terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Edificabilidade X Uso

Deu no NYTimes
By Ronda Kaysendec, DEC. 26, 2014 
http://www.nytimes.com/2014/12/28/realestate/new-york-airbnb-and-rent-regulation-will-be-hot-topics.html?smid=fb-share 
What’s Up Next in New York?
"Next year, the mayor’s affordable housing plan, which calls for building or preserving 200,000 units of affordable housing over the next decade, will begin to take shape. It hinges on a policy that requires developers to build affordable housing in exchange for being allowed to construct taller and denser buildings in neighborhoods rezoned by the city." (Continua)

O trade-off edificabilidade (taller and denser buildings) vs. uso (affordable housing)
 é uma modalidade de gestão de direitos de aproveitamento do solo


2014-12-30

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Moradia no Porto do Rio: futuro incerto

Deu n’O Globo online 
por Ludmilla de Lima 25/12/2014 
Porto Maravilha ainda não atrai empreendimentos residenciais
Porto Maravilha - Mapa de Usos
O vaivém de operários é intenso no Porto Maravilha, onde os primeiros arranha-céus começam a transformar a paisagem. Ali, o futuro parece já dar as caras para os mercados comercial e corporativo, porém, no que diz respeito a empreendimentos residenciais, a região ainda é um deserto.
A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) informa que há 65 projetos para moradia licenciados. Desses, um é o Porto Vida, cujas obras estão paradas. Os 64 restantes são de interesse social, inseridos no programa Minha Casa Minha Vida, mas apenas um conjunto, na Rua Nabuco de Freitas, foi entregue. A Cdurp destaca que outros dois estão em fase de contratação pela prefeitura. No entanto, não há, além do Porto Vida, nenhum empreendimento residencial da iniciativa privada com licença da Secretaria municipal de Urbanismo.
Diante da quantidade de grandes obras que seguem a pleno vapor no Porto (são pelo menos oito em andamento), resta a espera pela guinada de construções habitacionais, já que a essência da requalificação do Porto Maravilha está justamente na mistura de gente morando com empresas e serviços funcionando. (Continua)

2014-12-25 


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Haddad marca mais um: São Paulo 5 x 0 Rio

Deu no BemParaná 
André Monteiro e Artur Rodrigues Folhapress 11/12/14 
Taxas de lucro das empresas de ônibus de São Paulo devem ser reduzidas
A auditoria contratada pela gestão Fernando Haddad (PT) concluiu que há espaço para a diminuição do lucro das empresas de ônibus da capital paulista. A reportagem apurou que a taxa de retorno das empresas pode ser diminuída em até um terço. O raio-X das contas do transporte público municipal foi feita pela Ernst & Young. O trabalho, que custou R$ 4 milhões, foi uma das respostas do prefeito aos protestos de junho de 2013.
O lucro médio das empresas nos dez anos do contrato encerrado em 2013 foi de 18,6%, valor compatível com o que era estimado pela SPTrans na época do contrato do transporte municipal, em 2003. No entanto, atualmente, as taxas de retorno praticadas chegam à casa de 7% em outros tipos de concessão. Essa diferença será usada tanto no cálculo da tarifa do ônibus para 2015 quanto para definir as regras do novo contrato das empresas de ônibus.
Questionado sobre o assunto, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto (PT), afirmou que o que pode dizer é que a taxa de retorno não será mais de 18%. Em algumas áreas da cidade, a taxa de retorno da cidade pode chegar a 54%. (Continua)



2014-12-12

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Campanha para que a UNESCO declare os Murais de Rivera (Detroit) Patrimônio Cutural da Humanidade


Réaction à la réponse de Jonathan Putnam
Dominique DIONISI
Paris le 03.12.2014
A tous les signataires de l'Appel international pour la Préservation des Murales de Diego Rivera à Detroit, USA.
Précédant ce message, un autre vous est parvenu (le 02.12.2014) par lequel je vous informais de la réponse de Monsieur Putnam (enfin!!).
Ici, je vous donne pleinement mon sentiment et je compte sur vous pour me faire part de vos remarques, de vos suggestions ou de vos critiques.
Mon inquiétude - à l'origine de l'Appel international soutenu par les personnalités signataires (que je remercie encore pour leur engagement qui m'a beaucoup aidé) - sur la préservation et l'avenir des Murales de Diego Rivera, n'est pas vraiment écartée.
Trois raisons à cela:
L'expression "Grand Bargain" employée par Mr Putnam pour qualifier l'opération de conservation du DIA ne me rassure pas vraiment. Les différentes interprétations qui peuvent correspondre à "grand bargain" renvoient toutes à la notion de marchandage voire de "petits arrangements entre amis". En effet, si je m'en tiens à l'un des principes de base de l'action commerciale selon lequel "une bonne affaire est celle où les DEUX parties sont satisfaites", je crains que dans le cas présent seule une partie, à savoir les investisseurs privés, les sociétés financières et les "marchands d'Art", soit considérée.
Mais rien sur l'aspect "public". Pas un mot de la part de Mr Putnam au sujet de la demande d'inscription des Murales sur la liste du Patrimoine Mondial de l'Humanité sous l'autorité morale de l'UNESCO. (Destaque do blogueiro)
A aucun moment, l'article du N.Y.Times ne cite les Murales de Diego Rivera (433 m²) qui, comme leur dénomination l'indique, sont peintes sur des murs donc des supports immobiliers. A contrario, il y est beaucoup question des œuvres meubles, déplaçables comme les tableaux ou sculptures, dont chacun sait que devenues propriétés privées elles ne sont plus qu'objet de spéculations financières, très exceptionnellement motivées par l'amour des Arts.
Bien que je maîtrise très mal la langue de Shakespeare, je ne crois pas avoir lu un seul mot sur l'avenir des bâtiments, donc des Murales. Où est-il écrit que jamais les murs du DIA ne seront utilisés à une autre fin que celle demusée public et resteront le bien commun de la population de Detroit?
Il est très important que celles et ceux d'entre vous qui pratiquent bien l'anglais n'hésitent pas un seul instant à me dire si je suis dans l'erreur.
Dans l'attente du plaisir de vous lire ou vous entendre,
Cordialement.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Rivera (Detroit) Patrimônio da Humanidade

Campanha para que a UNESCO declare os Murais de Rivera (Detroit) Patrimônio Cutural da Humanidade


Jonathan Putnam, l'un des représentants étasuniens auprès de l'UNESCO nous fait une 1ère réponse 


Message original --------
Sujet: Re: Preserve murals of Diego Rivera in Detroit (USA) 30.11.2014
Date : Tue, 2 Dec 2014 15:36:05 -0500
De : Putnam, Jonathan <jonathan_putnam@nps.gov>
Pour : <dominique.dionisi@recloud.fr>
Copie à : Taylor, Robin <taylorrx@state.gov>, Collectif MURALES DIEGO RIVERA DETROIT <muralesdiegoriveradetroit@gmail.com>, <dl.france@unesco-delegations.org>


Dear Ms Dionisi, 
Thank you for your interest in the Diego Rivera murals at Detroit Museum of Art. In case you have not yet heard, a so-called "Grand Bargain" was agreed to recently which will assure the protection of the Detroit Museum of Art and its collections, including the Diego Rivera murals - see
http://www.nytimes.com/2014/11/08/arts/design/grand-bargain-saves-the-detroit-institute-of-arts.html
I am sure you will join us in celebrating this good news. 

Sincerely, 
Jonathan Putnam
Office of International Affairs
National Park Service
1201 Eye Street, NW (0050)
Washington, DC 20005
(202) 354-1809


2014-12-06 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Linha 5 para que te quero


Clique na imagem para ampliar
Em artigo publicado há mais de ano e meio neste canal, intitulado “O planejamento olímpico e a revolução dos transportes”, o blogueiro dizia não ter “nenhuma dúvida de que o planejamento urbano e de transportes públicos saído da cozinha das empreiteiras e concessionárias virá, fatalmente, cobrar o seu preço”.[1]  

Não posso deixar de lembrar os juízos e vaticínios emitidos naquela oportunidade ao me deparar com a decisão do governo estadual de licitar o projeto para a implantação da chamada Linha 5 do Metrô, que ligará a Gávea ao Largo da Carioca via Humaitá e Laranjeiras. [2]   

À primeira vista, a Linha 5 proposta não tem nada demais. Qualquer cidadão minimamente instruído e viajado sabe que o Metrô é o meio de transporte ideal para zonas urbanas de alta densidade de população residente e flutuante como é o caso da totalidade da Zona Sul do Rio de Janeiro.

Causa espécie, no entanto, que a resposta dos atuais executivos municipal e estadual a décadas de relativo consenso técnico, acadêmico e até mesmo público quanto à prioridade da qualificação urbana do Centro da cidade - não por acaso um dos suportes ideológicos do projeto Porto Maravilha - continue sendo investir a virtual totalidade dos recursos públicos disponíveis na rubrica “mobilidade urbana”... em transportes públicos de e para a Barra da Tijuca - uma estratégia que não está estabelecida em nenhum plano, inclusive o Diretor. 

Deixando essa questão crucial para um próximo comentário, quero apenas colocar no ar duas sugestões.

Clique na imagem para ampliar
A primeira, a de que a decisão de licitar e construir a Linha 5 é do tipo “curso forçado”, uma imposição da opção anteriormente adotada -  estender a linha 1 de Copacabana à Barra da Tijuca - no intuito de evitar que esta naufrague sob o peso do excesso de demanda. 

A segunda, a de que a proposta de ligar a Gávea à Carioca indica que a política de requalificação urbana do Centro e suas expansões continua sendo a última das preocupações dos governantes - importa-lhes exclusivamente, ao que parece, trazer os residentes da Barra ao centro de negócios, assim como, inversamente, no "plano" dos BRTs importava acima de tudo levar a mão de obra dos subúrbios até a Barra!

Só assim se explica que não se utilize a nova linha para ampliar substancialmente a rede de transporte de alta capacidade no Centro Expandido, incluindo a Portuária (Porto Maravilha), ou seja, para favorecer uma política de adensamento residencial na região central com elevada mobilidade e baixas taxas de posse e uso de automóvel. 

Seguindo, porém, a máxima do Planejamento Estratégico que propõe transformar "ameaças em oportunidades", eu sugiro (ver a figura que abre a postagem) que a Linha 5 seja modificada de modo a servir às principais regiões residenciais do Centro, a saber, Santa Teresa, Fátima, Cruz Vermelha, República, Morro da Conceição e Saúde. 

O conjunto Linha 5 - Ligação Estácio-Praça XV (ao longo da qual se aninha há vários anos, o essencial do desenvolvimento imobiliário destinado aos serviços públicos e privados no Centro do Rio, capitaneado pela expansão da Petrobrás e culminando no novo complexo do Hospital do Câncer) seria, eu creio, um poderoso fator de dinamização econômica de toda a área circundante à Praça Cruz Vermelha, estendendo-se às Praças da República e Tiradentes, sem prejuízo da benfazeja diversidade de usos e grupos sociais propiciada pela APAC (Área de Preservação do Ambiente Cultural). 

Como benefício adicional, ficaria consolidada a atratividade turística do Rio Antigo. Turismo de massa - ensina a Europa - se faz com Metrô!

Breve: "Porto do Rio: uma oportunidade perdida?"

 
Abaixo: traçado da linha 4 (Ipanema-Jardim Oceânico)

A Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro (Barra da Tijuca — Ipanema) vai transportar,
 a partir de 2016, mais de 300 mil pessoas por dia e retirar das ruas
cerca de 2 mil veículos por hora/pico. Com a nova linha, o passageiro poderá utilizar
todo o sistema metroviário da cidade com uma única tarifa.
Serão seis estações (Jardim Oceânico, São Conrado, Gávea, Antero de Quental,
Jardim de Alah e Nossa Senhora da Paz) e aproximadamente 16 quilômetros de extensão.
A Linha 4 do Metrô entrará em operação no primeiro semestre de 2016,
após passar por uma fase de testes. Será possível ir da Barra a Ipanema em 15 minutos e,
da Barra ao Centro, em 34 minutos. O projeto é um dos compromissos do Governo do Estado
do Rio de Janeiro com o Comitê Olímpico Internacional (COI) por ocasião dos Jogos Olímpicos.
Fonte: Concessionária Rio Barra SA
Clique na imagem para ampliar


2014-12-02

sábado, 29 de novembro de 2014

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Meu vinho, meu vício

Deu no NYTimes 
By Neil Irwin OCT. 27, 2014 
http://www.nytimes.com/2014/10/28/upshot/a-90-million-condo-flip-shows-whats-wrong-with-financial-capitalism.html?ref=realestate&abt=0002&abg=0

 
A $90 Million Condo Flip Shows What’s Wrong With Financial Capitalism

Wikipedia: One57, maio de 2014
William Ackman is a wildly successful hedge fund manager. He oversees $17 billion of mostly other people’s money. Forbes estimates his personal net worth at $1.7 billion. These facts alone would make him a prime candidate to buy the penthouse condominium at One57, the new luxury tower on West 57th Street.

And indeed, Mr. Ackman told The Times in a fascinating profile Sunday that he is the buyer of the 13,500-square-foot condo with an estimated price of $90 million. What is more shocking is what he plans to do with it.

Apparently content living with his family on the Upper West Side, he told The Times he was purchasing one of the most expensive properties in New York because “I thought it would be fun” and he and some close friends “bought into this idea that someday, someone will really want it and they’ll let me know.” They may throw the occasional party there.

Bill Ackman is a condo flipper! It may be the most expensive attempted condo flip in history, but in substance it isn’t much different from the middle-class dreamers who bought a preconstruction condo in Florida in the mid-2000s in hopes of selling it a couple of years later at a great profit.

It may seem like a funny example of the ways the wealthiest one-hundredth of 1 percent live. But it is also, as it happens, an uncommonly clear window into some of the deeper flaws of 21st-century finance. (Continua)
Leia a íntegra do artigo clicando em
http://www.nytimes.com/2014/10/28/upshot/a-90-million-condo-flip-shows-whats-wrong-with-financial-capitalism.html?ref=realestate&abt=0002&abg=0



2014-11-15 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

The day Niterói stood still

Avebarna News:
Alienígenas encantados com o MAC querem operar espaçonave turística no Caminho Niemeyer. 

Prefeito manda dizer que só aceita a proposta - e a briga com os puristas do Patrimônio Cultural - se os carcamanos comprarem todos os CEPACs da OUC do Centro.
2014-11-19

domingo, 16 de novembro de 2014

Mais do mesmo?

Deu no Al Jazeera 
Fault Lines 12 Nov 2014
http://www.aljazeera.com/programmes/faultlines/2014/11/wall-street-landlords-20141111151849893632.html

Wall Street landlords
Private equity firms and hedge funds are buying up tens of thousands of foreclosed homes and converting them into rental properties. And they are creating one of the fastest growing financial investments by securitising their tenants' rent checks.

It has been six years since the foreclosure crisis devastated millions of American families. And now, many former homeowners are renting from Wall Street. It is a landlord's market, and rents are rising across the country.

So is the next housing crisis going to be about rent checks as opposed to mortgage payments?
Fault Lines travels to California and Georgia to investigate if Wall Street's rental gamble could jumpstart the economy or lay the foundation for a new crisis.

Assista ao video clicando no link
http://www.aljazeera.com/programmes/faultlines/2014/11/wall-street-landlords-20141111151849893632.html





2014-11-17 

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Para mim e para Ti, vence a cidade que recupera mais e adensa menos

Editado em 13-11-2014
Originalmente publicado neste blog em 28-05-2012


Alguns leitores enviaram-me e-mails pedindo a minha solução para o “caso” Outorgolândia X Onerópolis. Pois aí vai.

Começando pelo fim, a minha resposta é uma pergunta: a campeã da Outorga Onerosa do Direito de Construir é a cidade que arrecada mais dinheiro ou a que recupera uma proporção maior da renda fundiária? 

Não é preciso ser nenhum Sherlock para perceber que o mote dessa discussão é a Outorga Onerosa tal como se aplica em Niterói, cidade da RM do Rio de Janeiro onde nasci e voltei recentemente a residir (ver postagem "Em Niterói, o que o IPTU faz a OODC desfaz"). (http://abeiradourbanismo.blogspot.com.br/2012/04/em-niteroi-o-que-o-iptu-faz-oodc-desfaz.html) 

Para mim, a campeã é Onerópolis, que recupera quase 30% da renda gerada na incorporação de um terreno de 1000m2 contra 20% de Outorgolândia para um terreno de igual tamanho e uso.  

E por que a proporção da renda fundiária gerada é mais importante do que a quantidade de dinheiro arrecadado? Porque, como apontou com argúcia a arquiteta-leitora Ti (ver comentários à postagem "Outorgolândia e Onerópolis" - http://abeiradourbanismo.blogspot.com.br/2012/05/outorgolandia-ou-oneropolis.html), estamos falando do valor da contrapartida privada pelo aumento da densidade construtiva na cidade. 

Ti se propôs a calculá-lo supondo o Coeficiente Básico 1 para ambas as cidades. Concluiu que, para cada 100% de aumento de densidade, Onerópolis cobra R$ 373.333,00 por 1000m2 de terreno e Outorgolândia cerca de metade desse valor, isto é, R$ 187.500,00. 

Levando mais a fundo a linha de raciocínio de Ti, talvez fosse mais exato dizer que se trata da relação entre o adensamento construtivo urbano e o valor da contrapartida necessária para financiar o aumento de oferta de serviços básicos. 

Visto sob este ângulo, o montante absoluto de arrecadação com Outorga Onerosa do Direto de Construir pode ser enganoso: tanto por ocultar um nível relativamente baixo de recuperação da renda fundiária (caso de Outorgolândia) quanto – o que é mais importante – por resultar de um adensamento que gera custos maiores do que o acréscimo de receita da OODC e até da receita fiscal total (provavelmente o caso de Niterói). 

No plano teórico, podemos considerar o problema à luz do comportamento provável das curvas de custos e receitas públicas em face do aumento da densidade urbana.  Supomos ambas as curvas crescentes, mas com convexidade invertida. A curva de receita subiria a taxas decrescentes porque, mesmo em potentes surtos construtivos, o escasseamento do solo numa região urbana traz consigo a desaceleração do crescimento do estoque de benfeitorias.  Além de certo limiar de adensamento, os aumentos exponenciais de custos - em infraestruturas e sistemas de serviços, especialmente transportes - já não podem ser cobertos pelo aumento das receitas correntes, quer oriundas do solo, como o IPTU e a Outorga Onerosa do Direito de Construir , quer de outras fontes potencialmente beneficiárias do adensamento, como o ICMS e o ISS. Passamos do campo das economias para o das deseconomias de urbanização.   

Figura 1
Isto quer dizer que as infraestruturas e serviços demandados pelo adensamento só são “autofinanciáveis” em determinado intervalo – acima e abaixo de “limites críticos” mínimos e máximos de adensamento, como sugerido na Fig. 1. 

O fato de a determinação do Coeficiente de Aproveitamento médio dos terrenos acima do qual o adensamento já não é autofinanciável – assim convertendo a Outorga Onerosa do Direito de Construir em um “tiro no pé da própria cidade” – ser uma questão metodologicamente controversa e, em qualquer caso, específica de cada cidade e respectiva etapa de crescimento, não significa que esse coeficiente não exista. Podemos sugerir como guia para a sua determinação a questão: qual a relação entre o aumento da receita do adensamento em dado período e o investimento necessário para atender aos novos requerimentos de infraestrutura e serviços – por exemplo, a renovação da rede de abastecimento d’água, a ampliação da capacidade de fornecimento de energia e um novo sistema de transporte público de alta capacidade? 

Observe-se, por outro lado, que todas essas considerações repousam exclusivamente sobre o conceito de “autofinanciamento” do adensamento, sem levar em conta o uso dos recursos da sobrevalorização do solo em ações de urbanização e habitação social em áreas relativamente desvalorizadas da cidade. Vale dizer que, se estipularmos uma “cota social” (redistributiva) de aplicação obrigatória das receitas do adensamento, reduzir-se-á, em igual valor, a capacidade de autofinanciamento das infraestruturas e serviços das regiões adensadas. 

Figura 2


A Fig. 2 sugere que quanto mais próximo do CA crítico estiver o CA médio de serviço, menos recursos poderão ser destinados - se respeitado o princípio da autossustentabilidade do adensamento - à urbanização social. Podemos, também, postular como CA ótimo provável do ponto de vista da distribuição dos ganhos econômicos do adensamento aquele que maximiza o potencial de transferência de renda do solo para os Fundos Municipais de Desenvolvimento Urbano.

Uma cidade que recupere mais renda por unidade de adensamento terá, por conseguinte, não apenas menor gasto relativo com o autofinanciamento de suas infraestruturas como, também, maior capacidade de aplicação de recuperação da renda fundiária em programas de urbanização social. 

Figura 3
A Fig. 3 sugere a posição relativa de Onerópolis, Outorgolândia e, supostamente, Niterói no gráfico que relaciona a densidade construtiva (medida pelo CA médio) aos custos e receitas do adensamento. 

A conclusão é: tratar a questão da destinação dos recursos da Outorga Onerosa em termos exclusivamente distributivos  pode ser um equívoco metodológico relevante, por ocultar, em regiões urbanas de alta densidade construtiva, a formação de crises urbanístico-ambientais a médio prazo (já que a longo, como lembrou Keynes, estaremos todos mortos) sob a cobertura conveniente - e eleitoralmente eficaz - de uma política “robinhoodiana” de recuperação da valorização do solo. 

Lançando mão de uma "analogia edilícia", eu diria que a Outorga Onerosa do direito de Construir está para o adensamento urbano como uma viga para o conjunto do edifício: ela tem um peso próprio cuja sustentação há de estar assegurada antes de se começar a pensar em fazê-la suportar o restante da estrutura. Do contrário... a casa cai. 

Nos próximos capítulos da série "Duas ou Três Coisas Que Sei Dela (a OODC)", darei minha visão sobre a estimativa da valorização fundiária na construção em altura e sobre o papel dos coeficientes máximo e básico na determinação do valor da contrapartida (preço da OODC).  A conferir.


2012-05-28