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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Andrade 1998: Barry Parker, a Cia City e a metropolização de São Paulo


ANDRADE, C. R. M. de (1998), "2.2. Grandes negócios urbanísticos”. Em Barry Parker: um arquiteto inglês na cidade de São Paulo, Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, pp. 179-98.
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16131/tde-31102022-164103/publico/Andrade_Carlos_Roberto_Monteiro_de_1998_DO.pdf


2.2 Grandes negócios urbanísticos
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Nesse rápido processo de transformação da paisagem urbana paulistana, uma companhia imobiliária inglesa - a City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited - teve um papel decisivo. Por sua vez, também será de grande importância - como pretendemos demonstrar -, a atuação junto a essa empresa imobiliária e de melhoramentos urbanos do Arq. Barry Parker, que nela trabalhará, junto à sua sede paulistana, de fevereiro de 1917 a janeiro de 1919. Portanto, se pretendemos, em um primeiro momento, reconstituir - ainda que parcial e fragmentariamente - a fisionomia urbana da Capital de São Paulo quando da estadia de Parker, por outro lado procuraremos mostrar como sua atuação - e aqui incluímos tanto o que construiu, quanto o que deixou apenas projetado - foi fundamental na reforma dessa paisagem, bem como na concepção de São Paulo como uma metrópole.

Concorreram para o fenômeno de rápida metropolização de São Paulo diversos fatores sócio-econômicos que já vinham se estabelecendo desde o último quartel do século XIX, dentre eles, o fato de ser um centro ferroviário que articulava, através de suas redes, as principais regiões econômicas do país. É dessa caraterística determinante para efetivar a vocação metropolitana da capital que partiu o conjunto de ações que confluíram no sentido da transformação do velho burgo estudantil em uma grande cidade. As estradas de ferro no Estado tinham em São Paulo o principal nó articulador de uma vasta rede e, em Santos, o único porto escoador da produção de todo o Estado e mesmo de outras regiões do país, como nos mostram os dados da tabela abaixo, retirados de Barbosa (1987:31). 
(..)

2024-04-24

sexta-feira, 8 de março de 2019

Apontamentos: Andrade e Cordovil 2008 - Maringá entre o projeto e a vida

Estes apontamentos são parte de um processo de estudo compartilhado. À beira do urbanismo está à disposição dos autores cujo trabalho aqui se comenta para suas considerações.

ANDRADE C R M e CORDOVIL F C S, "A Cidade de Maringá, PR. O Plano Inicial e as 'Requalificações Urbanas'". X Coloquio Internacional de Geocrítica, Barcelona, maio de 2008




O anúncio do início das obras do novo Eixo Monumental de Maringá, nos termos da proposta vencedora do Concurso Nacional para Requalificação do Espaço Público [*], é ocasião propícia para o resgate da contribuição "A Cidade de Maringá, PR. O Plano Inicial e as 'Requalificações Urbanas'", de Carlos Roberto Monteiro de Andrade (USP) e Fabíola Castelo de Souza Cordovil (UEM), apresentada ao X Colóquio Internacional de Geocrítica - Barcelona, maio de 2008.

Construída ex novo na década de 1940 pela Companhia de Terras Norte do Paraná, a cidade de Maringá foi projetada pelo engenheiro paulistano Jorge de Macedo Vieira sob influência das ideias urbanísticas sintetizadas pelo engenheiro-arquiteto inglês Raymond Unwin em sua obra Town planning in practice: an introduction of the art of designing cities and suburbs, de 1909. 

Habilmente sobreposta à arte dos traçados geométricos, a cuidadosa adaptação ao ambiente natural expressa no plano geral de implantação e na organicidade dos arruamentos residenciais é aqui mesclada ao rigor formal do conjunto cívico central axiforme, tendendo ao monumental

Porção norte da cidade de Maringá com 
parte do plano inicial ao sul, mostrando o
Novo Centro, a Universidade Estadual de 
Maringá – UEM e o Jardim Alvorada 
(expansão para o norte).

Fonte: Andrade e Cordovil
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É este "conjunto cívico central" do projeto de Macedo Vieira, que se estende da Praça da Catedral à Vila Olímpica, o objeto do concurso recém realizado.

E são as escolhas urbanísticas resultantes do conflito entre a expansão da cidade para o Norte e o traçado da estrada de ferro, elemento chave do plano original que secciona o eixo cívico central marcando-o com a estação ferroviária e sua generosa retro-área em cruz, o objeto principal do texto aqui apresentado. 

Maringá em fins da década de 1960
O trabalho de Andrade e Cordovil discute as vicissitudes do plano urbano original em face da voracidade da indústria da incorporação e das idas e vindas do Projeto Ágora, contratado pela municipalidade na década de 1980 ao escritório Oscar Niemeyer para redefinir o uso e o desenho da Praça da Estação liberada pelo enterramento da linha férrea - uma iniciativa não apenas ambiciosa para o tamanho da cidade como extremamente desafiadora do ponto de vista do valor técnico e cultural da criação de Macedo Vieira, autêntico núcleo histórico da Maringá metropolitana. 

Deixo a pergunta: estará a cidade de Maringá sendo bem sucedida na tarefa de proteger e valorizar o seu mais precioso ativo urbanístico? 


Imagem do Projeto Ágora lançado em 1985, alterado em 1991 e 1993,
 quando passou a denominar-se Novo Centro
Fonte: Revista Tradição, ano XI, número 118, agosto de 1991 / Andrade e Cordovil


Av Advogado Horácio Raccanello Filho (Novo Centro),
 construída sobre o rebaixamento da linha férrea
Fonte: Google Maps 

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NOTA
* (Natureza Urbana, São Paulo – SP, Arqs. Pedro Paes Lira / Manoela Muniz Machado e colaboradores) 


2019-03-08