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sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Apontamentos: Rego 2015 - Ebenezer Howard nos trópicos?

Estes apontamentos são parte de um processo de estudo compartilhado. À beira do urbanismo está à disposição dos autores cujo trabalho aqui se comenta para suas considerações.

REGO Renato L*, “A integração cidade-campo como esquema de colonização e criação de cidades novas: do Norte Paranaense à Amazônia Legal”. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais V.17, N.1, p.89-103, Abr 2015

*Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Maringá, PR, Brasil. 

Uma breve pesquisa de textos disponíveis na Internet sobre o planejamento regional no Brasil deixa a impressão de que, para a maioria dos autores, ele nasceu na década de 1950 como instrumento de política econômica do governo federal destinado a alavancar o desenvolvimento pela via do equilíbrio inter-regional. Suas mais conspícuas realizações seriam a criação da SUDENE, em 1959, e da SUDAM, em 1966. As raízes do planejamento regional em nosso país estariam, pois, fincadas no Estado desenvolvimentista do terceiro quarto do século XX.

Por analogia, é como se disséssemos que a história das cidades novas em nosso país se resume à construção de cidades-capitais - Teresina (1852), Aracaju (1855), Belo Horizonte (1897), Goiânia (1933), Brasília (1960) -, por iniciativa exclusivamente estatal. 

Em ambos os casos, fica a pergunta: e o Noroeste paranaense? 

Não é meu propósito enveredar pela história do planejamento regional: a do urbanismo já me apresenta dificuldade suficiente. Ocorre, porém, que o fio da meada das cidades novas do noroeste paranaense nos conduz à política provincial de ocupação da região iniciada em fins do século XIX e, muito especialmente, ao Plano de Colonização da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP 1925) - subsidiária brasileira da colonizadora britânica Paraná Plantations -, depois Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP 1944) [1], em cujo âmbito foram criadas nessa parte do país, entre os anos 1929 e 1960, uma bem-sucedida economia agrícola fundada na pequena propriedade e uma densa rede de 111 pequenas e médias cidades, duas delas (Londrina e Maringá) hoje com características de “pequena metrópole”.

Não por acaso, esse vasto processo de ocupação e assentamento planejados é tema permanente de estudo por parte de uma importante rede de pesquisadores, urbanistas e geógrafos principalmente, oriundos em sua maioria das Universidades de Londrina e Maringá, cujos produtos constituem em si mesmos uma consistente refutação da origem desenvolvimentista do planejamento regional em nosso país. 

Um desses produtos, que aqui introduzo, é o artigo “A integração cidade-campo como esquema de colonização e criação de cidades novas: do Norte Paranaense à Amazônia Legal” (2015), de autoria do professor Renato Leão Rego, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Maringá [2]

Partindo de uma sugestão do geógrafo norte-americano Martin Katzman [3], Rego propõe o Plano de Colonização da CTNP, de inícios da década de 1940, como referência para os projetos de ocupação da Amazônia e de colonização da Gleba Celeste, no norte do Mato Grosso, ambos da década de 1970, o primeiro por iniciativa direta do INCRA, o segundo a cargo da Colonizadora SINOP (Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná). 

Quero crer que , desse modo, embora não reivindique o Plano de Colonização da CTNP como “marco zero” do planejamento regional brasileiro, Rego ao menos implicitamente o coloca como um referente primordial. 

Será, nesse caso, o olhar do geógrafo, ou do urbanista-historiador, mais abrangente e perspicaz que o do economista?

O leitor interessado na história do urbanismo brasileiro encontrará na contribuição de Rego um relevante trabalho de recuperação das propostas e desenhos do arquiteto José Camargo, ligado desde 1955 ao antigo Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC) – órgão público federal antecessor do INCRA -, para a “ocupação planejada da bacia amazônica” (Urbanismo Rural). Verá, também, um conjunto de indicações para o projeto da Gleba Celeste, proposto pela Colonizadora SINOP a partir de projeto elaborado pelo engenheiro civil Roberto Brandão, egresso da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Paraná, em 1954.


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Abstenho-me de comentá-los para me deter um momento no meu tema - a proposição central do artigo, apresentada no Resumo:
Ao analisar o Urbanismo Rural, este trabalho mostra que os elementos comuns entre o projeto do INCRA e o esquema da colonização norte-paranaense são precisamente  aqueles derivados do ideário garden city. Notando a adaptação ao empreendimento privado de colonização e à política governamental, este trabalho constata como a ideia original de Ebenezer Howard contribuiu para a ocupação planejada do interior do país[meus destaques]
Na primeira postagem da série “As Sete Vidas da Cidade Jardim”, em construção neste blog, [4] defendi a proposição do professor Renato Rego de que o desenho urbano de Maringá foi influenciado não pela cidade-jardim howardiana, mas pela sua variante parker-unwiniana, nascida, com indiquei mais tarde, das exigências da indústria da suburbanização na Inglaterra de fins do século XIX e por isso esvaziada de sua abrangência regional e seu conteúdo socialmente reformador. Desde então, formei a opinião de que a o programa de Howard é muito mais claramente um pioneiro do regional planning do que do urban design

Explico. 

Embora enriquecido com conceitos e esquemas de desenho urbano que lhe renderam fama duradoura e prestígio mundial, o construto de Howard é essencialmente uma resposta programática à irrefreável migração de trabalhadores do campo para as grandes cidades inglesas. Seu propósito é a ocupação do espaço rural do país por uma rede de pequenas e médias cidades limitadas em população e densidade, funcionalmente autossuficientes e ambientalmente atrativas para o migrante rural, separadas entre si por cinturões agrícolas (green belts), interconectadas por ferrovias e, muito importante, autogeridas e financiadas pela valorização do solo. Essa rede de cidades foi por ele mesmo batizada “social city” na edição de 1898 de seu livro To-morrow: a Peaceful Path to Real Reform - uma dimensão crítica do programa da cidade-jardim quase sempre omitida por seus adeptos. Por essa razão, Howard é por muitos considerado, creio que com certa justiça, o precursor do ambicioso programa de cidades novas britânicas do pós-II Guerra Mundial - não mais destinado a atrair levas migratórias rurais em busca das áreas centrais das grandes cidades, mas a absorver excedentes de população urbana demandantes dos subúrbios em acelerada expansão.

Concluí, nessa ocasião, que as perguntas mais idôneas a propósito da influência de Howard no noroeste paranaense não dizem respeito ao desenho urbano de suas cidades, mas a se (1) o Plano de Colonização da CTNP tem raízes na tradição britânica do planning, (2) em que aspectos estaria materializada essa influência e, finalmente, (3) se ele guarda alguma relação com a social city howardiana. 

O artigo de Rego aqui apresentado responde, enfaticamente, sim ao terceiro quesito, passando ao largo do primeiro e resolvendo o segundo, a meu ver, com base em elementos circunstanciais e analogias conceituais.[5] 

Será de fato o Plano de Colonização da CTNP, de 1939, uma “adaptação do ideário da garden city”? Será válido dizer, que “propagando-se, o diagrama de Howard permitiu a conformação urbana do norte do Paraná” e que, “nos anos 1940, esse esquema inicial [howardiano] de cidade social foi adaptado à nova situação do empreendimento norte-paranaense e ao contexto nacional contemporâneo”? Será razoável afirmar que “enquanto o esquema de cidade social  viu nascer uma dezena de cidades novas planejadas no norte do Paraná, o esquema de cidades satélites, impulsionado pela cultura cafeeira, deu margem a quase uma centena de novos núcleos urbanos”? [meus destaques] [6]

Não estaria o professor Leão Rego transportando do plano do desenho urbano para o do planejamento regional, à maneira de Hall [7], o poder demiúrgico de Ebenezer Howard de moldar o desenvolvimento futuro dos assentamentos urbanos ocidentais? [8]

Inquestionavelmente, as concepções de organização espacial e urbanismo de Camargo para a Amazônia dos anos 1970 são um capítulo obrigatório da história do planejamento urbano e regional no Brasil e sua árvore genealógica matéria de relevante interesse teórico. Esta é, por si só, um notável qualidade da contribuição de Rego. Nessa investigação, a influência howardiana é uma hipótese de trabalho perfeitamente válida. 

São patentes as conexões do Urbanismo Rural de Camargo com as tradições do saber urbanístico moderno - a rede urbana hierarquizada de Howard, o regionalismo de Geddes, o urbanismo ambiental de Radburn, o racional-funcionalismo da Carta de Atenas. O plano de ocupação da Gleba Celeste promovido pela SINOP, por sua vez, remete claramente às diretrizes do Plano de Colonização da CTNP, baseado no fracionamento da gleba em pequenas propriedades rurais dispostas entre as águas dos fundos de vale e as estradas vicinais nos espigões, cabendo à ferrovia, instalada na linha de cumeada, conectar entre si os núcleos urbanos e escoar a produção. 

Juntar tudo isso numa "matriz howardiana" é que não me parece tarefa das mais simples. Por quê? 

Porque julgo problemático estabelecer-se tal conexão sem uma apreciação rigorosa das imensas diferenças de contexto histórico, de conteúdo programático e, principalmente, de objetivos e expectativas dos agentes promotores dos respectivos empreendimentos, aos quais estão inapelavelmente vinculados os autores dos projetos. 

A remissão a um modelo especulativo de um passado a essa altura remoto é um procedimento de projeto muito mais provável, e inteligível, em um programa estatal de forte viés político-administrativo, sob a égide do regime militar-burocrático de 1964-85, do que em um empreendimento privado regulado pela expectativa de retorno econômico a médio prazo – por mais ilustrado e presciente que seja o empreendedor.

No que tange ao Plano de Colonização da CTNP, não vejo como indício suficiente de sua gênese howardiana o fato de que 
“o esquema de colonização pode ser verificado nos poucos planos remanescentes, na proposta do traçado da ferrovia e nos projetos urbanos elaborados por engenheiros e agrimensores – a maioria imigrantes –, mas submetidos à aprovação do escritório londrino da empresa”. (REGO, pág. 95)
E me pergunto: como poderia um modelo de descentralização urbana, com fama de utópico, para o país mais industrializado do mundo de fins do século XIX, tornar-se, 40 anos depois, sem deixar disso qualquer rastro documental, a matriz de um projeto privado de colonização rural num país sul-americano ainda escassamente urbanizado e mal desperto para o processo de industrialização?

Embora não tenha meios de demonstrar o contrário, tampouco previsão de tornar ao assunto a curto prazo, devo admitir que encaro com ceticismo a proposição central de Rego. Primeiro, pela falta de registros documentais da conexão entre a social city howardiana e o Plano de Colonização da CTNP. Segundo, porque em várias contribuições sobre o tema, incluindo este mesmo artigo, abundam exemplos de diferenças entre o Plano de Colonização e o programa howardiano - quanto ao crescimento limitado das cidades, quanto ao design, quanto à base industrial, quanto à existência e função dos green belts e quanto à destinação - rigorosamente oposta - da renda do solo: ao passo que o modelo howardiano propõe recuperar todo o excedente da cobertura de custos de construção e financiamento para a gestão, manutenção e melhorias das cidades-jardim, o esquema da CTNP tem como finalidade precípua a apropriação da totalidade da mais-valia fundiária rural e urbana como lucro privado. Terceiro, porque eu apostaria muito mais fichas nos vínculos do Plano da CTNP com as experiências britânicas de expansão da fronteira agrícola em suas coloniais asiáticas e africanas do que com uma especulação espacial temporã voltada à descentralização urbana da Grã-Bretanha. 

A propósito desse último aspecto, a melhor pista nos é fornecida pelo próprio Rego em seu livro de 2009 As cidades plantadas: os britânicos e a construção da paisagem do norte do Paraná. Simon Fraser, 14o. Lorde Lovat, sócio principal da colonizadora britânica Parana Plantations, era também, nessa mesma época, proprietário promotor do empreendimento algodoeiro sudanês conhecido como Projeto Gezira, baseado no arrendamento de uma grande área de concessão estatal na bacia do Nilo a pequenos e médios lavradores. Não por acaso, seus planos iniciais para o nororeste paranaense tinham a ver com a cultura do algodão, não do café. [9] [10]

A social city howardiana é, em sua concepção, um modelo para a reestruturação do espaço nacional inglês sobre a base da urbanização e da indústria, impraticável senão pela iniciativa do Estado central a despeito das simpatias cooperativistas de seu criador, ao passo que a colonização do noroeste paranaense nasceu como empreendimento privado rural de alcance regional apoiado por uma rede de núcleos urbanos - sendo esta a razão da ausência de autênticos green belts -, ainda que a relação campo-cidade possa ter se invertido com o passar dos anos, mais ou menos inexoravelmente como pareça ao observador de hoje. 

De todo modo, ressalvados a necessidade de uma crítica retrospectiva do plano da CTNP segundo um viés histórico-ambiental e as limitações inerentes ao planejamento urbano e regional em âmbito privado, estou totalmente de acordo com Rego em que “a estratégia de ocupação planejada do norte paranaense foi prontamente reconhecida pelos seus modos modernos de colonização” e que, do ponto de vista técnico, (..) ela é “uma bem-sucedida experiência de colonização e planejamento regional coordenados”. 

Temos aqui, talvez, o primeiro e único caso brasileiro de construção deliberada de uma rede de cidades, iniciada, por necessidade do plano de negócios, como estrutura linear: entre 1929 e 1947 foram fundados, ao longo de uma mesma estrada de ferro e em uma sequência temporal quase perfeita, os núcleos urbanos de Londrina, Cambé, Rolândia, Arapongas, Apucarana, Jandaia do Sul, Mandaguari, Sarandi e Maringá. 

Ouso dizer, a despeito de minha ignorância da matéria, que todas as demais redes de cidades estudadas na geografia brasileira são produto “natural” de ciclos econômicos bem determinados. Ocorrem-me a rede urbana do ciclo do ouro mineiro no século XVIII, as cidades cafeeiras do Vale do Paraíba no século XIX, a rede de centros agro-industriais do interior paulista no século XX e a rede urbana do agronegócio de grande escala do Centro-Oeste no Brasil na virada do século XXI.

Sou tentado a concluir que o Planejamento Regional brasileiro começou no Noroeste paranaense e, para bem ou para mal, por iniciativa estrangeira e mediante a concessão de um considerável pedaço do território nacional a um mega-empreendimento urbano-rural privado. 

Eventuais analogias com certa classe de Grandes Projetos Urbanos contemporâneos talvez não sejam fortuitas, mas manifestação da recorrência, em condições sempre renovadas, dos grandes ciclos econômicos. 

___
NOTAS


[1] Por intermédio da CTNP, sua subsidiária brasileira, a empresa britânica Parana Plantations adquiriu diretamente do governo do Paraná 415.000 alqueires em outubro de 1925, ao preço de 8.712 contos de réis; entre 1925 e 1927 comprou 90 mil alqueires de fazendeiros e empresas de capital menor, somando cerca de 515 mil alqueires de terra roxa, em terreno praticamente plano, situadas entre os rios Paranapanema, Tibagi e Ivaí. No início da década de 1950, a CMNP adquiriu também a Gleba Umuarama situada a oeste da gleba inicial, com 30 mil alqueires. (NUNES 2017 [11])

[2] REGO R L, “A integração cidade-campo como esquema de colonização e criação de cidades novas: do Norte Paranaense à Amazônia Legal”. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais V.17, N.1, p.89-103, Abr 2015.

[3] KATZMAN, M. T., Cities and frontiers in Brazil: regional dimensions of economic developmentCambridge: Harvard University Press, 1977.

[4] JORGENSEN P, "As sete vidas da cidade-jardim". À beira do urbanismo (blog), 03-08-2017 
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2017/08/a-sete-vidas-da-cidade-jardim.html

[5] “Ainda que a Companhia de Terras e a Parana Plantations pouco ou nada divulgassem de seu plano de colonização no tocante ao aspecto da urbanização da região, a sua prática parece atestar a afinidade com as ideias britânicas do town planning.” REGO, R L, As cidades plantadas : os britânicos e a construção da paisagem do norte do Paraná. Maringá : Edições Humanidades, 2009. https://www.passeidireto.com/arquivo/26626459/as-cidades-plantadas-os-britanicos-e-a-construcao-da-paisagem-do-norte-do-parana

[6] Seção “Howard nos Trópicos: o esquema de colonização norte-paranaense”

[7] HALL P, Cities of Tomorrow [1988], edição atualizada Blackwell, Londres 1996, Capítulo 1: "Cidades da Imaginação”

[8] Demiurgo. Rubrica: filosofia. Segundo o filósofo grego Platão (428-348 a.C.), o artesão divino ou o princípio organizador do universo que, sem criar de fato a realidade, modela e organiza a matéria caótica preexistente através da imitação de modelos eternos e perfeitos (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). Tornarei ao tema no quarto artigo da série "As sete vidas da cidade-jardim", dedicado à suburbanização das grandes cidades norte-atlânticas de fins do século XIX e sua relação com a cidade-jardim howardiana.

[9] REGO R L, “A integração cidade-campo como esquema de colonização e criação de cidades novas: do Norte Paranaense à Amazônia Legal”. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais V.17, N.1, p.89-103, Abr 2015.

[10] NUNES Layane, “Os investimentos na colonização do norte do Paraná direcionados pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, e a comercialização das terras”, II Congresso Internacional de Política Social e Serviço Social: desafios contemporâneos, Julho de 2017, Londrina PR.

[11] NUNES, Layane (UEM), "A Companhia de Terras Norte do Paraná e a não obediência ao seu plano geral de colonização”. Anais do III SUUB, Recife Set 2017, pp 214-230. 

2019-11-01


sexta-feira, 11 de agosto de 2017

As sete vidas da cidade-jardim II

Ebenezer Howard, reformador social 
autodidata, escreveu uma única obra,
publicada em 1898 sob o título
To-morrow: a Peaceful Path to Real Reform
e republicada em 1902 como 

Garden Cities of To-morrow
O artigo anterior desta série foi aberto com a proposição do professor Renato Leão Rego[1][2] de que o modelo de “cidade autônoma de gestão comunitária” postulado por Ebenezer Howard em 1898-1902 sob o nome cidade-jardim não influenciou, ao contrário da ideia amplamente difundida, o desenho urbano de Maringá, cidade nova projetada em 1943 pelo engenheiro Jorge de Macedo Vieira para a Companhia de Terras Norte do Paraná. 

O plano urbano de Vieira teria sido influenciado, sim, pelos princípios e critérios projetuais desenvolvidos por Raymond Unwin e Barry Parker - projetistas de Letchworth, a primeira (de duas) cidades-jardim howardianas - ao longo de suas trajetórias profissionais, no caso de Unwin por via de sua obra de 1909 intitulada Town planning in practice: an introduction of the art of designing cities and suburbs e, no de Parker, pela prática exercida no Brasil entre 1917 e 1919, em projetos de loteamentos para a City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company, mais conhecida como “Companhia City”, onde Macedo Vieira, formado engenheiro pela Politécnica em 1917, estagiou e trabalhou até 1920.

Termina o artigo contrastando o método e as conclusões de Rego com a proposição de Peter Hall, apresentada em sua obra magna Cidades do Amanhã, de que Ebenezer Howard foi o founding father de uma vasta linhagem de planos urbanos inspirados, “para bem e para mal”, em sua cidade-jardim.
Boa parte, senão a maior parte do que aconteceu - para bem e para mal - com as cidades do mundo nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial remonta, podemos dizer, às ideias de uns poucos visionários que viveram e escreveram há muito tempo, quase ignorados e até mesmo rejeitados por seus contemporâneos. [Peter Hall, Cidades do Amanhã. Capítulo 1, "Cidades da Imaginação]
Ebenezer Howard é o mais importante personagem individual dessa história. [Peter Hall, Cidades do Amanhã. Capítulo 4, “A Cidade no Jardim”] [3]
A convocação de Hall a este debate não é fortuita. No artigo precedente eu me disse convencido não apenas da justeza das conclusões de Rego a respeito da linhagem do plano urbano de Maringá, mas também da “grande relevância historiográfica de sua pesquisa”. Por que? Porque sua pesquisa aponta para o problema, por ele mesmo insinuado, mas deixado em aberto nas preliminares de sua exposição, do motivo pelo qual “muita gente se refere a Maringá como uma cidade-jardim ou, quando menos, como uma cidade relacionada a este tipo urbano”. [4] 

Minha hipótese é que o postulado de Hall acima citado habita o cerne de uma interpretação arbitrária e explicitamente idealista, gobalmente difundida e largamente aceita a despeito de seu nítido viés norte-atlântico, do desenvolvimento histórico do urbanismo, do planejamento espacial e, no limite, das próprias cidades. Apoiada, no início do século passado, na autoridade de advogados ilustres como Clarence Stein, Frederick Osborn, Henry Wright, Lewis Mumford e Patrick Abercrombie, e reforçada nos anos 1960 por teóricos e críticos do calibre de Jane Jacobs e Françoise Choay, essa vertente interpretativa, que inclui adeptos fervorosos e adversários figadais, tende a atribuir ao construto de Howard, mais que a suas realizações práticas, Letchworth e Welwyn, uma influência que - salvo, talvez, dentro da própria Grã-Bretanha - ele provavelmente não tem.

Diagrama howardiano da rede de
cidades-jardim autofinanciadas,

dita Social City, destinada a
ocupar 
progressivamente o campo
britânico como alternativa à migração
em massa de camponeses para as
grandes cidades. Peter Hall observa,
em "Cidades do Amanhã", que a
omissão deste diagrama
na segunda edição de To-morrow:
A Peaceful Path for Real Reform
,
estorvou a compreensão de que a Social
City, não a cidade-jardim individual,
é o cerne da contribuição howardiana
ao planejamento urbano moderno.
Cabe especular se tal omissão, 

combinada à significativa mudança do
título do livro para a edição de 1902,
não fazem parte de um processo
 de adaptação do modelo original
às necessidades de sua promoção, 

execução e comercialização a cargo da 
First Garden City Ltd., criada em 1903.
Que o leitor não me interprete mal: como terei, a seu momento, ocasião de demonstrar, eu admiro a Garden City howardiana como admiro a Ciudad Lineal de Arturo Soria y Mata como admiro a Cité Industrielle de Tony Garnier como admiro a Ville Radieuse de Le Corbusier como admiro a Broadacre City de Frank Lloyd Wright. Não por igual, é certo. Tenho minhas predileções, em nenhum caso, porém, como ideia portadora de valores universais ou de respostas transcendentais para os conflitos e aleijões da cidade moderna. Embora caiba, por certo, a discussão da maior ou menor influência de tal ou qual dentre esses "modelos" sobre o modo de ser e se reproduzir das cidades, minha opinião é que a literatura dedicada às generalizações e teorias urbanísticas tem uma notável propensão a exagerá-la. 

Para entendermos a interpretação de Hall, nem tanto sobre o papel histórico dos “visionários” em geral, mas de Ebenezer Howard em particular, precisamos em primeiro lugar saber a que ele se refere com a proposição “o que aconteceu com as cidades do mundo nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial”. É puxando retroativamente o fio da meada desse “acontecido com as cidades do mundo” - supondo que sejam, realmente, do mundo - e esboçando a composição desse “acontecido” na química de sua construção, governança e feedback intelectual - crises e conflitos; necessidades e oportunidades; investimento privado e público; avanços científicos e tecnológicos; iniciativas, projetos e planos urbanos; desenvolvimentos técnicos, teorias e especulações urbanísticas -, que se pode, creio, estabelecer não apenas a dívida real dessas cidades para com a cidade-jardim howardiana, mas também as fontes disso que, a mim, mais parece um pacote hipotecário inflacionado por um derrame de juros compostos. 

Um desafio fascinante, a que pretendo me dedicar - no ritmo requerido por uma investigação à beira do urbanismo - no transcurso dessa série. Cogito, na próxima postagem, oferecer ao leitor uma pequena compilação de elementos factuais que nos propiciem uma aproximação à cidade em que Ebenezer Howard concebeu a sua obra singular. 


___
[1] Professor titular do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Maringá - UEM.

[2] Leão Rego, Renato, “O desenho urbano de Maringá e a idéia de cidade-jardim". Acta Scientiarum- UEM v. 23, Outubro de 2001.

[3] Tradução livre de Hall, Peter. Cities of Tomorrow [1988], edição atualizada Blackwell, Londres, 1996. 

[4] Leão Rego, Renato, id.



2017-08-11

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

As sete vidas da cidade-jardim (1)

Plano urbanístico de Letchworth, Reino Unido
(1904), por Raymond Unwin e Barry Parker

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Um recém-adquirido interesse pelas cidades novas do século XX me levou, por uma bifurcação do caminho que apenas ao pensamento é dado percorrer de uma só vez, a cenários tão distantes quanto podem ser o Noroeste paranaense e a Inglaterra do pós Segunda Guerra Mundial. 

E foi desfolhando, na literatura disponível, a árvore genealógica de dois dos maiores programas de assentamento urbano daquela época [1] que me deparei com uma velha conhecida de todos nós: a cidade-jardim. Por incrível que pareça, aí encontrei coisas deveras interessantes e problemas cuja existência nunca havia cogitado. 

O primeiro deles, objeto desta postagem, foi-me apresentado por um texto do professor Renato Leão Rego [2] publicado no ano de 2001 sob o título “O desenho urbano de Maringá e a idéia de cidade-jardim”.[3] 

“Muita gente se refere a Maringá, estado do Paraná, como uma cidade-jardim ou, quando menos, como uma cidade relacionada a este tipo urbano”, explica Rego na abertura de seu artigo. 

Plano urbanístico de Maringá (1943),
por Jorge Macedo Vieira

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Para responder à questão enunciada, o professor paranaense estudou a fundo a origem geralmente aceita desse modelo, qual seja a “proposta publicada por Ebenezer Howard em 1902 sob o título Garden Cities of Tomorrow”, bem como os projetos de Raymond Unwin e Barry Parker para Letchworth e Hampstead, na Inglaterra de inícios do século XX, e o livro-texto de Unwin Town planning in practice: an introduction of the art of designing cities and suburbs, de 1909 - além, é claro, do projeto de Jorge de Macedo Vieira para Maringá, datado de 1943. 

Sua conclusão foi que - notem bem - “a idéia original de Howard de cidade-jardim não perpassa o desenho urbano de Maringá”. 

O exame detalhado de uma longa lista de atributos do projeto original da cidade - cito: a consideração das preexistências como base para o projeto, o traçado irregular consoante com as características naturais do terreno, a presença maciça do verde como elemento de composição do espaço urbano, o caráter artístico da malha urbana, em especial o efeito do traçado regular da área central, a forma das praças, a composição pitoresca de edifícios e espaços públicos ‘fechados’ etc. - o convenceu de que eles “aproximam a forma urbana de Maringá ao tipo de cidade-jardim que Unwin e Parker materializaram” (destaque meu):
A prática do urbanismo de Unwin e de Parker em Letchworth e Hampstead, compilada no texto de Unwin e aplicada por Parker nos projetos da Cia. City em São Paulo, influenciaram e formaram a prática projetual de Jorge de Macedo Vieira, que adotou as soluções formais e os princípios de desenho daquelas duas cidades na composição da forma urbana maringaense. 

Estamos diante, ao que parece, do postulado de que entre a cidade-jardim de Howard e a de Unwin e Parker medeia uma ruptura conceitual, cuja pista eu tento seguir nesta compilação livre que fiz das palavras do autor. 

A proposição de Howard:
Howard, talvez por sua própria formação, [estava] menos interessado e envolvido com questões próprias do desenho urbano [do que] numa solução para o problema urbano que proporcionasse moradia digna para as classes trabalhadoras. 
(..) A proposta de cidade-jardim publicada por Ebenezer Howard em 1902 sob o título Garden Cities of Tomorrow não se referia a um modelo espacial e sim a um esquema teórico de uma cidade autônoma, de gestão comunitária, de dimensão limitada por extensa faixa agrícola que a circundava e que, caracterizada por altas taxas de áreas verdes, seria uma alternativa para o caos e decadência urbanos da Inglaterra do final do século XIX.
(..) De acordo com o planejamento urbano e territorial de Howard, a terra agrícola deveria ser adquirida pela comunidade organizada. (..) As cotas de participação, pagas mensalmente, habilitariam o contribuinte a usufruir o terreno, além de contribuir para a amortização do empréstimo obtido, financiar a construção da infraestrutura urbana, sistema viário, edifícios públicos e sustentar a manutenção e a administração da cidade, ou seja, o lucro do empreendimento seria revertido para a própria comunidade.
A trajetória de Unwin-Parker: 
(..) Raymond Unwin e seu sócio Barry Parker foram os responsáveis pela materialização das idéias de Howard. Juntos projetaram as cidades-jardins de Letchworth (1904-06) e Hampstead (1905) de acordo com o esquema proposto por Howard.
(..) Howard estava ligado ao projeto e à viabilização de Letchworth, mas nada tinha a ver com Hampstead, uma área localizada ao norte de Londres que, embora imaginada inicialmente como uma comunidade, não era prevista como autônoma e configurava-se como um subúrbio da capital inglesa. 
(..) Em 1909, depois destas duas experiências fundamentais, o urbanista Raymond Unwin publica Town planning in practice: an introduction of the art of designing cities and suburbs (...) [um livro que] pouco tem da cidade-jardim idealizada no esquema de Howard, sendo efetivamente um tratado de desenho urbano (..) [onde] encontram-se soluções formais e sugestões de procedimentos no desenho da cidade já experimentadas na composição da cidade-jardim, que então se transformou em um tipo arquitetônico (alternativo à cidade racionalista), uma configuração urbana cuja forma-base passou a ser empregada e reformulada em todo o mundo, abandonando o ideal de Howard concentrado nos princípios de uma vida comunitária e cooperativa. (Destaque meu)

Embora admita diferenças de interpretação com o autor no que se refere às motivações e ao alcance do programa de Howard - irrelevantes, é bom que se diga, para os seus propósitos -, considero de grande importância historiográfica a pesquisa de Rego e essencialmente correta a sua conclusão. 

Eu a traduzo da seguinte maneira: “cidade-jardim” é um termo que designa objetos bastante distintos, quase diria antagônicos, para Ebenezer Howard, o criador, e para Unwin/Parker, os epígonos. Não foi a primeira vez na história, e está longe de ter sido a última, que algo do gênero aconteceu!

Essa opinião é sustentada também, de maneira bastante incisiva, por Monteiro de Andrade. Numa resenha de 2002 [4] do livro da arquiteta Silvia Wolff sobre o Jardim América, primeiro "bairro-jardim" da cidade de São Paulo, [5] ele assim resume a questão:
No primeiro capítulo Silvia Wolff sistematiza informações básicas sobre as propostas de cidade-jardim e de subúrbio-jardim, estabelecendo suas origens e referências históricas. Ao tratar da distinção entre esses dois conceitos a autora inicia afirmando o vínculo do urbanismo dos loteamentos da City à proposta de cidade-jardim. Observa, no entanto, a polissemia do termo e, em particular sua confusão com a noção de subúrbio-jardim. Mostra como o fato dos arquitetos Parker e Unwin terem projetado a primeira cidade-jardim howardiana – Letchworth, e também o primeiro subúrbio-jardim de amplo sucesso – Hampstead, tem contribuído para tal confusão terminológica e conceitual.
Com pertinência ressalta a importância dessa distinção, a qual, vale lembrar, provocou a ruptura de Howard, Osborn e outros seguidores dogmáticos – que se mantiveram fiéis à concepção de cidade-jardim enquanto um tipo ideal, alternativo às metrópoles e grandes cidades –, com Unwin, Parker e demais projetistas de subúrbios. Mas a autora deixa de lado uma análise do fundamental trabalho teórico de Unwin – o Town Planning in Practice, de 1909, ainda que este conste na bibliografia – no qual esse autor desliza o conceito de cidade-jardim para subúrbio-jardim. Assim, não enfatiza a cisão do Movimento pela Cidade-Jardim entre os ortodoxos howardianos e os pragmáticos alinhados a Unwin.


The Social City, in
“To-Morrow: A Peaceful Path to Real Reform”,
1898, by [Sir] Ebenezer Howard

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O trabalho de Rego e a síntese de Monteiro de Andrade nos sugerem que a cidade-jardim exaustivamente referida no estudo das origens do urbanismo moderno tem duas existências: a howardiana e a unwiniana. Mas sou tentado a considerar que ela é um objeto ainda mais complexo. 

Olhando um pouco mais de perto, poder-se-iam distinguir pelo menos seis vidas nesse caso: (1) o programa socioespacial urbano e regional howardiano, por ele mesmo batizado "Social City"; (2) a especulação urbanística expressa no esquema gráfico howardiano; (3) os respectivos fatos urbanos erguidos sobre o terreno em Letchworth e Welwin; (4) os demais projetos de urbanização elaborados sob tal selo por Unwin e Parker; (5) os assentamentos suburbanos “orgânicos” de baixa densidade construídos no mundo norte-atlântico desde meados do século XIX;  e (6) o "ponto de venda" amplamente abraçado pela indústria de produtos imobiliários em todo o mundo. 

Uma vida a mais que identificássemos num exame mais atento, ou que ocorressem à mente do leitor, e teríamos um objeto verdadeiramente felino. É essa multiplicidade de avatares que torna a cidade-jardim ao mesmo tempo um animal fugidio e um pau para toda obra na história do urbanismo moderno.

Distintas cidades-jardim coexistem como que em distintos feixes de realidade, entrelaçadas por certo, mas relativamente independentes em sua gênese, desenvolvimento, ramificações e rupturas. Cabe ao historiador das cidades e do urbanismo identificar esses feixes, analisá-los e concatená-los de modo a esclarecer, na medida do possível, suas conexões e influências recíprocas.

O método de Rego consistiu em cotejar os aspectos centrais da comunidade autogerida howardiana - sem destacar, é fato, o pouco que ela contém de especulação urbanística propriamente dita - aos planos e projetos urbanísticos criados, sob seu selo, por Unwin e Parker na Inglaterra e, sob a influencia direta destes últimos, por Jorge Macedo Vieira em Maringá - planos e projetos que, por sua vez, levaram à formulação de outros corpos de ideias, mais ou menos - ou nada! - devedores à cidade-jardim de Ebenezer Howard, e que se deram à história do urbanismo como mais ou menos aptos a responder aos problemas de sua própria época, lugar e circunstância. 

Algo radicalmente distinto, quero crer, do método enunciado - e obstinadamente praticado, com enorme maestria e erudição - por Peter Hall em seu clássico Cities of Tomorrow – an Intellectual History of Urban Planning and Design in the Twentieth Century, onde se lê:
Boa parte, senão a maior, do que aconteceu - para bem e para mal - às cidades do mundo nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial remonta, podemos dizer, às ideias de uns poucos visionários que viveram e escreveram há muito tempo, quase ignorados e até mesmo rejeitados por seus contemporâneos. (...) Algumas dessas visões eram utópicas, quando não milenaristas (..). Sua implementação, depois de descobertas e ressuscitadas, aconteceu no entanto em lugares, circunstâncias e por meio de mecanismos quase sempre muito diversos daqueles que seus criadores haviam cogitado (...) não admira que com resultados muitas vezes bizarros e até catastróficos. [Capítulo 1, "Cidades da Imaginação]
Ebenezer Howard é o mais importante personagem individual de toda essa história. [Capítulo 4, “A Cidade no Jardim”] [6]

Pergunta inescapável: seria Maringá, do ponto de vista de Hall, um resultado bizarro ou uma tradução catastrófica da implementação das ideias de Howard em um lugar, circunstância e por meio de mecanismos muito diversos daqueles que ele cogitou? Onde se encaixaria o projeto de Macedo Vieira em sua história do planejamento e do desenho urbano no século XX? 


Vista aérea de Maringá - Paraná - BR
Fonte: Assessoria de Comunicação PMM/Internet
Vista Aérea de Letchworth, Inglaterra, UK
Fonte: Intenet


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[1] A colonização do noroeste paranaense pela Companhia de Terras Norte do Paraná e a construção de novas cidades no Reino Unido sob impulso do New Towns Act de 1946.

[2] Professor titular do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Maringá - UEM.


[3] Leão Rego, Renato, “ O desenho urbano de Maringá e a idéia de cidade-jardim. Acta Scientiarum - UEM v. 23, Outubro de 2001. http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciTechnol/article/view/2801/1853

[4] Monteiro de Andrade, Carlos  Roberto. “Jardim América: a arquitetura do primeiro bairro-jardim de São Paulo”, Vitruvius 006.01 ano 01, jun. 2002

[5] Santos Wolff, Silvia Ferreira. Jardim América:O primeiro bairro-jardim de São Paulo e sua arquitetura, Edusp, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo; 1ª edição, 2001

[6] Tradução livre de Hall, Peter. Cities of Tomorrow [1988], edição atualizada Blackwell, Londres, 1996.


2017-07-03