na área do Porto, de 5 mil unidades do recém-expurgado programa Minha Casa Minha Vida:

Salvo uma mudança radical, o mais provável é que os subsidiados, que estão sendo chamados de urgência para salvar a PPP, venham a ocupar algum lugar do Porto que não atrapalhe a Maravilha. [3]

É a vantagem de se ter uma OUC sem projeto nem comando urbanístico. No fim das contas, o plano urbanístico do Porto Maravilha se resume a uma "planta de gabaritos" para um campo de pelada onde os prefeitos de plantão possam praticar o seu esporte favorito - bajular os incorporadores e iludir os desavisados:  

"Sempre focamos para que se tenham lançamentos residenciais aqui nessa região, queremos gente morando no Centro do Rio de Janeiro. Esse é um projeto que sempre dissemos que era viável e possível. Nós vamos priorizar essa região da cidade. Quem topar investir, fazer lançamento e comprar imóvel no Centro da cidade vai ter uma região valorizada pela prefeitura", afirmou o prefeito [Eduardo Paes]. [4


_____
NOTAS

[1] A propósito vale lembrar a tese do então diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro - CDURP, num artigo de julho de 2015 intitulado "De onde vem o dinheiro do Porto Maravilha?", de que a revenda pelo FIIPM ao setor imobiliário em 2012, por R$ 1.150,00, de CEPACs arrematados à prefeitura do Rio no leilão de 2011 por R$ 545,00 foi uma "clara demonstração de seu potencial de valorização" e não do fato de terem sido leiloados em lote único pela metade de seu valor de mercado. Acesse o artigo “De onde vem o dinheiro do porto maravilha?”, Porto Maravilha 28-07-2015, por Alberto Silva, diretor-presidente da Cdurp, pelo link
http://portomaravilha.com.br/noticiasdetalhe/3663-de-onde-vem-o-dinheiro-do-porto-maravilha?
 
[2] “Rio Wonder Residences Porto Maravilha”
https://lancamentos-rj.com/lancamento/wonder-rio-centro-rj/

[3] "De volta ao Porto Maravilha". À beira do urbanismo 03-09-2018

[4] "Porto Maravilha ganha segundo empreendimento residencial". O Dia online 07-07-2021

Leia também
“Estande do primeiro empreendimento residencial do Porto Maravilha é inaugurado nesta sexta-feira”. Extra online 04-06-2021, por Pedro Madeira
https://extra.globo.com/noticias/rio/estande-do-primeiro-empreendimento-residencial-do-porto-maravilha-inaugurado-nesta-sexta-feira-25047661.html

2021-07-13

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Óleo de cobra

Deu n'O Globo
06-12-2020, por Luiz Ernesto Magalhães
https://oglobo.globo.com/rio/nova-prefeitura-fara-plano-para-revitalizar-centro-atrair-investidores-1-24783675

Nova prefeitura fará plano para revitalizar o Centro e atrair investidores


O reprefeito eleito Eduardo Paes anuncia 
novos grandes planos para o Centro do 
Rio com o dinheiro de “investidores”.


Mas não era este o objetivo do Porto Maravilha? O que deu errado? Sem tal balanço, não há como levar a sério o novo plano do velho prefeito. Se a recessão já havia detonado a ilusão de uma Operação Urbana Consorciada exclusivamente voltada para os negócios, o turismo e suas populações flutuantes, que dirá agora que a demanda de escritórios e hotéis foi devastada pela pandemia! 

Nunca entendi a pretensão de criar-se uma expansão comercial de 500 hectares num setor distinto daquele (1) em que o Município investiu, já no início deste século, um monte de tempo e dinheiro ("Teleporto” / Cidade Nova); (2) para onde a principal âncora econômica do Centro do Rio, a Petrobrás, vinha direcionando todos os seus investimentos (o corredor Castelo / Cruz Vermelha / Cidade Nova); (3) em que o Metrô, há muito previsto (Estácio-Praça XV), já contava com três estações plenamente operacionais (Estácio, Cidade Nova e Carioca).

Não bastasse, o Porto Maravilha já se anunciava como o canto de cisne de uma geração de Grandes Projetos Urbanos de "revitalização de áreas centrais" nutrida pela ciranda financeira global: os efeitos devastadores da debacle de 2008 despontavam no horizonte quando ele foi deslanchado pelo próprio prefeito Paes ao som das fanfarras da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

Até mesmo a oportunidade de se construir habitação de mercado no Porto, quando a demanda olímpica em dólar empurrou a alta de preços imobiliários na direção do Centro, foi perdida.

Não há como pensar seriamente na recuperação econômica e urbanística do Centro do Rio sem que se inclua, num mesmo plano estratégico, o Centro propriamente dito, a Cidade Nova, a Cruz Vermelha e a Portuária; o comércio, os escritórios, a hotelaria, os serviços e a habitação; o VLT, os ônibus e o Metrô.

Para começar, considero fundamental que se resgatem os CEPACs do Porto Maravilha alienados à Caixa Econômica Federal e que a OUC seja totalmente reformulada sob o comando de urbanistas de reconhecida experiência no assunto - com 100% de transparência, expressa determinação de dar prioridade à mescla de usos, muita habitação para todas as faixas de renda e, é claro, um projeto urbanístico digno deste nome.

Eduardo Paes tem essa dívida com a população da cidade do Rio de Janeiro. Pretender quitá-la com um novo aceno aos "investidores", panaceia que traz sempre na algibeira, não é um bom augúrio. 

2020-12-08

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

De volta ao Porto Maravilha (2)

Presença constante nos cadernos e jornais de negócios, mais recentemente até nos editoriais de O Globo, o Porto Maravilha acaba de fazer uma rara aparição num periódico popular.  

O mapa de potencial construtivo adicional 
por Subsetores é o que há de mais 
parecido com um plano urbanístico 
em todo o saite do Porto Maravilha 

Clique na imagem para ampliar
Refiro-me à matéria “Após retomada de parceria para manutenção do Porto, moradores contam como é morar na região”[1], publicada pelo Extra online no mesmíssimo dia (24-08) da assinatura de um acordo entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Caixa Econômica Federal para a “retomada da parceria público-privada (..) suspensa desde junho” por falta de recursos no caixa do FIIPM - Fundo de Investimento Imobiliário do Porto Maravilha.

A reportagem, com timing de press release e convenientemente focada em entrevistas com moradores dos bairros populares da Portuária, revela o evidente interesse dos editores em promover as virtudes da região para potenciais adquirentes de moradias subsidiadas. Não por acaso: no ato da assinatura do acordo de “retomada da parceria”, foi anunciada pelo prefeito Crivella a construção de 5 mil unidades do Minha Casa Minha Vida.

Aleluia! A moradia subsidiada deveria ter sido, desde o começo, o prato principal da reurbanização da Portuária. Aliás, com um mínimo de visão estratégica e senso de oportunidade, a própria bolha especulativa do ciclo olímpico, que empurrou a curva de preços dos imóveis da Zona Sul na direção do Centro [2], teria tornado viável a construção de residências de mercado na região - desde que existisse, para elas, um projeto de urbanização credível.[3]

Representação esquemática do efeito da demanda extraordinária
por imóveis na Orla Oceânica durante o ciclo olímpico sobre 

os preços dos bairros do corredor Centro-Sul do Rio de Janeiro

Falou mais alto, no entanto, a arrogância dos fazedores de milagres imobiliários, como o ex-prefeito Eduardo Paes, que “não determinou um percentual de títulos reservados à habitação para não desvalorizar os CEPACs”[4] - concebidos e lançados para o mercado de torres comerciais, na teoria um m2 substancialmente mais valioso.

De todo modo, não há que ter ilusões. Com Paes ou sem Paes, o Porto Maravilha não tem até hoje um plano urbanístico propriamente dito e seu comando ainda é essencialmente o mesmo que presidiu à transferência do controle do maior projeto urbano da cidade do Rio de Janeiro à burocracia da Caixa Econômica Federal.

Segundo a imprensa, a própria Caixa defende a reestruturação do projeto, a ser “negociada no próximo governo”[5]. Sendo assim, ninguém sabe hoje que papel terá, afinal, a moradia no empreendimento, se os gestores pretendem projetar um setor residencial digno desse nome ou mesmo em que parte da Portuária serão construídas as 5 mil unidades do MCMV.

Salvo uma mudança radical, o mais provável é que os subsidiados, que estão sendo chamados de urgência para salvar a PPP, venham a ocupar algum lugar do Porto que não atrapalhe a Maravilha.

___
[1] “Caixa Econômica tenta solução financeira para salvar Porto Maravilha”. O Estado de S Paulo 22-08-2018, por Murilo Rodrigues Alves e Vinicius Neder
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,caixa-economica-tenta-solucao-financeira-para-salvar-porto-maravilha,70002467473

[2] “Rio: maior alta de preços residenciais nos últimos 6 anos foi... no Centro da cidade!” À beira do urbanismo 18-08-2014, por Pedro Jorgensen Jr
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2014/08/no-rio-de-janeiro-alta-dos-precos.html

[3] Na dúvida, veja a apresentação “PORTO MARAVILHA - Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp)”, com 63 lâminas.

[4] Porto do Rio sem habitação: encenação governamental”, Blog da Sonia Rabello 15-07-2013, por Sonia Rabello http://www.rede18rj.provisorio.ws/habitacao-para-o-porto-do-rio-tico-e-teco-no-planejamento-governamental/

[5] “Caixa Econômica tenta solução financeira para salvar Porto Maravilha”. O Estado de S Paulo 22-08-2018, por Murilo Rodrigues Alves e Vinicius Neder


2018-09-03


quarta-feira, 8 de julho de 2015

Quem não se comunica se trumpica

El País 03-07-2015, por Elizabeth Reyes, Bogotá
https://elpais.com/internacional/2015/07/03/actualidad/1435894366_817669.html
La Miss Universo colombiana se desmarca de Trump sin renunciar
La reina de la belleza rompe su silencio diciendo que los insultos del millonario a los migrantes mexicanos son “injustos e hirientes”
Pergunta-se à boca pequena se, inspirado no glorioso pé na bunda de Donald Trump desferido pela Rainha da Beleza Universal – sem falar de personalidades menores como Hillary Clinton –, não seria o momento oportuno para Eduardo Paes, o Príncipe do Rio de Janeiro, dar adeus às grotescas Trump Towers da Avenida Francisco Bicalho.
Trump Towers, Porto Maravilha, Rio de Janeiro
No lugar do Paes, eu aproveitaria a ocasião para transferir para lá a Cidade do Samba (com acesso muito mais direto ao Sambódromo) e criar, na antiga "cebola" da RFFSA, o novo bairro residencial da região da Portuária – uma notável ausência na Operação Urbana do Porto Maravilha – com moradias para todas as faixas de renda, estação de metrô, escolas, supermercados, UPA, padarias, farmácias, manicures, restaurantes e botecos.
Cidade do Samba
2015-07-08

quinta-feira, 25 de junho de 2015

“Porto do Rio sem habitação: encenação governamental” (Sonia Rabello,15-06-2013)

Publicado originalmente no blog Sonia Rabello - A Sociedade em busca do seu Direito

Cena 1: 2009. Por proposta do governo Paes (Rio), é aprovada a lei para realizar uma operação urbana na Região Portuária do Rio, sem qualquer previsão para destinação de percentual para habitação na área central e, muito menos, para habitação social (faixa de zero a seis salários mínimos). 

Fonte: Á beira do urbanismo

Cena 2: Em 2011, a Caixa Econômica Federal cria um fundo imobiliário especial, com recursos do Fundo de Garantia dos trabalhadores, para adquirir de uma vez só, em lote único, a totalidade dos títulos de potencial construtivo (CEPACs) do Porto, por R$ 3 bilhões à vista e sem qualquer reserva ou vinculação para edificação residencial e, muito menos, para habitação social. 
Cena 3: Durante o meu mandato como vereadora, proponho o projeto de lei destinando, obrigatoriamente, um percentual mínimo de 10% dos recursos públicos do potencial construtivo vendidos para serem aplicados em habitação social. E a destinação de um mínimo de 10% da área também para habitação social. 
Cena 4: Após tramitar pelas várias comissões da Câmara de Vereadores, o projeto para destinação de habitação social é, finalmente, incluído na pauta de votação. Quando está para ser votado, o líder do governo Paes e atual vice-prefeito do Rio (PT) apresenta uma emenda ao projeto (apoiada por outros 16 vereadores) que suprimia a destinação dos 10% dos recursos do CEPACs à habitação social. Com isso, também tira o projeto da pauta de votação. 
Cena 5: Para viabilizar a construção de prédio residencial para a chamada Vila de Árbitros, a Prefeitura subsidia o negócio, através de termo de compromisso de aquisição dos apartamentos para futura venda aos servidores, através de carta de crédito, com recursos públicos ao empreendimento privado. Valor anunciado: R$ 500 milhões.
Cena 6: No final de 2012, o prefeito Paes envia projeto de lei à Câmara de Vereadores modificando a vinculação dos títulos de potencial edilício (CEPACS) da área portuária para facilitar a sua utilização, sem qualquer menção a uma reserva necessária para aplicação em edificações residenciais e muito menos em habitação social. 
Cena 7: Acaba o meu mandato, em 2013 (não fui reeleita pelo PV), e o projeto de habitação social na área é mandado para o arquivo. Lá dormita sem que nenhum vereador tenha pedido até o momento seu desarquivamento (nem do governo, nem da oposição).
Cena 8:  Em 2013 ocorre, por determinação judicial, novo complemento do Estudo de Impacto de Vizinhança do Projeto do Porto “Maravilha”. Novamente a questão da moradia é levantada com veemência em Audiência Pública realizada na sede do Ministério Público. 
Cena 9: Os jornais começam a publicar críticas em relação à falta de previsão de moradias para o projeto do Porto, como se a questão fosse descoberta agora. O IAB diz que, agora, vai “constituir um grupo” para estudar a questão! 
Cena 10: O prefeito Paes, sempre “Ele”, do Rio, faz uma declaração no jornal  dizendo-se, agora, preocupado (?) com a questão residencial na área portuária.  Diz que não determinou um percentual de títulos reservados à habitação para não “desvalorizar” as CEPACs.  “Como eu queria vender aquele negócio, segurei, mas agora chegou o momento dessa discussão. Precisamos ter gente morando, para não virar o que virou o Centro. Este é o meu medo”. Não diga! 
Cena 11: Nós, atônitos, sem acreditar no que vemos e ouvimos.
Inocência, ignorância ou insensatez mesmo?
Sônia Rabello é advogada e, atualmente, presidente da Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro - FAM-RIO

Leia também, da mesma autora,

“Porto do Rio sem Habitação de Interesse Social? Ganância ou Ignorância?” (08-06-2015)


2015-06-25


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Porto do Rio sem habitação: “revitalização” para inglês ver? – por Sonia Rabello


Publicado em 28 | Outubro | 2013
http://www.soniarabello.com.br/


Em 2009, por proposta do então e ainda atual prefeito do Rio foi aprovada a lei para realizar uma operação urbana na Região Portuária do Rio, sem qualquer previsão para destinação de percentual para para habitação social (faixa de zero a seis salários mínimos).
Dois anos após, a Caixa Econômica Federal criou um fundo imobiliário especial, com recursos do Fundo de Garantia dos trabalhadores para adquirir de uma vez só, em lote único, a totalidade dos títulos de potencial construtivo (Cepacs) do Porto, por R$ 3 bilhões à vista e sem qualquer reserva ou vinculação para edificação residencial e, muito menos, para habitação social.
Como era de se esperar, segundo publicação feita no jornal JB Online, o projeto inicial de “revitalização” que deveria incluir, além das alterações em mobilidade urbana e na infraestrutura, a revitalização das moradias já existentes na região e a criação de novos complexos habitacionais, com o repovoamento da região, moradores afirmam que o local está sendo utilizado para a construção massiva de complexos empresariais, por seu caráter econômico mais vantajoso.
Em suma, o governo municipal privilegia complexos empresarias à construção de residências, tornando a Região Portuária uma extensão do Centro do Rio. E a derrubada da Perimetral, marco principal desse processo da propagada “revitalização”, mas que, segundo informa a publicação, “não livra a região do seu futuro iminente: abandono e esvaziamento”.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ), Agostinho Guerreiro, criticou a postura da Prefeitura e não acredita em uma revitalização que desconsidera a construção de moradias.
“Não é o ideal porque quando se falou em revitalização, a ideia é revitalizar o porto e com isso, incluir a população. Qual o conceito de revitalização? É não ter uma cidade morta em nenhum momento do dia. E o que acontece com a cidade do Rio na parte da noite é que uma grande parte da cidade é morta, exatamente pela prioridade que foi se dando à parte de edificações institucionais, voltadas para serviços e comércio. São atividades que transcorrem fundamentalmente durante o dia”, explica.
A presidente da Associação dos Moradores do Morro da Conceição, Márcia Regina, afirmou que nenhum tipo de investimento foi realizado na localidade e que a chegada de empreendimentos comerciais tem sido intensa. “Aqui no Morro da Conceição nada foi feito, a Prefeitura deixou muito a desejar aqui. Fizeram uma obra ‘para gringo ver’, abriram a rua toda porque iam fazer fiação subterrânea e a obra não foi finalizada. Tem uns postes aqui no meio da calçada, e as pessoas são obrigadas a andar no meio da rua. Tem dez dias que uma criança foi atropelada”, reclama.
Em berço esplêndido -
Durante o meu mandato como vereadora, propus um projeto de lei destinando, obrigatoriamente, um percentual mínimo de 10% dos recursos públicos do potencial construtivo vendidos e a destinação de um mínimo também de 10% da área para serem aplicados em habitação social.
Após tramitar pelas várias comissões da Casa Legislativa, o projeto foi incluído na pauta de votação, mas prestes a ser votado, o líder do governo Paes e atual vice-prefeito do Rio, apresentou uma emenda ao projeto (apoiada por outros 16 vereadores) que suprimia a destinação dos 10% dos recursos do Cepacs à habitação social.
Com isso, também tirou o projeto da pauta de votação que acabou sendo arquivado. Lá dormita sem que nenhum vereador tenha pedido até o momento o seu desarquivamento.
O “medo” tardio…
Ainda este ano, por determinação judicial, ocorre um novo complemento do Estudo de Impacto de Vizinhança do Projeto do Porto “Maravilha”. A questão da moradia é levantada com veemência em Audiência Pública realizada na sede do Ministério Público. A mídia se alvoroça através de críticas em relação à falta de previsão de moradias para o projeto do Porto, como se a questão fosse descoberta agora….
O prefeito, por sua vez, disse, então, estar preocupado (?) com a questão residencial na área portuária, afirmando que não determinou um percentual de títulos reservados à habitação para não “desvalorizar” as Cepacs.
“Como eu queria vender aquele negócio, segurei, mas agora chegou o momento dessa discussão. Precisamos ter gente morando, para não virar o que virou o Centro. Este é o meu medo”. Não diga!
E a sociedade, atônita, não acredita no que vê ou no que ouve. Será preciso esperar o fim desse enredo para se lamentar, como sempre ?

Sonia Rabello é professora de direito administrativo e urbanístico 




domingo, 20 de janeiro de 2013

Força estranha

Deu no UOL Olimpiadas 2012
30-04-2012, por UOL
Prazo para inscrições acaba e Nuzman é o único candidato à presidência do COB até 2016 
Fonte: Internet
Anos atrás, num debate realizado na Associação Brasileira de Imprensa sobre o processo de preparação da cidade do Rio de Janeiro para o Panamericano de 2007,  um conhecido político e administrador público ligado à área de transportes, extasiado com a explanação do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro sobre a importância do PAN para o desenvolvimento do Rio e o fabuloso legado que ele deixaria para a cidade, exclamou: — Ah, por que não decidimos de uma vez deixar ao Comitê Olímpico a tarefa de governar a cidade?

Oratória? Vaticínio? Só sei que diariamente eu me pergunto sobre a estranha natureza desse poder que tem o Comitê Olímpico Internacional, de fazer com que todos os governantes do planeta se curvem, mais ou menos voluntariamente, aos seus desígnios! 

2013-01-20