sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Metapirâmide financeira

Deu no Estadão / Negócios
06-12-2021, por Paulo Silvestre
https://brasil.estadao.com.br/blogs/macaco-eletrico/por-que-alguem-pagaria-r-134-milhoes-por-um-terreno-que-so-existe-na-internet/

Por que alguém pagaria R$14,3 milhões por um terreno que só existe na Internet?

Para mim, trata-se de um entretenimento tão extravagante quanto os passeios espaciais dos multibiliardários. Um jogo de azar em que o apostador parte do princípio de que sempre haverá outro apostador que lhe cubra a parada. O que me mais me chama a atenção, embora não supreenda, é o destaque que lhe dão os cadernos de negócios especializados em... imóveis!

Imagine agora o leitor que, nessa mesma sociedade virtual em cujo mercado imobiliário especuladores reais aplicam o seu dinheiro, seja criado um entretenimento virtual em que os avatares dos avatares comprarão e venderão imóveis com dinheiro desses mesmos especuladores - e assim por diante até o dia em que estes se darão conta de que todo o seu capital desapareceu no infinito dos espelhos.

2021-12-27

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Decô soviético

Publicado no Facebook
07-12-2021, por Laurent Beaudouin, Arquiteto

Dans les parties semi-circulaires du bâtiment ont été placés un puisard, un château d'eau, des filtres américains, des pompes primaires et un réservoir d'eau sous pression. Le bâtiment à l'arrière abritait sept chaufferies. Le bâtiment a été récemment lourdement restauré.

Fábrica de tecidos Bandeira Vermelha ("Krasnoe Znamya"), Rua Pionerskaya, S Petersburgo, Rússia - 1925-1926, Erich Mendelsohn (1887-1953) e Iakov Tchernikhov (1889-1951).

2021-12-19

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

A guerra pelos lugares centrais

Deu no El País Economía
06-12-2021, por José Luis Aranda
https://elpais.com/economia/2021-12-06/los-ricos-desalojan-a-los-pobres.html

Los alquileres destierran a los más débiles del centro de las ciudades

Puente de Vallecas, Madrid 
Imagem: Google Earth. Texto: El País. 
Este artigo nos obriga a refletir sobre o alcance da propalada “migração em massa” de trabalhadores qualificados aderidos ao home-office para o "interior", urbano ou rural, de seus respectivos países, na maioria dos casos cidades satélites e condomínios fechados na franja urbano-rural das próprias metrópoles. 

A proliferação de microapartamentos e do coliving nas regiões pericêntricas das grandes cidades - do Brasil, Europa, Ásia e até dos EUA, onde a classe média ocupa e seguirá ocupando vastas extensões suburbanas - é um claro indício de que, no pós-pandemia, as cidades globais continuarão sendo as usinas propulsoras do crescimento econômico planetário, fonte da imensa maior parte dos empregos e cenários permanentes da guerra pelos lugares centrais, cujo resultado é empurrar os trabalhadores de menor qualificação e as famílias de mais baixos rendimentos para bairros progressivamente mais periféricos, onde, de maneira geral, a localização é menos conveniente e a urbanização menos satisfatória.  

2021-12-23

domingo, 19 de dezembro de 2021

Bens públicos, negócios privados: a guerra das concessões

Deu n'O Globo 08-12-2021, por Geralda Doca
Governo avalia limitar expansão de voos no Santos Dumont e construir metrô até a Ilha do Governador para 'salvar' Galeão 

Montagem: À beira do urbanismo
Imagens originais: Internet

O governo trabalha em duas frentes para vencer resistências do governo do Rio à privatização do Santos Dumont. Autoridades locais temem um esvaziamento do Galeão (Tom Jobim), que pode perder ainda mais voos internacionais e isolar a cidade, com um eventual crescimento do terminal central da capital.

Uma das opções é limitar a expansão dos voos no Santos Dumont para dar tempo de recuperação do Galeão. Essa é uma das demandas das autoridades do Rio, que pessionam para liberar o avanço do Santos Dumont, inclusive para rotas internacionais, quando a cidade atingir patamares mínimos de passageiros.

A outra opção em estudo pelo governo federal é usar os recursos das outorgas da concessão dos terminais para a construção de um metrô ligando os dois aeroportos, projeto de R$ 5,5 bilhões.

2021-12-15

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Debate necessário

Publicado em Sin Permiso
02-12-2018, por Michael Roberts
https://www.sinpermiso.info/textos/financiarizacion-o-rentabilidad

¿Financiarización o rentabilidad?

La financiarización, como el neoliberalismo, es la palabra de moda entre los los economistas heterodoxos y de izquierdas. Domina las conferencias académicas de izquierda y círcula como el tema que supuestamente explica las crisis, así como una de las causas del aumento de la desigualdad en las economías capitalistas modernas, sobre todo en los últimos 40 años. La última manifestación de esta hipótesis de la financiarización es de Gracie Blakeley, una economista de izquierda británica, que parece ser una estrella emergente en el Reino Unido. En un artículo reciente, presenta todos los argumentos de la escuela de la financiarización.

Pero, ¿qué significa el término 'financiarización' y que valor añade a nuestra comprensión de las contradicciones del capitalismo moderno? y ¿nos orienta políticamente para cambiar las cosas? No lo creo. Esto se debe a que o bien el término se utiliza tan ampliamente que proporciona muy poca información adicional; o se concreta de manera tal que es tanto teórica como empíricamente equivocado. (Continua)


Acesse o texto completo pelo link
https://www.sinpermiso.info/textos/financiarizacion-o-rentabilidad

2021-12-23

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

A febre do ouro

Deu no Monitor do Mercado 30-11-2021
https://monitordomercado.com.br/noticias/23642-eua-indice-sandamp-p-case-shiller


Preços de imóveis residenciais sobem 19,1% nos EUA

Montagem: Àbeiradourbanismo

O índice S&P/Case-Shiller, que mede os preços de imóveis residenciais nas 20 principais regiões metropolitanas dos Estados Unidos, subiu 19,1% em setembro na comparação com o mesmo período do ano anterior, depois de alta de 19,7% em agosto.

*

Headline inflation, including food and energy, rose at a 4.4% annual rate in September, the fastest since 1991. Core inflation, which is the Fed’s preferred gauge, increased 3.6% for the 12 months, the same as in August but still also the fastest pace in 30 years. Personal income declined at a faster pace than expected (..). (CNBC)

2021-12-07

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Coliving, micromoradia, renda do solo

Deu no G1
19-11-2021, por Gustavo Honório
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/11/19/a-vida-nas-casas-compartilhadas-de-sp-moradores-pagam-r-12-mil-de-aluguel-em-quartos-de-9-m.ghtml


A vida nas casas compartilhadas de SP: moradores pagam R$ 1,2 mil de aluguel em quartos de 9 m² 

Montagem: àbeiradourbanismo. Texto: Folha S Paulo
Incorporadoras e imobiliárias em geral garantem que a redução paulatina do tamanho das unidades habitacionais, incluindo a modalidade "moradia compartilhada", é um signo de progresso que lhes cabe materializar no interesse de inquilinos e compradores: as unidades são super-práticas e, o mais importante, aliviam o orçamento das famílias.
[1] 

De fato, quem alugava 15m2 a $100,00/m2 (=$1.500,00) e agora aluga 10m2 a $120,00/m2 (=$1.200,00), ainda que pagando mais caro pelo m2 passou a dispor de uma unidade habitacional mais acessível.

O que as imobiliárias não dizem é que quanto menor e mais próxima ao centro urbano (ou à praia, parque, etc.) a moradia, mais se paga pela terra-localização e menos pela benfeitoria - e isto é a alma do seu negócio. 

Uma unidade imobiliária é formada por dois ativos combinados, benfeitoria e solo, cujos valores de mercado têm natureza e comportamento distintos e por vezes até contraditórios. A benfeitoria é mercadoria durável, cujo valor gravita ao redor do preço de produção (custos totais + taxa média de lucro) e diminui inexoravelmente com o uso e o passar do tempo (depreciação); o solo é um bem natural pelo qual se paga um preço que nada tem a ver com a atividade produtiva, ou com a quantidade de trabalho nela empregado, consistindo simplesmente na maior oferta que lhe façam os demandantes pelo direito exclusivo de usufruir e dispor de suas vantagens de urbanização e localização, externalidades que, regra geral, propiciam a sua contínua valorização no processo de crescimento econômico e expansão da cidade. 

Ao passo que a benfeitoria está inexoravelmente sujeita à depreciação pelo tempo e pelo uso, a localização, embora possa desvalorizar-se relativamente a outras localizações, só em situações de degradação urbana sofre desvalorização absoluta, isto é, maior que a da moeda por efeito da inflação. [2]

O segredo do negócio imobiliário está em que, nas localizações preferidas pelos segmentos de médios e altos rendimentos, a renda do solo agrega considerável sobrelucro ao processo de produção de novas unidades e sua valorização no tempo muito mais do que compensa a inevitável depreciação das benfeitorias. A combinação benfeitoria-solo confere ao bem imobiliário a singular capacidade de ganhar valor de mercado e gerar renda até muito depois de cumprida a sua “missão” como mercadoria, isto é, de ter seu preço total quitado pelo adquirente e seus eventuais sucessores, consequentemente realizado o lucro do capital incorporador.

O exemplo mais simples desse efeito combinado é o do apartamento de três quartos que passa a ser alugado em regime de coliving. Dado que o valor da benfeitoria, no curtíssimo prazo, se mantém constante, a totalidade do aumento da receita de aluguel provém... da propriedade do solo - e o que é sumamente interessante, sem investimento algum! É pura renda de localização.

O princípio que rege a prática atual do coliving nos bairros de classe média é rigorosamente o mesmo que há mais de um século preside a formação de cortiços em zonas centrais desvalorizadas das grandes cidades. Ele foi assim descrito por Richard Hurd, pioneiro do estudo do espaço intra-urbano, em 1903:

(..) mansões obsolescentes convertidas em casas de cômodos geralmente perdem valor, efeito que tende a ser compensado pela utilização mais intensa do solo: mais pessoas pagando alugueis menores pode resultar em aumento da renda total. [3]

Na incorporação imobiliária, a redução do tamanho das unidades gera um resultado similar. Consideremos dois empreendimentos A e B, quase simultâneos (ou seja, a inflação é desprezível), vizinhos, de igual padrão de qualidade e mesmo tamanho total (3.000m2 privativos), em que a unidade de A (30m2) é vendida ao preço de R$150 mil (R$5.000,00/m2),  e a unidade de B (25m2) é vendida ao preço de R$135 mil (R$5.400,00/m2).


EMPREENDIMENTO A
3.000m2 com unidades de 30m2 à 100 unidades * R$150 mil/ un à receita total = R$15,0 milhões

EMPREENDIMENTO B
3.000m2 com unidades de 25m2 
à 120 unidades * R$135 mil/ un à receita total = R$16,2 milhões

Vendendo 120 unidades de 25m2 do Empreendimento B, 10% mais baratas no preço total ainda que 8% mais caras por m2 do que as do Empreendimento A, o incorporador obtém um aumento de receita de 8% com a mesma quantidade de m2 privativos produzidos.

Àbeiradourbanismo
Sim, o custo/m2 de construção de 3.000m2 privativos perfazendo 120 unidades é maior do que o custo/m2 de construção de 3.000m2 privativos perfazendo 100 unidades - devido, principalmente, ao maior volume de instalações. Basta, porém, que esse aumento de custo seja menos que proporcional ao aumento da receita - o que é muito provável em todos os casos que envolvam as localizações mais valorizadas na cidade -, para que o empreendimento B seja mais rentável do que o empreendimento A, acréscimo inteiramente derivado da renda da terra-localização.

*

Nas grandes cidades de todo o mundo, 
a produção de micro-apartamentos e a adoção da moradia compartilhada seguem num ritmo imparável. Significa que, por relevante que seja a maré de trabalho remoto trazida pela pandemia de Covid-19, para a imensa maioria dos assalariados a única opção continua sendo o trabalho presencial a 15, 30, 45, 60 minutos, ou até mais, de seus habitáculos, pelos quais são obrigados, além do mais, a despender parcelas cada vez maiores de seus vencimentos mesmo com o barateamento proporcionado, no curto prazo, pela redução do tamanho das unidades.

Assim se materializam as expectativas dos consultores das grandes organizações dedicadas ao desenvolvimento, para os quais as megalópoles contemporâneas em contínuo crescimento são, a despeito de suas fabulosas deseconomias e obscenas desigualdades, as insubstituíveis e benfazejas usinas da riqueza planetária.

___
[1] "Os apartamentos com os quais a Vitacon trabalha são compactos para locação nas regiões mais procuradas de São Paulo. “Quem investe com a gente, investe em desenvolvimento urbano e atende uma alta demanda que procura por qualidade de vida, mobilidade, proximidade do trabalho e dos eixos estratégicos da cidade”, diz o empreendedor. [ Nos últimos 12 anos, a Vitacon desenvolveu mais de 70 projetos, visando uma cidade mais inteligente, dinâmica e acolhedora para todos." “Investimento em produtos imobiliários é alternativa na crise”. MoneyLab 30-11-2021
https://www.infomoney.com.br/mercados/investimento-em-produtos-imobiliarios-e-alternativa-na-crise/

[2] “A chave do tamanho” (08-03-2020)
http://abeiradourbanismo.blogspot.com/2020/03/tamanho-e-documento.html

[3] "(..) when these good residences become old-fashioned and are converted into boarding houses, a drop in value will ordinarily occur. This is sometimes offset by the more intense utilization of the land, a larger rent being earned from more people even at lower rates.(..)" HURD R M, Principles of City Land Values. New York, Record and Guide 1903, "VI - Distribution of Utilities", p. 87.
https://archive.org/.../principlesofcity.../page/n4/mode/1up

 
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Sobre este tema, ver também neste blog

“O traseiro da TV e o lucro imobiliário” (07-06-2011)
http://abeiradourbanismo.blogspot.com/2011/06/o-traseiro-da-teletela-e-o-lucro_07.html

‘O coeficiente de aproveitamento e a valorização do solo” (23-02-2013)
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2013/02/o-coeficiente-de-aproveitamento-e.html

“Dracula de Bram Stoker” (20-12-2019)
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2019/12/dracula-de-bram-stoker.html


2021-11-29

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Maria Martins: Desejo Imaginante

MASP
agosto de 2021 a fevereiro de 2022

Casa Roberto Marinho
março de 2022 a junho de 2022
Maria Martins, O Impossível
Paço Imperial, Rio de Janeiro

Maria Martins (Campanha, Minas Gerais, 1894 – Rio de Janeiro, 1973) é uma artista fundamental na história do modernismo brasileiro e no panorama do surrealismo internacional. Ela é conhecida por suas esculturas em bronze, seus desenhos e suas gravuras que representam figuras femininas híbridas, bem como mitologias indígenas amazônicas, afro-brasileiras e da antiguidade clássica. Esta é a mais ampla exposição dedicada à artista e no MASP é contextualizada num biênio da programação dedicado às Histórias brasileiras, em 2021-22.

Foi nos anos 1940, após mudar-se para os Estados Unidos, que Maria Martins se tornou mais conhecida como artista e intermediadora cultural, obtendo rápida inserção no circuito internacional. O fato de ter desenvolvido grande parte de seu trabalho no exterior a impediu de participar ativamente dos movimentos modernistas brasileiros. Porém, Martins não deixou de realizar suas leituras e contribuições únicas a respeito de certa visualidade nacional, o que acabou lhe rendendo a alcunha de “escultora dos trópicos”. A artista buscou nas mitologias amazônicas e na cultura afro-brasileira referências para suas primeiras obras, dialogando com as tendências modernistas brasileiras da primeira metade do século 20. No entanto, a partir de meados dos anos 1940, ela deixou de lado uma visualidade comumente associada ao Brasil e passou a criar suas próprias mitologias em peças de bronze de médias e grandes dimensões.

Questões relacionadas ao desejo, ao erotismo e a uma ideia de feminino sempre estiveram presentes na prática artística de Martins e ganham ares “monstruosos” e inquietantes, desafiando a moralidade da época e as expectativas do público internacional a respeito do trabalho de uma artista brasileira.

O título desta exposição deriva de uma obra de Martins chamada Désir imaginant [Desejo que imagina, ou imaginante], cujo paradeiro atual é desconhecido e sobre a qual a artista escreveu a epígrafe acima, que abre este texto. Ao colocar o desejo como sujeito da ação de imaginar, Martins enfatizou seu potencial criativo, transformador e subversivo. Assim, o desejo pode ser entendido como uma força motriz que atravessa toda sua produção, atribuindo agência a um sentimento muitas vezes silenciado, sobretudo quando quem deseja e o expressa é uma mulher.

Maria Martins: desejo imaginante inclui 45 trabalhos, entre esculturas e gravuras, produzidos nas décadas de 1940 e 1950, além de 41 publicações e fotografias que narram a história da artista. A mostra é dividida em 5 núcleos que abordam como Martins articulou os diversos imaginários acerca do Brasil e dos trópicos ao longo de sua produção – um lugar reivindicado, reafirmado e reinventado por ela.

A mostra de Maria Martins integra o biênio da programação do MASP dedicado às Histórias brasileiras, em 2021-22, coincidindo com o bicentenário da independência em 2022. Neste primeiro ano, todas as mostras são dedicadas a mulheres, com individuais de Conceição dos Bugres, Erika Verzutti, Gertrudes Altschul, Maria Martins, Ione Saldanha, e, na Sala de Vídeo, Ana Pi, o coletivo Teto Preto, Regina Vater, Zahy Guajajara e Dominique Gonzalez-Foerster.

Isabella Rjeille, curadora, MASP

2021-11-29

 

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Arquitetura finlandesa

Postado no Facebook 
17-11-2021, por Jaakko Kilpiäinen


Muukalaiskatu 3, Helsinki Finland
Architect Max Frelander 1936.
My pic 2014, camera Sinar Norma, film 9x12 Ilford FP4
Não sou entendido, nem muito menos, em história da arquitetura, mas arrisco um comentário. Este edifício me parece uma bem-sucedida mescla de ecletismo decimonônico - rés-do-chão de paredes sólidas decoradas e arrematadas com frisos nos dois primeiros pavimentos - e despojamento modernista nos demais. A estética art-deco opera a transição com a ostensiva esquina em dobradiça de janelões panorâmicos, sacadas de alvenaria com parapeitos em ferro tubular e um imponente “chapéu” estilo cabine de comando. Elegância finlandesa. Arquitetura do cacete!

Imagem Google

2021-11-25

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Addicted to land rent

Publicado por McKinsey & Company
15-11-2021,  por Jonathan Woetzel et al
The rise and rise of the global balance sheet: How productively are we using our wealth?

Montagem: Àbeiradourbanismo
Net worth has tripled since 2000, but the increase mainly reflects valuation gains in real assets, especially real estate, rather than investment in productive assets that drive our economies.

(..) Across ten countries that account for about 60 percent of global GDP—Australia, Canada, China, France, Germany, Japan, Mexico, Sweden, the United Kingdom, and the United States—the historic link between the growth of net worth and the growth of GDP no longer holds. While economic growth has been tepid over the past two decades in advanced economies, balance sheets and net worth that have long tracked it have tripled in size. This divergence emerged as asset prices rose—but not as a result of 21st-century trends like the growing digitization of the economy.

Rather, in an economy increasingly propelled by intangible assets like software and other intellectual property, a glut of savings has struggled to find investments offering sufficient economic returns and lasting value to investors. These savings have found their way instead into real estate, which in 2020 accounted for two-thirds of net worth. Other fixed assets that can drive economic growth made up only about 20 percent the total. Moreover, asset values are now nearly 50 percent higher than the long-run average relative to income. And for every $1 in net new investment over the past 20 years, overall liabilities have grown by almost $4, of which about $2 is debt. (Continua)

2021-11-22




quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Ora pois!

Deu no Risco / Portugal 17-11-2021, por Fábio C Silva

Covid-19: BCE alerta para sobrevalorização do mercado imobiliário em países como Portugal

Montagem: Àbeiradourbanismo
Imagem original: Internet
O aumento da inflação no mercados imobiliário está a preocupar o Banco Central Europeu (BCE). A instituição financeira alerta assim para o risco de empréstimos com montantes elevados e a assunção de riscos por entidades não bancárias. (..)

Para a instituição liderada por Christine Lagarde, o mercado está “ sujeito a uma correção”, ao mesmo tempo em que alerta que os fundos de investimento, seguradoras e fundos de pensões podem enfrentar “perdas de crédito substanciais” se a sua exposição a dívidas empresariais com baixa classificação diminuir. (..)

Desde 2013, e até ao segundo trimestre deste ano, a habitação “está cerca de 38% mais cara no conjunto da União Europeia. Significa isto que, por ano, houve um aumento médio de 4% neste período”, escreve o Jornal de Negócios. (Continua)

2021-11-19

domingo, 14 de novembro de 2021

A disputa pelas localizações

Deu no ArchDaily
09-11-2021, por Andreea Cutieru (Tradução: Vinicius Libardoni)
https://www.archdaily.com.br/br/971292/desenvolvimento-urbano-gera-gentrificacao


Desenvolvimento urbano gera gentrificação?

Nesta edição do Editor's Talk, nossos editores da Argentina, Líbano, Brasil, Chile e Tanzânia compartilham suas opiniões sobre o papel do desenvolvimento urbano no agravamento dos processos de gentrificação das cidades."


Raquel Rolnik deu o título “Guerra dos Lugares” ao seu excelente livro de 2017 sobre a financeirização da moradia à escala mundial. Mas eu me pergunto se este título não seria mais adequado a um volume que ela mesma escrevesse - conhecimento e talento não lhe faltam - sobre o tema da gentrificação. 

Do meu ponto de vista, gentrificação é um processo social inerente ao modo como o mercado imobiliário “aloca” a terra-localização urbana: ocupam-na aqueles que, individualmente ou por intermédio de uma incorporadora, estão aptos e dispostos a fazer por ela as maiores ofertas de renda. Pode acontecer com a ajuda da força armada do Estado, como no caso de remoções de favelas em zonas altamente valorizadas, mas o mais das vezes basta a força bruta do dinheiro, como no caso da redescoberta do centro urbano pelos bisnetos daqueles que o deixaram em busca do que então era subúrbio: só depende de que os incorporadores convençam os proprietários dos imóveis antigos, geralmente bastante deteriorados, de que certa cota de apartamentos novos, ou o seu equivalente em dinheiro, será mais rendosa do que a soma dos aluguéis que lhes podem pagar seus empobrecidos inquilinos.

A maneira típica de deter a gentrificação é reduzir drasticamente, por meio da legislação urbanística, a edificabilidade do solo, consequentemente a rentabilidade dos empreendimentos imobiliários nas áreas sujeitas a renovação. No entanto, processos de gentrificação podem ainda acontecer pela via da reforma e adaptação dos imóveis antigos aos gostos e hábitos culturais dos novos ocupantes. Alternativamente, para minimizar os seus efeitos, a municipalidade pode buscar uma renovação urbana limitada e supervisionada, combinando algum aumento de edificabilidade com mudanças de uso das edificações existentes que gerem oportunidades de negócios e empregos aos residentes. Não é simples, nem barato - bairros gentrificados dão mais prestígio ao governante e receita fiscal ao município -, mas vale a pena tentar.

2021-11-14

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Urban masterpieces

Deu no New York Times
01-11-2021, por Frank Herfort
https://www.nytimes.com/2021/11/01/travel/soviet-era-metros.html

The Stunning Grandeur of Soviet-Era Metros

Between 2014 and 2020, Frank Herfort visited more than 770 metro stations in 19 cities, creating a remarkable archive of architectural and artistic splendor.


Mayakovskaya, in Moscow, Russia
Photo: Frank Herfort/INSTITUTE



Kyivska, in Kharkiv, Ukraine.
Photo: Frank Herfort/INSTITUTE


Novza, in Tashkent, Uzbekistan.
Photo: Frank Herfort/INSTITUTE


Metrobudivnykiv, in Dnipro, Ukraine.
Photo: Frank Herfort/INSTITUTE


2021-11-10


sábado, 6 de novembro de 2021

Dá-lhe Greta!

Deu na BBC News
06-11-2021
COP26: Greta Thunberg tells protest that COP26 has been a 'failure'
Indigenous activists from Brazil speak at the
Fridays for Future demo in George Square
Foto (detalhe): PA Media / BBC News

Greta Thunberg branded the COP26 climate summit a "global north greenwash festival"

Ms Thunberg said: "It is not a secret that COP26 is a failure. It should be obvious that we cannot solve a crisis with the same methods that got us into it in the first place." (..) "We need immediate drastic annual emission cuts unlike anything the world has ever seen.

"The people in power can continue to live in their bubble filled with their fantasies, like eternal growth on a finite planet and technological solutions that will suddenly appear seemingly out of nowhere and will erase all of these crises just like that. All this while the world is literally burning, on fire, and while the people living on the front lines are still bearing the brunt of the climate crisis."

She described the UN climate change summit as a "two-week long celebration of business as usual and blah, blah, blah" to "maintain business as usual" and "create loopholes to benefit themselves". (..) "We know that our emperors are naked."

2021-11-06

terça-feira, 2 de novembro de 2021

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Mapa-múndi do patrimônio imobiliário

Deu no Savills / Impact
Setembro 2021, por Paul Tostevan
The total value of global real estate

The value of all the world’s real estate reached $326.5 trillion in 2020, a 5% increase on 2019 levels and a record high. Growth was driven by residential which is by far the largest real estate sector, accounting for 79% of all global real estate value. It saw its value increase by 8% over the year, to some $258.5 trillion.
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The world’s most significant store of wealth, real estate is more valuable than all global equities and debt securities combined, and almost four times that of global GDP. The value of all gold ever mined pales by comparison at $12.1 trillion, at just 4% the value of global property.

Residential real estate

China, home to 1.4 billion people, is the world’s most valuable residential market and now accounts for 30% of total global residential value. Total residential value here grew by 13% in 2020, driven by strong price growth coupled with the delivery of new supply.

The US follows, accounting for 11% of world residential value, while just ten countries – China, US, Japan, Germany, UK, France, South Korea, Canada, Italy and Australia – make up 75% of the global residential total.

At a regional level, significant residential wealth is concentrated in Europe and North America, accounting for 43% of value combined, despite being home to just 17% of the global population.

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Commercial real estate

The total value of global commercial property fell by 5% in 2020, to $32.6 trillion, at a time when global economic output contracted by more than 3%.

This fall was only ‘on paper’, however, as commercial property owners held firm during the first wave of the pandemic, and best in class assets continued to trade with values sustained.

The United States is the largest global commercial property market, accounting for 27% of global commercial real estate value. It is followed by China, at 16% and Japan at 6%, together making up just under half of all commercial property value.

Supported by renewed global economic growth, our forecasts indicate that commercial property will once again reach new highs by the end of this year, with value growth of 5% anticipated in 2021. This will reverse the falls of 2020 and push total commercial value to $34.3 trillion by the end of 2021, a new peak.

Agricultural land

Valued at $35.4 trillion, agricultural land is now more valuable than all commercial real estate, following a period of exceptional growth in the years after the global financial crisis.

Total value declined, by 7% in 2020, however, led by land price falls in South America where political turmoil and the wider impact of the pandemic have taken their toll.
 
How does performance compare to other asset classes?

Growth in the value of global real estate, at 5% in 2020, was lower than the total value of securitised debt (+17%), equities (+20%), or gold (+29%).

But capital growth only tells part of the story. Real estate has come into its own in global investors’ search for income in a low interest rate environment. Government stimulus in the wake of the pandemic means there is plenty of capital at large, and real estate is viewed as a safe store for it. All this means more money seeking both capital appreciation and, importantly, income.

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2021-10-29

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Pastel de vento

Deu na Exame
06-10-2021, por Luiz Antônio França, presidente da Abrainc - Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias

Valorização patrimonial dos imóveis atingiu R$ 1,5 tri em um ano

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O capital do século XXI é irremediavelmente viciado - dependente, em bom português – em rendas fundiárias urbanas, das quais a imensa maior parte é extraída de imóveis residenciais.[*] 

E quanto mais crescem as grandes metrópoles e se concentram os rendimentos de seus habitantes, mais exasperada se torna a “guerra dos lugares”, vertiginosas as espirais de preços e seletivo o acesso à moradia urbanizada e bem localizada.

A moderna financeirização da moradia é apenas a forma como os títulos de direito a essas rendas de monopólio derivadas da localização relativa dos imóveis e da expectativa de sua valorização futura são transacionados no mercado global de capitais. 

Regular o mercado imobiliário - tetos de aluguel, edificabilidades, regimes de proteção - equivale, portanto, a racionar o oxigênio de um sistema econômico que sofre de asfixia histórica progressiva. Ainda assim, e ciente das reações sistêmicas que tais controles geram no mercado, sou totalmente favorável a medidas paliativas e conquistas parciais que beneficiem as populações em detrimento dos capitais privados.

Soluções estáveis exigirão um cavalo de pau na economia planetária. Aliás, já é tempo de os economistas não compromissados com o capital se debruçarem sobre o problema de em que ele consiste e como realizá-lo – até porque, junto e misturado com a crise das cidades, precisamos enfrentar a emergência ambiental.
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[*] Segundo a consultora Savills, o segmento residencial respondeu, em 2020, por 79% de todo patrimônio imobiliário global. Mais estatísticas podem ser acessadas em “Value of global real estate rises 5% to $326.5 trillion”. Savills News 21-09-2021, por Paul Tostevan

domingo, 17 de outubro de 2021

Que seja eterna enquanto dure

Deu na Casa Vogue Estate
01-10-2021, por Bruna Martins
https://casavogue.globo.com/Casa-Vogue-Estate/noticia/2021/10/senior-living-como-o-mercado-de-construcao-vem-se-adaptando-para-atender-ao-publico-idoso.html 

Senior living: como o mercado imobiliário vem se adaptando para atender ao público idoso
Montagem:àbeiradourbanismo
Imagem Internet

Especialistas comentam sobre as novidades do mercado imobiliário voltada para a terceira idade, e o que é essencial para garantir moradias acessíveis às pessoas mais velhas

Com o progressivo envelhecimento da população mundial, diversos setores do mercado vêm buscando se adaptar ou, ainda, se reinventar a fim de atender às demandas dessa população de mais idade. Não é diferente na arquitetura e construção: uma vez que os idosos apresentam diferentes necessidades, o mercado imobiliário também busca oferecer diferenciais a essa população na construção de moradias. (..)

2021-10-17


quarta-feira, 13 de outubro de 2021

República do "vai que cola"

Deu na Band / Cidade
04-10-2021, por Gabriela Morgado
https://www.bandnewsfmrio.com.br/editorias-detalhes/construcao-irregular-de-um-hotel-na-avenida-a

Clique na imagem para ampliar
Construção irregular de um hotel na Avenida Atlântica, em Copacabana, é removida

Blocos de tijolos foram colocados em cima das pedras portuguesas, para a construção de pilares para uma estrutura de ferro

(..) No sábado passado (2), o secretário municipal de Planejamento Urbano Washington Fajardo publicou nas redes sociais que ouviu a denúncia da BandNews FM e foi ao local. Segundo Fajardo, o responsável foi notificado e multado e irá reparar danos. O valor da multa não foi informado. (..)

A BandNews FM não conseguiu contato com o Hotel Selina.

Em nota, no sábado (2), o estabelecimento disse que tinha autorização da Prefeitura para a obra. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, responsável pela autorização de obras, disse que não consta processo no licenciamento urbanístico. (Continua)

2021-10-13

 


sábado, 9 de outubro de 2021

Faz parte do meu show

Deu no El Financiero (México)
22-09-2021, por Fernando Navarrete

La buena: hay más casas en México; la mala: están cada vez más caras

Las desarrolladoras enfrentan escasez y encarecimiento de materias primas

Los desarrolladores de vivienda en México recuperaron el ánimo para reactivar proyectos detenidos por la pandemia, pues en los primeros ocho meses de este año se registraron casi 213 mil viviendas para iniciar construcción, un alza del 59 por ciento en comparación con enero agosto del 2019, previo al COVID, según datos del Registro Único de Vivienda (RUV).

Las unidades en construcción registradas en los primeros ocho meses de este año ya superan en 12.5 y 16 por ciento al número total de proyectos registrados durante todo el 2019 y 2020, respectivamente, mientras que en niveles de producción, es decir en obra ya ejecutada, la diferencia es de 3.7 por ciento de enero a agosto de este año, frente al mismo periodo del 2019. (..)

Sin embargo, la escasez de materiales para la construcción como el acero y la fuerte demanda de cemento, varilla, concreto, estructuras, alambrón, mallas y tubos, entre otros, ha ocasionado el encarecimiento en la construcción de viviendas de entre un 6 y 8 por ciento en el país, costos que en muchos casos son absorbidos por los propios desarrolladores. (Continua)

2021-10-09

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Urbanismo público

Deu no Diário de Pernambuco
13-09-2021, por Redação
https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/vidaurbana/2021/09/frente-parlamentar-pelo-centro-do-recife-promove-reuniao-publica-no-yo.html

Frente Parlamentar pelo Centro do Recife promove reunião pública no YouTube

Sempre fui de opinião, e continuo sendo, que todo grande projeto público deveria ser amplamente discutido com transmissão pela TV, com espaço para debates técnicos entre todos os "partidos" envolvidos e participação da audiência.

Dou como exemplo o Porto Maravilha: é necessário um Master Plan com especificações de desenho urbano e etapas de ocupação bem definidas sob o comando da municipalidade ou é suficiente um regulamento básico de usos e edificabilidades com ampla liberdade de mercado? A ocupação deve priorizar a residência permanente com forte componente social e menor receita fiscal ou os negócios com residências rotativas e maior receita fiscal?

Com o streaming, isso passa a valer para projetos de todos os tamanhos. Parabéns à Frente Parlamentar pelo Centro do Recife pela iniciativa.

2021-10-05
 

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Onde tem fogo tem ainda mais fumaça

Deu no InfoMoney
21-09-2021, por Mickael Malka e Eduardo Andrade

A nova profissão do futuro

Montagem: Àbeiradourbanismo
 Foto: Divulgação/Hanson Robotics
O capital relacional do corretor imobiliário é único, pessoal e intransferível. Não há o que substitua nem possa competir com isso. Habilidades que não cabem em um algoritmo.

Existe uma grande diferença entre sonho e ilusão. O sonho se constrói com o tempo. Com a ajuda de outras pessoas. Já a ilusão é aquela solução mágica, vendida como “a última palavra” no assunto, com a promessa de resolver todos os problemas.

Assim como vários setores, o mercado imobiliário vive uma grande transformação digital. O que é bom e necessário para acompanhar as mudanças de hoje. A questão é quando se vende a ilusão de que a tecnologia por si só é capaz de resolver todos os desafios do segmento, sem a participação do elemento humano. A chamada desintermediação, que pode levar a equívocos por conta da desinformação. (..)

2021-10-01