domingo, 9 de março de 2025

Apontamentos: Marshall 1897 e as economias de aglomeração


MARSHALL Alfred, "Industrial organization, continued. The concentration of specialized industries in particular localities". Em Principles of Economics - An introductory volume.  Fourth Edition. MacMillan & Co., Limited. St Martin's Street, London. New York The MacMillan Company, 1908., pp 267-77.

https://archive.org/details/in.ernet.dli.2015.460749/mode/1up 

  
Última edição 10-03-2025
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Alfred Marshall (1842-1924)
Para os economistas contemporâneos, Alfred Marshall é o pioneiro do estudo das economias, ou efeitos, de aglomeração, “uma das mais importantes áreas da economia urbana” segundo o verbete da Wikipedia, “geralmente tratada do ponto de vista da firma, mas também explicativa de fenômenos sociais como a concentração populacional nas cidades e grandes centros urbanos”. [1]

O texto em questão se intitula “A concentração de certos ramos da indústria em localidades específicas” - o termo ‘economias de aglomeração’ ainda não fora inventado -, Capítulo X do Livro IV de sua obra magna “Principles of Economics - An introductory volume”, publicado em Londres no ano de 1897.

Marshall o introduz explicando, nos dois últimos parágrafos do capítulo anterior, que as economias resultantes do aumento da escala de produção industrial são de dois tipos: internas, que dependem da eficiência organizacional e gerencial da própria firma, e externas, que dependem do desenvolvimento geral da indústria e provêm, muitas vezes, “da concentração de pequenas empresas de caráter semelhante em localidades específicas ou, como se costuma dizer, da localização da indústria.”[2]

Do ponto de vista empresarial, economias de aglomeração são, essencialmente, ganhos privados resultantes das vantagens proporcionadas pela vizinhança de outras empresas, tipicamente um distrito industrial em que as fábricas se agrupam para dividir os custos dos serviços comuns - tal como ocorre com as famílias residentes em um condomínio de apartamentos.

No âmbito da produção, contudo, essas vantagens podem se manifestar de maneiras muito distintas, como resultado de "movimentos deliberados de grande escala", por certo, mas, de um ponto de vista histórico, o mais das vezes como processos não planejados que, à base de “progressos quase imperceptíveis”, geram relações de complementaridade e interdependência espacial capazes de "fixar as empresas por muito tempo no mesmo lugar". [3]

Segundo Krugman, "a maior parte da literatura segue a cartilha marshalliana na questão da localização industrial". Remetendo a Hoover (1848) [3a], ele destaca três tipos de vantagens: a formação de um mercado para trabalhadores com qualificações industriais específicas; a produção de insumos especiais não comercializáveis; e a obtenção de funções de produção melhores do que as das firmas isoladas. [4]


2
De particular interesse para os urbanistas nesse capítulo é a notável descrição marshalliana - curiosamente nunca destacada pelos economistas, urbanos inclusive - do processo de substituição, nas grandes cidades inglesas de meados do século XIX, das fábricas até então localizadas 'centralmente', isto é, no recinto ou imediações da cidade pré-capitalista, por firmas de importação e exportação (trading houses), vistas como extensão da atividade fabril na esfera da circulação:
 
As vantagens combinadas da variedade de empregos e da localização em algumas de nossas cidades industriais é uma das principais causas de seu crescimento contínuo. Contudo, o valor das localizações centrais das grandes cidades para o comércio atacadista permite-lhes ofertar rendas fundiárias muito mais elevadas do que podem pagar as fábricas, mesmo levando-se em conta aquela combinação de vantagens. Competição similar se dá, entre empregados do setor atacadista e trabalhadores fabris, pelo espaço residencial. O resultado é que as fábricas agora se concentram não mais nas próprias cidades, mas em suas periferias e distritos industriais vizinhos. [5]

Esse processo se fez acompanhar por uma mudança radical na composição da população urbana da Inglaterra de meados do século XIX, também descrita por Marshall na seção final do capítulo, dedicada ao exame da redução da força de trabalho agrícola.

Para Marshall, essa redução foi acompanhada, nas cidades, não tanto pelo correspondente aumento do emprego fabril, a essa altura já limitado pela intensa mecanização, quanto pela formação de um novo e significativo contingente de empregados públicos nacionais e locais - no ensino, saúde, administração, segurança, forças armadas - além de um exército de profissionais da medicina, advocacia, contabilidade, artes, engenharia em geral etc. 

Dito de outra forma, uma nova classe média urbana surgiu, gerada pelo rápido aumento da riqueza do qual a exportação de capitais e o comércio com as colônias não são aspectos secundários, como se depreende da área "Net foreign capital" no gráfico abaixo, extraído de Piketty. [6]
Pode-se inferir, portanto, do próprio Marshall, que a instalação central das trading houses por ele mencionada é parte de um processo muito mais amplo, que envolve a proliferação, ao seu redor, do comércio de varejo, trazendo consigo um novo contingente de trabalhadores urbanos, uma copiosa coleção de agências bancárias e uma ampla cadeia de serviços profissionais - contábeis, advocatícios, administrativos - demandados pelo atacado, pelo varejo e pelos próprios prestadores de serviços entre si; e coroando tudo isso, as bolsas de mercadorias e valores e as sedes das grandes instituições financeiras - que nas grandes cidades como Londres, Manchester e Liverpool vieram a formar hipercentros altamente especializados.

Em Hurd (1903), encontramos uma interessante descrição do caráter "derivado" da formação dos hipercentros financeiros :

Em muitas modalidades de negócios, a concentração espacial daqueles que os conduzem acaba por cristalizar-se em bolsas de mercadorias e valores, que se convertem em centro do setor [comercial] urbano. Dado que as bolsas são o resultado, não a causa, dos distritos especiais onde estão situadas, devemos olhar para trás em busca das causas da localização das diversas atividades urbanas. [7]


3
Não é outro o fenômeno histórico-geográfico que chamo de ‘revolução capitalista da centralidade urbana’, cuja matriz é a Inglaterra marshalliana, seguida de perto por outras regiões urbanas do mundo norte-atlântico (França, Países Baixos e Estados Unidos).

Aqui, a cidade capitalista se apresenta não como pano de fundo, ou cenário, deste ou daquele ‘efeito econômico de aglomeração’ associado à lucratividade de tal ou qual ramo da indústria, mas como um novelo, ela própria, de efeitos econômicos de aglomeração entrelaçados e superpostos no tempo e no espaço, reciprocamente vantajosos para os agentes individuais envolvidos na teia de interações espaciais da compra-venda generalizada de mercadorias, serviços e força de trabalho que a distingue radicalmente da cidade medieval.


O capitalismo não inventou a indústria, o comércio, tampouco a centralidade em geral e a urbana em particular, mas os revolucionou.


4
Focados na lucratividade da empresa, os economistas em geral, a começar do próprio Marshall, desconsideram o fato de que as economias externas às empresas não poderiam existir se não resultassem em vantagens internas recíprocas - ainda que assimétricas e inevitavelmente desproporcionais - para os agentes individuais envolvidos.

Como exemplo do caráter recíproco dos efeitos econômicos de aglomeração podemos citar, nos distritos industriais mencionados por Marshall, e por Hobson antes dele, a complementaridade entre os ramos fortemente dependentes da mão de obra masculina, como metalurgia e mineração, e o têxtil, típico empregador de mulheres e crianças, cuja ausência resultaria em “maiores custos de mão de obra para indústria pesada e menores rendimentos para as famílias trabalhadoras”. [8] [8a]

De modo análogo, a primeira das três razões identificadas por Marshall para a concentração espacial de certo tipo de empresas é, segundo Krugman, “a criação de um mercado para trabalhadores com as qualificações necessárias, reduzindo as chances de desemprego [para os trabalhadores] e de escassez de mão de obra [para as empresas]. [9]

Ainda segundo Marshall, “regiões dependentes de uma única indústria ficam mais sujeitas a crises resultantes das flutuações da demanda e do fornecimento de matérias primas”, ao passo que, nos grandes distritos industriais, “as indústrias em dificuldades momentâneas se beneficiam indiretamente da presença das outras enquanto seus empregados continuam se abastecendo no comércio local”. [10]

É significativo que Marshall, ao descrever a ‘substituição competitiva’ das indústrias centralmente localizadas pelas trading houses, não se refira às vantagens da concentração do comércio atacadista nesta parte da cidade, obviamente relacionada aos serviços aduaneiros e portuários, além dos financeiros. E também que não relacione o fato desse comércio trazer consigo uma nova camada de trabalhadores urbanos mais bem remunerados que os fabris às vantagens espaciais recíprocas da oferta de emprego para os trabalhadores e da abundância de mão de obra para as firmas.


5
Significativa, também, da contradição entre o caráter recíproco das vantagens de aglomeração e sua persistente abordagem do ponto de vista exclusivo da empresa industrial, é a ambiguidade que se observa no brevíssimo resumo marshalliano do que já dissera Hobson sobre o comércio varejista:

Até aqui discutimos a localização do ponto de vista da economia da produção. Mas há que considerar também a conveniência do consumidor. Para uma compra rotineira ele irá à loja mais próxima; mas para uma compra importante, ele optará por se dirigir a qualquer lugar da cidade onde existam lojas especializadas. Ou seja, as lojas que vendem artigos caros e opcionais tendem a se aglomerar; as que suprem as necessidades do dia-a-dia, não. [11]

À parte o fato de que as lojas que vendem bens de consumo diário também tendem a se aglomerar - em esquinas estratégicas e vias coletoras dos bairros residenciais - observe-se que Marshall, depois de assumir ter discutido até aqui a localização [da indústria] do ponto de vista da economia da produção, trata da localização do comércio varejista não do ponto de vista da 'economia do varejo', mas… da “conveniência do consumidor”.

No fim das contas, todo o parágrafo é marcado pela sugestão - não explicitada nem desenvolvida - de uma relação inextricável, como dois lados de uma única moeda, entre as ‘economias externas do varejo’ e as ‘economias externas do consumidor’.

Muito mais sugestiva, eu diria, das economias externas envolvidas na relação espacial reciprocamente vantajosa entre a aglomeração do varejo e o parque residencial ao seu redor, portanto de sua relevância na estruturação da centralidade capitalista, é a explicação aportada pelo economista-avaliador estadunidense Richard Hurd em 1903:

Lojistas não se aglomeram para fazer negócios entre si, mas para a conveniência dos fregueses. O principal fator de atração do núcleo varejista parece ser assegurar aos fregueses que não deixarão de encontrar o que precisam. A variedade de produtos à disposição nesse núcleo é normalmente maior do que em todo o resto da cidade, poupando aos consumidores o tempo, o trabalho e a incerteza de buscar em lojas dispersas pela cidade. E ainda que uma loja atraia o freguês e outra realize a venda, no final o intercâmbio de fregueses se compensará. [12]

Essa visão parece adequadamente resumida na abordagem do também economista Hoover, em 1948:

“as cidades (..) devem grande parte de seu crescimento às vantagens do estreito contato entre diferentes tipos de produtores e consumidores.” [13]


6
Dentre todos os efeitos econômicos de aglomeração, ouso dizer que o mais generalizado e duradouro, e por isso mais importante, é justamente aquele que nunca mereceu tal distinção: a tendência expansiva radioconcêntrica (desigual) da cidade capitalista.

Esse efeito, cuja generalidade e duração me sugerem classificá-lo como a lei fundamental da organização urbana capitalista, deriva do fato elementar de que   

o lugar da rede urbana [em formação - ou transformação, no caso da cidade herdada do passado feudal/colonial -] que mais convém ao [comércio atacadista!], ao comércio / serviços de varejo e à indústria leve é aquele que minimiza o custo agregado, direto e indireto, de deslocamento da população residente para encontrar meios de vida (mercadorias, serviços e empregos) e, por isso mesmo, barateia relativamente os salários ao mesmo tempo que promove o seu poder de compra, em quantidade e velocidade, consequentemente as vendas e os lucros. [14]

A estabilidade temporal desse efeito de aglomeração estruturador do moderno espaço urbano tem, a meu juízo, relação direta com os benefícios que ele proporciona à formação capitalista como um todo, por mim descritos em um texto anterior da seguinte maneira:

Dado que a produção de riqueza na formação social capitalista supõe, e é tanto maior quanto maior for o consumo de mercadorias, materiais e imateriais, segue-se que a aglomeração radial-periférica dos residentes urbanos ao redor da aglomeração central dos varejistas e prestadores de serviços ou, mais simplesmente, a configuração tendencialmente radioconcêntrica das cidades em expansão, é, em si mesma, um dispositivo espacial facilitador e acelerador do processo de acumulação do capital em geral, uma máquina de economia social a seu serviço, sobre a qual irá se desdobrar, diversificar e expandir - a ponto de produzir o seu contrário, vultosas deseconomias sociais - a organização espacial intrinsecamente desigual da grande metrópole contemporânea. [15]

Não fosse assim, como se explicaria a sobrevivência secular desse arranjo espacial numa formação econômica em que "tudo o que é sólido desmancha no ar"? [15a]


É no marco desse efeito de aglomeração de caráter generalizado, consideravelmente estável do ponto de vista histórico, que se desenvolve o autêntico caleidoscópio de efeitos parciais não planejados estudados pelos economistas do século XX. [15b]

Marshall considera que a longevidade de cada um desses efeitos depende das transformações mais ou menos rápidas da tecnologia das comunicações, que traduzo como elevação da força produtiva do trabalho e consequente aumento da riqueza social e dos padrões de consumo pela via da redução das distâncias:

Tudo o que promove o barateamento da comunicação, ou que facilita o livre intercâmbio de ideias entre lugares distantes, modifica a ação das forças determinantes da localização das indústrias. [16]

E ele me parece ter aqui total razão, para bem e para mal. 
Para bem, como indicado acima, acelerando o ciclo da reprodução do capital, portanto a sua acumulação e o aumento generalizado da riqueza social nas etapas iniciais do desenvolvimento capitalista. Para mal, trazendo consigo as manifestações urbanas das forças contraditórias, quando não  autodestrutivas, do capitalismo dos séculos XX e XXI.

Nós, urbanistas, observamos hoje com inquietude que as novas tecnologias não modificam somente “as forças determinantes da localização das indústrias”, no sentido estrito, mas também, e principalmente, as forças determinantes da localização do comércio e dos serviços, portanto do dinamismo dos centros urbanos e, com eles, das próprias cidades tais como as concebemos.

A transformação das economias em deseconomias urbanas de aglomeração não é um fenômeno novo: há muitas décadas ela se manifesta, nas grande metrópoles, como aumento exponencial do preço da terra bem localizada e urbanizada, das distâncias e do tempo perdido em deslocamentos pela população trabalhadora, do custo total dos transportes urbanos e da coleta e destinação dos resíduos sólidos, da poluição do ar e das águas etc.

Contudo, embora ainda distantes de um juízo definitivo sobre o real impacto do trabalho remoto e do comércio digital sobre a vida das metrópoles, o chamado ‘efeito donut’ [17] se nos apresenta como um novo tipo de ameaça - o abandono pelas empresas, e consequente degradação, de um significativo número de edificações comerciais de grande porte, de altíssimo valor fiscal, inaproveitáveis para a habitação em geral e menos ainda para a habitação social; ameaça, numa palavra, de desertificação ou, no melhor dos casos, de precarização em larga escala dos centros das grandes metrópoles.

O esvaziamento dos grandes centros urbanos foi uma hipótese bastante difundida com a chegada, na última década do século XX, da economia digital - que cresceu desde então em ritmo exponencial. Contudo, o "efeito donut" só foi percebido 30 anos depois por força da epidemia de Covid-19, uma circunstância catastrófica externa à vida das cidades. O que me leva a concluir com três indagações. 

Estaríamos no limiar de uma crise generalizada da centralidade urbana capitalista? Seria a crise atual o efeito de vantagens econômicas de desaglomeração para empresas imersas na economia digital? Estarão os grandes centros urbanos irremediavelmente condenados à “síndrome de Detroit”?

2025-03-09
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[1] WIKIPEDIA, "Economies of Agglomeration" 08-02-2025.
https://en.wikipedia.org/wiki/Economies_of_agglomeration

[2] MARSHALL A, Principles of Economics - An introductory volume. Fourth Edition. MacMillan & Co., Limited. St Martin's Street, London. New York The MacMillan Company, 1908., pp 267-77.
https://archive.org/details/in.ernet.dli.2015.460749/mode/1up

[3] Idem. 

[3a] HOOVER E M (1948), The Location of Economic Activity. New York: McGraw-Hill, 1948. Chapter 8. The Economic Structure of Communities, p. 116-144
https://docs.google.com/document/d/1MYIFm6SNi-8PEQkdem1cgTB3wxyfT7NeiG4R1QY7ggc/edit?usp=sharing

[4] KRUGMAN P, "Increasing Returns and Economic Geography". The Journal of Political Economy, Vol. 99, No. 3. (Jun., 1991), pp. 483-499.
https://www.jstor.org/stable/2937739

[5] MARSHALL A, op.cit.

[6] PIKETTY T, O Capital no Século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca 2014, p 118 

[7] HURD R M, Principles of City Land Values. New York: Record and Guide, 1903, p. 83
https://archive.org/details/principlesofcity00hurd

[8] MARSHALL A, op.cit.

[8a] O pequeno aumento dos rendimentos familiares em troca do significativo aumento da taxa de exploração do trabalho, neste caso, faz lembrar o atualíssimo barateamento da habitação centralmente localizada em troca da redução da metragem, que aumenta substancialmente o preço / aluguel da fração ideal correspondente a cada m2 privativo, portanto a rentabilidade do negócio.

[9] KRUGMAN P, op. cit.

[10] MARSHALL A, op.cit.

[11] MARSHALL A, op.cit.

[12] HURD R M, op.cit. Cap VI

[13] HOOVER E M, op. cit.

[14] “A renda da terra e a organização espacial urbana: notas”. À beira do urbanismo (blog) 14-08-2024, por Pedro Jorgensen (editado 09-03-2024)
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2024/08/

[15] “Distância, aglomeração, centralidade: uma hipótese (2)”. À beira do urbanismo (blog) 28-01-2024, por Pedro Jorgensen.
https://abeiradourbanismo.blogspot.com/2024/01/distancia-aglomeracao-centralidade-uma.html


[15a] Título do livro de Marshall Berman, de 2007, inspirado na frase “Tudo que era sólido e estável se esfuma, tudo o que era sagrado é profanado, e os homens são obrigados finalmente a encarar com serenidade suas condições de existência e suas relações recíprocas.”, do Manifesto do Partido Comunista escrito por K Marx e F Engels em 1848.

[15b] Assim como todos aqueles nascidos de "movimentos deliberados de grande escala" antecipados por Marshall, como os modernos distritos industriais, os shopping centers e as 'novas centralidades' urbanas do terceiro quarto do século XX, tão bem exemplificadas por La Défense, em Paris, e Canary Wharf, em Londres.

[16] MARSHALL A, op.cit.

[17] “Donut effect”, ou “efeito rosquinha”, é o nome atribuído pelos economistas Arjun Ramani e Nicholas Bloom, da Universidade de Stanford, à notável queda dos preços do solo nos grandes centros dos Estados Unidos, e correspondente aumento dos preços suburbanos ocasionados, primordialmente, pela maré do trabalho remoto durante a epidemia de Covid-19. Ver RAMANI A e BLOOM N, “The donut effect: How COVID-19 shapes real estate”. Institute for Economic Policy Research, January 2021.

domingo, 2 de março de 2025

Economia portuguesa com certeza


Eco Sapo 25-02-2025
ttps://eco.sapo.pt/2025/02/28/setor-imobiliario-de-gama-alta-tem-um-peso-substancial-na-economia-portuguesa
Esta é uma das conclusões do relatónio “Portugal Realty Premium Market”, um estudo pioneiro desenvolvido em parceria entre a Porta da Frente Christie’s e a NOVA School of Business & Economics.
Geograficamente, os distritos de Faro, Lisboa e Porto lideram a oferta deste segmento, ocupando 95% do mercado (com a Madeira a começar a ter alguma expressão), sendo Cascais e Estoril, Quarteira, Santo António e Avenidas Novas as localizações com maior número de imóveis disponíveis. Contudo, enquanto Faro recuperou os níveis de oferta de 2021, Lisboa e Porto ainda estão abaixo desses valores.

Em termos de nacionalidades, a Porta da Frente trabalha maioritariamente com o segmento internacional, destacando-se as nacionalidades americana e brasileira entre as que atualmente mais procuram Portugal para residir. (..)

O estudo evidencia que o setor imobiliário de gama alta tem um peso substancial na economia portuguesa. Em 2022, foi o ano de maior atividade económica do segmento, com a construção e a venda de imóveis contribuindo para um volume de produção de 8,1 [b]ilhões de euros [1,73% da produção nacional] e gerando mais de 106 mil empregos em termos de equivalentes a tempo completo. (..)


2025-03-02