Mostrando postagens com marcador Caio Martins. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Caio Martins. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 6 de março de 2013

Pólo Comercial de Santa Rosa defende o aproveitamento olímpico do Caio Martins


Em mensagem dirigida a este blogueiro, o presidente do Pólo Comercial Santa Rosa, Sr. José Manuel, relata a insatisfação dos comerciantes do Pólo com a situação do Conjunto Desportivo Caio Martins, exigindo uma

definição para esta maravilhosa arena, que está à deriva e o que é pior, às vésperas de uma Copa e uma Olimpíada na cidade vizinha. Isto para nós é um desaforo e ao mesmo tempo um desafio: tentar colocar Niterói no calendário internacional de eventos.”

Afirma, também, o presidente do Pólo que

“nós e outros pólos, a saber, Pólo Jardim São João e o Pólo gastronômico Jardim Icaraí estamos pensando em começarmos a nos reunir para discutir quais as medidas que podemos tomar para evidenciar a cidade de Niterói nestes dois eventos e tentar encontrar uma solução definitiva para o Caio Martins.”
Comentando a tese do blogueiro de que “só com a reestruturação do CM como equipamento desportivo integrado à vida da cidade, com arena multiuso, piscina olímpica, quadras desportivas e áreas verdes é que poderemos legitimamente falar de um ‘legado olímpico’ para Niterói”, o Sr. José Manuel diz que
“a nossa idéia também é a de não permitir a venda à iniciativa privada, muito menos a instalação em sua área, de um shopping. Para nós é fato impensável. Comungamos com as suas idéias sobre a utilização e achamos que é perfeito também para feiras internacionais ou eventos públicos de grande categoria. Note que para assistirmos um show internacional padrão 'Cirque du Soleil' ou outro como 'André Rieu' ou ainda um 'Rock In Rio', só para exemplificar, a população niteroiense tem que se deslocar ao Rio, ou melhor, até á Barra da Tijuca e deixar o seu dinheiro em outro município, levando progresso a outra cidade. Queremos sepultar de uma vez o estigma de "cidade dormitório" porque é isso que as construtoras estão fazendo com Niterói. Isso, em nosso ponto de vista, não é progresso. Ou seja, levamos progresso e importamos criminalidade. Não é por aí. O Caio Martins pode e deve ser uma arena multiuso esportivo para seus cidadãos, mas também pode e deve resgatar os grandes eventos mundiais. Uma vez que o Estado vai sediar uma Copa e uma Olimpíada, nada melhor que este momento para repensar a nossa arena pública como indutora de progresso à nossa cidade."
Com a palavra, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, o governador do Estado do Rio de Janeiro, o reitor da Universidade Federal Fluminense e o prefeito de Niterói.




quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

E o Caio Martins, Rodrigo? Axel?

Deu n'O Fluminense 18/01/2013
http://www.ofluminense.com.br/editorias/cidades/niteroi-e-comite-olimpico-em-parceria-para-inserir-cidade-nos-jogos-de-2016#
Niterói e Comitê Olímpico em parceria para inserir cidade nos Jogos de 2016
(...) O prefeito Rodrigo Neves se encontrou com o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, quando foi acertada a criação de um grupo de trabalho que vai avaliar as potencialidades e necessidades do município para receber delegações, turistas e equipamentos com vistas à preparação e à aclimatação de atletas para os Jogos Olímpicos. “Temos ótimos lugares para receber os atletas, como a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef), o Clube Naval de Charitas, o Iate Clube Brasileiro, a AABB e a Ilha de Mocanguê”, enfatizou Rodrigo. (...)
“O destino do Complexo Esportivo Caio Martins é a oportunidade de o COB e os responsáveis federais e estaduais pela organização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro demonstrarem a seriedade e honestidade de seus propósitos desportivos.

E também de governantes e parlamentares mostrarem que o interesse público lhes fala mais alto do que as centenas de milhões que, como todos sabem e alguns esperam avidamente, poderiam brotar, como lava incandescente, do solo que ele ocupa.

A cidade de Niterói tem todo o direito de considerar que a completa reestruturação física e gerencial do Caio Martins é a única opção legítima para administradores federais, estaduais e municipais que se digam honestamente empenhados em fazer com que os Jogos Olímpicos de 2016 deixem um legado desportivo e urbanístico.” (...)

Leia a íntegra deste artigo em
"Legado olímpico é a reestruturação do Caio Martins"
http://abeiradourbanismo.blogspot.com.br/2011/12/legado-olimpico-e-reestruturacao-do.html

2013-01-23

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Chovendo no molhado (mas não tem água na cisterna)

Faltam três anos e meio para a Olimpíada do Rio de Janeiro e ninguém sabe até hoje que destino será dado ao Conjunto Desportivo Caio Martins. Sabe-se que ele não está incluído na relação de locais de treinamento das delegações olímpicas e que foi entregue, pelo Governo do Estado, à administração da Universidade Federal Fluminense.

A pergunta que não para de gritar é: se os responsáveis pelos Jogos e pelos governos não destinaram o CDCM a ser usado, de alguma forma, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, para que o teriam destinado, afinal?

Retorno, pois, à postagem “Caio Martins: Sede olímpica da construção em altura?” Para ler, basta clicar no link:


2012-12-18

domingo, 8 de julho de 2012

Festejando com a pulga atrás da orelha: Caio Martins agora é da UFF!

Deu n'O Fluminense 
04-04-2012, por Alice Balbino
http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/cidades/complexo-esportivo-do-caio-martins-passa-ser-administrado-pela-uff
Complexo Caio Martins passa a ser administrado pela UFF
(..) O Complexo Esportivo Caio Martins, em Icaraí, será administrado pela Universidade Federal Fluminense (UFF). De acordo com o reitor da universidade, Roberto Salles, o espaço será referência em esportes em Niterói e no Brasil. Ele explicou que recebeu um e-mail do governador Sérgio Cabral, no domingo, informando que a universidade será responsável pelo estádio. (..)  “Queremos estar preparados para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O estádio precisa ser multiuso”.
Se a notícia acima se confirma, sem subterfúgios, eu diria que se trata de uma imensa vitória da população de Niterói - para a qual este blog terá dado uma modestíssima, mas gratificante, contribuição; e também que é uma bela oportunidade para que a UFF se converta na mais importante e respeitada instituição pública da cidade - o que, convenhamos, não seria nada mau. 

Curiosamente, porém, o assunto não reverberou como merecia na imprensa,  nas redes sociais, na cidade... e no site da Universidade! 

Convém estarmos atentos porque, a julgar (1) pelo caráter ainda nebuloso da transação que levou à incorporação, também pela UFF, do antigo Cinema Icaraí e (2) pela falta de uma convocação clara, transparente e inequívoca das autoridades responsáveis à construção coletiva de um projeto consistente para a completa reestruturação física e gerencial do complexo, com foco na educação desportiva cidadã, não é possível ter certeza de que o governo do estado não está empurrando com a barriga "o problema" Caio Martins à espera da oportunidade para liquidá-lo pela melhor oferta. Cautela e caldo de galinha, dizia a vovó, não fazem mal a ninguém.

Causam-me espécie dois detalhes. 

Primeiro, a UFF, uma Universidade Federal, recebe o encargo do Caio Martins... por um e-mail do governador, alguns meses depois desse mesmo encargo ter sido recusado pelo prefeito de Niterói! A inevitável pergunta é: por que o governo do Estado gasta mais de R$ 1 bilhão no Maracanã, para em seguida concedê-l0 de graça a Eike, o Belo, mas entrega à UFF um complexo esportivo semi-arruinado sem investir um mísero centavo na sua recuperação? Estamos falando de um projeto desportivo digno de se chamar "legado olímpico" (coisa que o Maracanã não é!) ou de uma bomba-relógio largada em colo federal?

Segundo, dois meses depois da notícia sair nos jornais, não se encontra uma escassa referência a este relevante projeto no site da Universidade, cuja ferramenta de busca nos responde, com olímpica indiferença, quando consultada a palavra-chave "Caio Martins": A BUSCA NÃO RETORNOU RESULTADOS. Honestamente, leitor: não é um pouco esquisito?

Além disso, inúmeras  questões relevantes encontram-se em aberto.

Como será feita a transferência do bem público estadual à Universidade? Como ficará a sua situação patrimonial? Estará garantida a sua afetação permanente ao uso público desportivo? Ou será que não haverá nada disso, é apenas um "empréstimo"?  Se é assim, quais são as condições do contrato?

Por que o Caio Martins não foi incluído, desde o começo, na estrutura de apoio à Olimpíada de 2016?  Como serão aproveitadas as instalações do CDCM e de onde virão os recursos?

O que será feito do campo de futebol e suas arquibancadas - equipamento definitivamente obsoleto e incompatível com o melhor aproveitamento do CM como complexo desportivo em uma região urbana de alta densidade? Como fica a concessão do estádio de futebol ao Botafogo de Futebol e Regatas?

Serão abertos concursos de idéias e projetos para o aproveitamento desportivo, recuperação arquitetônica e adaptação urbanística do complexo?

Como se dará a gestão da UFF de modo a propiciar, ao CDCM, flexibilidade administrativa e autossuficiência econômica  sem prejuízo da sua função social?

Resumindo: é o blogueiro que está atrasado com a notícia ou é a decisão que foi tomada nas coxas e nem a UFF sabe ainda se está recebendo um "legado olímpico" ou... um presente de grego?

Aguardemos os próximos capítulos.  

2012-07-08


sábado, 2 de junho de 2012

Salve, Tocha!

Deu n’O Globo online 11-05-2012, por O Globo
http://oglobo.globo.com/olimpiadas2012/tocha-olimpica-acesa-na-grecia-comeca-peregrinacao-ate-londres-4860066
Tocha olímpica é acesa na Grécia e começa peregrinação até Londres
Montagem: àbeiradourbanismo

 

Acho que essa manchete saiu com erro de edição. O certo deve ser:
Grécia leva tocha olímpica acesa e sai em peregrinação até Bruxelas
Falando nisso, e Caio Martins, o escoteiro-padrão do Brasil: será, afinal, colocado a serviço do esporte ou só vai mesmo levar a tocha olímpica?


2012-06-02

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Por via das dúvidas: não à privatização do Caio Martins!

Tem sido anunciado que o governo do Estado prepara a privatização do Maracanã após a Copa do Mundo.

Perguntinha tola: será que o preço de venda vai cobrir o custo das obras? Ou ele será concedido, como o Engenhão, a preço de banana – e as obras saem a fundo perdido: um imensa fileira de casas zeradas no fluxo de caixa do concessionário?

Por isso, atenção: nem um metro quadrado do Caio Martins deverá ser vendido para financiar o que quer que seja. Se os capitalistas recebem de graça, porque a cidadania tem de pagar? 

2011-12-02


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Legado olímpico é a reestruturação do Caio Martins

(Notas para um projeto de reestruturação física e gerencial do Complexo Desportivo Caio Martins)

O destino do Complexo Esportivo Caio Martins é a oportunidade de o COB e os responsáveis federais e estaduais pela organização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro demonstrarem a seriedade e honestidade de seus propósitos desportivos. 

E também de governantes e parlamentares mostrarem que o interesse público lhes fala mais alto do que as centenas de milhões que, como todos sabem e alguns esperam avidamente, poderiam brotar, como lava incandescente, do solo que ele ocupa.

A cidade de Niterói tem todo o direito de considerar que a completa reestruturação física e gerencial do Caio Martins é a única opção legítima para administradores federais, estaduais e municipais que se digam honestamente empenhados em fazer com que os Jogos Olímpicos de 2016  deixem um legado desportivo e urbanístico. 

Na verdade, dadas as vantagens geográficas da cidade de Niterói – de que falaremos adiante – e a localização do complexo, é bastante plausível que, transformado em Fundação municipal e movido por um projeto gerencial competente, o Caio Martins possa ser não apenas uma entidade economicamente autossuficiente, como uma referência nacional em educação e eventos desportivos. 

O complexo caio Martins tem cerca de 4 hectares e é composto basicamente de um ginásio, uma piscina olímpica e um estádio de futebol.

O fato de o atual ginásio e piscina olímpica não se prestarem e não serem adaptáveis ao padrão imposto pelo COI para a realização de competições olímpicas não significa que eles não possam servir plenamente ao desenvolvimento desportivo municipal, metropolitano e estadual mediante um modesto esforço de investimento que os responsáveis estaduais e federais, a julgar pela fábula que vem sendo gasta a fundo perdido na organização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos de 2016, para não falar do Panamericano de 2007, não têm condições morais de recusar.

Vale lembrar que a necessidade de instalações desportivas para as Olimpíadas não se resume aos locais de competição, mas incluem necessariamente quadras, campos, piscinas e instalações de apoio e treinamento.

Por outro lado, a operação do estádio de futebol não é mais compatível com a localização do complexo e muito menos se justifica, do ponto de vista da relação custo-benefício, o seu uso como campo de treinamento. Tanto melhor: a reestruturação física do Complexo permitiria  a transformação de toda a área do estádio de futebol em um conjunto de quadras e espaços desportivos integrados, por um lado, ao ginásio e piscina olímpica e, por outro, a uma grande área pública de lazer de uso geral. 

A reestruturação física e, tão importante quanto, gerencial, do Complexo Desportivo Caio Martins deverá permitir que ele seja utilizado no máximo de sua capacidade:

·  servindo de suporte permanente à pratica educacional desportiva de milhares de alunos da rede de ensino público e privado de Niterói, mediante convênios específicos;

·        servindo de suporte permanente a programas de formação acadêmica e equipes competitivas da Universidade Federal Fluminense mediante convênio específico;

·        servindo de suporte à prática desportiva dos funcionários de todas as empresas da região que quiserem utilizá-lo mediante contratos de uso específico;

·        servindo de local de treinamento e mando de jogos de equipes profissionais de esportes de quadra que a Fundação Caio Martins, em parceria com entidades estatais e privadas, consiga fomentar ou atrair para a disputa dos diversos campeonatos estaduais e nacionais.


A propósito deste último ponto, é preciso considerar que Niterói é uma cidade
  • com pequena extensão geográfica; o Caio Martins não está a mais de 20 minutos por ônibus de qualquer bairro a cidade
  • com elevado nível de renda média para os padrões brasileiros
  • com abundante oferta de serviços;
  • com uma universidade federal de alta qualidade e em franca expansão;
  • com ligação imediata com o Rio de Janeiro;
  • localizada, em condições de trafego normal, a 30 minutos de viagem por automóvel, em via expressa, dos dois aeroportos metropolitanos. 


Uma cidade totalmente adequada, portanto, a sediar equipes e jogos profissionais de esportes de quadra, objetivo alcançável mediante um modesto esforço de gestão por parte de uma futura Fundação Caio Martins junto a confederações, clubes, patrocinadores, clubes e atletas.

A concretização da municipalização do Complexo permitiria a convocação 
  •  de um concurso público de projetos arquitetônicos e urbanísticos para a reestruturação física do CDCM;
  • de um concurso público de projetos de gestão do CDCM;
Em resumo, o CDCM pode ser transformar numa instituição de referência da cidade de Niterói como equipamento público e como patrimônio arquitetônico e urbanístico – o equivalente desportivo do MAC.


2011-11-30


domingo, 9 de outubro de 2011

Caio Martins: sede olímpica da Construção em Altura II

Paira, sobre o destino do Complexo Desportivo Caio Martins, em Niterói, o silêncio sepulcral do instante em que o verdugo ergue a espada sobre a cabeça do condenado. Só que, em vez do zumbido das moscas, o que se escuta é o baticum dos bate-estacas e martelos nas construções circundantes. 

Não me atraem as teorias da conspiração, mas de um tempo para cá me assalta o pensamento incômodo de que os sem-teto que reaparecem todo santo final de tarde na calçada do estádio para passar a noite ao abrigo de suas arquibancadas são movidos a algum tipo de incentivo. 

Há alguns meses o Ginásio Caio Martins hospedou, inopinadamente, uma importante etapa do mundial juvenil de vôlei masculino. Os jogos foram sempre à tarde – provavelmente por falta de iluminação adequada – e a publicidade nula. Ficava-se sabendo ao passar em frente ao ginásio e ver, pelo portão semi-aberto, os estandartes do evento. Só os escolares, creio, assistiram às partidas. 

Se os promotores dos Jogos Olímpicos tinham a intenção de proporcionar ao Caio Martins a sua última jornada, terão alcançado, sem dúvida, o seu objetivo: o Caio Martins provou que é um equipamento esportivo de última classe. E um objeto urbano deplorável. É melhor fazer um equipamento de nível olímpico em outro lugar que não a quadra mais valorizada da cidade. 

Como ninguém, nas esferas decisórias, parece interessado que as coisas sejam diferentes, eu tiro a conclusão que algo importante deve estar  para acontecer.

2021-10-09

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Caio Martins, Niterói: Sede olímpica da construção em altura?

DESDE QUE VOLTEI a residir em Niterói, minha cidade natal, há cerca de dezoito meses, não parei de intrigar-me com o destino no Complexo Desportivo Caio Martins, onde passo todos os dias a caminho de casa.

Ocupando o equivalente a quatro quadras na região mais valorizada da cidade, o Caio Martins é um estranho conjunto esportivo com um ginásio circular e uma piscina olímpica onde quase nada de relevante acontece e um estádio de futebol semi-abandonado cuja maior serventia talvez seja proporcionar, com seus longos muros e arquibancadas projetadas sobre a calçada, o abrigo e privacidade a que têm direito, como qualquer um de nós, os sem-teto que a habitam cronicamente – não me espantaria que os atuais fossem desabrigados do Morro do Bumba ainda à espera de uma solução.

O contraste é evidente, uma vez que ao redor do Caio Martins a cidade se renova ao preço de até R$ 6.000,00 o m2 residencial construído, com intensidades de ocupação que chegam a atingir os absurdos índices de 5, 6 e até 7 vezes a área do terreno.

A mim, que sou amante de quase todos os esportes e, por razões que não cabem neste artigo, convicto adversário da indústria olímpica mundial e brasileira, nunca me assaltaram dúvidas sobre o imenso potencial do Caio Martins como equipamento público desportivo. O mesmo não se pode dizer, ao que parece, dos homens públicos, para-públicos e privados que ganham montanhas de prestígio e sabe-se lá que caudais de dinheiro como gerentes, propagandistas e sanguessugas do grande sonho olímpico nacional de 2016.

Trago bem vivas na memória as épicas batalhas de futebol de salão que opunham, para delírio de suas torcidas, Liceu x Salesiano, Figueiredo Costa x Instituto Abel e outros clássicos dos jogos estudantis niteroienses da década de 1960. Talvez por isso, como ex-profissional de planejamento urbano e governamental me pus a imaginar cenários, excessivamente otimistas talvez, em que a prefeitura, a universidade e os estaleiros locais bancavam equipes de vôlei, basquete e futebol de salão para, a exemplo dos atuais Petrópolis de futsal e Macaé de vôlei, disputar as ligas nacionais tendo o Caio Martins como seu “ginásio de mando” – criando, de quebra, uma boa alternativa noturna nesta cidade onde a diversão quase que se resume (menos mal) a comer fora.

Podem-se imaginar infinitos cenários. Não há sequer contradição entre a valorização imobiliária do bairro e o pleno funcionamento de um grande complexo esportivo, bastando que um plano gerencial ousado se faça acompanhar de um projeto arquitetônico e urbanístico que transforme o Caio Martins num lugar bonito, eficiente e atrativo: em vez de um estádio de futebol inútil, campos de pelada, quadras de tênis e pistas de skate com ciclovias, calçadas largas e passeios arborizados, além de cercas vivas e fechamentos semi-transparentes onde houver necessidade.

Eis, porém, que o cacoete de urbanista foi obrigado a dar lugar àquilo que, desde o início, era em mim uma sombria intuição: dias atrás, o saite do jornal O Dia anunciava a iminente venda do Complexo Esportivo Caio Martins, em Niterói, pelo Botafogo de Futebol e Regatas – sim, o Glorioso Botafogo de Heleno, Quarentinha, Garrincha, Nilton Santos, Didi, Gérson e Jairzinho.

O erro da matéria era evidente. O Botafogo não poderia vender o Caio Martins pela simples razão de que este não lhe pertence, apenas lhe serve por concessão do Estado do Rio de Janeiro. Talvez relegada a algum “buraco da memória” orwelliano, a matéria não é mais encontrada pela ferramenta de busca do saite, mas as que lá estão dizem com todas as letras de quem é o sinistro desígnio:


Rio - O Complexo Esportivo Caio Martins, em Niterói, vai acabar. O governo do Estado venderá o conjunto, formado por estádio de futebol, ginásio e piscina olímpica. O comprador poderá demolir as instalações e usar o terreno para construir prédios: terá apenas que fazer equipamentos esportivos para a comunidade. (O Dia, 16-04-2011)

Socorram-me juristas e advogados, mas creio que pelas regras do direito administrativo um bem de uso especial – seguramente o caso do Caio Martins – não pode ser vendido pelo Executivo estadual sem ser desafetado desse uso pela Câmara dos Deputados. Ora, vender o velho presídio da Rua Frei Caneca, na região central do Rio de Janeiro, para implantar um grande projeto habitacional de interesse social é exatamente o oposto de vender um grande complexo esportivo de interesse social para transformá-lo em mais um paliteiro residencial de (relativo) luxo no centro de Icaraí!

A palavra está, pois, com o Ministério Público, mas também com o Tribunal de Contas, ao qual cabe zelar pela correta administração e destinação dos bens do povo sob a guarda do Estado, e à Câmara dos Deputados, que tem a oportunidade de, ao menos uma vez na vida, exercer a vontade soberana do eleitorado fluminense: já está em curso um movimento popular contra esse esbulho.

Não podemos, todavia, esquecer o prefeito e a Câmara Municipal de Niterói, aos quais cabe uma grave responsabilidade pois QUEM REGULA OS USOS E EDIFICABILIDADES DE CADA QUADRA DA CIDADE REGULA AO MESMO TEMPO... O VALOR DA TERRA, que, neste caso, o Estado proprietário quer vender! Há vagas para figurantes neste filme, no papel de vendilhões do templo. Alguém se candidata?

De minha parte, rogo ao grande Zeus do Olimpo o mesmo destino dos companheiros de Odisseu na morada do Cíclope para todos os hipócritas públicos e privados que contribuírem, ativa ou passivamente, para perpetrar este hediondo crime de lesa-cidade e lesa-esporte em nome do interesse geral e da boa marcha - quem há de duvidar? - do negócio olímpico nacional.

“O oráculo me soprou que Caio Martins, o escoteiro-padrão do Brasil, vai levar a Tocha Olímpica!” (Agamênon)



2011-04-27