Mostrando postagens com marcador imobiliário global. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador imobiliário global. Mostrar todas as postagens

domingo, 29 de junho de 2025

Portugal: capitalismo de rendas vs. moradia


The Guardian 25-06-2025
https://www.theguardian.com/commentisfree/2025/jun/25/lisbon-europe-portugal-golden-visa-capital-investors-short-term-rentals
“Over the past decade, Lisbon has undergone a dramatic transformation – from one of the most affordable capitals in Europe to the most unaffordable.

Between 2014 and 2024, house prices in the city rose by 176%, and by more than 200% in its central historic districts. The home price to income ratio, a key indicator of housing affordability, reflects this shift with stark clarity: today, Lisbon tops Europe’s housing unaffordability rankings. This trend extends to the national level. In 2015, Portugal ranked 22nd out of 27 EU countries for housing unaffordability. Today, it ranks first. In a country where 60% of taxpayers earn less than €1,000 a month, finding a rental below that price in the Portuguese capital is only possible if you’re willing to live in 20 sq metres – or less.

To understand how Lisbon reached this point, we need to look back to the years following the 2008 global financial crisis. As part of its shock plan to revive the economy, Portugal embraced a strategy of aggressive liberalisation, aiming to put Lisbon – and the country – on the global map for real estate investment and tourism. (..)”

2025-06-29

domingo, 2 de março de 2025

Economia portuguesa com certeza

Eco Sapo 25-02-2025
ttps://eco.sapo.pt/2025/02/28/setor-imobiliario-de-gama-alta-tem-um-peso-substancial-na-economia-portuguesa

Esta é uma das conclusões do relatónio “Portugal Realty Premium Market”, um estudo pioneiro desenvolvido em parceria entre a Porta da Frente Christie’s e a NOVA School of Business & Economics.
Geograficamente, os distritos de Faro, Lisboa e Porto lideram a oferta deste segmento, ocupando 95% do mercado (com a Madeira a começar a ter alguma expressão), sendo Cascais e Estoril, Quarteira, Santo António e Avenidas Novas as localizações com maior número de imóveis disponíveis. Contudo, enquanto Faro recuperou os níveis de oferta de 2021, Lisboa e Porto ainda estão abaixo desses valores.

Em termos de nacionalidades, a Porta da Frente trabalha maioritariamente com o segmento internacional, destacando-se as nacionalidades americana e brasileira entre as que atualmente mais procuram Portugal para residir. (..)

O estudo evidencia que o setor imobiliário de gama alta tem um peso substancial na economia portuguesa. Em 2022, foi o ano de maior atividade económica do segmento, com a construção e a venda de imóveis contribuindo para um volume de produção de 8,1 [b]ilhões de euros [1,73% da produção nacional] e gerando mais de 106 mil empregos em termos de equivalentes a tempo completo. (..)


2025-03-02

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Turismo de 15 minutos

La Vanguardia 29-08-2024
https://www.lavanguardia.com/local/barcelona/20240829/9897677/barcelona-supera-tres-millones-pernoctaciones-mes.html



Um dos mais dramáticos capítulos do conflito economias vs. deseconomias nas grandes cidades europeias. 

As receitas do turismo de que nem a Espanha nem a Catalunha estão dispostas a abrir mão custam à população barcelonesa, por conta dos "apartamentos turísticos", os aluguéis médios mais caros de toda a Espanha.

Em consequência, suburbaniza-se, mais do que já é suburbanizada, a população trabalhadora e elitiza-se, mais do que já é elitizado, o acesso à “cidade de 15 minutos”.

2024-10-09

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Mercado mundial, associação internacional


Wall Street Journal 21-08-2024
https://www.wsj.com/real-estate/luxury-homes/lisbon-golden-visa-fedca2a3

A principal característica do mercado imobiliário é a sua natureza não-competitiva, que se manifesta como preempção dos imóveis mais bem localizados, segundo o uso e a tipologia requerida, pelas maiores ofertas de preço (renda) de venda ou aluguel.

Uma vez aberto o mercado português aos demandantes de toda a Europa e, logo, do mundo inteiro, a primazia cabe aos endinheirados estrangeiros, sejam ou não moradores permanentes, e nacionais, incluídos os proprietários locais, em número cada vez menor, que podem tê-los como clientes. 

O peso do mercado imobiliário globalizado na formação e concentração da riqueza planetária torna a função social da propriedade, tão cara a nós, urbanistas, uma perspectiva cada vez mais problemática. 

Urge por isso a criação, por iniciativa dos movimentos diretamente envolvidos, que são muitos e bastante combativos em seus âmbitos locais, de uma Associação Internacional da Moradia Social.

2024-09-25

quarta-feira, 17 de julho de 2024

Preços em alta, como [quase] sempre


The Economist 16-06-2024
https://www.economist.com/finance-and-economics/2024/06/16/why-house-prices-are-surging-once-again

In America, Australia and parts of Europe, property markets have shrugged off higher interest rates
O artigo acima projeta um novo ciclo de aumentos de preços imobiliários em países do mundo dito ‘desenvolvido’, com base em causas que eu diria essencialmente conjunturais. Mas que dizer das causas ‘estruturais”?

Num valioso texto produzido para os cursos do Lincoln Institute of Land Policy, já divulgado neste blog, o economista e avaliador colombiano Oscar Borrero assim resume o que chama de comportamento “estrutural” dos preços da terra urbana, por oposição ao “cíclico”: 

“(..) la tierra urbana siempre se valoriza, es decir crece por encima de la inflación. Es la resultante de las leyes de oferta y demanda. (..) ante una demanda creciente [(a) crecimiento económico de la ciudad: industria, comercio, servicios, etc. y (b) El aumento poblacional vegetativo y migratorio] y una oferta escasa [la única manera de aumentar la oferta es incrementar los perímetros de las ciudades], los precios suben en términos reales, es decir por encima de la inflación. Lo cual da como resultado la valorización continua de los terrenos urbanos.” [1] 

Considerando que a população e a economia urbanas continuam a crescer concentradas em uma quantidade limitada de megalópoles planetárias, parece-me razoável supor que o preço relativo das localizações centrais e pericentrais - tanto mais escassas quanto mais se expande “o perímetro das cidades”, vale dizer a área de influência dos centros urbanos principais - continue também crescendo, como ensina Borrero, a despeito da descentralização relativa e desigual imposta pelo trabalho a distância.

Chama também a atenção que a matéria traga o subtítulo “nos EUA, Austrália e partes da Europa, o mercado imobiliário ignorou a elevação das taxas de juros” - uma característica típica do mercado chamado ‘de alto padrão’. Mesmo não sendo economista nem avaliador, eu me aventuro a sugerir um fator estrutural não considerado por Borrero e, aliás, nunca mencionado em publicações da imprensa especializada - a persistente concentração dos rendimentos e do patrimônio, que faz do mercado imobiliário de alto padrão uma espécie de ‘círculo virtuoso’:

“(..) a irrefreável concentração de riqueza que marca a economia do século XXI tem o dom de retroalimentar a espiral de valorização dos imóveis mais luxuosos e bem localizados mesmo em um cenário global de baixo crescimento, estagnação dos salários e precarização do trabalho. (..) quanto mais renda concentram os ricos do mundo inteiro, mais se dispõem a pagar por imóveis de alto padrão em Nova York, Los Angeles, Miami, Londres, Paris, Hong Kong, Dubai, Vancouver, Sydney, Lisboa, São Paulo e Rio de Janeiro, na expectativa razoável de que não faltará quem lhes cubra a parada a qualquer momento em que queiram vendê-los” [2]

E para além do comportamento estrutural dos preços, teríamos aqui também um forte componente do que Borrero chama de ‘comportamento cíclico’:

“(..) La tierra es un recurso escaso y su mercado está interrelacionado directamente con el mercado de la construcción, por tanto su comportamiento no escapa los ciclos económicos y de la edificación; de hecho sigue muy de cerca los ciclos de la construcción y estos a su vez los de la economía. (..)”

A combinação dos comportamentos estrutural e cíclico dos preços imobiliários pode ser observada nos gráficos abaixo, do S&P / Case-Shiller Home Price Index, para dois intervalos temporais diferentes. Nos EUA, o índice de preços tem forte queda com a Grande Recessão de 2008, mas as linhas de tendência 1991-2017 e 200o-2023 são inequivocamente ascendentes (clique nas imagens para ampliar).



2024-07-17

___
[1] BORRERO Oscar, “Formación de los precios del suelo urbano”. Lincoln Institute of Land Policy, EAD, s/ data.
https://drive.google.com/file/d/12719bJhO6ztK8uQ2cj6MhJzEwVuiH6Vv/view?usp=sharing

[2] “Círculo Virtuoso II". À beira do urbanismo 10-12-2017, por Pedro Jorgensen  https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2017/12/circulo-virtuoso-ii.html.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Simbiose imobiliário-financeira: o capital no século XXI


BMCNews 03-02-2024
https://bmcnews.com.br/2024/02/03/itau-unibanco-emite-r-1-bilhao-em-letras-financeiras-para-aquisicao-de-imovel-historico/
Montagem: Àbeiradourbanismo
O banco brasileiro Itaú Unibanco anunciou recentemente a emissão de R$ 1 bilhão em letras financeiras, com o objetivo de alocar esses recursos na aquisição de um empreendimento imobiliário. (..) O imóvel comprado pelo Itaú Unibanco se encontra na Avenida Faria Lima, centro financeiro da cidade de São Paulo, e foi adquirido por um valor total de R$ 1.458.870.160,00. (..)

Do montante emitido em letras financeiras, R$ 530 milhões têm vencimento programado para fevereiro de 2034, enquanto os restantes R$ 470 milhões têm vencimento em fevereiro de 2039. (..)

A Opea Securitizadora foi a entidade subscritora destas Letras Financeiras. Em seguida, a Opea emitiu os CRIs (Certificados de Recebíveis) lastreados pelas letras emitidas pelo banco. O Itaú realizou a distribuição desses CRIs através de uma oferta pública registrada automaticamente perante a CVM e destinada a investidores qualificados e profissionais. (..)

2024-01-31

domingo, 15 de outubro de 2023

O mercado de rotas de fuga da Sagrada Família brasileira


Veja Abril 09-10-2023
"A legislação que abre a possibilidade de concessão de um visto de residência aos estrangeiros que investirem uma determinada quantia no país virou nos últimos tempos um dos caminhos mais curtos para a imigração de brasileiros à Europa. (..)

Bastante agressivo na aplicação dessa política, Portugal virou o destino óbvio de muitos brasileiros, pela proximidade cultural e o mesmo idioma (ou quase, vá lá…). Ocorre que o governo local deu um passo atrás nessa direção, descontinuando o chamado Golden Visa. Quase que imediatamente, muita gente disposta a pegar o primeiro avião para fugir do Brasil passou a avaliar outros destinos. (..) Do ponto de vista do aporte necessário para obter um Golden Visa, a Espanha está numa faixa intermediária, nem tão barata quanto a Grécia, nem tão cara quanto Malta. 

(..) Para se beneficiar do Golden Visa espanhol, que foi lançado em 2013 e se estende também aos familiares, é preciso fazer pelo menos 500 000 euros em investimentos imobiliários. Quem não quiser fazer esse aporte em tijolo ou terreno, tem a opção de transferir capital: 1 milhão de euros para Espanha ou investir esse mesmo valor em uma empresa local. (..)"

2023-10-18

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Financeirização da moradia ou concentração da propriedade?


NY Times 15-08-2023
https://www.nytimes.com/2023/08/15/nyregion/private-equity-apartments-nyc.html
Montagem: Àbeiradourbanismo

Muitos, nos dias de hoje, enquadrariam o objeto dessa matéria na categoria ‘financeirização da moradia’. Eu me pergunto se é o caso. 

A moradia – assim entendo - é financeirizada desde que passou a ser produzida para o mercado, pela simples razão que são poucos os que podem comprá-la sem financiamento parcial de seu preço. Tradicionalmente, os contratos de hipoteca preveem que o próprio imóvel é a garantia do empréstimo para a sua aquisição.

A propósito vale recordar um instrutivo texto, do ano 1981, em que o economista Martim Smolka descreve a operação de compra-venda de um imóvel como transferência ao adquirente, por parte da imobiliária, a um dado preço, do ‘direito de especular’ no mercado de imóveis [1] - que traduzo como o direito de vender ou alugar por uma renda maior do que a sua dívida.

A financeirização da moradia deu um salto de qualidade quando, com a desregulamentação de fins do século passado, generalizou-se nos EUA e Inglaterra a prática dos empréstimos bancários garantidos pelo valor da residência para a compra de bens de consumo, viagens, universidade etc. Famílias com rendimentos estagnados, e até decrescentes, passaram a consumir… o valor futuro de suas casas! [2] [3]

Uma vez re-hipotecado o imóvel em troca de liquidez a curto prazo, o título da dívida podia ser vendido pelo banco para credores de que o devedor nunca ouvira falar, nos mais diversos países  – a pirâmide financeira que desmoronou em 2007, levando milhões de pequenos investidores, boa parte deles trabalhadores cooptados para a mítica “república dos pequenos proprietários’, à perda de seu capital, isto é, de suas próprias moradias que, afinal, eram o lastro de tudo! 

Aqui o que ocorre é algo diferente: a concentração da propriedade imobiliária nas mãos de um pequeno número de firmas de capital de investimento em alugueis. O senhorio deixa de ser o dono da padaria e passa a ser, digamos, George Soros. Este fenômeno parece ter-se acelerado na última década com a recessão e a baixa generalizada das taxas de juros, na Europa e EUA, subsequentes à debacle de 2007. Em tempos de investimentos produtivos de rentabilidade duvidosa, o aluguel residencial em grande escala pode ser um ótimo negócio. [4]

Poder-se-ia argumentar, é certo, que George Soros é, ele próprio, um financista. Mas isto significa que, sob o ângulo do capital proprietário, a ‘financeirização’ não é privilégio exclusivo da moradia, tampouco do parque imobiliário como um todo: é a forma ‘pura’ do capital que controla todas as grandes cadeias de negócios na economia planetária - indústria, comércio e serviços.

“Desfinanceirizar a moradia” é uma causa que tem o meu apreço; mas seria interessante, nesse caso, que começássemos a discutir do que exatamente estamos falando e, é claro, como fazê-lo.

2023-08-16

____

NOTAS

[1] “(..) al comercializar um inmueble, la inmobiliaria no sólo vende um activo fijo, sino que, además, negocia el derecho que capacita al muevo propietario a especular (..)” [SMOLKA M, “Precio de la tierra y valorización inmobiliaria urbana: esbozo para una conceptualización del problema”. Revista Interamericana de Planificación Vol XV, No 60, Dez 1981, p. 78

[2] A indústria do refinanciamento hipotecário foi uma forma de os estadunidenses "tomarem emprestado e consumir como se os seus rendimentos estivessem crescendo". STIGLITZ J, O Mundo em Queda Livre – Os Estados Unidos, o mercado livre e o naufrágio da economia mundial. Trad. José Viegas Filho. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. Cap. 1: A formação da crise

[3] “(..) no Reino Unido e nos EUA, os empréstimos pessoais garantidos pelas residências (EGR) produziram um aumento do consumo: quanto maior o valor da garantia, maior o nível de consumo. (..) Desde a desregulamentação do crédito na década de 1970, a EGR contribuiu de forma importante para a demanda do consumidor no Reino Unido, ainda que somente nos períodos de alta dos preços da moradia (..) A década anterior à crise financeira registrou níveis sem precedentes de EGR, com proprietários valendo-se do aumento dos preços das residências para tomar mais empréstimos e consumir mais. O sociólogo Colin Crouch (2009) descreveu o fenômeno como uma espécie de 'keynesianismo privatizado': ao passo que no período 1950-70 a demanda foi sustentada pelo Estado pela via da expansão fiscal, no período 1980-2007, de declínio dos salários médios, ela foi alimentada pela dívida hipotecária”. RYAN-COLLINS, LLOYD e MACFARLANE, Rethinking the Economics of Land and Housing. Zed Books 2017, edição do Kindle, p. 146.


[4] “(..) Residential demand shifts mainly with demography and is less buffeted by the business cycle. People will still need somewhere to sleep, says Lawrence Bowles of Savills, a property firm: “You can’t digitalise a bed.” And in an era of low interest rates, steady rental income becomes more attractive. (..)” THE ECONOMIST 28-08-2021 “Big British companies are entering the rental market”
https://www.economist.com/britain/2021/08/28/big-british-companies-are-entering-the-rental-market



quarta-feira, 28 de junho de 2023

Real estate blues


Bloomberg 23-06-2023
https://www.bloomberg.com/news/articles/2023-06-23/commercial-real-estate-reset-is-causing-distress-from-san-francisco-to-hong-kong
From San Francisco to Hong Kong, higher interest rates and falling property values are bringing the commercial real estate market to a perilous precipice.

(..) Unlike landlords in New York and London, Hong Kong’s can’t blame remote work for the slump. The city’s highly efficient public transport system and tiny apartments have given residents fewer reasons to work from home. The city is already back at the office; subway ridership surpassed 2019 levels in March.

But the commercial market slump in a rising interest-rate environment still has property owners such as Evergrande in a tough situation. They can’t refinance buildings because of falling values, nor can they easily find buyers for them. The choice is to sell at a steep discount or stomach interest payments. Instead of providing liquidity and stability, real estate assets have become a burden.

2023-06-28

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Só falta combinar com os russos


China2Brazil 05-01-2023
https://china2brazil.com.br/china-quer-estabilizar-mercado-imobiliario/

A reunião do Politburo do Partido Comunista Chinês apontou que é necessário estabilizar o mercado imobiliário e (..) aderir ao posicionamento de que as casas são para morar e não para ‘house flipping’. (..)

2023-01-11

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

É uma riqueza portugueza com certeza


DinheiroVivo 03-11-2022
https://www.dinheirovivo.pt/economia/final-anunciado-dos-vistos-gold-preocupa-promotores-e-investidores-imobiliarios-15313594.html
Montagem: Àbeiradourbanismo
“A declaração que o primeiro-ministro fez na quarta-feira sobre o possível fim dos vistos gold deixou promotores e investidores imobiliários preocupados. Em entrevista ao jornal Eco, o presidente da APII (Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários) critica a possível decisão do Governo, declarando que "é "descabido estar nesta altura a reequacionar o programa de vistos gold, quando todos os países estão a concorrer pela captação de todo o investimento internacional que puderem". Hugo Santos Ferreira diz que as palavras de António Costa são "ruído que vem dar uma grande instabilidade ao mercado imobiliário" e que prejudicam "seriamente a captação de investimento estrangeiro e, portanto, a entrada de riqueza em Portugal", recordando que o programa dos vistos gold já totalizou mais de seis mil milhões de euros de investimento. (..)

2022-11-09

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Socialismo de rendas


Nit / Portugal 04-09-2022
https://www.nit.pt/fora-de-casa/na-cidade/estudo-confirma-lisboa-e-das-cidades-mais-inabitaveis-do-mundo


Os custos de habitação, os salários baixos e o mercado imobiliário sufocado pelo turismo são os principais fatores apontados.

De acordo com um estudo publicado em junho, pela iVisa, Lisboa é considerada a cidade mais feliz do mundo. No entanto, segundo a revista norte-americana “Jacobin”, é também um dos locais menos viáveis para habitar. Parece paradoxal, mas os custos de habitação e os salários baixos levaram à classificação da capital portuguesa como a terceira mais inabitável do mundo, segundo o ranking elaborado em março pela seguradora imobiliária britânica CIA Landlord Insurance citado pela publicação.

“Os custos de habitação em Lisboa são tão elevados que é ainda mais inviável para os inquilinos do que Nova Iorque”, começa por mencionar a publicação internacional. A esta informação, o geógrafo Agustín Cocola-Gant acrescenta que os residentes “têm que dedicar entre 50 a 60 por cento do seu salário à renda, se tiverem um emprego bem remunerado”, um cenário que exclui da equação quem recebe o salário mínimo.

Nos últimos anos, assistiu-se à crescente redução da população residente na cidade. Muitos jovens optam por viver em localidades mais acessíveis da área metropolitana, a população idosa é forçada a sair dos bairros onde passaram toda a sua vida — graças à gentrificação — e Lisboa tornou-se refém de políticas de turismo que agravam os problemas habitacionais. (..)

2022-09-14

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Home equity loans once more


The Guardian 09-06-2022, por Bob Kerslake

Right to Buy (Direito de Compra) é um instituto em vigor no Reino Unido (salvo Escócia desde 01-08- 2016 e País de Gales desde 26-01- 2019), que dá aos inquilinos das moradias do Estado e de algumas cooperativas habitacionais o direito de comprar, com grande desconto, os imóveis em que residem. Para os inquilinos de imóveis cooperativados construídos com subsídio público após 1997, existe também o Right to Acquire (Direito de Aquisição), com um desconto menor. De 1980 a 1997, mais de 1.700.000 moradias sociais foram vendidas no marco dessa política, tida como uma das principais causas da drástica redução da quantidade de moradia social no Reino Unido, que caiu de quase 6,5 milhões de unidades em 1979 para cerca de 2 milhões em 2017, e como o fator principal do aumento de 15% no índice de casa própria, que passou de 55% dos domicílios em 1979 para 71% em 2003 (63% em 2017 na Inglaterra). [1]

A privatização pulverizada dos estoques de habitação social do Reino Unido no âmbito das reformas econômicas thatcheristas foi um componente-chave da política de sustentação do nível de consumo à base de empréstimos pessoais lastreados na expectativa de valorização do solo nas grandes metrópoles.

Este é um aspecto central de O Mundo em Queda Livre (2009), livro de J Stiglitz, ex economista-chefe do Banco Mundial, sobre a debacle financeira de 2008. Nele se lê que a indústria do refinanciamento hipotecário foi uma forma de os estadunidenses "tomarem emprestado e consumir como se os seus rendimentos estivessem crescendo". [2]

O mesmo juízo reaparece, com uma análise mais ampla e historicamente situada, no livro Rethinking the Economics of Land and Housing, dos britânicos Ryan-Collins, Lloyd e Macfarlane [3]:

“(..) no Reino Unido e nos EUA, os empréstimos pessoais garantidos pelas residências (EGR) produziram um aumento do consumo: quanto maior o valor da garantia, maior o nível de consumo. (..) Desde a desregulamentação do crédito na década de 1970, a EGR contribuiu de forma importante para a demanda do consumidor no Reino Unido, ainda que somente nos períodos de alta dos preços da moradia (..). Tanto Margaret Thatcher (1979-92) quanto Tony Blair (1997-2007) desfrutaram, em seus mandatos, grandes booms de consumo parcialmente impulsionados pelo EGR, que contribuíram significativamente para o crescimento do PIB. A década anterior à crise financeira registrou níveis sem precedentes de EGR, com proprietários valendo-se do aumento dos preços das residências para tomar mais empréstimos e consumir mais. O sociólogo Colin Crouch (2009) descreveu o fenômeno como uma espécie de 'keynesianismo privatizado': ao passo que no período 1950-70 a demanda foi sustentada pelo Estado pela via da expansão fiscal, no período 1980-2007,  de declínio dos salários médios, ela foi alimentada pela dívida hipotecária”. [4]
 
Não surpreende que, como explica Muellbauer no prefácio da obra, "no longo prazo, as famílias altamente endividadas [tenham ficado] vulneráveis ​​à queda dos preços imobiliários". [5] Nos EUA, o colapso financeiro de 2008 significou que "pelo menos 10 milhões de pessoas perderam suas casas, quase 9 milhões perderam seus empregos e, quatro anos depois, 46,5 milhões viviam na pobreza [6].

____

[1] WIKIPEDIA: "Right to Buy".
https://en.wikipedia.org/wiki/Right_to_Buy

[2] STIGLITZ J, O Mundo em Queda LivreOs Estados Unidos, o mercado livre e o naufrágio da economia mundial. Trad. José Viegas Filho. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. Cap. 1: A formação da crise

[3] RYAN-COLLINS, LLOYD e MACFARLANE, Rethinking the Economics of Land and Housing. Zed Books 2017, edição do Kindle, p. 146.

[4] “(..) in the UK and the US, the home-equity withdrawal [HEW] channel boosts consumption as existing homeowners are able to finance higher consumption on the back of higher collateral values. (..) Since the credit deregulation of the 1970s HEW has made important contributions to consumer demand in the UK but only in certain periods when house prices have been rising (..). Both Margaret Thatcher (1979–92) and Tony Blair (1997–2007) enjoyed major consumption booms partially driven by HEW, with equity withdrawal contributing significantly to GDP (..) in both their tenures. The decade before the financial crisis saw unprecedented levels of home equity withdrawal as homeowners used rising house prices to increase their borrowing to fund consumption. The sociologist Colin Crouch (2009) has described this as a form of ‘privatised Keynesianism’, with the large injections of mortgage debt via equity withdrawal propping up consumer demand in the face of declining median wages, in contrast to the state supporting demand via fiscal expansion as in the 1950–70 period.”

[5] MUELLBAUER J, "Foreword", em RYAN-COLLINS, LLOYD e MACFARLANE op. cit.
 
[6] “The financial crisis hit 10 years ago. For some, it feels like yesterday”. Los Angeles Times 15-09-2018, por Colleen Shalby

2022-06-15

domingo, 13 de fevereiro de 2022

El capital en el siglo XXI: rentadicción

Deu no The Guardian
27-01-2022, por Daniel Boffey
https://www.theguardian.com/world/2022/jan/27/large-investors-drive-up-house-prices-in-europes-cities-study-finds

Fonte: (*)

Large investors drive up house prices in Europe’s cities, study finds

The rate at which institutional investors, such as private equity and pension funds, are buying up housing is accelerating in major European cities, driving up house prices, research suggests.


The volume of purchases in Europe hit €64bn (£53bn) in 2020, with about €150bn worth of housing stock conservatively estimated to be in the hands of such large investors.

Berlin, with €40bn worth of housing assets in institutional portfolios, double the value found anywhere else in Europe, is at the top of the league table, followed by London, Amsterdam, Paris and Vienna, according to analysis of the Preqin private database of investors, funds and large transactions. (..)

European central bank data shows that real estate funds in the Eurozone reached €1tn in 2021, the size of Spain’s GDP, from about €350bn in 2010. Within that, residential assets are said to be an increasingly important part. (..)

The private equity company Blackstone, the world’s largest institutional landlord, manages about $730bn in funds globally, of which $230bn was allocated to real estate in September 2021. Blackstone, which posted record profits in October 2021, owns 65,000 residential units across five European countries. (..)”

According to Preqin data, more than 4,000 institutional investors, directed about $3.6tn of their $136tn assets to European real estate in August 2021. Of these, 1,325 investors held residential assets in their portfolios. The value of real estate portfolios that include housing was said to be about $2tn.

___

(*) “House prices: 'Wall of money' hits European real estate”. DW 03-06-2021
https://www.dw.com/en/house-prices-wall-of-money-hits-european-real-estate/a-57765308


2022-02-13


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Alavancagem socialista

O Globo
26-01-2022, por Bloomberg News
https://oglobo.globo.com/economia/investimentos/cidades-chinesas-vendem-terras-para-si-mesmas-na-crise-do-mercado-imobiliario-25368234

Cidades chinesas vendem terras para si mesmas na crise do mercado imobiliário

Cascata (1961), por M.C. Escher 

(..) Em nove das 21 maiores cidades chinesas que registraram vendas de terrenos nos últimos dois meses do ano passado, ao menos metade deles foi comprada pelos chamados veículos de financiamento local do governo, segundo a consultoria China Index Holdings. Eles funcionam normalmente como uma empresa de investimento que vende títulos para financiar o desenvolvimento imobiliário e projetos de infraestrutura locais.

Embora isso possa ajudar a deter a queda na venda de terrenos e a fornecer uma receita necessária aos governos locais, as compras ameaçam exacerbar os riscos para estes veículos de financiamento.

"Comprar terras vai geralmente levar estes veículos de financiamento a acumular empréstimos e aumentar a alavancagem", afirmou Yuqing Fu, gerente de portfólio do fundo de títulos de renda estável HSBC Jintrust. (..)

2022-02-09

 

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Ora pois!

Deu no Risco / Portugal 17-11-2021, por Fábio C Silva

Covid-19: BCE alerta para sobrevalorização do mercado imobiliário em países como Portugal

Montagem: Àbeiradourbanismo
Imagem original: Internet
O aumento da inflação no mercados imobiliário está a preocupar o Banco Central Europeu (BCE). A instituição financeira alerta assim para o risco de empréstimos com montantes elevados e a assunção de riscos por entidades não bancárias. (..)

Para a instituição liderada por Christine Lagarde, o mercado está “ sujeito a uma correção”, ao mesmo tempo em que alerta que os fundos de investimento, seguradoras e fundos de pensões podem enfrentar “perdas de crédito substanciais” se a sua exposição a dívidas empresariais com baixa classificação diminuir. (..)

Desde 2013, e até ao segundo trimestre deste ano, a habitação “está cerca de 38% mais cara no conjunto da União Europeia. Significa isto que, por ano, houve um aumento médio de 4% neste período”, escreve o Jornal de Negócios. (Continua)

2021-11-19

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Mapa-múndi do patrimônio imobiliário

Deu no Savills / Impact
Setembro 2021, por Paul Tostevan
The total value of global real estate

The value of all the world’s real estate reached $326.5 trillion in 2020, a 5% increase on 2019 levels and a record high. Growth was driven by residential which is by far the largest real estate sector, accounting for 79% of all global real estate value. It saw its value increase by 8% over the year, to some $258.5 trillion.
clique na imagem para ampliar

The world’s most significant store of wealth, real estate is more valuable than all global equities and debt securities combined, and almost four times that of global GDP. The value of all gold ever mined pales by comparison at $12.1 trillion, at just 4% the value of global property.

Residential real estate

China, home to 1.4 billion people, is the world’s most valuable residential market and now accounts for 30% of total global residential value. Total residential value here grew by 13% in 2020, driven by strong price growth coupled with the delivery of new supply.

The US follows, accounting for 11% of world residential value, while just ten countries – China, US, Japan, Germany, UK, France, South Korea, Canada, Italy and Australia – make up 75% of the global residential total.

At a regional level, significant residential wealth is concentrated in Europe and North America, accounting for 43% of value combined, despite being home to just 17% of the global population.

Clique na imagem para ampliar

 

Commercial real estate

The total value of global commercial property fell by 5% in 2020, to $32.6 trillion, at a time when global economic output contracted by more than 3%.

This fall was only ‘on paper’, however, as commercial property owners held firm during the first wave of the pandemic, and best in class assets continued to trade with values sustained.

The United States is the largest global commercial property market, accounting for 27% of global commercial real estate value. It is followed by China, at 16% and Japan at 6%, together making up just under half of all commercial property value.

Supported by renewed global economic growth, our forecasts indicate that commercial property will once again reach new highs by the end of this year, with value growth of 5% anticipated in 2021. This will reverse the falls of 2020 and push total commercial value to $34.3 trillion by the end of 2021, a new peak.

Agricultural land

Valued at $35.4 trillion, agricultural land is now more valuable than all commercial real estate, following a period of exceptional growth in the years after the global financial crisis.

Total value declined, by 7% in 2020, however, led by land price falls in South America where political turmoil and the wider impact of the pandemic have taken their toll.
 
How does performance compare to other asset classes?

Growth in the value of global real estate, at 5% in 2020, was lower than the total value of securitised debt (+17%), equities (+20%), or gold (+29%).

But capital growth only tells part of the story. Real estate has come into its own in global investors’ search for income in a low interest rate environment. Government stimulus in the wake of the pandemic means there is plenty of capital at large, and real estate is viewed as a safe store for it. All this means more money seeking both capital appreciation and, importantly, income.

Clique na imagem para ampliar


2021-10-29