domingo, 30 de julho de 2017

Cidade privada: Londres

Deu no The Guardian online
24-07-2014, por Chris Michael, editor; Jack Shenker, reporter; Naomi Larsson e Athlyn Cathcart-Keays (Guardian), Julie Cox e Chloe Smith (GiGL), pesquisa; Nick Van Mead, produção; Pablo Gutierrez, gráficos


Revealed: the insidious creep of pseudo-public space in London
A Guardian Cities investigation has for the first time mapped the startling spread of pseudo-public spaces across the UK capital, revealing an almost complete lack of transparency over who owns the sites and how they are policed.
The Granary Square, Londres
Pseudo-public spaces – large squares, parks and thoroughfares that appear to be public but are actually owned and controlled by developers and their private backers – are on the rise in London and many other British cities, as local authorities argue they cannot afford to create or maintain such spaces themselves.
Although they are seemingly accessible to members of the public and have the look and feel of public land, these sites – also known as privately owned public spaces or “Pops” – are not subject to ordinary local authority bylaws but rather governed by restrictions drawn up the landowner and usually enforced by private security companies.
(..) As things stand, corporate authority over who can and can’t access open spaces in the capital is only set to grow. Nearly all of the city’s ongoing major redevelopment projects, from the mammoth Nine Elms neighbourhood in Battersea to new construction and at Shoreditch’s Bishopsgate Goods Yard, is set to include new pseudo-public space, but details of what rights Londoners will enjoy there – or the ways in which they can expect to be policed – remain a mystery. (Continua)

Acesse a matéria completa pelo link
https://www.theguardian.com/cities/2017/jul/24/revealed-pseudo-public-space-pops-london-investigation-map



2017-07-30

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Cemitério de azulejos

Foto www.avebarna.blogspot.com.br
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Se voce pensa, caro leitor, como eu sempre pensei, que cemitério de azulejos é uma loja de materiais de construção especializada em azulejos antigos e revestimentos cerâmicos fora de linha, é porque não teve a oportunidade de conhecer o pequeno cemitério da região dos Três Picos, município de Nova Friburgo. 

Foto www.avebarna.blogspot.com.br
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À beira da estrada de acesso ao Parque, onde toda a atenção é atraída pela magnífica formação rochosa que se exibe a cada curva sob formas sempre novas e mais imponentes, desponta a certa altura, no alto de uma pequena colina arborizada, um compacto agrupamento de formas geométricas coloridas, tão inesperadas em meio às plantações de hortaliças que somente um segundo pensamento admite ser um cemitério e um terceiro um cemitério de humanos.

Foto www.avebarna.blogspot.com.br
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Semioculta atrás de uma cerca viva, a rampa de acesso ao campo-santo desemboca num platô gramado onde uma construção avarandada serve, com certeza, de abrigo às últimas exéquias e, do outro lado, bancos estrategicamente dispostos se oferecem aos que preferem solidarizar-se a uma distância segura da presença física da morte.

Foto www.avebarna.blogspot.com.br
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Ultrapassado o portãozinho de ferro, o cemitério propriamente dito estende-se colina acima repartido por um estreito passeio que dá acesso, de um e outro lado, a grupos de jazigos revestidos de cerâmicas decorativas comumente utilizadas em pisos e paredes de varandas, salas, quartos, cozinhas, banheiros e áreas de serviço, todos posicionados de frente para a rodovia e a montanha, com suas respectivas lápides e relicários, mas dispostos mais ou menos aleatoriamente no terreno de modo tal que dão ao conjunto o curioso aspecto de um bairro popular - fantasma, é claro - de arquitetura cubista, multiface e multicor.

Tão apto quanto qualquer necrópole repleta de mármores e granitos ao trânsito dos usuários para a bem-aventurança dos céus, o cemitério dos Três Picos – seu nome verdadeiro ainda estou por descobrir – é um lugar que não descuida, como convém à celebração de vidas vividas com modéstia, dignidade e muito trabalho, da vistosa domesticidade de suas eternas moradas terrenais. 


2017-07-27


segunda-feira, 24 de julho de 2017

Imóveis: subutilização, abandono e ruína

Deu no blog Sonia Rabello - A Sociedade em Busca de Seu Direito
24-07-2017, por Sonia Rabello
http://www.soniarabello.com.br/tres-questoes-distintas-com-diferentes-solucoes-imoveis-abandonados-sem-uso-e-imoveis-em-ruinas/

Três questões distintas com diferentes soluções: imóveis sem uso, imóveis abandonados, e imóveis em ruínas
Av Rui Barbosa 170 Rio de Janeiro
Fonte: Blog Sonia Rabello
Publicou-se, ultimamente, várias opiniões e manifestações sobre imóveis abandonados, vazios  e em ruínas. Estes últimos com ênfase naqueles preservados em centros históricos como Rio, Salvador, Recife, São Luís e outras inúmeras cidades brasileiras.
(..) As três palavras mais usadas quando se mencionam estes imóveis são vazios, em ruínas e abandonados. As três locuções significam diferentes problemas, seja quando o foco da questão for a preservação do patrimônio, seja quando formos tratar dos problemas urbanísticos, especialmente do acesso à moradia e o uso do estoque imobiliário das cidades.
(..) Cada uma dessas situações do patrimônio imobiliário de uma cidade são juridicamente distintas, embora, em muitos casos, possam estar sobrepostas.Mas, em todos os casos, as soluções não são pontuais, nem mágicas, e todas dependem necessariamente de um planejamento urbano bem construído, de medidas permanentes de médio prazo e, especialmente de órgãos e servidores públicos que construam e participem permanentemente de sua efetivação.
Sem eles, os servidores, nada poderá ser corretamente implantado e concretizado. (Continua)
Sonia Rabello é jurista e Professora Titular de Direito Administrativo da UERJ 

sábado, 15 de julho de 2017

Moradia do dinheiro

Deu no Mother Jones maio-junho 2017, por Paul Roberts https://www.motherjones.com/politics/2017/05/hedge-city-vancouver-chinese-foreign-capital/


Is Your City Being Sold Off to Global Elites?
Visas for sale, skyrocketing housing prices, miles of condos
Fonte: https://www.vancouverrealestatepodcast.com
/podcast/speculation-is-good-for-vancouver/
It’s midmorning on a Saturday in Richmond, a suburb of Vancouver, British Columbia, and this is maybe the 20th example we’ve seen of what locals call the “empty-house syndrome"—homes purchased by foreign nationals, many of them wealthy Chinese, and left to sit vacant. Some will eventually have occupants; Vancouver is a top destination for well-heeled emigrants. But often, the new owners treat the houses as little more than vehicles for spiriting capital out of China. By one recent estimate, 67,000 homes, condos, and apartments in the Vancouver metro area, or about 6.5 percent of the total, are either empty or “underused”—an appalling statistic, given a housing market so tight that rental vacancy rates are below 1 percent. Hence the shoes: To shield absentee owners from public opprobrium, niche firms specializing in “vacant-property maintenance” will arrange elaborate camouflages—everything from timed light switches and “garden staging” to artful props, like pumpkins at Halloween and wreaths at Christmas.
(..) For wealthy Chinese, Vancouver has emerged as the perfect “hedge city”—scenic, cosmopolitan, with good schools, a long-standing Chinese community, and an undervalued (by global standards) real estate market where capital can be sheltered against mounting economic and political uncertainties back home. In 2015 alone, according to estimates by Canada’s National Bank Financial, Chinese purchases of real estate in the Vancouver metropolitan area amounted to nearly $ 10 billion, or a third of the total dollar amount spent on city real estate. (Figures are in US dollars unless otherwise noted.) So popular is Vancouver among hedgers that local real estate firms send Mandarin-speaking recruiters to Chinese cities to entice buyers to take bus tours of Vancouver’s upscale neighborhoods.
But for many longtime residents, Vancouver’s evolving role as a giant safety deposit box for China’s elite has been profoundly destabilizing. Thanks in part to foreign capital, home prices here have more than doubled since 2006. In one 12-month period (mid-2015 to mid-2016), the median price for a single-family house jumped nearly 40 percent, to $ 1.17 million, making Vancouver almost as expensive as San Francisco, but with a job market that is far less varied and robust. (Continua)

2017-07-15


terça-feira, 11 de julho de 2017

Medianera americana

Manhatttan
Sempre me intrigou, nas ocasiões que tive de visitar Nova York, a profusão de janelas abertas nas empenas* das edificações, antigas e novas, clássicas e modernas, residenciais e comerciais - algo que, de modo geral, inexiste no Brasil.

E a razão é simples: nossas leis urbanísticas e códigos de obras não permitem a abertura de janelas sujeitas - ainda que apenas teoricamente em uma infinidade de casos - a acabar bloqueadas por uma futura incorporação no lote vizinho. 

Uma janela deve, obrigatoriamente, abrir para o espaço aéreo do lote em que está construída a edificação. 

Ocorre que esta regra geral vigora também nos Estados Unidos! Uma rápida pesquisa na Internet me leva a pensar que a diferença reside na maneira como, nesse país, a norma tem sua aplicação balizada de um lado pela circunstância, de outro pelo mercado. 

Manhattan
Me explico. A janela aberta na empena, dita lot line window - literalmente “janela na divisa do terreno” - é um direito precário, vale dizer, o proprietário do imóvel tem a obrigação de emparedá-la no caso de incorporação (development) do lote vizinho, sob pena de infração das normas de segurança contra incêndio. O licenciamento da edificação admite a abertura de janelas de empena, mas o atendimento das normas de ventilação e iluminação natural supõe a existência, em cada cômodo, de pelo menos uma que não o seja! 

Manhattan
Esta é a razão pela qual as janelas de empena constituem um tema recorrente em saites dedicados à compra-venda (nem tanto aluguel, por razões óbvias) de apartamentos e salas comerciais. Eles alertam para a incidência, nos preços de oferta dos imóveis, de benefícios derivados da existência de janelas de empena, a serem descontados nas transações considerando a probabilidade de seu fechamento compulsório no futuro. Um cômodo exclusivamente iluminado e ventilado por uma janela de empena não pode ser computado como tal para nenhum fim juridicamente relevante. Um dormitório ventilado e iluminado por uma janela de empena não é um dormitório. 

Outro aspecto da janela de empena norte-americana decorre do amplo desenvolvimento, no país, do mercado privado de espaço aéreo. Um incorporador que pretenda construir uma torre de 80 pavimentos colada a um antigo edifício de 10 ou 20 pode adquirir daquele condomínio, em perpetuidade, o direito ao espaço aéreo acima da sua cobertura, de maneira a tornar viável a produção de unidades dotadas de fachadas inteiras, envidraçadas inclusive, na empena lateral do lote. 

Washington DC
A consequencia mais relevante dessas regras para a arquitetura urbana talvez seja o aumento relativo das superfícies "vivas" no interior das quadras, proporcionando interessantes efeitos volumétricos e soluções tridimensionais onde, em condições "normais", não haveria mais que a relação entre a altura da edificação e o desenho da fachada. 

Do ponto de vista da experiência latino-americana, a primeira impressão é a substancial redução do número de “empenas cegas” virtualmente perenes, inconveniente estético e ambiental típico do processo de formação da cidade segundo o sistema de edificação lote a lote, amplificado nos grandes centros - que dirá nos grandes centros norte-americanos - pela superposição de ciclos de valorização imobiliária e seus respectivos gabaritos construtivos. As empenas cegas são, pode-se dizer, um traço distintivo da arquitetura das nossas grandes cidades. 


Cito três exemplos que tenho ao alcance da mão: a Figura 1 mostra a justaposição de edificações de dois pavimentos sujeitas à legislação de proteção do patrimônio cultural com edifícios de 10-12 pavimentos construídos no ciclo de valorização imobiliária que a precedeu, na região da Lapa, centro do Rio de Janeiro; a Figura 2 mostra a justaposição de edifícios de apartamentos colados nas divisas, erguidos, talvez, em distintas fases do ciclo de renovação urbana, o primeiro com fachada sujeita ao afastamento frontal mínimo, o segundo com afastamento frontal ampliado em troca de maior altura, na Rua Moreira César, Niterói; a Figura 3 exibe a justaposição de um edifício de apartamentos colado na divisa com o lote de esquina, isolado pela aleatoriedade do próprio mercado, na Avenida Roberto Silveira, também em Niterói. 

O fato de o urbanismo contemporâneo ter encontrado na propaganda e na arte do grafitti - não necessariamente nessa ordem - usos públicos alternativos para as empenas cegas das edificações, com resultados ora detestáveis ora bem interessantes, não nega a dificuldade histórica da nossa disciplina de ajustar as mudanças abruptas dos paradigmas normativos, quase sempre ditadas por novos ciclos de valorização do solo, a uma reconstrução urbana satisfatória sob os ângulos estético, funcional e ambiental.

Janelas a título precário e mercado de espaço aéreo tampouco são respostas suficientes para a distopia que o cineasta e roteirista argentino Gustavo Taretto identifica como a segunda natureza da sua Buenos Aires: “Irregularidades estéticas - e éticas - de edifícios que se sucedem sem nenhuma lógica, demonstrando total ausência de planejamento; exatamente como a nossa vida”. 

Movido pela mesma perplexidade, eu escrevi esta postagem ruminando a ideia de que a poesia urbana quintessencialmente nova-iorquina de Medianeras talvez não pudesse ter sido concebida e realizada - que ironia! - em Nova York, a pátria dos arranha-céus e das lot line windows



segunda-feira, 3 de julho de 2017

E os patrícios vão morar... nas caravelas! (2)

Deu no Visão Economia online
01-07-2017, por Alexandra Correia

As rendas loucas de Lisboa e do Porto
(..) Os preços das casas no centro do Porto subiram 13% em 2016 (em relação ao ano anterior) e no centro histórico de Lisboa a valorização foi de 19%, de acordo com a base de dados Confidencial Imobiliário. 
E basta abrir um qualquer site de venda e aluguer de imóveis para encontrar um estúdio em São Vicente que se arrenda por €1 250 por mês ou um T1 em Alfama por €2 200.
E a tal família, com o ordenado médio, vive aonde? Podemos considerar que um casal que leva para casa, em conjunto, €1 800 brutos, faz parte da classe média, cuja classificação tanta polémica tem dado? Imaginemos que têm dois filhos menores, que precisam de um T2, no mínimo, e que o ordenado líquido conjunto é de 
€1 400. As boas práticas indicam que não deveriam gastar mais de 35% dessa liquidez na renda de casa, ou seja, um máximo de €490. Vão viver aonde? (Continua)


2017-07-03