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quinta-feira, 29 de julho de 2021

Pedra cantada

Deu no G1 Rio de Janeiro
18-07-2021, por C Loureiro, H Coelho e M Rodrigues
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/07/18/cinco-anos-depois-legado-da-rio-2016-especial.ghtml



Ficou como era de esperar: os privados com os lucros do negócio, o público com os restos a pagar.


2021-07-29

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Xepa olímpica

O Globo RIO 03-10-2019, por Maíra Rubim

Parque dos Atletas é cedido à iniciativa privada
Montagem: À beira do urbabnismo
Imagem original.: Internet

2019-10-03

segunda-feira, 11 de março de 2019

Porto Maravilha: a solução final

Folha de S Paulo 06-03-2019, por Elio Gaspari

Crivella quer o Porto Jogatina
Venetian Macao Resort Hotel, 
propriedade do bilionário estadunidense
Sheldon Adelson


Num mesmo dia, o prefeito Marcelo Crivella disse que "o Rio de Janeiro é o epicentro da corrupção" e anunciou um futuro radiante para o projeto do Porto Maravilha. Prometeu R$ 10 bilhões em investimentos com a construção de duas torres de hotéis, um centro de convenções e... um cassino.

O prefeito do "epicentro da corrupção" defende a legalização da jogatina para salvar um projeto megalomaníaco atolado na zona portuária da cidade. (..)

O prefeito não joga, não fuma, não bebe e sabe que está apenas criando uma nova miragem para uma cidade ludibriada por fantasias como as da Copa do Mundo e da Olimpíada. (..)

No mundo real, a única pessoa tenuemente interessada nas torres e no cassino prometidos por Crivella é o bilionário americano Sheldon Adelson, que tem complexos de turismo e jogo em Las Vegas, Macau e Singapura. Ele começou a trabalhar aos 12 anos (tem 85) e já juntou US$ 33,3 bilhões (R$ 125,7 bilhões). (..) Dele viriam os R$ 10 bilhões imaginados por Crivella. 

O Porto Maravilha de Eduardo Paes atolou porque era um projeto demófobo. O Rio da zona portuária nunca poderia ter sido o que é o Puerto Madero argentino, como a Barra da Tijuca nunca será uma Miami. Aquela área está num bairro popular e centenário. Quem quiser conferir, que ande pelas ruas da Gamboa e de São Cristóvão. A megalomania imobiliária encalhou porque foram poucos os interessados em levar suas empresas para lá. Ali, o povo do Rio sempre viveu em casas modestas. Miami é em outro lugar.

2019-03-11

terça-feira, 19 de junho de 2018

Legado olímpico

O Dia online 19-06-2018, por Cassio Bruno

Estádio Célio de Barros vira parque de diversões
Nada contra os parques de diversões, que hão de ter o seu lugar em nossa aldeia urbana; só não posso deixar de registrar, uma vez mais, a convicção de que o legado olímpico alardeado pelas autoridades federais, estaduais e municipais organizadoras do evento e prazerosamente repercutido pelos potentados empresariais beneficiários era de fato, no fim das contas, pura e simples empulhação da cidadania.

Leia também, neste blog:

Atenas, Pretoria, Pequim e Rio de Janeiro: “Legado olímpico” é a alegre empulhação das sociedades emergentes (10-04-2012)

Legado olímpico se aprende na escola (22-02-2013)

Julio Delamare e Célio de Barros: NÃO à destruição dos bens do patrimônio desportivo e educacional brasileiro (01-04-2013)

sábado, 25 de março de 2017

Lixo olímpico

Deu no El Confidencial
20-03-2017, por Valeria Saccone, Rio de Janeiro

La absurda ciudad fantasma que hoy son las instalaciones olímpicas de Río: "¡Vergüenza!"

(..) Tan solo seis meses después del cierre de los Juegos Paralímpicos más concurridos de la historia, el Parque Olímpico está sumido en el olvido y la decadencia. La fachada del Estadio Acuático, que debe ser desmontado a lo largo de este año, se cae a pedazos.

(..) En muchos puntos del Parque Olímpico reina el caos. Hay basura y material de construcción acumulados en el suelo. Algunas calles ya presentan agujeros e incluso se han registrado robos de cables eléctricos y de ordenadores. Es la crónica de un desastre anunciado, y eso a pesar de que el exalcalde de Río de Janeiro, Eduardo Paes, uno de los máximos impulsores del proyecto olímpico , aseguró en varias entrevistas antes de la celebración de los Juegos que el ayuntamiento lucharía para evitar esta situación. “No tiene sentido que instalaciones tan grandes, que costaron mucho dinero, que hemos pagado de nuestro bolsillo, se pudran mientras los deportistas no tienen dónde entrenar. Es absurdo”, afirma Marta, profesora de Educación Física.

Desde el pasado mes de diciembre, el Gobierno federal de Brasil es responsable del futuro de este parque deportivo. La transferencia de competencias fue realizada después de que el Ayuntamiento de Río de Janeiro fracasase en la búsqueda de un inversor privado que pudiese ocuparse de administrar ese espacio. El coste anual de mantenimiento ronda los 17 millones de reales (unos 5 millones de euros). (Continua)

2017-03-25

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Benesse olímpica

Deu no The Guardian/cities online
12-08-2015, por Jonathan Watss

O empresário carioca na esperança de um legado olímpico próprio de bilhões
Carlos Carvalho, proprietário de 6 milhões de metros quadrados na Barra da Tijuca, local do Parque Olímpico, quer criar uma ‘cidade da elite, do bom gosto’

(..) O COI inicialmente rejeitou a candidatura do Rio para os jogos de 2012, onde a proposta era que o evento fosse realizado em uma região degradada da Ilha do Governador. No entanto, em 2009, aprovou a revisão da proposta, dessa vez com a Barra como o coração dos jogos de 2016.
Montagem www.abeiradourbanismo.blogspot.com.br
Clique na imagem para ampliar
Isso permitiu que o prefeito Eduardo Paes direcionasse dezenas de bilhões de reais em fundos públicos a obras de infraestrutura na Zona Oeste. Desde então, a Barra foi beneficiada com a extensão da linha 4 do metrô, melhoria de estradas, o BRT (TransOlímpica, TransOeste e a TransCarioca), um aumento de linhas de fornecimento de energia, tubulações de água e estações de tratamento de esgoto. 
Segundo Carvalho, esse desenvolvimento acelerou um processo na Barra que teria durado 30 anos: “A parte mais difícil do desenvolvimento desse plano era trazer a infraestrutura de serviços e as Olimpíadas trouxeram isso. É um pulo de bilhões e bilhões.” (Continua)
Acesse a matéria completa pelo link

Ou o original em inglês pelo link

2016-10-24


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Legado olímpico se aprende na escola

Deu n'O Dia de 22-02-1013
Banco Imobiliário de Paes leva um 'revés'

Fonte: Internet
Rio - A brincadeira da Prefeitura do Rio, que lançou uma versão especial do jogo Banco Imobiliário divulgando as obras de Eduardo Paes e distribuindo 20 mil exemplares a escolas municipais, está sendo reprovada até mesmo por profissionais de Educação da rede pública carioca, além de pedagogos de outros estados. (...) "Achamos inadequado. Não só pela questão política, mas também pelos erros de informação, como dizer que o valor de um imóvel em Deodoro é maior do que em Copacabana ou na Barra”, criticou a coordenadora pedagógica de uma das escolas, que pediu anonimato por medo de represálias.

Olimpíadas, bancos, imóveis.

Algum adulto brasileiro ainda tem dúvida sobre o conteúdo do "legado olímpico"? Sobre o significado do epíteto "Cidade Olímpica"? Sobre o alcance da ideia da "oportunidade olímpica"? Sobre a natureza dessa força estranha que compele os governantes - gregos, troianos, cretenses e tebanos - a se curvarem, agradecidos e embasbacados, à sua presença?

Se tem, recomendo consultar suas crianças. Elas já aprenderam. Na escola.

2013-02-22

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

E o Caio Martins, Rodrigo? Axel?

Deu n'O Fluminense 18/01/2013
http://www.ofluminense.com.br/editorias/cidades/niteroi-e-comite-olimpico-em-parceria-para-inserir-cidade-nos-jogos-de-2016#
Niterói e Comitê Olímpico em parceria para inserir cidade nos Jogos de 2016
(...) O prefeito Rodrigo Neves se encontrou com o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, quando foi acertada a criação de um grupo de trabalho que vai avaliar as potencialidades e necessidades do município para receber delegações, turistas e equipamentos com vistas à preparação e à aclimatação de atletas para os Jogos Olímpicos. “Temos ótimos lugares para receber os atletas, como a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef), o Clube Naval de Charitas, o Iate Clube Brasileiro, a AABB e a Ilha de Mocanguê”, enfatizou Rodrigo. (...)
“O destino do Complexo Esportivo Caio Martins é a oportunidade de o COB e os responsáveis federais e estaduais pela organização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro demonstrarem a seriedade e honestidade de seus propósitos desportivos.

E também de governantes e parlamentares mostrarem que o interesse público lhes fala mais alto do que as centenas de milhões que, como todos sabem e alguns esperam avidamente, poderiam brotar, como lava incandescente, do solo que ele ocupa.

A cidade de Niterói tem todo o direito de considerar que a completa reestruturação física e gerencial do Caio Martins é a única opção legítima para administradores federais, estaduais e municipais que se digam honestamente empenhados em fazer com que os Jogos Olímpicos de 2016 deixem um legado desportivo e urbanístico.” (...)

Leia a íntegra deste artigo em
"Legado olímpico é a reestruturação do Caio Martins"
http://abeiradourbanismo.blogspot.com.br/2011/12/legado-olimpico-e-reestruturacao-do.html

2013-01-23

domingo, 20 de janeiro de 2013

Força estranha

Deu no UOL Olimpiadas 2012
30-04-2012, por UOL
Prazo para inscrições acaba e Nuzman é o único candidato à presidência do COB até 2016 
Fonte: Internet
Anos atrás, num debate realizado na Associação Brasileira de Imprensa sobre o processo de preparação da cidade do Rio de Janeiro para o Panamericano de 2007,  um conhecido político e administrador público ligado à área de transportes, extasiado com a explanação do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro sobre a importância do PAN para o desenvolvimento do Rio e o fabuloso legado que ele deixaria para a cidade, exclamou: — Ah, por que não decidimos de uma vez deixar ao Comitê Olímpico a tarefa de governar a cidade?

Oratória? Vaticínio? Só sei que diariamente eu me pergunto sobre a estranha natureza desse poder que tem o Comitê Olímpico Internacional, de fazer com que todos os governantes do planeta se curvem, mais ou menos voluntariamente, aos seus desígnios! 

2013-01-20

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Chovendo no molhado (mas não tem água na cisterna)

Faltam três anos e meio para a Olimpíada do Rio de Janeiro e ninguém sabe até hoje que destino será dado ao Conjunto Desportivo Caio Martins. Sabe-se que ele não está incluído na relação de locais de treinamento das delegações olímpicas e que foi entregue, pelo Governo do Estado, à administração da Universidade Federal Fluminense.

A pergunta que não para de gritar é: se os responsáveis pelos Jogos e pelos governos não destinaram o CDCM a ser usado, de alguma forma, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, para que o teriam destinado, afinal?

Retorno, pois, à postagem “Caio Martins: Sede olímpica da construção em altura?” Para ler, basta clicar no link:


2012-12-18

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O planejamento olímpico e a revolução dos transportes - republicação

Publicado originalmente em 14-04-2012

Deu no clipping ADEMI de 09-04-2012
http://www.ademi.org.br/article.php3?id_article=47536&recalcul=oui
Corredor expresso da mudança

O Globo, Isabela Bastos, 08/abr

(..)Uma obra bilionária, com 29 estações, quatro terminais rodoviários, oito novos viadutos e ampliações em 11 pontes. O BRT Transbrasil - corredor expresso de ônibus entre Deodoro e o Aeroporto Santos Dumont (..) que a prefeitura espera colocar em operação até dezembro de 2015, terá 37km.
(..) O trajeto definitivo, ao qual O GLOBO teve acesso, foi escolhido em março. Incluído no pacote de investimentos das Olimpíadas de 2016, o corredor partirá de Deodoro e passará pelas pistas centrais das avenidas Brasil, Francisco Bicalho e Presidente Vargas. Já no Centro, o trajeto seguirá pela Rua Primeiro de Março e pela Avenida Presidente Antônio Carlos, chegando ao Santos Dumont. 
(..) A intenção da prefeitura é começar a construir o Transbrasil até dezembro. A licitação deverá ser lançada no segundo semestre, depois que município e União firmarem contrato de financiamento do BRT. A previsão de custos é de R$ 1,3 bilhão. Desse total, R$ 1,129 bilhão serão financiados pelo governo federal, sendo R$ 332 milhões do Tesouro Nacional e R$ 797 milhões incluídos no PAC da Mobilidade Urbana. A contrapartida da prefeitura do Rio será de R$ 171 milhões.(..)

Parece uma boa notícia. Uma excelente notícia até.

E, antes que eu me esqueça, ainda bem que o O Globo tem acesso privilegiado aos projetos do governo. Pelo menos  a gente fica sabendo...

A implantação dos sistemas de BRT no Rio de Janeiro está pelo 30 anos atrasada e até as pedras sabem a razão: o papel histórico do sindicato das empresas de ônibus da cidade como obstáculo ao desenvolvimento dos transportes urbanos. Trazido ao Rio pelo então governador Leonel Brizola, o urbanista Jaime Lerner foi defenestrado antes de poder implantar o seu BRT curitibano no mais cobiçado dentre todos os corredores de transporte da cidade: o Leblon-Copacabana-Praça XV, jóia da coroa dos permissionários de linhas de ônibus.

Expulso do Rio, o BRT foi, no entanto, bem acolhido em Bogotá, onde lhe deram o simpático apodo de “Transmilênio”. Dez anos depois da virada do milênio, ei-lo de volta à Cidade Maravilhosa.  

Mas ainda não é desta vez que o BRT chegará a Copacabana. A Zona Sul precisa subir um degrau, digo, uma letra. Por enquanto, terá de se contentar com o BRS. Graças, porém, à Copa do Mundo e à Olimpíada de 2016, não faltarão BRTs em novos corredores de transporte da cidade: durante certo tempo só se falou de Transcarioca, Transoeste e Transolímpica; agora, a menina os olhos é o Transbrasil, que irá de Deodoro até o Aeroporto Santos Dumont (exigência do dono da marca?) passando por uma laje de 550m sobre o Canal do Mangue e um mergulhão de 400m sob as avenidas Beira-Mar e General Justo. Justíssimo.

Tudo isto parece querer dizer - admitamos – que César Maia estava certo desde 1994: o motor do desenvolvimento urbano nas metrópoles emergentes... é a indústria dos grande eventos planetários. Não nos garante a propaganda oficial que é a Olimpíada que está promovendo a Revolução dos Transportes do Rio de Janeiro? 

Leia o leitor por si mesmo no portal Cidade Olímpica do saite da prefeitura do Rio de Janeiro (http://www.cidadeolimpica.com/transportes/), uma orgiástica peça de propaganda de obras de engenharia que faria corar de vergonha o editor da Manchete da época do Brasil Grande.

[Frustrado com o descaso do público pela conquista do Pan 2007, César tentou celebrar a si próprio com o Museu Guggenheim do Pier Mauá. Repelido, foi acalentar seu ostracismo na ciclópica caixa de sapato avant-garde que mandou erguer no Cebolão da Barra da Tijuca, conhecida como Cidade da Música, de onde assiste,  impávido, ao desfile triunfal de seus antigos afilhados e detratores sob o Arco Olímpico que ele concebeuJustíssimo seria, pois, substituir a estátua do Bellini pela de César, o Maia, na entrada do Maracanã, antes que algum aventureiro decida que o espaço pertence a Eike, o Grande.]

Mas onde está o pulo do gato, afinal?

Eu não sei ao certo, leitor. Não sou um sujeito bem-informado e, como certos árbitros de futebol, estou sempre longe do lance.  Mas tenho boa visão à distância e o mais importante, sou gato escaldado. Aqui vão algumas indagações. Quem quiser segui-las, eu recomendo uma vez mais a dica de Deep Throat: “Follow the money”.

A primeira lição da economia dos transportes é o problema crítico da “demanda de pico”, que impõe vultosos investimentos de capital em equipamentos que ficam ociosos a maior parte do dia, semana, mês ou ano, conforme o caso - o transporte pendular de passageiros entre a periferia e o centro das grandes cidades, o transporte aéreo nos meses de verão nos países ricos e... o transporte aéreo e terrestre em mega-eventos internacionais de curta duração!

Dizem  línguas bem-informadas que as mais recentes decisões em matéria de expansão do Metrô do Rio – a linearização da ligação Pavuna-Botafogo e a expansão da mesma linha (!) de Ipanema para a Barra – atendem não às necessidades do planejamento de transporte municipal e metropolitano, mas às necessidades financeiras da concessionária, que estaria cumprindo obrigações contratuais relativas à expansão do sistema cuidando de otimizar o carregamento – e que carregamento! - de suas composições.

De duas uma: ou o planejamento que preside a construção dos BRTs do Rio de Janeiro (aliás, em que órgão do governo municipal ele reside?) não tem, na verdade, nada a ver com a Olimpíada de 2016 ou está completamente equivocado.

Dá para acreditar que os fluxos previsíveis, ou mesmo uma geografia urbana desejada para a cidade segundo as perspectivas econômicas dos próximos 30 anos, são os mesmos, ou compartem os mesmos vetores, que os fluxos esperados nos 30 dias de Jogos Olímpicos?

Gastar bilhões em infraestruturas e sistemas de transportes com base no princípio de “preparar a cidade para as Olimpíadas” me parece uma rematada estupidez. Seria interessante fazer uma enquete sobre o tema entre os trabalhadores, sem excluir os empregados nas obras. Acho que nenhum deles construiria uma casa com 4 banheiros só porque gosta de receber a parentalha do interior que vem no Natal para tomar banho de mar e assistir ao foguetório de Copacabana.
  
Na verdade, esse risco está parcialmente encoberto e protegido pelo fato de  que, sendo tão grande o nosso atraso nessa matéria e tão aguda a nossa carência de meios de transporte de massa, dificilmente um sistema de BRT num grande corredor do Rio de Janeiro corre o risco de “micar”.

Salvo erros monstruosos de gestão pública – que, em se tratando do negócio olímpico, absolutamente não descarto – os novos BRTs do Rio de Janeiro não deverão “micar” pelo simples fato de que o desenvolvimento real da cidade a médio e longo prazo não está ancorado na Olimpíada nem na Copa do Mundo, mas no papel especial do Estado e da metrópole na economia petroleira do Brasil – planejamento, administração, prospecção, exploração, refino e... royalties na veia!

Pode-se ter uma noção superficial – mas bastante impactante – dessa realidade plotando num mapa os imensos novos edifícios de negócios da, ou alugados à, Petrobrás e suas subsidiárias no centro da cidade, ao redor dos quais gravitam, por sua vez, centenas, talvez milhares de prestadoras de serviços e negócios derivados. Esses não durarão 30 dias, mas 30 anos! De segunda a sexta, e sábados, domingos e feriados em alguns casos.

Se o motor desse desenvolvimento fossem as Olimpíadas e a Copa do Mundo, poderíamos começar a nos preocupar seriamente em como enfrentar os efeitos financeiros do sucateamento de sistemas de transporte e instalações esportivas superdimensionados (ou fora da realidade do nível de desenvolvimento do esporte brasileiro), além, é claro, em como pagar as dívidas do investimento cedido gratuitamente, ou quase, aos concessionários privados das instalações esportivas economicamente viáveis (desde que não imputados os custos de construção).

Não nos iludamos, porém. Em se tratando de sistemas de transporte de massa, não “micar” não é a mesma coisa que funcionar a contento, operar eficientemente, servir adequadamente à população, integrar-se corretamente aos demais meios e modos de transporte e ao tecido urbano  e, last but not least,  ajudar a equilibrar a estrutura urbana profundamente desigual que trazemos do passado. Os novos BRTs do Rio poderão, sim, fracassar se não servirem para “fechar” a malha rodo-ferroviária num conjunto verdadeiramente integrado de transportes urbanos. [Sou do tempo em que "transporte integrado" queria dizer entrar em um veículo num lugar da cidade, trocar de modo e sair em qualquer outro lugar pagando uma única tarifa básica.]

Onde está o plano de tudo isso? Por que três BRTS e uma expansão linear de Metrô, de uma só tacada, com foco na Barra da Tijuca? Que plano tem o governo para multiplicar as oportunidades de acesso à região central? À Praça XV? Cruz Vermelha? Praça Mauá? Catumbi? Rio Camprido? São Cristóvão? Benfica? Que modos e linhas estarão operacional e tarifariamente integrados no Centro da cidade? Como elas se integrarão ao transporte na Baía de Guanabara? Para onde vai a Rodoviária e como poderá ser acessada? Onde se decidem as obras e intervenções prioritárias na cidade e na Região Metropolitana? O que diz o Plano Diretor de desenvolvimento urbano sobre a Revolução Olímpica? Pobre democracia.

Eu não tenho nenhuma dúvida de que o planejamento urbano e de transportes públicos saído da cozinha das empreiteiras e concessionárias virá, fatalmente, cobrar o seu preço. Precedentes, inclusive recentes, abundam – o abandono da ligação de Metrô Estácio-Cruz Vermelha- Praça XV (onde há mais de 10 anos se dá o verdadeiro desenvolvimento de negócios do Centro do Rio), a expansão linear do Metrô até a Barra via Ipanema e Botafogo, o açambarcamento do transporte público na Baía de Guanabara pela Viação 1001, agora monopólio multi-modal da CCR. Mas o  mais novo e curioso exemplo vem da própria matéria que deu o mote a este artigo. Ela diz o seguinte:

“Implantados há poucos meses, o último deles em março, os corredores Bus Rapid Service (BRS) da Presidente Vargas, Primeiro de Março e Presidente Antônio Carlos serão substituídos pelo BRT. Segundo o secretário de Transportes, o BRS é uma solução provisória, que prepara o terreno para a implantação do corredor exclusivo, condicionando os motoristas à nova rotina. (Grifo meu)

Deixa ver se entendi: o BRS é provisório até a chegada do BRT como o Maracanã do Pan era provisório até a chegada do Maracanã da Copa, que por sua vez será provisório, assim como o Parque Aquático Maria Lenk, até a chegada do Maracanã Olímpico e do Parque Aquático Atol dos Tubarões.

Que magnífica lição de planejamento privado... do gasto público!


2012-12-03

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Legado olímpico é a reestruturação do Caio Martins

(Notas para um projeto de reestruturação física e gerencial do Complexo Desportivo Caio Martins)

O destino do Complexo Esportivo Caio Martins é a oportunidade de o COB e os responsáveis federais e estaduais pela organização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro demonstrarem a seriedade e honestidade de seus propósitos desportivos. 

E também de governantes e parlamentares mostrarem que o interesse público lhes fala mais alto do que as centenas de milhões que, como todos sabem e alguns esperam avidamente, poderiam brotar, como lava incandescente, do solo que ele ocupa.

A cidade de Niterói tem todo o direito de considerar que a completa reestruturação física e gerencial do Caio Martins é a única opção legítima para administradores federais, estaduais e municipais que se digam honestamente empenhados em fazer com que os Jogos Olímpicos de 2016  deixem um legado desportivo e urbanístico. 

Na verdade, dadas as vantagens geográficas da cidade de Niterói – de que falaremos adiante – e a localização do complexo, é bastante plausível que, transformado em Fundação municipal e movido por um projeto gerencial competente, o Caio Martins possa ser não apenas uma entidade economicamente autossuficiente, como uma referência nacional em educação e eventos desportivos. 

O complexo caio Martins tem cerca de 4 hectares e é composto basicamente de um ginásio, uma piscina olímpica e um estádio de futebol.

O fato de o atual ginásio e piscina olímpica não se prestarem e não serem adaptáveis ao padrão imposto pelo COI para a realização de competições olímpicas não significa que eles não possam servir plenamente ao desenvolvimento desportivo municipal, metropolitano e estadual mediante um modesto esforço de investimento que os responsáveis estaduais e federais, a julgar pela fábula que vem sendo gasta a fundo perdido na organização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos de 2016, para não falar do Panamericano de 2007, não têm condições morais de recusar.

Vale lembrar que a necessidade de instalações desportivas para as Olimpíadas não se resume aos locais de competição, mas incluem necessariamente quadras, campos, piscinas e instalações de apoio e treinamento.

Por outro lado, a operação do estádio de futebol não é mais compatível com a localização do complexo e muito menos se justifica, do ponto de vista da relação custo-benefício, o seu uso como campo de treinamento. Tanto melhor: a reestruturação física do Complexo permitiria  a transformação de toda a área do estádio de futebol em um conjunto de quadras e espaços desportivos integrados, por um lado, ao ginásio e piscina olímpica e, por outro, a uma grande área pública de lazer de uso geral. 

A reestruturação física e, tão importante quanto, gerencial, do Complexo Desportivo Caio Martins deverá permitir que ele seja utilizado no máximo de sua capacidade:

·  servindo de suporte permanente à pratica educacional desportiva de milhares de alunos da rede de ensino público e privado de Niterói, mediante convênios específicos;

·        servindo de suporte permanente a programas de formação acadêmica e equipes competitivas da Universidade Federal Fluminense mediante convênio específico;

·        servindo de suporte à prática desportiva dos funcionários de todas as empresas da região que quiserem utilizá-lo mediante contratos de uso específico;

·        servindo de local de treinamento e mando de jogos de equipes profissionais de esportes de quadra que a Fundação Caio Martins, em parceria com entidades estatais e privadas, consiga fomentar ou atrair para a disputa dos diversos campeonatos estaduais e nacionais.


A propósito deste último ponto, é preciso considerar que Niterói é uma cidade
  • com pequena extensão geográfica; o Caio Martins não está a mais de 20 minutos por ônibus de qualquer bairro a cidade
  • com elevado nível de renda média para os padrões brasileiros
  • com abundante oferta de serviços;
  • com uma universidade federal de alta qualidade e em franca expansão;
  • com ligação imediata com o Rio de Janeiro;
  • localizada, em condições de trafego normal, a 30 minutos de viagem por automóvel, em via expressa, dos dois aeroportos metropolitanos. 


Uma cidade totalmente adequada, portanto, a sediar equipes e jogos profissionais de esportes de quadra, objetivo alcançável mediante um modesto esforço de gestão por parte de uma futura Fundação Caio Martins junto a confederações, clubes, patrocinadores, clubes e atletas.

A concretização da municipalização do Complexo permitiria a convocação 
  •  de um concurso público de projetos arquitetônicos e urbanísticos para a reestruturação física do CDCM;
  • de um concurso público de projetos de gestão do CDCM;
Em resumo, o CDCM pode ser transformar numa instituição de referência da cidade de Niterói como equipamento público e como patrimônio arquitetônico e urbanístico – o equivalente desportivo do MAC.


2011-11-30