segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Barato muito caro


Deu no Mobilize – Mobilidade Urbana Sustentável
18-01-2019, por Marcos de Sousa 
Transporte público é mais caro para o brasileiro
Comparação entre tarifa e renda média explica porque o brasileiro está deixando ônibus e trens e migrando para motos, bikes e apps de carros
Gráfico: Marilia Hildebrand / Mobilize Brasil
Clique na imagem para ampliar

Novas tarifas de transportes públicos marcaram o início do ano de 2019 em todo o Brasil. E em muitas cidades os reajustes superaram - de longe - a inflação dos últimos doze meses. É o caso de São Paulo, onde o aumento passou de 7% e corresponde ao dobro da inflação. Ou Aracaju, onde a prefeitura elevou a tarifa de R$ 3,50 para R$ 4, um aumento de 14,2%.
Na capital sergipana, que agora tem a mais alta tarifa do Nordeste, uma pessoa que use o transporte duas vezes por dia durante o mês gastará cerca de R$ 240, quase 1/4 da renda média mensal de R$ 1.022,00, segundo a pesquisa anual do IBGE. Como se trata de renda média, o impacto desse valor é muito maior para as famílias de baixa renda, que ficam quase impedidas de utilizar o transporte "público".
A constatação, em maior ou menor grau, vale para a maioria da cidades do país, como Curitiba e Londrina (R$ 4,25), Florianópolis  e Recife (R$ 4,40), Belo Horizonte (R$ 4,05), Uberaba (R$ 3,80), Manaus (R$ 3,80) e São José dos Campos (R$ 4,30). 
Os valores parecem modestos quando comparados com os preços de transportes públicos na Europa e Estados Unidos, que chegam até a cinco vezes mais do que as tarifas do Brasil. Mas, não é o que parece. (Continua)

2019-01-25

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Barato que sai caro

Deu n'OEStado (Ceará)
22-01-2019, por FolhaPress

Estudo avalia erros de concepção do Minha Casa Minha Vida
Projeto tem recordes de novas moradias, mas repete erros como construir longe de centros
Empreendimento Pau d'Alho, Guararema SP
46 mil m2, 408 unidades

Imagem: http://www.enplan.com.br/pau-d%27alho

(..) Os resultados sugerem que o MCMV tem contribuído para provocar saltos urbanos (“leapfrog”), a ocupação de espaços além da margem da mancha urbana, locais em geral carentes de provisão de serviços e de infraestrutura, afirmam os autores. 
“Na melhor das hipóteses, o programa manteve as famílias de classe baixa na mesma localização relativa que tinham anteriormente”, diz o estudo, realizado por uma equipe de pesquisadores liderada por Ciro Biderman, professor da Fundação Getúlio Vargas que foi chefe de gabinete da SPTrans e diretor de Inovação da Prefeitura de São Paulo na gestão de Fernando Haddad (2013-2016).
Para os autores, é provável que a maior parte dos beneficiários tenha piorado sua localização nas metrópoles e o acesso à infraestrutura. O impacto sobre a geração de emprego foi marginal e limitado ao período de construção. 
O relatório faz um estudo de caso para comparação dos custos entre conjuntos próximos e distantes dos grandes centros urbanos. Para tanto, foram escolhidos dois projetos da Grande São Paulo: o Gema, em Diadema (região do ABCD), e o Pau D’alho, em Guararema, na região metropolitana (79 km a leste de São Paulo). 
Em Guararema, o metro quadrado de terreno custou R$ 11,44, e cada apartamento, R$ 1.665/m2; em Diadema, esses valores saltaram respectivamente para R$ 110/m2 e R$ 2.225/m2. Nos dois casos, o custo de construção foi praticamente igual, em torno de R$ 1.500/m2 de área construída. Ou seja, o custo mais baixo no conjunto de Guararema se devia ao preço menor da terra, por ser longe do centro metropolitano. 
Dois fatores explicam a semelhança do custo da obra em si nos diferentes locais: as concorrências para escolha dos projetos tinham exigências “frouxas” quanto à localização e à oferta de infraestrutura urbana e, ao mesmo tempo, descrições minuciosas sobre as características da construção. 
“A vencedora será sempre a que tiver o menor preço. A maneira de reduzir esse preço é a localização periférica em solo sem serviços. Então, o arranjo institucional em certa medida permite que não se avance na superação de duas variáveis cruciais na precariedade: a localização na cidade e a oferta de serviços públicos”, afirma o relatório.
(..) A economia que o poder público faz no curto prazo, ao construir habitação popular em áreas distantes e sem infraestrutura, acaba por provocar custos maiores. Como sabem os urbanistas, no longo prazo é mais barato construir casas populares no centro da cidade do que na periferia. (Continua)

2019-28-01

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Alerta de temporal?

Deu no UOL Notícias
16-01-2019, por Patrick Clark/ Bloomberg
https://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2019/01/16/acaba-imunidade-das-metropoles-a-queda-do-mercado-imobiliario.htm
Acaba imunidade das metrópoles à queda do mercado imobiliário
(..) Para alguns, trata-se de um recuo bem organizado. Para outros, há motivos para preocupação. Um estudo divulgado em novembro pelo Fundo Monetário Internacional alertou que a sincronia dos preços dos imóveis residenciais nas cidades globais significa que choques locais podem abalar mercados no mundo todo.
Imagem: Internet
Várias cidades globais afetam "o sentimento sobre a percepção de risco", disse Albert Saiz, professor de economia urbana do Massachusetts Institute of Technology (MIT). "Se Nova York ou Londres escorregam, sua importância talvez seja suficiente para ter impacto sobre o mercado inteiro."
Na busca por maior rendimento, investidores internacionais despejaram dinheiro em propriedades nas cidades mais caras do mundo, elevando ainda mais os preços. As autoridades reagiram com restrições aos fluxos de capital externo. Ainda neste mês, parlamentares britânicos publicarão detalhes sobre o imposto sobre a compra de imóveis por estrangeiros em Londres, após o aumento das taxas sobre casas compradas por empresas e sobre imóveis comprados por quem já tinha a casa própria. O governo também eliminou isenções tributárias para quem financia a compra de imóveis para aluguel. Nos bairros mais caros de Londres, os preços das casas caíram 19 por cento desde o pico atingido em 2014, segundo dados da Savills, mas os esforços para restringir as compras para fins de investimento ainda estão em curso.
Em outras partes do mundo, observa-se uma dinâmica parecida. (Continua)
2019-01-21

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Petróleo e estatais no Centro do Rio: uma nota

Deu no IBRAFi Notícias
07-01-2019, por Ramona Ordoñez e Bruno Rosa (O Globo  Economia 06/01/2019)

Retomada do petróleo anima mercado imobiliário do Rio


“(..) Um levantamento da Regus, 
empresa especializada no aluguel 
de salas comerciais, mostra que 
mais de 450 empresas 
relacionadas ao setor de petróleo 
e gás, entre operadores e 
prestadores de serviços, 
abriram ou ampliaram 
escritórios no Estado do Rio, 
principal zona produtora 
do Brasil, no ano passado.
A previsão da empresa é que este 
ano haja um aumento de 30% no 
número de companhias do setor 
em busca de espaços flexíveis, 
virtuais, ou em coworking, além 
de obter endereços fiscais no Rio 
para iniciar atividades no país.

O mercado carioca ganhou ainda 
um impulso extra no fim de 
dezembro, quando a Petrobras 
abriu uma licitação para alugar 
espaços de trabalho para até 
4.500 posições (pessoas) ao longo 
de três anos em regime de 
coworking. Ou seja, a estatal quer 
investir em um novo modelo que 
possibilite o trabalho em conjunto 
com outras empresas perto de sua 
sede, no Centro do Rio. (..)
Imagem: Edifício sede da 
Petrobrás na Avenida Chile, 
Centro do Rio de Janeiro

O papel da indústria do petróleo na recuperação do dinamismo imobiliário do Centro do Rio na primeira década do século XXI está competentemente analisado, e profusamente documentado, na dissertação da arquiteta e urbanista Alice Belém intitulada Novos Rumos para o Centro do Rio de Janeiro - os significados da prosperidade do petróleo (Especialização em Engenharia Urbana UFRJ 2013), que o leitor pode acessar pelo link [1].

Segundo Belém, “48% das empresas de petróleo e gás do município estão instaladas no Centro do Rio de Janeiro (..) com atividades relacionadas a Serviços, Produtos, Organização e Exploração & Produção”.

Ampliando o escopo da análise, Belém observa que, apesar das privatizações, as empresas estatais remanescentes com sede no Centro do Rio representam "vultosas massas de capital e expressivos contingentes de empregos, diretos e indiretos."

Em 2008, só a Petrobrás contava 31 mil postos de trabalho no Centro, incluindo Praça da Bandeira, sendo 8,9 mil no edifício-sede (Edise) da Avenida Chile e outro tanto distribuído em edificações novas e retrofitadas, próprias e alugadas, no corredor urbano Castelo-Cruz Vermelha-Estácio.


Fonte: Belém, A. Novos Rumos para o Centro do Rio de Janeiro - os significados da prosperidade do petróleo

Tendo em conta os fluxos financeiros associados a essas "massas de capital" e o nível salarial médio desses empregos, pode-se supor a importância decisiva das estatais herdadas dos ciclos desenvolvimentistas do século XX e, mais recentemente, da renovada economia do petróleo, como contraponto aos efeitos negativos (a) da mudança da capital para Brasília em 1960, (b) das crises econômicas recorrentes e (c) da concorrência inexorável dos subcentros sobre a dinâmica imobiliária e a conservação e uso do estoque de bens públicos do Centro do Rio.

Assunto para um livro inteiro ou uma tese doutoral; no meu caso, quem sabe dois ou três artigos para este mesmo blog. Um deles, com certeza, seria dedicado a debater a hipótese de Villaça, enunciada em sua obra magna Espaço Intra-Urbano no Brasil (1998), de que “a única explicação possível para o fato de partes significativas das elites cariocas ainda usarem o centro do Rio”, fazendo dele o menos afetado dentre os centros metropolitanos brasileiros pelo abandono dos grupos sociais afluentes, “é uma só: a força da tradição e das monumentalidades herdadas do passado”. [2]

Não seria o caso - pergunto - de incluir como fator explicativo da resiliência econômica no Centro do Rio, ao lado da indiscutível “força da tradição” materializada em um tesouro de bens legados pela capital da Colônia, do Império e da República, a condição de sede do parque de empresas estatais nacionais e a circunstância de capital da indústria (cada vez menos) brasileira do pré-sal?

Não por acaso considero, faz tempo, a expansão da "indústria da administração petroleira" sobre o vetor Castelo-Cruz Vermelha-Estácio um aspecto ineludível do debate sobre os parcos sucessos e muitos desacertos da Operação Urbana Porto Maravilha, bem como das decisões relativas ao Metrô, portanto de toda a política oficial voltada à "revitalização do Centro" nos últimos 20 anos.
___
[2] VILLAÇA, Flavio. Espaço Intra-Urbano no Brasil (1998), São Paulo: Studio Nobel; FAPESP; Lincoln Institute, 2001, p.292


2019-01-14


terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Buraco sem fundo

Deu no UOL Economia
07-01-2019, por Douglas Gavras
Déficit habitacional é recorde no país
A redução do crédito para financiamento de imóveis, o desemprego em alta a partir dos anos de crise e a queda na renda das famílias tornaram o sonho da casa própria ainda mais distante para milhares de brasileiros. O déficit habitacional do país, que já era elevado, aumentou em mais de 220 mil imóveis entre 2015 e 2017, batendo recorde. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que o déficit de moradias cresceu 7% em apenas dez anos, de 2007 a 2017, tendo atingido 7,78 milhões de unidades habitacionais em 2017. "Chegamos ao recorde da série histórica de déficit habitacional. Hoje, ele ocorre, sobretudo, pela inadequação da moradia -famílias que dividem a mesma casa, moram em cortiços, favelas - e pelo peso excessivo que o aluguel passou a ter no orçamento das famílias nos últimos anos", afirma Robson Gonçalves, da FGV.
Ele explica que a maior parte do déficit é formada por famílias que ganham até três salários mínimos por mês, mas a demanda por moradias também atinge consumidores de rendas intermediárias, que viram o mercado de trabalho ficar instável nos últimos anos e o crédito imobiliário mais escasso. (Continua)
Acesse a matéria completa pelo link
https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/01/07/deficit-habitacional-e-recorde-no-pais.htm  



2019-01-08

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Ajuda mútua

Deu no Arch Daily
02-01-2019, por Eric Baldwin
Esqueletos robóticos podem ajudar os trabalhadores da construção civil a partir de 2020
Montagem: Àbeira do urbanismo
Imagens originais: Arch Daily/1Internet
A empresa norte-americana de robótica Sarcos divulgou um novo exoesqueleto de corpo inteiro para trabalhadores da construção civil que estará disponível comercialmente em 2020. Especializada em dispositivos militares e de segurança pública, a empresa anuncia agora este dispositivo robótico que permite que os trabalhadores carreguem até 90 kg por longos períodos de tempo. Chamado de The Guardian XO, o projeto está em desenvolvimento há quase duas décadas e tem como objetivo ajudar a reduzir o estresse físico dos trabalhadores da construção civil.
(..) Capaz de amplificar a força humana na proporção de 20 para 1, um saco de cimento de 50 kg pesará muito pouco para quem estiver operando o dispositivo.

2019-01-04