https://informediario.com.br/2019/11/18/shopping-valoriza-imoveis-mais-que-parque-em-sp/
Shopping valoriza imóveis mais do que parque e metrô em São Paulo
Comprar um lançamento imobiliário perto de um shopping em São Paulo custa até 75% mais do que perto de um centro comercial no Rio. Em contrapartida, morar a alguns passos de uma área verde na capital fluminense pode sair até 62% mais caro do que na capital paulista.
Levantamento do Grupo ZAP a pedido do Estado comparou o
preço do metro quadrado em empreendimentos a 300 metros de distância de metrôs,
parques e shoppings nas duas maiores capitais do País. A pesquisa considerou o
valor atual de unidades lançadas a partir de 2014.
Conforme a amostragem, enquanto em São Paulo o valor médio
do metro quadrado de um apartamento novo próximo a um shopping é R$ 13 mil, no
Rio é R$ 7.398. No restante da cidade, fora do raio de 300 metros a partir de
um shopping, o valor cai para R$ 9.047 em São Paulo, e fica em R$ 7.627 no Rio.
Quando a escolha é ter uma paisagem natural à vista do
apartamento, os preços no Rio se sobressaem. Enquanto na capital paulista a
média do metro quadrado circunvizinho a parques custa R$ 8.039, para os
cariocas o preço vai a R$ 13.073.
Para a economista do Grupo ZAP responsável pela pesquisa,
Deborah Seabra, o impacto de shoppings na valorização de imóveis na maior
capital doPaís pode estar ligado, além da preferência do consumidor, à
falta de terreno e à alta procura no mercado. “O preço é um equilíbrio de
oferta e demanda. Existem dois fatores que podem estar impulsionando o preço
próximo de shopping. Primeiro, a escassez de terreno. Quando tenho pouco
terreno, fica mais caro construir. O segundo é a alta demanda. A gente sabe que
São Paulo é um centro comercial e as pessoas valorizam esse tipo de ambiente.
Se valorizam muito, vai haver reflexo no mercado”, diz Seabra.
O professor Eduardo Nobre, da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), destaca que existe também um
fator cultural na valorização de shoppings na capital paulista. “Tem muito a
ver com essa opção de lazer e de consumo que foi criada aqui a partir dos anos
1970. A população de São Paulo gosta de ir ao shopping. Usa-o como espaço de
lazer”, diz Nobre.
Já no Rio, a valorização de imóveis próximos a áreas verdes
está ligada, em partes, ao perfil carioca de “vida ao ar livre”, explica Ethel
Pinheiro, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ). Outro fator de destaque, diz ela, é a
segurança de espaços públicos, como parques. “A localização de imóveis perto de
locais considerados seguros, que são mais vigiados, acaba pesando. Os parques
públicos, hoje, são lugares muito vigiados. Os shoppings não pesam tanto porque
a gente gosta da vida na rua. Então, onde a rua estiver policiada e segura,
isso vai pesar um pouco mais (no preço).”
A mobilidade é outra amenidade que influencia no momento de
se atribuir valor a um imóvel. Na comparação com shoppings e áreas verdes, a
proximidade com o transporte público ficou em segundo lugar como fator de
valorização tanto no Rio quanto em São Paulo.
Perfil econômico
Para o publicitário Alexandre Tagawa, que
atua nos estudos de inteligência de mercado da incorporadora EZTec, a
preferência de imóveis pela proximidade com algumas amenidades varia de acordo
com o perfil socioeconômico do comprador. “Quando vamos desenvolver uma
campanha, esses são motes que agregam valor ao produto: poder acessar um
shopping, um parque ou uma estação de metrô a poucos passos. Como a EZTec atua
em todas as faixas de consumo, desde o Minha Casa Minha Vida até o altíssimo
padrão, cada um desses itens importa mais para um determinado público.”
Segundo Tagawa, para um imóvel de padrão acessível num
bairro como o Brás, no centro de São Paulo, o acesso a metrô tem prioridade.
Nas faixas de médio padrão no Tatuapé, zona leste, o transporte divide a preferência
com o shopping. Já na linha de alto padrão, em bairros como Moema, os parques
são o foco dos clientes.
2019-11-22