Mostrando postagens com marcador Minha Casa Minha Vida. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Minha Casa Minha Vida. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 25 de julho de 2025

O MCMV e o subsídio público à renda - de incorporação e de aluguel


O Estado de S Paulo 25-07-2025
https://www.estadao.com.br/economia/localizacao-tamanho-do-imovel-interessa-ao-mais-jovem-nprei/

Montagem: Àbeiradourbnanismo
Mesmo sabendo que o Minha Casa Minha Vida está longe de resolver o problema do imenso contingente de trabalhadores cujos rendimentos só lhes dá acesso à moradia informal, julgo que o programa é um sucesso no que tange à ampliação da demanda solvável de incorporações imobiliárias, portanto do acesso de trabalhadores qualificados à casa própria, pelo qual já foi dito, por gente da própria incorporação, a “salvação do setor imobiliário brasileiro”.

Há que considerar, porém, dois aspectos.

Primeiro, o inevitável - a conversão, por intermédio do adquirente, do subsídio ao juro fornecido pela CEF em renda imobiliária nos cofres das incorporadoras - objeto do negócio da incorporação sem o qual não haveria a sua participação no MCMV. Isso torna a cobrança da Outorga Onerosa do Direito de Construir nas faixas superiores da demanda habitacional, para além da elementar ‘obrigação de urbanizar’, uma incontornável política compensatória do subsídio federal (CEF) à renda de incorporação, ainda que em favor dos municípios.

Segundo, o inaceitável - o uso de uma parte substancial do subsídio da CEF aos juros imobiliários para a produção de unidades destinadas ao aluguel rotativo nas regiões centrais das grandes metrópoles, sob a confortável cobertura do adensamento planejado dos corredores de transporte a da “preferência dos jovens por apartamentos compactos em lugares onde as coisas acontecem” - o que significa a conversão (aparentemente descontrolada) do subsídio ao juro destinado às famílias adquirentes em renda apropriada por investidores em moradia de aluguel.

2025-07- 27

domingo, 19 de janeiro de 2025

A renda da terra é a alma do negócio


Exame 13-07-2023
https://exame.com/mercado-imobiliario/microapartamentos-inundam-sao-paulo-a-maior-metropole-da-america-latina/

Clique na imagem para ampliar
“(..) Embora seja comum em outras capitais pelo mundo, em São Paulo, o boom dos apartamentos de até 30m² é mais recente: entre 2016 e 2022, a oferta saltou de 461 unidades para 16.261, o que representa 21% do total, segundo o Secovi-SP, sindicato de empresas do setor imobiliário do estado. (..) Alguns, com móveis encaixados como peças de tetris ou a cozinha a centímetros do banheiro, se tornaram alvo de piadas e viralizaram nas redes sociais, onde um usuário os descreveu como "cativeiro gourmet". Isso não abalou a demanda, composta principalmente por adultos entre os 20 e 39 anos, de acordo com uma pesquisa da imobiliária digital Quinto Andar. "É um público jovem, profissional, que está iniciando a carreira, a maioria solteiros com um apelo de modernidade, bem localizado, perto dos trabalhos ou transporte público", algo muito valioso em uma cidade com trânsito caótico, explica Ely Wertheim, presidente executivo do Secovi-SP. (..)

A "inundação" de micromoradias é explicada, além disso, pelas taxas de juros, que registraram uma queda entre 2018 e 2021 (de 6,75% para uma mínima histórica de 2% devido à pandemia), diz José Armenio, secretário adjunto da Secretaria Municipal de Urbanismo de São Paulo. Esses níveis elevaram o capital no setor imobiliário e estimularam investidores a comprar imóveis para alugar. Também contribuiu uma redução nas outorgas de construção de apartamentos pequenos implementada pela Prefeitura em 2014, aponta Armenio. O objetivo era aumentar a concentração de habitantes em áreas servidas por transporte público, com moradias mais acessíveis para uma classe menos privilegiada.

Porém, o resultado foi diferente: "Os apartamentos de até 30m² têm o metro quadrado mais caro da cidade", detalha Campos. (..)

*

Esta matéria da Exame, de julho de 2023, ainda me parece atual.

As publicações do mercado imobiliário brasileiro vêm dizendo há algum tempo que a incorporação não está construindo para a ‘classe média’. 

Alegam os juros altos. É certo. Mas não menos certo é que

a) uns estão permanentemente ocupados em construir para o ‘alto padrão’, onde o número de unidades por empreendimento é pequeno, o custo de construção relativamente alto, mas a fração ideal caríssima e a rentabilidade garantida por uma demanda imune às taxas de juros e crises econômicas; 

b) outros em construir para o Minha Casa Minha Vida, onde a fração ideal é barata, mas multiplicada por centenas de unidades com custo de construção relativamente baixo, juro subsidiado e demanda garantida, pré-aprovada pelo próprio Estado; 

c) e os que construíam para a classe média descobriram a mina de ouro da moradia rotativa pericentral aos velhos e novos núcleos de negócios, que, como bem observa a própria matéria, apesar do tamanho (<30m2) tem o metro quadrado privativo mais caro da cidade - portanto também uma enorme rentabilidade em frações ideais, vale dizer em solo-localização, que é a alma do negócio da incorporação. 

Desconfio que a classe média que demanda moradia permanente terá de esperar o esgotamento do filão.

sábado, 23 de novembro de 2024

Subsídio é bom e eu gosto!


Infomoney / Estadão conteúdo 23-11-2023
https://www.infomoney.com.br/consumo/incorporadoras-do-minha-casa-minha-vida-vivem-fase-de-ouro-e-lucro-somado-sobe-143/

"As incorporadoras que atuam no Minha Casa Minha Vida (MCMV) apresentaram resultados bastante positivos no terceiro trimestre, confirmando o melhor momento do programa habitacional desde a sua criação, há 15 anos. (..) O aumento do lucro em um ritmo maior que o da receita se deve à diluição das despesas administrativas e comerciais, com melhora das margens de lucro. A margem bruta média do setor atingiu 34,7% alta de 2,8 pontos porcentuais. E a margem líquida chegou a 9%, avanço de 4 pontos porcentuais. O levantamento foi realizado pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) com os números das cinco incorporadoras do segmento econômico com ações listadas na bolsa de valores: Cury, Direcional, MRV, Plano & Plano e Tenda. (..)
Montagem: Àbeiradourbanismo

2024-11-23

domingo, 2 de maio de 2021

Associação Internacional da Moradia Social

Deu na Gazetaweb.com
05-04-2021, por Thiago gomes

Corte no Orçamento deve extinguir 3 mil empregos e paralisar 5 mil imóveis de programa federal em AL

Previsão foi dada pelas entidades da construção civil em Alagoas, após anúncio de repasse menor para o Programa Casa Verde e Amarela
Montagem: àbeiradourbanismo
Não creio que os construtores de habitação social tenham apreço pela habitação social para além de seu interesse direto e imediato na habitação social, qual seja construí-la e vendê-la com lucro suficiente. Mas, nas circunstâncias, creio que vale a fazer parte desse coro.

Não seria o caso, aliás, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto - MTST assumir o papel de uma Associação Nacional Pró-Habitação Social? Ou ajudar a criar uma? Ou se espera que um possível novo governo Lula a torne supérflua? Terá sido suficiente o Minha Casa Minha Vida? Com milhões de moradias populares em periferias distantes como impõe o mercado de terras?

A propósito, Guerra dos Lugares, o excelente livro de Raquel Rolnik sobre a financeirização da moradia em escala planetária, me frustrou num ponto crucial: de tudo o que li eu esperava que a conclusão fosse a proposta de uma Associação Internacional da Moradia Social. Até já tinha na cabeça três nomes para o seu comitê fundador: Raquel Rolnik, Guilherme Boulos e Ada Colau.

Fica a ideia.

2021-05-02

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Casa verde e amarela, construtoras no vermelho

Deu no Estado de S Paulo
26-08-2020, por Circe Bonatelli
Juro menor do Casa Verde e Amarela exclui a maior parte do País e frustra as construtoras

O corte de juros do financiamento no Casa Verde e Amarela, novo programa habitacional do governo, anunciado na terça-feira, 25, acabou deixando de fora uma boa parte do mercado imobiliário do País, especialmente nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

A decisão surpreendeu empresários da construção, que desde o começo do ano vinham negociando com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) uma diminuição generalizada dos juros do Minha Casa Minha Vida(Continua)

2020-08-27

sábado, 28 de dezembro de 2019

Preço, custo, lucro e renda do solo: habitação de mercado x Minha Casa Minha Vida - um esboço de interpretação

Terra / DINO 05-12-2019 
https://www.terra.com.br/noticias/dino/imoveis-do-minha-casa-minha-vida-se-tornam-a-bola-da-vez-no-mercado-imobiliario,f2538e5f0c9a0d5f6640cf79bff1deb16vtumv6r.html

Mais da metade do número de imóveis que foram vendidos no último trimestre de 2019 no Brasil estão enquadrados no Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que divulgou os Indicadores Imobiliários Nacionais. Outro dado apontado é que cresceu de 45,9% para 56,9% a representatividade de imóveis do MCMV sobre o total de lançamentos em relação aos demais padrões imobiliários em relação ao último ano. No estudo Indicadores Imobiliários Nacionais foram analisados dados de 17 das maiores cidades brasileiras e as regiões metropolitanas de 10 capitais.
*
Com todos os defeitos que lhe possamos imputar, o principal deles a reprodução em larga escala do velho esquema de assentamento de famílias de baixa renda em periferias distantes, escassamente urbanizadas e inapelavelmente mal servidas de transportes públicos, fato é que o programa Minha Casa Minha Vida representa hoje 50% da produção habitacional no país.

Não admira que as contínuas ameaças governamentais de cortar as fontes dos subsídios que o alimentam, ou dilapidá-las em políticas de incentivo ao consumo, venha causando um frenesi de maus augúrios na imprensa em geral e, muito especialmente, nos jornais de negócios; menos, é certo, pelos belos olhos das populações beneficiadas pelo Programa do que pelo olho gordo de incorporadores acostumados a um amplo mercado cativo para seus investimentos.

Espicaçado por aquele número impressionante, decidi - apesar de já ter dado por encerrada a minha contribuição ao tema da recuperação da renda da terra - resgatar e aperfeiçoar um gráfico, por mim mesmo esboçado há algum tempo, que utiliza o método residual dedutivo de avaliação de terrenos, 'espelho' da estrutura econômica dos empreendimentos imobiliários, para representar em um mesmo marco conceitual - o continuum de preços do m2 privativo - a relação entre preço, custo, lucro e renda do solo na produção habitacional de mercado e do MCMV.


Observações

O preço do m2 privativo de um imóvel novo equivale à soma
 
+ custo total de construção e comercialização 
+ remuneração do incorporador  
+ oferta de renda dos demandantes pela localização urbana (fração de terreno)

O eixo das coordenadas representa as ofertas de renda (por m2 privativo) das famílias demandantes de produtos habitacionais (em escala não linear para benefício do grafismo), às quais correspondem classes de rendimentos médios e grupos de localizações urbanas; o eixo das abscissas é uma escala de valores monetários.

A curva azul representa o máximo preço que as famílias estariam aptas e dispostas a pagar pelo m2 privativo dos produtos-localização que a indústria da moradia é capaz de produzir, dividida em dois segmentos: o de mercado, com aspecto similar à dos preços de imóveis novos em qualquer grande cidade em um momento dado (ver figura); e o subsidiado (juros e/ou construção) pelo programa Minha Casa Minha Vida, variando linearmente entre zero e o preço mínimo de mercado. 
Rio de Janeiro: unidades lançadas jan2005-nov2006 e preços médios m2
Pesquisa do autor com base em dados ADEMI-O Globo 15-12-2006 

A curva marrom representa o custo total de construção e comercialização do m2 privativo, incluída a remuneração do capital de investimento, mas não o solo. 

Embora apareça a cada construtor como um custo dado, independente do seu empreendimento, o preço do solo não é outra coisa que a parte dos proprietários, conforme o poder de negociação de cada um, no resíduo dos negócios imobiliários depois de descontados, do provável preço de venda do produto-localização, os custos de construção e a remuneração do capital incorporador. Também em prol do grafismo, tomo como estritamente linear a variação do custo total do m2 privativo dos empreendimentos segundo a qualidade do produto.

A variação dos preços dos produtos-localização muito mais que proporcional aos custos totais de produção é crítica para a indústria da incorporação. Ela é a fonte do sobrelucro, ou lucro excedente ao retorno exigido pelo capital investido no empreendimento, que, por não ter relação com a produtividade do trabalho empregado na construção, mas com o direito à ocupação e uso do solo, chama-se 'renda da terra'. Em cidades onde vigora a Outorga Onerosa do Direito de Construir, este valor, que também é renda do solo e provém da 'obrigação de urbanizar', deve ser descontado do resíduo a ser repartido entre o proprietário e o incorporador. O preço de transação do terreno a ser incorporado é a parcela do resíduo (renda do solo) que cabe ao proprietário. 

A 'linha de corte' da curva de preços corresponde ao valor de venda do m2 privativo abaixo do qual os incorporadores não vislumbram rentabilidade suficiente para investir - salvo se estimulados por um programa governamental de subsídios à oferta ou à demanda; é o valor de venda do m2 privativo mais barato disponível no mercado não subsidiado, capaz de cobrir os custos de construção, o retorno do capital com um mínimo prêmio de risco (TMA) e a mínima renda exigida pelo proprietário do solo. Segue-se que os produtos vendidos por esse preço não podem pagar Outorga Onerosa do Direito de Construir. 

Para cada oferta de preço existe no mercado, em dado momento, uma certa quantidade de produto - a terceira dimensão de nosso gráfico para quem se disponha a imaginá-la.

Pressuponho uma relação razoavelmente padronizada entre o preço e o custo total de construção e comercialização dos bens representados no eixo das coordenadas.

O subsídio governamental aos juros do financiamento, agregado como valor presente à capacidade de pagamento das famílias, reparte-se entre o custo total de construção e a renda da terra onde se constrói o empreendimento. Nos empreendimentos destinados às famílias de menor rendimento, a terra é cedida pelas municipalidades e a construção contratada sem a interveniência do incorporador, razão pela qual o subsídio se aplica exclusivamente ao custo de construção, incluída a remuneração do construtor. 

Nas grandes cidades, a Outorga Onerosa do Direito de Construir poderia ser alternativamente interpretada como compensação, paga ao município pela produção habitacional de mercado, ao subsídio federal concedido à produção 'sub-mercado' no âmbito do MCMV, boa parte do qual se converte em renda fundiária.

Para melhor entendimento do Programa MCMV, reproduzo abaixo a descrição das distintas faixas de rendimento familiar tal como apresentada no saite da Caixa Econômica Federal: 

Faixa 1 – Famílias com renda bruta mensal de no máximo R$ 1800,00. Para esse grupo as mensalidades podem ser parceladas em 120 vezes e as prestações são definidas entre no mínimo R$ 80,00 e no máximo R$ 270,00. O imóvel financiado é usado como garantia do financiamento;

Faixa 1,5 – Essa faixa foi recentemente criada e agrupa famílias com renda bruta de até R$ 2600,00 mensais. Nesse perfil as taxas de juros são de 5% ao ano. O prazo para pagamento pode chegar a até 30 anos e o valor do subsídio é de até R$ 47.500,00;

Faixa 2 – Esta faixa reúne as famílias com renda mensal máxima de até R$ 4000,00. O valor do subsídio é de n máximo R$ 29.000,00;

Faixa 3 – Compreende as famílias com renda mensal bruta de no máximo R$ 7000,00. As taxas de juros são diferenciadas.


2019-12-28

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Sua Casa Minha Vida (4)

Cidadeverde / Folhapress 26-11-2019 

Mercado imobiliário retoma lançamentos, mas crédito para os mais pobres preocupa

Montagem: À beira do urbanismo
Os indicadores imobiliários divulgados pela Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) nesta segunda-feira (25) mostram um aumento de 23,9% no volume de lançamentos no país no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Nos primeiros nove meses deste ano, o número de lançamentos ficou em 82.044 unidades. Em 2018, entre janeiro e setembro foram registrados 70.059 lançamentos. Para o presidente da Cbic, José Carlos Martins, os números demonstram consistência na recuperação do setor, que aposta em resultados ainda melhores no trimestre final deste ano.

(..) Os números vão bem, mas o financiamento da habitação popular preocupa. O Minha Casa Minha Vida ainda responde a 56,9% dos lançamentos no terceiro trimestre deste ano. A participação é relevante também em São Paulo, onde representa 44% dos lançamentos e 46% das vendas. Crítico da liberação de recursos do FGTS para o estímulo ao consumo, o presidente da Cbic diz que a habitação de médio e alta padrão encontrará outros caminhos para o crédito, mas que o crédito para os mais pobres ainda precisa de soluções. "Todas as projeções são de otimismo, mas a fonte de financiamento é uma preocupação.  Temos certeza de que o mercado de classe média vai embora, vai em frente, mas nos preocupa o orçamento cada vez menor justamente onde se concentra o déficit", diz. (..) 
2019-12-04

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Sua Casa Minha Vida (3)

UOL Economia 01-11-2019, por Filipe Andretta
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/11/01/minha-casa-minha-vida-mcmv-projeto-senado-imposto-parcela.htm

Senado corta imposto de casa popular, mas preço de imóvel pode não cair

O Senado aprovou na terça-feira (29) a redução de impostos sobre imóveis que custam até R$ 124 mil.Isso engloba as duas faixas de menor renda do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). A medida valeria a partir de 2020 e ainda depende de aprovação do presidente Jair Bolsonaro. O imposto cai de 7% para 4%. Esse corte vai diminuir na prática o valor que a pessoa pagará pela casa?


Segundo estimativas do mercado, a medida beneficia as empresas que investem no MCMV, mas não deve ter impacto significativo no bolso de quem comprar os imóveis.

(..) O advogado Almeida afirma que a redução do imposto é uma medida que vai estimular o mercado imobiliário a investir em moradia popular, o que é positivo. Mas, como a alíquota era ainda menor até o ano passado, ele acredita que a medida não deve alterar o preço final das parcelas pagas nas faixas 1 e 1,5 do MCMV. "Acho que a diferença no imposto fica como margem [de lucro] para a empresa." (..)

*
Se estivéssemos falando de imóveis de mercado, aconteceria exatamente o que afirma o doutor Almeida: a redução do imposto ficaria como lucro para a empresa. Vale para o IPTU (a redução iria para o bolso do senhorio), para o instituto do foro (a redução iria para os bolsos de vendedores e cartórios) e para a Outorga Onerosa do Direito de Construir (a redução seria repartida entre o incoporador e o proprietário do terreno).

Isto decorre da escassez constitutiva do estoque de bens imobiliários disponíveis nas distintas áreas da cidade, relativamente à capacidade de arrendamento ou aquisição, conforme o caso, dos segmentos sociais que os demandam.

São as máximas ofertas de renda dos demandantes que formam o que chamamos de gradientes de preços e aluguéis dos imóveis-localização, razão pela qual aumentos de IPTU e ônus incidentes não lhes podem ser repassados. (Reduções serão embolsadas pelos proprietários-vendedores porque os inquilinos-compradores continuarão disputando as localizações pelo máximo que estão aptos e dispostos a ofertar). Todo proprietário sabe perfeitamente que aumentos de IPTU e taxas condominiais acarretam redução no valor dos novos aluguéis.

Sendo, porém, o Minha Casa Minha Vida um programa de subsídios governamentais à aquisição financiada de imóveis, caberia a quem subsidia (o governo/Caixa Econômica) estabelecer a quem beneficiará a redução do ônus fiscal. Se não o faz em favor dos adquirentes - cuja capacidade de pagamento é essencialmente inelástica - impondo a redução do preço final dos bens, é porque deliberou fazê-lo em favor dos construtores/incorporadores. Em suma, mais um caso de transferência líquida de recursos estatais para o setor privado.

Faz de conta que é um "efeito de mercado".

2019-11-08


sábado, 20 de julho de 2019

Cobertor curto


UOL Notícias 17-07-2019, por Circe Bonatelli / Estadão Conteúdo
Secovi-SP critica saques do FGTS e cobra regras claras para empreendedores 

A decisão do governo federal de liberar o saque de parte das contas ativas do FGTS, o que deverá movimentar R$ 42 bilhões, foi criticada pelo presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), que vê uma quebra na segurança para investimento.
(..) O temor do presidente do Secovi-SP diz respeito a uma possível falta de liquidez do FGTS, que é a principal fonte de recursos para financiar a compra e a construção de imóveis dentro do Minha Casa Minha Vida (MCMV). O programa tem sido o motor do mercado imobiliário nos últimos anos.
Jafet observa que os recursos do FGTS também são amplamente usados para se dar a entrada na compra da casa própria, em todos os segmentos de mercado, incluindo pessoas de média e alta renda. Portanto, há receio de que possa haver uma redução da liquidez do mercado imobiliário como um todo. (Continua)
2019-07-20

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Sua Casa Minha Vida (2)

Deu no Sindsep PE
02-04-2019, por Sindsep
Construtoras do Minha Casa, Minha Vida ameaçam demitir 50 mil
Montagem: à beira do urbanismo
Imagem: Internet
Sob alegação de atrasos no repasse de pagamentos devidos pelo Governo Federal, construtoras que atuam no programa Minha Casa, Minha Vida avisaram ao Palácio do Planalto que vão começar a demitir trabalhadores. Empresários falam em dispensar até 50 mil empregados nos próximos dez dias. A dívida seria de R$ 450 milhões.
Dados Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) indicam que o Minha Casa, Minha Vida representa dois terços do mercado imobiliário brasileiro. O setor da construção chegou a empregar 3,4 milhões de pessoas, mas atualmente emprega 2 milhões. 
O porta-voz do recado dos construtores foi o presidente da CBIC, José Carlos Martins, enviou mensagens aos ministros da Casa Civil, do Desenvolvimento Regional e da Economia informando que “não consegue mais segurar o pessoal”. (Continua)
2019-04-04

domingo, 17 de março de 2019

Sua Casa Minha Vida

Época 14-03-2015, por Guilherme Amado
https://epoca.globo.com/guilherme-amado/construcao-civil-apela-rodrigo-maia-para-salvar-minha-casa-minha-vida-23521107
Montagem: À beira do urbanismo
Imagem original: Internet

Construção Civil Apela a Rodrigo Maia para Salvar Minha Casa, Minha Vida 

José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Industria da Construção, propôs ontem a Rodrigo Maia que a Câmara faça um debate sobre os dez anos do Minha Casa, Minha Vida, e o que se quer para o futuro do programa.

Embora a Câmara frise que o objetivo seria comemorar os dez anos do programa, é claro que o evento seria uma maneira de sinalizar para o governo a importância da política pública, diante da reformulação do Minha Casa, Minha Vida, que vem sendo discutida pelo Ministério do Desenvolvimento Regional.

Na conversa, o setor também pediu agilidade na aprovação da reforma da Previdência.

2019-03-17

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Barato que sai caro

Deu n'OEStado (Ceará)
22-01-2019, por FolhaPress
Estudo avalia erros de concepção do Minha Casa Minha Vida
Projeto tem recordes de novas moradias, mas repete erros como construir longe de centros
Empreendimento Pau d'Alho, Guararema SP
46 mil m2, 408 unidades

Imagem: http://www.enplan.com.br/pau-d%27alho
(..) Os resultados sugerem que o MCMV tem contribuído para provocar saltos urbanos (“leapfrog”), a ocupação de espaços além da margem da mancha urbana, locais em geral carentes de provisão de serviços e de infraestrutura, afirmam os autores. 
“Na melhor das hipóteses, o programa manteve as famílias de classe baixa na mesma localização relativa que tinham anteriormente”, diz o estudo, realizado por uma equipe de pesquisadores liderada por Ciro Biderman, professor da Fundação Getúlio Vargas que foi chefe de gabinete da SPTrans e diretor de Inovação da Prefeitura de São Paulo na gestão de Fernando Haddad (2013-2016).
Para os autores, é provável que a maior parte dos beneficiários tenha piorado sua localização nas metrópoles e o acesso à infraestrutura. O impacto sobre a geração de emprego foi marginal e limitado ao período de construção. 
O relatório faz um estudo de caso para comparação dos custos entre conjuntos próximos e distantes dos grandes centros urbanos. Para tanto, foram escolhidos dois projetos da Grande São Paulo: o Gema, em Diadema (região do ABCD), e o Pau D’alho, em Guararema, na região metropolitana (79 km a leste de São Paulo). 
Em Guararema, o metro quadrado de terreno custou R$ 11,44, e cada apartamento, R$ 1.665/m2; em Diadema, esses valores saltaram respectivamente para R$ 110/m2 e R$ 2.225/m2. Nos dois casos, o custo de construção foi praticamente igual, em torno de R$ 1.500/m2 de área construída. Ou seja, o custo mais baixo no conjunto de Guararema se devia ao preço menor da terra, por ser longe do centro metropolitano. 
Dois fatores explicam a semelhança do custo da obra em si nos diferentes locais: as concorrências para escolha dos projetos tinham exigências “frouxas” quanto à localização e à oferta de infraestrutura urbana e, ao mesmo tempo, descrições minuciosas sobre as características da construção. 
“A vencedora será sempre a que tiver o menor preço. A maneira de reduzir esse preço é a localização periférica em solo sem serviços. Então, o arranjo institucional em certa medida permite que não se avance na superação de duas variáveis cruciais na precariedade: a localização na cidade e a oferta de serviços públicos”, afirma o relatório.
(..) A economia que o poder público faz no curto prazo, ao construir habitação popular em áreas distantes e sem infraestrutura, acaba por provocar custos maiores. Como sabem os urbanistas, no longo prazo é mais barato construir casas populares no centro da cidade do que na periferia. (Continua)
2019-28-01

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A salvação da lavoura


O Tempo 09-07-2014, por Thaís Pimentel
https://www.otempo.com.br/economia/minha-casa-minha-vida-e-a-salvacao-do-setor-1.879386

A indústria da construção civil em Minas Gerais não deve crescer mais do que 2% em 2014, de acordo com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Para o setor, o número revela um cenário pessimista e de poucos investimentos. Mas o anúncio da terceira etapa do programa Minha Casa, Minha Vida, feito pela presidente Dilma Roussef na semana passada, pode dar um sopro de esperança ao segmento. A expectativa é que mais de 3 milhões de moradias sejam entregues nesta terceira fase em todo o Brasil.

2014-09-08

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Esforço inglório?

Publicado na Carta Capital online
30-01-2014, por Ribeiro A P, Boulos G e Szermeta N
Como não fazer política urbana
Após anos do Minha Casa Minha Vida, déficit habitacional aumentou em quase 1,5 milhão de moradias
Imagem: Internet
Sem alarde, no apagar das luzes de 2013 foi lançado pela Fundação João Pinheiro o novo estudo do déficit habitacional brasileiro, que é o indicador oficial utilizado pelo Ministério das Cidades. Os dados, apesar de serem os mais recentes disponíveis, referem-se a 2010. Mas, mesmo defasados, são reveladores: o déficit habitacional do país aumentou após o Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).
Em 2008, o número de famílias sem moradia no país era de 5.546.000 de acordo com o Ministério das Cidades. Em fevereiro de 2009, foi lançado o Programa MCMV com a promessa de redução drástica destes números. Ao final de 2010, o MCMV havia atingido a meta de 1 milhão de casas construídas ou contratadas. Resultado: o número de famílias sem moradia no final de 2010 era de 6.940.000. Após 1 milhão financiadas pelo governo, a carência de moradias no Brasil aumentou praticamente 1,5 milhão. Como pode?
A realidade desafiou a matemática. Mas não a lógica. A lógica da política urbana brasileira transforma qualquer programa habitacional em pano de enxugar gelo. O MCMV, mesmo com sua dimensão significativa, não fugiu à regra. (Continua)
2014-02-03

sábado, 12 de maio de 2012

Eu sou você amanhã?

Deu no blog da Raquel Rolnik 
10-05-2012, por Raquel Rolnik

Eu sou você amanhã: a experiência chilena e o ‘Minha Casa, Minha Vida’
(..) “Implementado sistematicamente durante mais de três décadas, inclusive durante os governos da Concertación (coalizão de centro-esquerda), o modelo de política habitacional adotado pelo Chile é quase igual à fórmula do programa “Minha Casa, Minha Vida”: subsídios públicos individuais permitem às famílias de menor renda comprar no mercado produtos ofertados por construtoras privadas. O modelo se completa com disponibilidade de crédito: quanto menor é a renda, maior é o subsídio e menor é a parcela de crédito que entra para viabilizar a compra. (..)
As centenas de milhares de casas e apartamentos da supostamente exitosa política habitacional chilena produziram um território marcado por uma segregação profunda, onde o “lugar dos pobres” é uma periferia homogênea, de péssima qualidade urbanística e, muitas vezes, também, de péssima qualidade de construção, marcada ainda por sérios problemas sociais, como tráfico de drogas, violência doméstica, entre outros. (..)
Trata-se de um comentário breve e, creio eu, inconclusivo, mas absolutamente oportuno. Colocado em forma de indagação: "Eu sou você amanhã?", o tema merece um exame atento por parte dos estudiosos e executivos da habitação social no Brasil - com base na experiência prática, que a essa altura não há de faltar.

Uma importante contribuição é o artigo “Habitação, Emprego e Mobilidade: subsídios para o debate sobre a localização da HIS na cidade do Rio de Janeiro”, de Antônio Augusto Veríssimo, à disposição neste blog no link 

http://abeiradourbanismo.blogspot.com.br/2012/02/habitacao-emprego-e-mobilidade.html.  

O  blogueiro promete aos leitores olhos e ouvidos atentos para novos aportes disponíveis na rede e fora dela. Dicas serão bem-vindas.

2012-05-12